Rebeldes derrubam regime de Assad na Síria

Depois de 24 anos no poder, o presidente sírio Bashar al-Assad foi deposto neste domingo por rebeldes liderados pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Multidões agitaram a bandeira síria e derrubaram estátuas e retratos do presidente e de seu pai e antecessor, Hafez al-Assad, enquanto tiros para o alto e buzinas de carros ecoavam pela capital Damasco. Assad deixou a cidade de avião em direção a Moscou quando a ofensiva ainda se aproximava, e, de acordo com a imprensa estatal russa, ele receberá asilo humanitário. A família Assad comandava a Síria há mais de 50 anos e enfrentava uma insurgência iniciada na Primavera Árabe, em 2011, que levou à queda de ditadores em países como Egito, Líbia e Tunísia, embora sem a substituição por democracias. (Guardian)
O líder rebelde Abu Mohammed al-Julani foi recebido com festa por populares na maior mesquita de Damasco no domingo. Ele comanda o HTS, grupo classificado como organização terrorista por vários governos ocidentais e do Oriente Médio e também pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Quando foi fundado em 2011, sob o nome de Jabhat al-Nusra, o grupo era filiado direto da al-Qaeda. Abu Bakr Al-Baghdadi, do Estado Islâmico, também esteve envolvido em sua formação. Julani rompeu publicamente com a al-Qaeda e dissolveu o Jabhat al-Nusra antes de criar o HTS. O grupo começou uma iniciativa rebelde em novembro, que resultou na captura de cidades-chaves da Síria, num dos mais violentos avanços nos 13 anos de guerra civil do país. Por seus vínculos com o terrorismo, o governo dos EUA está oferecendo uma recompensa de US$ 10 milhões pela captura de Julani. (BBC e Estadão)
O clima em Damasco, após o pronunciamento de Julani, era de júbilo, mas também de apreensão. Enquanto sírios foram às ruas para comemorar a queda de Assad, rebeldes saquearam a casa do ditador e colocaram fogo na sede do governo na capital síria. A família Assad deixa um legado amargo depois de meio século de regime repressivo. O presidente deposto e seu pai governaram o país com mão de ferro e esmagaram os dissidentes confiando nas forças de segurança do país — apenas na prisão de Saydnaya, calcula-se que o regime tenha torturado e executado mais de 30 mil opositores desde 2011. Mas os soldados de Assad desapareceram antes de os rebeldes chegarem à capital. (NPR)
No fim da tarde de domingo, os Estados Unidos bombardearam alvos do Estado Islâmico no país em meio à queda de Assad. Segundo órgãos americanos, os ataques aéreos tiveram como alvo “líderes, agentes e campos” do grupo terrorista. Em nota, o Comando Central dos EUA afirmou que os ataques visavam garantir que o Estado Islâmico não tirasse vantagem da atual situação na Síria. (CNN Brasil)
Benjamin Netanyahu disse que a queda da ditadura síria pode colaborar com a chegada de um acordo na Faixa de Gaza. Segundo o primeiro-ministro israelense, as recentes ações militares de Israel têm influência sobre a mudança de poder no país. “É resultado dos ataques do Iraque ao Irã e ao Hezbollah, principais apoiadores do regime Assad”, afirmou, classificando a derrubada do ditador sírio como “um dia histórico no Oriente Médio”. O Exército de Israel está atualmente lutando em quatro frentes: em Gaza, na Cisjordânia, no Líbano e “começando hoje à noite, também na Síria”, afirmou no domingo o chefe da brigada militar de Israel nas Colinas de Golã. (Globo)
Diante da incerteza em que região está mergulhada com a queda de Assad, o Itamaraty recomendou a brasileiros que evitem permanecer ou passar pela Síria “até o retorno à normalidade”. (Valor)
Steve Rosenberg: “Por quase uma década, foi o poder de fogo russo que manteve Bashar al-Assad no poder. Até os eventos extraordinários das últimas 24 horas. A queda do regime de Assad é um golpe para o prestígio da Rússia. Bashar al-Assad era o aliado mais fiel da Rússia no Oriente Médio, o Kremlin investiu pesadamente nele. As autoridades russas terão dificuldade de apresentar sua queda como algo diferente de um grande revés para Moscou”. (BBC)
Talvez de forma mais rápida, mais brutal e inesperada do que qualquer um pudesse imaginar, tudo mudou em poucos dias na Síria em uma ofensiva avassaladora. Na Edição de Sábado deste Meio, o jornalista Yan Boechat, que voltou recentemente de uma viagem ao país, conta como rebeldes liderados por um antigo líder da al-Qaeda — e ex-aliado do Estado Islâmico — iniciaram o movimento que derrubou o regime de Assad. Assine o Meio Premium para ter acesso. (Meio)
Meio em vídeo. Para debater a mudança de regime na Síria, o Central Meio desta segunda-feira recebe a professora Muna Omran, coordenadora do Alfarabi, Grupo de Pesquisa sobre Mundo Árabe e Islâmico. Ao vivo, às 12h45. (YouTube)
O Senado deve votar nesta semana o relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre a regulamentação da reforma tributária. O primeiro projeto já foi aprovado pela Câmara. Braga deve apresentar o parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e indicar hoje quais pontos já aprovados pelos deputados irá modificar. A votação no colegiado está marcada para a próxima quarta-feira e, no mesmo dia, o texto deve seguir para o plenário. As diretrizes básicas da reforma tributária foram aprovadas no ano passado, mas agora o Congresso discute projetos que regulamentam a nova estrutura do sistema tributário com base no pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. (g1)
Meio em vídeo. No Diálogos com a Inteligência desta semana, Christian Lynch recebe o cientista político João Feres para uma conversa que abrange a moda e os diferentes tipos de polarização política e social, a criação da política através de opiniões opostas e a diferença entre polarização e radicalização. O Diálogos com a Inteligência é uma parceria da revista Insight Inteligência (assine) com o Meio. (YouTube)
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Viver
Os ex-policiais rodoviários federais William Noia, Kleber Freitas e Paulo Rodolpho foram condenados com penas que vão de 23 a 28 anos de prisão. Eles mataram Genivaldo Santos, de 38 anos, em Umbaúba, Sergipe, ao trancá-lo no porta-malas da viatura, improvisando uma espécie de câmara de gás. As penas foram agravadas pelo motivo fútil, pela impossibilidade de defesa da vítima e pelo crime ter sido cometido por agentes públicos contra pessoa com deficiência. Genivaldo era aposentado em virtude do diagnóstico de esquizofrenia. (g1 e CNN Brasil)
O governo de São Paulo, em resposta à solicitação do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, detalhou na sexta-feira o novo cronograma de implantação do sistema de câmeras corporais da Polícia Militar. As novas câmeras usadas por policiais terão acionamento remoto e os testes de validação estão previstos para o dia 10 de dezembro. O mais recente edital lançado pela Secretaria de Segurança Pública prevê que o próprio policial poderá decidir quando ligar a câmera para iniciar a gravação de uma abordagem. De acordo com o novo sistema, além do acionamento remoto, o equipamento poderá ser reativado após desligamento intencional, via bluetooth, e também prevê a detecção de som de tiros. O governador disse que se arrepende da postura reativa que teve com câmeras corporais e que agora percebe que elas “ajudam o agente". (Metrópoles)
No estádio Nilton Santos, com gols de Savarino e Gregore, o Botafogo quebrou um jejum de 29 anos e se tornou tricampeão brasileiro. A estrela solitária venceu o São Paulo por 2 a 1, e a equipe treinada por Artur Jorge chegou a 79 pontos, garantindo o tricampeonato do Brasileirão. O jogo foi, em grande parte, burocrático, já que o Botafogo só precisava do empate. A torcida do Botafogo até usou um verso da música de Belchior e transformou em faixa: “Ano passado eu morri. Mas esse ano eu não morro". (Globo)
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Cultura
O baterista Nicko McBrain fez sua última apresentação com o Iron Maiden no sábado, no Allianz Park, em São Paulo. O músico de 72 anos havia sofrido um AVC em janeiro de 2023 e, a despeito da boa recuperação, já não conseguia tocar todas as canções como antes, o que forçou algumas mudanças de repertório na atual turnê. Em seu comunicado no X, após 42 anos na banda, McBrain disse que continua atuando em vários projetos pessoais e profissionais e agradeceu aos colegas, à família e aos fãs. O Iron Maiden divulgou sua própria nota, louvando a dedicação do baterista, que será substituído por Simon Dawson. (Meio)
A minissérie Senna, que acaba de estrear na Netflix, é finalista no prêmio de Melhor Série em Língua Estrangeira na 30ª edição do Critics Choice Awards. Estrelada por Gabriel Leone, a produção de seis episódios narra a vida e a carreira do herói nacional do automobilismo. A série Xógum: A Gloriosa Saga do Japão lidera a lista com seis nomeações, entre elas as categorias Melhor Série Dramática, Melhor Ator em Série Dramática e Melhor Atriz em Série Dramática. Veja a lista completa. O evento ocorre no dia 12 de janeiro de 2025, em Santa Monica, Califórnia. (CNN Brasil)
O bailarino Oliver Lobo Ellena, de 9 anos, integra o elenco de O Quebra-Nozes em nova montagem do New York City Ballet, que estreou semana passada no palco do Lincoln Center, em Nova York. Ele interpreta Fritz, irmão da protagonista do clássico que completa 70 anos. Filho de brasileiros, Oliver faz parte da School of American Ballet, escola oficial da companhia, desde o ano passado. Em entrevista à Mônica Bergamo, a mãe do bailarino, a fotógrafa Paula Lobo, contou que Oliver nasceu nos EUA, mas “tem todo o nosso 'borogodó', o jeitinho, o carisma de brasileiro”. O espetáculo fica em cartaz até 5 de janeiro. (Folha)
Cotidiano Digital
O Google lançou o GenCast, um novo modelo de inteligência artificial para previsão do tempo desenvolvido pela equipe DeepMind. Apresentado na revista Nature, o modelo foi comparado ao sistema operacional do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo, considerado o mais avançado do mundo em prever o tempo. Porém, a nova IA se mostrou mais precisa em 97,2% dos testes realizados com dados de 2019. Com o sucesso nos testes, o Google planeja incorporar a ferramenta em produtos como o Search e o Maps, além de disponibilizar dados históricos e em tempo real para pesquisadores e outros usuários. (TechCrunch)
Quer saber quais as causas e consequências geopolíticas que levaram à queda do ditador Bashar al-Assad? Yan Boechat estava na Síria e explica tudo na nossa Edição de Sábado (exclusiva para assinantes premium do Meio) com os olhos de quem acompanhou a história em primeira mão. Ainda não é premium? Leia o começo do artigo em nosso site e, se interessar, assine para ler o resto.