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— Os editores

Sérgio Cabral: ‘Eu era viciado em dinheiro’

Preso desde 2016 e condenado a quase 200 anos de prisão, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral ligou a metralhadora giratória em depoimento ontem à Justiça Federal. Admitiu ter recebido mais de R$ 30 milhões em propinas apenas de um empresário, confessou ser dono de US$ 100 milhões nas contas de doleiros no exterior e classificou sua relação com o poder e o dinheiro como um vício. Cabral não poupou aliados. Disse que o ex-prefeito Eduardo Paes recebeu dinheiro dele para campanhas, embora não fizesse parte da organização. Já seu vice e sucessor no governo, Luiz Fernando Pezão, estava no esquema e teria levado uma mesada de R$ 150 mil.

Chama a atenção no depoimento Cabral ter deixado seu secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, de fora da lista de auxiliares que não sabiam da propina, como informa Lauro Jardim. (Globo)

Sem entrar em detalhes, Cabral disse ter certeza de que a Arquidiocese do Rio e o próprio arcebispo tinham envolvimento em propinas com organizações sociais. Dom Orani Tempesta negou. (Estadão)

Bernardo Mello Franco: “Em conversas reservadas, Cabral tem indicado disposição para revelar segredos da magistratura. Além de influir em decisões do Tribunal de Justiça do Rio, ele apadrinhou a indicação de ao menos quatro ministros do STJ e um ministro do Supremo. Uma delação do ex-governador pode ser o ponto de partida para a aguardada operação Lava-Toga.” (Globo)

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E por falar... Luiz Fux, do STF, negou foro especial e manteve o caso do ministro do Turismo, Marcelo Ângelo Antônio, na Justiça de Minas. Antonio é acusado de patrocinar um esquema de candidatas laranja do PSL para desviar dinheiro. (Folha)

A investigação da Receita sobre 134 autoridades continua a dar o que falar. Um dos investigados, o ministro do STF Gilmar Mendes conversou com Bolsonaro por telefone sobre a atuação dos fiscais, chamados pelo ministro de ‘milícia’ e comparados a agentes da KGB soviética e da Gestapo nazista. No telefonema, o presidente se disse preocupado com o caso e pediu sugestões a Gilmar para superar a crise. (Estadão)

O secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, pediu que a PF investigue o vazamento de informações sobre os investigados. “Os meliantes vazaram meias verdades para gerar intrigas e dissidia no governo”, disse. (Estadão)

Enquanto isso... A defesa de Paulo Vieira de Souza, ex-presidente da Dersa e apontado como operador do PSDB, mandou diretamente ao próprio Gilmar uma Reclamação (instrumento que aponta descumprimento de decisões do STF) contra a prisão dele pela Lava-Jato. Paulo Preto, como é conhecido, havia sido preso duas vezes no ano passado e solto por ordem do ministro. (Estadão)

A reforma da Previdência que tramita no Congresso elimina a obrigatoriedade de reposição da inflação em aposentadorias e pensões. O texto altera os artigos 40 e 201, retirando a necessidade manter o ‘valor real’ de salários e benefícios, o que seria definido por lei complementar. Na prática, o governo pode determinar um reajuste muito baixo ou mesmo zero. A medida divide especialistas. (Folha)

Essa não é a única mudança polêmica na Constituição proposta. Dois penduricalhos ocultos na reforma chamam a atenção. Num, elimina a definição da idade mínima para aposentadoria no STF, hoje estabelecida em 70 (voluntária) e 75 anos (compulsória). Com isso, uma lei ordinária poderia determinar qualquer idade. No outro, este sem relação com o tema da reforma, dá a militares, PMs e bombeiros o direito de exercer cargo eletivo sem passar para a reserva. (Folha)

Saiu a primeira pesquisa sobre a popularidade de Bolsonaro. Segundo a CNT, ele é classificado como ‘ótimo’ ou ‘bom’ por 39% do eleitorado e ‘ruim’ ou ‘péssimo’ por 19%. Para 29% o governo é ‘regular’, e 13% não sabem ou não responderam. A aprovação do presidente é bem menor que a obtida por Fernando Henrique em 1995 (57%), Lula no início de seus dois mandatos (57% e 50%) e Dilma Rousseff ao começar seu primeiro governo (49%). Ele é melhor avaliado, porém, que Dilma no início do segundo mandato (11%) e Michel Temer (11%), lembrando que este não foi eleito pelo voto popular. A pesquisa também ouviu a opinião do cidadão sobre os projetos do governo. A maioria é contra a reforma da Previdência (46% a 43%) e a flexibilização da posse de armas (53% a 43%), mas aprova o pacote anticrime de Sérgio Moro (62% a 19%). (Folha)

Após uma derrota humilhante na Câmara (325 a 54) e temendo situação parecida no Senado, o governo decidiu revogar o decreto presidencial que ampliava o número de servidores com o poder de classificar documentos como secretos. Assinada em janeiro pelo então presidente interino Hamilton Mourão, a medida foi duramente criticada por atentar contra o princípio constitucional da transparência.

O Senado aprovou ontem, após sabatina, a indicação de Roberto Campos Neto para presidir o Banco Central.

“Ele pode sair e voltar, mas terá que prestar contas à Justiça.” Essa foi a ameaça nada velada de Nicolás Maduro ao líder oposicionista e autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Proibido de deixar o país por tribunais controlados pelo Chavismo, ele está na Colômbia, onde participou de encontro do Grupo de Lima.

E a Venezuela liberou ontem brasileiros que estavam retidos na fronteira. Ao todo 165 pessoas voltaram ao Brasil e outras 20 devem chegar nesta quarta. (Estadão)

Em resposta a um ataque aéreo indiano contra bases de guerrilheiros em seu território, o Paquistão abateu dois aviões da Índia e capturou um dos pilotos. Nova Déli não confirmou. Porém, mais cedo, havia divulgado que duas aeronaves haviam caído na Cachemira, uma região disputada desde 1947 pelos dois países. Nunca é demais lembrar que Índia e Paquistão já foram à guerra três vezes e têm bombas nucleares.

Donald Trump e o ditador norte-coreano Kim Jong Un se encontram hoje em Hanói, no Vietnã, para a segunda reunião de cúpula entre os dois. Representantes de ambos os países passaram as últimas semanas rascunhando um documento que deve ser assinado ao fim do encontro pelos líderes. Trump espera conseguir avanços da desnuclearização da península coreana e acena com um acordo para terminar oficialmente a Guerra da Coreia, que acabou de fato em 1953 com um armistício nunca formalizado.

No front doméstico, Trump não tem tido boas notícias. A maioria democrata na Câmara, com o apoio adicional de 13 republicanos, aprovou uma resolução anulando o estado de emergência declarado pelo presidente e que lhe permitiria usar recursos de defesa para construir um muro na fronteira com o México. A medida vai agora para o Senado, onde os republicanos têm maioria, mas já enfrentam dissidências. Trump pode, claro, vetá-la.

Cotidiano Digital

Mais do que uma exposição, a Mobile World Congress é o encontro anual da GSMA, a associação de lobby que une grandes operadoras e fabricantes de equipamentos de telecomunicações. É lá em que são debatidos os padrões que usaremos no futuro e onde fabricantes e países disputam no momento o domínio do 5G, a próxima geração da tecnologia móvel. Como não poderia de ser, a Huawei é o assunto do ano. Ontem pela manhã o chairman da empresa, Guo Ping, abriu sua apresentação afirmando que a acusação americana de espionagem não possui nenhuma evidência e que a Huawei é a primeira empresa a estar pronta para implantar redes 5G em larga escala para seus clientes.

Enquanto isso, a Sprint anunciou que em maio vai ativar sua rede 5G em quatro cidades americanas: Chicago, Atlanta, Dallas e Kansas City. Em junho, outras cinco: Houston, Los Angeles, New York City, Phoenix e Washington, D.C.

No Brasil, a expectativa é que o 5G não chegue antes de 2023.

Confuso sobre o que significa o 5G? O Porta 23 explica em detalhes.

Foi lançado ontem, com um evento na UNESP, em São Paulo, o Instituto Avançado de Inteligência Artificial (AI²). O centro, criado por pesquisadores de algumas das maiores universidades do país, tem como objetivo integrar os esforços de pesquisa na área entre a academia e o setor privado. Entre as universidades envolvidas estão, além da UNESP, a USP, UNICAMP, Mackenzie e UNIFESP. E entre os parceiros privados IBM, Intel e Petrobras.

Viver

O total de assassinatos no país caiu 13%, baixando de 59.128 em 2017 para 51.589 no ano passado, segundo levantamento feito pelo G1 com base em dados oficiais. A taxa de 24,7 mortos a cada 100 mil habitantes ainda é considerada muito alta. Entre os estados, somente Amapá, Tocantins e Roraima tiveram aumentos nas mortes violentas em 2018. O estado com a maior queda percentual (23%) foi Pernambuco, que continua sendo um dos mais violentos do país, com 43,9 mortos a cada 100 mil habitantes.

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Ontem foi dia de pedidos de desculpas por parte do ministro da Educação, Ricardo Vélez. Em nota, o MEC voltou atrás na carta enviada a escolas de todo o Brasil pedindo que enviassem vídeos dos alunos cantando o Hino Nacional e que lessem para as crianças um texto que continha a frase “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, usada como slogan na campanha do presidente Jair Bolsonaro. Vélez reconheceu que a citação foi um erro. Foi mantido, porém o pedido para envio de vídeos, agora com a exigência de autorização dos responsáveis pelos alunos. O MPF pediu esclarecimentos ao MEC.

E, respondendo a indagações do STF, Vélez admitiu que “foi infeliz” ao dizer em entrevista que “o brasileiro viajando é um canibal”, mas insistiu que a declaração não pode ser vista como calúnia. (Estadão)

Cultura

Se você é fã de Pokémon vai gostar de saber que o filme que adapta a série de jogos da Nintendo ganhou um novo trailerPokémon Detetive Pikachu estreia no dia 9 de maio, e conta com Ryan Reynolds na voz do monstrinho investigador.

Conheça todos os pokemón que aparecem nos dois trailers do filme.

E hoje se comemora o aniversário do jogo, cuja primeira versão foi lançada em 27 de fevereiro de 1996. A Nintendo programou uma transmissão ao vivo para as 11h da manhã em que promete muitas novidades.

O romance Dama de paus (Amazon), de Eliana Cardoso, venceu a terceira edição do Prêmio Kindle de Literatura. A premiação recompensa narrativas longas inéditas publicadas em e-book no Kindle Direct Publishing (KDP), plataforma de autopublicação digital da Amazon. A obra, inspirada em casos de feminicídios, intercala diversas histórias e vozes femininas para desvendar os segredos de um crime do passado. A autora receberá R$ 30 mil e terá seu romance publicado em livro físico pela editora Nova Fronteira. (Globo)

O hit Despacito, do porto-riquenho Luis Fonsi, bateu um novo recorde no YouTube: ultrapassou os 6 bilhões de visualizações e se firmou como o vídeo mais visto na rede social. O clipe, lançado em janeiro de 2017, é ainda o que mais rapidamente chegou a 2 bilhões de views — apenas 155 dias.

Enquanto isso... Estreia hoje no mundo fonográfico o novo hit de Anitta e Ludmilla, Favela chegou. É a primeira gravação das artistas que, de início, disputavam o mesmo nicho de mercado.

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