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Edição de Sábado: A tara por tadala

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É a sua primeira vez com ela. Acelerando seus batimentos cardíacos, ela dá uma sensação quase etérea, promete o céu e a garantia de uma noite de prazer sem surpresas indesejadas ou necessidade de descanso. Depois, parece que a vida foi mais árdua, exaustiva, pesada. Ainda assim, você se vê voltando para ela, de novo e mais uma vez. Mas será que você precisa dela tanto assim? Ou melhor: por que você acha que precisa?

Esse convite à imaginação não é sobre uma ex tóxica de quem você já dependeu emocionalmente. É sobre ela, a tadalafila, ou simplesmente “tadala”, “pílula do fim de semana”, ou “pílula do pump” para os íntimos. Surgida em 2003 como uma alternativa ao Viagra (sildenafila, de 1998), a tadala se popularizou não só por apresentar menos efeitos colaterais, mas também por ter ganhado um status de hype, de coisa de gente bacana, e, portanto, ter superado os tabus que sempre rondaram seu antecessor.

Superou tanto que até saiu do contexto original e, agora, comprimidos de tadalafila são encontrados também em festas e academias.

“É mais normal do que você imagina. Já fui numa balada em que o vendedor de bala oferecia, mototáxi entrega, e até como brinde de festa já vi. Tem colegas da minha academia que tomam pra dar aquele ‘up’ no treino. Não vou dizer que nunca experimentei, seria mentira. Depois do meu último término de namoro, que foi pesado, não estava me sentindo legal. Então, conheci uma menina. Logo na primeira noite juntos fiquei nervoso e broxei. Como não queria que acontecesse de novo, usei 5mg, e rolou tranquilo. Depois senti que não precisava mais. Você se sente super confiante sim, mas não faz milagre!”, relata um fotógrafo fluminense de 31 anos, que pediu para não ter o nome publicado.

Em uma farmácia de uma pequena cidade de Minas Gerais, um atendente que também pediu anonimato conta que a tadala chegou a virar fonte de renda para um jovem local.

“Como aqui é pequeno, muita gente tem vergonha de comprar ou precisa depois do horário do comércio, que é mais restrito, né? Nisso, há um rapaz bem popular que virou o distribuidor de tadalafila. Ele encontrou um modo de ganhar dinheiro com isso. Quinta-feira ele vem e compra 10 caixas, que rendem 40 comprimidos. Sexta, sábado e domingo, vem buscar mais. Vendo no mínimo 40 caixas por semana e posso te dizer que 80% são para jovens — fora as compradas por esse rapaz, que nem sei para onde vão”, diverte-se.

De pé a qualquer custo

Seja de 5 ou 20 mg, o comprimido tido como mágico tem saído aos montes das prateleiras das farmácias. Essa automedicação é facilitada porque a tadalafila é vendida sem retenção de receita, o que “representa um risco sanitário considerável”, na opinião da farmacêutica Pamela Alejandra Saavedra, do Centro de Informações sobre Medicamentos do Conselho Federal de Farmácia (Cebrim/CFF), “principalmente em relação ao uso contraindicado por determinados pacientes e à ocorrência de interações medicamentosas”.

A preocupação decorre do fato de que não há registro de diagnósticos de disfunção erétil no Brasil que corresponda proporcionalmente ao aumento recente das vendas, o que indica que a maior parte daqueles que usam tadalafila não tem mau funcionamento fisiológico. Para se ter uma ideia, a venda de tadalafila subiu quase 20 vezes em dez anos no Brasil. Somente em 2024, foram vendidos 64 milhões de unidades do medicamento, segundo levantamento obtido pelo g1. Em 2015, foram 3 milhões. E especialistas estimam que haja cerca de 16 milhões de homens com disfunção erétil no país.

Apesar de o uso recreativo parecer inofensivo, ele tem um potencial danoso relevante. O urologista especializado em andrologia, Marcus Augusto Elias, explica que uma relação sexual satisfatória depende majoritariamente, coisa de 80%, do fator emocional. Ele afirma que o maior risco do consumo indiscriminado é a criação de uma dependência psicológica ligada à sensação de confiança. Antecipar o uso do medicamento pode, inclusive, comprometer o uso desses mesmos medicamentos como tratamento em fases mais avançadas da vida, quando o paciente pode enfrentar doenças que afetem a ereção ou sofra uma perda natural. “O perigo está em criar uma confiança artificial que depois faz falta”, resume.

O principal risco da dependência psicológica é levar a pessoa a acreditar que a ereção depende exclusivamente do medicamento, em vez de entendê-lo como um catalisador do processo. A psiquiatra Carmita Abdo, professora da USP e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Hospital das Clínicas, explica que esse mecanismo é tão forte que muitos homens, mesmo com índices hormonais adequados, podem não responder aos remédios quando há fatores emocionais envolvidos. Carmita reforça que a tadalafila atua apenas na fase da excitação e não interfere no desejo, etapa indispensável para que a resposta sexual aconteça. “Sem desejo, o medicamento não tem onde agir.”

Ao analisar a popularização do remédio entre jovens, ela aponta que o consumo excessivo de pornografia, a pressão para corresponder a parceiras mais experientes e uma iniciação sexual cada vez mais moldada pelo ambiente digital criam expectativas difíceis de sustentar no mundo real — um fenômeno acentuado no pós-pandemia. Muitos desses jovens, ao migrar para o encontro presencial, se deparam com a própria inexperiência e com estímulos menos intensos do que os do universo virtual, o que alimenta a busca por apoio farmacológico. “O corpo do outro raramente compete com o controle e a precisão que o cérebro cria durante o uso de pornografia”, observa a psiquiatra.

A influência também pode vir das redes sociais e da comparação com realidades distorcidas que, embora enganosas, produzem consequências concretas. Propagandas que prometem aumento peniano ou soluções milagrosas para prolongar a ereção podem jogar a régua muito lá em cima, além do que é humanamente possível.

Esse ambiente de exageros também se reflete na busca por intervenções médicas inadequadas. Não são raros os casos de hiperindicação de prótese peniana, um tratamento eficaz que promove a ereção por meio do bombeamento de soro, mas reservado apenas para situações em que não há alternativas, já que se trata de um procedimento irreversível. “É um recurso extremo, que deve ser usado apenas quando todas as opções foram esgotadas”, alerta o urologista Marcus Elias.

Não é vilã

Sob uma ótica comportamental, Carmita Abdo explica que as mudanças na vivência sexual das mulheres nas últimas décadas criaram uma nova dinâmica que pode gerar insegurança e medo de comparação entre homens em relacionamentos heterossexuais — um cenário que exige dos homens um maior fortalecimento emocional. No entanto, o vasodilatador tadalafila não é vilão e pode ter utilidade para quem deseja prolongar o tempo de satisfação do parceiro ou parceira, ou que enfrenta contextos sexuais mais desafiadores, como a alternância entre papéis ativo e passivo em relações homossexuais. “Aí você vai dizer: ‘Mas esse cara que toma tadalafila para isso não precisava de tratamento?’. Eu te respondo: ‘tratar o quê?’. Ele precisa tratar uma preferência por ser passivo? Claro que não. Numa dinâmica saudável de parceria, isso sendo conversado, havendo vontade, não tem nada demais”, analisa a psiquiatra.

Segundo Carmita, o importante é diferenciar preferências sexuais legítimas de questões que exigiriam tratamento clínico. Ela ressalta que adotar o medicamento ocasionalmente não significa que exista algo a ser corrigido, mas alerta que é preciso atenção quando o recurso começa a funcionar como uma muleta emocional usada com frequência. “O que precisa ser observado é quando o remedinho, que entrou inocentemente, começa a virar uma bengala emocional”, afirma.

Agora, quanto ao uso recreativo da tadala — que levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a emitir um alerta sobre os riscos que vêm com o uso indiscriminado de medicamentos para disfunção erétil entre jovens — é importante lembrar que se trata de um potente vasodilatador e ela deve ser encarado como tal.

Pense no seu corpo como um sistema de encanamento. Os tubos são os vasos sanguíneos. A tadalafila abre demais as torneiras desse sistema. Se a água (sangue) sai com pouca pressão, isso prejudica o motor (coração), e pode impedir que a água chegue onde é mais importante (como no cérebro), e isso pode causar um curto-circuito. Ou seja, nos casos mais drásticos, pode levar a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou infarto.

Mesmo que a pessoa se sinta saudável, a queda de pressão pode ser gatilho para um evento grave, especialmente se houver mistura da tadalafila com álcool e outras drogas, conforme elucida o médico cardiologista Alexandre Abla. “Como disfunção erétil não é algo esperado em jovens e eles tendem a ter maior e melhor tolerância a doses inadequadas, a tadalafila pode atrapalhar um diagnóstico precoce de doenças como hipertensão e diabetes.”

Na ponta do lápis, a tadalafila não é indicada para quem tem problemas cardiovasculares, especialmente aqueles que usam nitratos (para dores no peito, como angina); pessoas com doença cardíaca preexistente, histórico de AVC, pressão alta ou baixa não controlada, ou arritmias graves. Mas, quando bem indicada, a tadalafila é uma medicação muito boa, esclarece o cardiologista.

No geral, a tadalafila é indicada para o tratamento da disfunção erétil e da hiperplasia prostática benigna, além de alguns casos mais específicos. A farmacêutica Pamela Saavedra, do CFF, explica que o diferencial do medicamento, em relação à sildenafila (Viagra), está na meia-vida mais longa, o que prolonga sua permanência e ação no organismo. “A tadalafila permanece ativa por mais tempo no corpo”, resume.

Pamela destaca que o uso orientado de tadalafila é indicado para pessoas com redução da irrigação ou da enervação peniana, mas que ainda respondem a medicamentos; pacientes com doenças sistêmicas, como colesterol alto, que podem ter comprometido os vasos; e indivíduos afetados por questões emocionais, como ansiedade ou depressão que impactam a sexualidade.

Para os jovens que tomam tadala, um alerta importante: quando a dor de cabeça tomar conta e não melhorar com analgésicos, ou se houver “alteração de fala, de visão e dificuldade para andar, procure assistência médica imediatamente”, recomenda Alexandre.

Por outro lado, não são só os jovens que podem sofrer um revés ao utilizar tadalafila. Observando o grupo de pessoas adultas ou idosas, para o qual o medicamento foi idealizado, dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária mostram que usuários das faixas etárias de 45-60 anos e acima de 60 anos apresentaram eventos adversos, representando em conjunto 75% do total de notificações no período de 2018 a 2025. Do total de eventos notificados, 55% foram classificados como graves e 16% dos pacientes precisaram ser hospitalizados ou tiveram o tempo de hospitalização prolongado.

Treino é treino, jogo é jogo

Não é só para o sexo que a tadala tem sido adotada inadequadamente. Usada como febre em pré-treinos de academia, em gomas ou suplementos, a tadalafila vem sendo procurada por quem busca maior vascularização e a sensação de “pump” muscular, quando o músculo parece mais volumoso. A nutricionista esportiva Eduarda Sampaio demonstra preocupação com esse uso indiscriminado, já que não há evidências científicas que comprovem benefícios reais no desempenho físico.

A especialista explica que a substância pode provocar queda de pressão, tontura, náusea, dor de cabeça e taquicardia, especialmente se usada em jejum ou combinada a estimulantes como a cafeína — além do risco de interação com suplementos populares, como citrulina, arginina e nitrato de beterraba. Segundo ela, o uso frequente ainda pode atrapalhar a recuperação pós-treino e criar a falsa sensação de que só é possível treinar bem com o medicamento. “Tadalafila pode causar efeitos adversos importantes e não melhora o desempenho físico”, crava.

Ao ser questionada sobre o famoso “pump”, Eduarda garante que ele é “estético e subjetivo” e reforça que o efeito é apenas momentâneo e não representa ganho real de força, resistência ou crescimento muscular. Ela ressalta que existem alternativas naturais e mais seguras que, com orientação profissional, podem substituir o medicamento com excelente resultado. A nutricionista cita opções ricas em nitratos e compostos vasodilatadores, como beterraba, melancia, folhas verdes escuras, cacau, gengibre e cúrcuma. “A beterraba aumenta a eficiência muscular, e a citrulina da melancia promove vasodilatação de forma natural”, explica.

Santo remédio

Seja quando o assunto é sexo, academia ou disposição para altas horas de festa, estamos viciados em resultados rápidos e, principalmente, visíveis aos olhos dos outros. “O papel da nutrição é tornar o corpo eficiente, sem depender de atalhos. E os verdadeiros resultados vêm de dentro, da constância, do hábito, e não de uma cápsula milagrosa”, orienta a nutricionista Eduarda Sampaio.

O sucesso da tadalafila pode, na verdade, revelar uma insegurança crescente e uma pressão por performance que se intensificam em relações onde falta espaço para conversas íntimas e acolhedoras. Carmita Abdo observa que, embora falar sobre sexo em público tenha se tornado comum, ainda existe grande dificuldade em abordar a própria intimidade dentro da relação. Na opinião da especialista, muitos evitam esse diálogo por medo de ficarem vulneráveis ou de terem sua exposição usada contra si em redes sociais.

Estudos do Journal of Sex Research revelam que casais com dificuldades de comunicação quando o assunto é sexo têm 43% menos satisfação no relacionamento e 2 a 3 vezes mais chance de sofrer de disfunção sexual. A psiquiatra afirma que esse silêncio mina a construção da intimidade e favorece a ideia de que o medicamento pode substituir a troca emocional — algo que, entre adolescentes, pode inclusive atrapalhar a descoberta da própria sexualidade. “O sexo deixou de ser tabu, mas falar do nosso próprio sexo continua sendo”, diz. “Sem essa conversa, a relação perde profundidade e o remédio vira uma saída fácil.”

A principal recomendação, claro, é não se automedicar e sempre buscar avaliação médica (urologista, psiquiatra, terapeuta sexual) e aconselhamento farmacêutico. Mas o verdadeiro aumento de performance da autoestima e da saúde– seja na cama, seja na academia — não vem em cápsulas de 5 ou 20mg.

A arte pelo olhar de um poeta do rock

A primeira vez que vi Rodrigo Carneiro foi no meio dos anos 1990, quando ele fazia umas performances incendiárias à frente do Mickey Junkies. Anos mais tarde, voltamos a nos cruzar no Trovadores do Miocárdio, com ele sempre elegante, lendo seus poemas de amor com uma leve influência beatnik, seguindo esse caminho da poesia falada.

Nos últimos anos, a poesia tem sido sua produção mais potente. Em 2018 lançou Barítono, seu primeiro volume de poemas pela Editora Terreno Estranho. O título remete a seu inconfundível registro vocal. Seu segundo lançamento foi Afetos Sísmicos, de 2022, que acabou gerando uma nova colaboração musical, desta vez com Paulo Beto, com quem Rodrigo já havia tocado no mítico Shiva Las Vegas, no fim dos anos 1990 e começo dos 2000.

Agora Carneiro acaba de lançar um livro de crônicas culturais, instigado pelo reverendo Fabio Massari, da Terreno Estranho, após a leitura de um post sobre o lançamento do livro Barulho, de André Barcinski. “Eu achei inusitado e logo aceitei. A partir dessa provocação dele, eu comecei a elencar que seria o livro.” No final, Jardim Quitaúna: Crônicas de Paixão, Política e Cultura Pop se tornou um livro memorialista, delicioso de ler, em que Carneiro lida com diferentes acontecimentos culturais dos últimos 40 anos, indo da paixão infantil por Sidney Magal, nos anos 1980, a reflexões sobre o documentário A Noite que Mudou o Pop, de 2024.

Conversamos sobre jornalismo, Mickey Junkies, poesia e memória. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Um livro como Jardim Quitaúna preenche uma lacuna que a gente vê com a redução do espaço para o jornalismo cultural tanto em grandes jornais como nos portais?

Mesmo que seja um livro de tom memorialista e que eu seja ali o personagem principal, ou que esteja ali entre o personagem principal e o vilão convidado, pretendia fazer algo além do eu. E essa dinâmica vai resvalar na minha atividade como jornalista. É um pouco também da trajetória de alguém de 50 mais que viu uma série de mudanças muito malucas. Mas não há mais espaço para esse tipo de coisa na antiga grande imprensa ou na imprensa hegemônica.

E o que você vê de jornalismo nesses textos? Porque são crônicas, mas ao ler percebemos que há também um trabalho de apuração jornalística. Como foi o processo de escrita?

Pô, exato. Agradeço a leitura e é exatamente isso. Claro que, de novo, é memória, mas ao elencar o que seriam os capítulos e os causos, fui para para a apuração. Então, do jornalismo, eu empresto o deadline, ainda que eu tenha estourado os deadlines imaginários, e essa coisa da apuração, do rigor com a informação.

O livro tem o título de Jardim Quitaúna, que é de onde você vem. Assim como outra figura que vem de lá aparece bastante nos textos, o Rodrigo Brandão. Como crescer em Osasco nos anos 1970, 1980 dá uma baliza para esses textos?

Osasco é uma cidade bastante peculiar, muito curiosa. É uma cidade jovem, resultado de um interessante movimento autonomista, que se dá em 1962. E houve também uma movimentação muito forte com relação ao combate à ditadura. É uma cidade industrial, e do quartel de Quitaúna, que via da minha janela, Carlos Lamarca retirou os armamentos para a guerrilha. A cidade é muito próxima de São Paulo e ao mesmo tempo muito distante. E, houve também uma movimentação muito forte teatral nos anos 1960 e 1970. Hoje em dia, curiosamente, a cidade é muito conhecida pelo hot dog. Eu conheço o Rodrigo Brandão em 1988, a gente já se esbarrava, mas a relação cotidiana e umbilical se dá aí no comecinho de 1989. E aí a gente apronta mil aventuras. E a cidade é o lugar onde nascemos, mas a gente também sempre foi interessado em tudo, né?

Os anos 1980 foram muito abertos para a cultura, ao mesmo tempo tudo era muito compartimentado. Tem o punk rock, no meio da década, o hip hop e o começo da música eletrônica de pista. Você começa no punk. Como trabalhou a questão do próprio preconceito musical para conseguir alcançar esses outros sons?

O preconceito era a regra, né? Mas ao mesmo tempo, em casa, meus pais são gente de teatro e muito interessados em música. Já tinha toda uma diversidade musical e de gênero. Quando eu elegi o punk rock como meio de expressão, já tinha, todas as outras coisas de que eu gostava. Evidentemente eu não ficava comentando com o pessoal mais radical da gangue e tal. Somos da geração que se tornou roqueirinha com a vinda do Kiss ao Brasil. Não fui ao show, mas foi aí que o rock entrou. Logo eu ouvi o Grito Suburbano e encontrei o viés ali. O que me pegava era a onda do pós-punk. O que, para setores mais trogloditas, seria pior. Muito cedo eu entendi todos esses códigos. Tinha a gangue mais sectária, e você estabelece algum tipo de relação afetuosa com determinadas figuras, mas eu tinha mais abertura com as pessoas de visão mais ampla. Mesmo assim tinha a dinâmica da gangue, a hardcore de Osasco, que era bastante conhecida pela truculência, porque, enfim, o período também era esse. A violência era a linguagem.

Tinha muita  briga. Briga com metaleiro, briga com careca, briga com todo mundo, né?

É isso. E aí a questão do hip hop, por exemplo, é quase óbvia. Eu era um punk preto. Meus primos e primas já eram da movimentação da Chic Show. A primeira vez que eu fui a uma boate, a um clube com globo de espelho e som, foi num baile da Chic Show levado pela minha tia. E vivia ali pelo Centro, fui pelo menos umas quatro, cinco vezes na São Bento para sacar a informação que o meu primo tinha me passado sobre a cena do hip hop. Recentemente fiz inclusive textos para a magnífica exposição do Sesc 24 de maio sobre essa época. Ainda que eu seja mais associado ao rock, à música esquisita, eu também estudo hip hop. Eu vi, eu estava lá, como na canção do Edgar [Scandurra].

No Mickey Junkies você escreve em inglês. Só um cover de Alguma Coisa, do De Falla, no segundo disco é em português. Ao se expressar como poeta, você assume o português. Como se dá essa transição lírica?

No Mickey Junkies de fato teve essa versão do De Falla e a gente também lançou um single, A Obsessão. Nessa cena maluca, o inglês era a língua. Mas é preciso trazer um contexto, essa garotada foi exposta ao rock como música de massa. Tinha o rock nacional dos anos 1980, mas a gente queria se contrapor à geração anterior. E elegeu-se o inglês, não que eu estivesse mirando trilhar o caminho no aberto pelo Sepultura, mas ele mostrou que era possível. Essa questão do inglês era velha também, desde os anos 1970 havia bandas de brasileiros tocando no rádio em inglês. Por outro lado, fui um garotinho impactado pela poesia em português, em casa tinha o disco do Morte e Vida Severina, do Drummond, do Ferreira Gullar. Meu pai é poeta. E quando eu comecei a fazer os primeiros experimentos nesse sentido, é claro que eu tinha mais recursos na minha língua natal. O Mickey Junkies ficou muito conhecido no microcosmo como uma banda explosiva e, para trabalhar a timidez, criei um personagem de frente. Aí na questão da poesia a personagem principal, a estrela, é a palavra. Então eu me apresentava mais tranquilo, sentado.

Como é a relação com a banda hoje?

Os Mickey Junkies são meus amados. São grandes artistas. Agora no dia 27 de novembro a gente faz 34 anos de fundação. Nessa relação longa teve de tudo, né? A banda termina por uma cobrança de excessos e, quando a gente retorna, é pela dinâmica da afetividade. E quando as declarações de amor foram devidamente feitas, os 10 anos de recesso parecem que não existiram.

Vocês estão escrevendo música ainda?

Tem um single novo para sair, estamos mixando. Mas sempre digo: os shows, as gravações são pretextos para que a gente se encontre, esteja junto e celebre a vida e a nossa amizade.

Suspense, sí señor

A disseminação dos serviços de streaming transformou de forma radical a maneira como vemos TV — frequentemente sequer é numa TV. Mas a Netflix em particular nos trouxe um benefício em especial: abriu nossa janela para a produção para além dos enlatados americanos. Hoje conhecemos a linguagem narrativa de diversos países da Ásia e da Europa continental e acostumamos nossos ouvidos aos mais variados idiomas.

Um dos países cuja produção foi mais beneficiada por essa abertura foi a Espanha, especialmente após o sucesso de A Casa de Papel, com suas cinco temporadas, e de Merlí, com três, além de spin offs para ambas. Um dos gêneros mais ricos desse lote ibérico é o suspense, que acaba de receber na Netflix duas adições de destaque: O Cuco de Cristal e Duas Covas.

Pensando nisso, montamos uma resumida lista de séries de mistério que valem a pena conferir na plataforma, mostrando que há crimes a desvendar para além da Casa de Papel.

O Cuco de Cristal

Baseada no livro homônimo de Javier Castillo, a série se desenvolve paralelamente em duas épocas, 2004/2005 e 2024, com uma retrocedida a 1979 no penúltimo episódio. Em uma noite, o menino Juan vê o pai, o policial Miguel, tentando nervosamente limpar sangue das mãos e das roupas. Interpelado, ele diz que o sangue não é seu e que apartou uma briga, mas faz o filho jurar que guardará segredo para não preocupar a mãe. Vinte anos depois, em Madri, a jovem médica Clara sofre um infarto no meio de um atendimento e acorda do coma induzido com o coração alheio no peito.

Tendo de se adaptar à nova realidade, Clara fica obcecada em descobrir a identidade do doador, mantida em sigilo pela lei espanhola. Com a informação de que era um homem morto em um acidente de carro, ela faz uma pesquisa online e, auxiliada pelo próprio conhecimento médico, chega a Carlos, um rapaz com a sua idade, 26 anos, que vivia na pequena e fictícia cidade de Yesques. Após um contato telefônico um tanto constrangedor, Clara é convidada por Marta, mãe de Carlos, a visitar o vilarejo.

Chegando lá, ela fica sabendo que Yesques é marcada por desaparecimentos misteriosos, o último deles, em 2005, do policial Miguel, marido de Marta e pai de Juan e Carlos, dias depois do sumiço de mais uma jovem. Juan, hoje policial, guarda até hoje a promessa que fez ao pai na última vez que o viu. De volta a 2004, um incêndio, uma morte e um pingente de cristal em forma de pássaro reabrem uma ferida no peito de Miguel, o desaparecimento, em 1979, de Magdalena, sua irmã mais velha. Para todos no vilarejo, ela fugiu dos maus tratos nas mãos do pai abusivo, mas o irmão não acredita nisso.

Por trás de toda a trama de O Cuco de Cristal está o abuso contra as mulheres. Frases como “ela depois retirou a queixa” e “o que acontece em casa fica em casa”, esta dita pelo próprio chefe de polícia, sucedem-se de forma incômoda, mostrando uma comunidade que por si só já oferece algum solo fértil para que algum grau de psicopatia ou umas doses a mais de álcool sejam desculpas para tragédias.

Sem spoilers, alguns detalhes, como um rabisco instintivo que Clara começa a fazer após o transplante, passam a ideia de que possa haver algo menos “natural”, quase como uma “memória” do órgão doado. Mas não. Não há qualquer sobrenatural ou fantasia em Yesques, apenas maldade e indiferença.

Duas Covas

Com apenas três episódios, assistir de uma só vez a Duas Covas nem qualifica como “maratona” — 400m rasos, se muito. A série, também recém-chegada ao streaming, começa com o desaparecimento de duas amigas de 16 anos, Verónica e Marta. Após dois anos, a polícia não chega a lugar algum e decide encerrar o caso, para a revolta de Isabel (Kiti Mánver), avó de Verónica, que se junta Rafael (Álvaro Morte), pai de Marta, para investigar o sumiço por conta própria.

A dupla entende o motivo para a ineficiência da polícia ao constatar que o desaparecimento está relacionado a uma rede de exploração sexual que envolve homens muito poderosos. Dada a curta extensão da série, não é possível avançar em detalhes sem dar spoilers, então é melhor explicar o título. Diz o ditado: “se busca vingança, cave duas covas”, já que esse desejo também acaba por consumir o vingador.

A Última Noite em Tremor

Enfrentando um sério bloqueio criativo, o pianista Alex, premiado e atormentado compositor de trilhas sonoras, se isola em uma casa antiga, mas confortável numa cidadezinha na costa das Astúrias. O isolamento é relativo, já que mantém um contato próximo com o simpático casal mais velho, Leo e María, da casa mais próxima e um romance mais ou menos secreto com Judy, dona da hospedaria local. Numa noite de tempestade, voltando de um jantar na casa dos vizinhos, a 500 metros da sua, Alex é atingido por um raio. Sobrevive com o corpo marcado por cicatrizes e passa a ter visões cada vez mais sombrias envolvendo as mortes ultraviolentas de Leo e María.

Detalhes confirmados das premonições, como um portão quebrado, o deixam alarmado, ao mesmo tempo em que as visões passam a envolver também Judy e os filhos de Alex, que vivem no exterior com a mãe e o padrasto. Ao mesmo tempo, Alex descobre que os vizinhos têm um segredo no passado que pode explicar o motivo para alguém querer matá-los de forma tão cruel. Quando, num movimento inesperado, as crianças vão ficar com ele, o cenário para o desfecho trágico está montado.

Embora tenha apenas seis episódios, A Última Noite em Tremor é uma série longa. Primeiro porque cada parte tem uma hora de duração. Segundo porque o ritmo é propositadamente lento, detalhando o passado do protagonista, em particular sua relação com os pais, expondo um momento decisivo da vida de Judy e elevando a cada sequência a tensão. Longe de ser cansativo, o formato nos deixa sentados na ponta do sofá conforme cada peça que compõe o mosaico da tragédia vai se encaixando.

A Garota na Fita

A exemplo do Cuco de Cristal, esta série de duas temporadas saiu da imaginação do escritor Javier Castillo. Sua personagem principal é a jovem jornalista Miren Rojo (Milena Smit) que estagia no Diario Sur, principal periódico da cidade turística de Málaga, e tenta superar o trauma de um estupro brutal (como se houvesse outro tipo). Ela mergulha no caso de uma menina, Amaya Nuñez, que desapareceu na multidão durante uma importante festa folclórica da cidade. Mesmo tutoreada por um colega veterano, sua investigação, assim como a da polícia, bate em um beco sem saída. Quem quer que tenha levado Amaya desapareceu sem deixar vestígios.

Anos depois, Miren, já uma repórter calejada, mas ainda carregando seus traumas, recebe uma fita de vídeo em que Amaya, um pouco mais velha do que na época de seu desaparecimento, brinca em uma sala. A perspectiva de que a menina, agora provavelmente adolescente, esteja viva reacende o ímpeto da jornalista para quem a impunidade do sequestrador é um paralelo para o que aconteceu após seu estupro. Reabrir o caso, porém, vai reabrir feridas, inclusive na família de Amaya. Embora tenha duas temporadas, a primeira encerra a narrativa do desaparecimento de Amaya, com a segunda sendo uma investigação diferente.

Quando a primeira temporada foi lançada, em 2023, especulou-se que Castillo, nascido em Málaga, tivesse se inspirado em um crime real, mas o escritor, que participou da adaptação para a série, desmentiu o rumor. Segundo ele, ao verter o livro para outro formato, foi necessário deixar de lado alguns elementos e trazer outros, o que pode ter aguçado alguma semelhança com o o caso verdadeiro.

Silêncio

O título dessa série de mistério diz muito, ao contrário de seu protagonista. Sergio Ciscar (Arón Piper), então adolescente, é condenado pelo assassinato dos pais: os dois caíram do prédio onde a família vivia, e uma testemunha viu o jovem observando os corpos da janela. Em sua defesa, ele alegou... nada. Desde a noite do crime, Sergio não diz uma palavra, embora médicos constatem que ele é capaz de falar, apenas não quer.

A situação intriga a psiquiatra Ana Dussel (Almudena Amor), que convence a Justiça, com a ajuda de um pastor, a autorizar um experimento. Após seis anos, Sergio é posto em liberdade condicional por bom comportamento — o que é até justo, já que nesse tempo todo ele nunca disse uma palavra rude a alguém na cadeia. O que o rapaz não sabe é que todos os seus movimentos, o apartamento onde vive e o local onde trabalha estão sendo monitorados ininterruptamente por câmeras e microfones pela equipe de Ana, ao mesmo tempo em que a polícia só espera algum passo em falso para levá-lo de volta à cadeia.

Ana tem um interesse especial no caso, já que Blanca, a mãe morta de Sergio, era um psiquiatra de renome que pesquisava drogas para alterar comportamentos violentos. Mais que resolver o caso, ela busca saber o que aconteceu com o trabalho da vítima. Já Sergio tem uma motivação própria: encontrar a irmã mais nova Noa, que testemunhou o crime e pode ser a chave de todo o mistério. Há ainda uma moça, Marta (Cristina Kovani), por quem o jovem se interessa, apesar de (ou por) ela ter um relacionamento tumultuado com um namorado abusivo.

A trama mistura o pior de vários mundos. A falta de limites éticos na busca de uma descoberta científica revolucionária; o furor punitivista dos agentes da lei, interessados em punir um culpado mesmo sem entender o caso; e as dificuldades para uma pessoa, mesmo falante, se reintegrar à sociedade após uma temporada atrás das grades.

A Sagrada Família

Sabe aquelas séries em que nada nem ninguém é o que realmente parece? Isso define com perfeição A Sagrada Família, que se estendeu por duas temporadas. No final da década de 1990, a mãe solteira Gloria (Najwa Nimri) vive em Madri com o filhinho temporão Hugo e a babá, Atiana (Carla Compra), relacionando-se com outras mulheres de classe média alta e diferentes relações com a maternidade. Uma tem um filho com deficiências de aprendizado, outra é estéril e busca uma adoção, e a terceira, Caterina, parece ter uma vida comum, não fosse pela extrema curiosidade sobre Gloria.

Das portas das casas para dentro, as histórias são outras. Gloria na verdade é Julia Santos, Atiana é sua filha Mariana e Hugo é seu filho/neto. Há ainda um outro filho adulto, Abel, na verdade Eduardo (Iván Pellicer), que passa os dias confinado em casa. Calma, faz sentido. Julia tinha um filho mais velho e favorito, Santi, cuja esposa, a argentina Natalia, tinha problemas de saúde que não lhe permitiriam sobreviver a uma gestação. Para que o casal realize o sonho da maternidade, Julia se oferece como barriga de aluguel.

Como se a situação já não fosse rocambolesca, Santi morre afogado ao tentar salvar Mariana, o que compromete seriamente a sanidade de Julia. Vendo no bebê seu último elo com o filho morto, ela decide sequestrar a criança, com a cumplicidade de Mariana e Eduardo. Os três simulam as próprias mortes e de Hugo em um acidente de carro, fogem da Argentina para a Espanha sob identidades falsas e de lá pretendem, com documentos forjados, migrar para o Estados Unidos.

Mas Gloria/Julia não é a única a guardar segredos. A nova amiga Caterina (Alba Flores) e seu marido German (Alex Garcia) se chamam Edurne e Diego e são detetives/matadores agindo a mando do pai de Natalia, um poderoso empresário argentino. Ele não acredita no acidente e contrata a dupla para localizar e trazer de volta o neto, de preferência livrando-se dos raptores. Para completar a teia, em uma de suas escapulidas noturnas do porão, Abel/Eduardo conhece e começa a ter um relacionamento com German/Diego.

Por mais caótico que soe, o roteiro de A Sagrada Família é bem amarrado e nos leva a questionar os limites entre o amor e a loucura e o quanto é possível sustentar uma mentira com tantos envolvidos. Najwa Nimri, rosto familiar das séries A Casa de Papel, Vis a Vis e 30 Moedas, destaca-se no elenco sólido.

Trilogia Baztán

Pode-se argumentar que não se trata exatamente de uma série, mas de três longas metragens baseados em livros de Dolores Redondo: O Guardião Invisível, Legado nos Ossos e Oferenda à Tempestade. Mas como os três têm a mesma protagonista, a inspetora Amaia Salazar (Marta Etura), e contam uma trama linear ambientada na cidade de Baztán, em Navarra, merecem entrar na lista.

Uma jovem é achada estrangulada em um bosque perto da dita cidade. Está nua, teve os cabelos penteados e os pelos raspados e tem sobre o púbis um txantxigorri, doce típico da região. Não é o primeiro caso assim e tem toda a aparência de um crime ritualístico, o que condiz com o ambiente extremamente supersticioso do lugar. A polícia decide enviar a inspetora Salazar, uma policial-prodígio com estágio no FBI e natural de Baztán.

O problema é que ela não tem qualquer motivo para retornar a sua cidade natal, de onde traz as lembranças dos abusos cometidos pela mãe, a ponto de o pai entregá-la para uma tia. A mãe hoje está em um manicômio, mas a rispidez a que Amaia estava habituada agora vem de Flora, sua irmã mais velha que dirige os negócios da família, mais especificamente, uma padaria. Não chega a ser surpresa quando se revela que foi de seus fornos que saiu o doce que estava na vítima.

Embora haja uma certa aura de sobrenatural, com um Deus ex machina explícito no fim do primeiro filme, o mal ali é bem mundano: desejo por poder se alimentando da loucura, do misticismo e da superstição. A única nota destoante é que, no terceiro filme, Amaia parece desaprender tudo o que trouxe do FBI e não consegue ver a situação que qualquer espectador identifica como óbvia, mas nada que comprometa a excelente trilogia.

Quem não gosta de listas que atire a primeira pedra. Nossos leitores gostam, basta ver pelos links mais clicados nesta semana:

1. Poder360: Saiba como votou cada deputado no PL Antifacção.

2. g1: Veja a nova lista de produtos brasileiros que ficam de fora das tarifas de 40% dos EUA.

3. Panelinha: Torta rústica de legumes com aspargos frescos.

4. Globo: Governo trata decreto de Trump como vitória de Lula enquanto Eduardo Bolsonaro culpa inflação e eleições nos EUA.

5. Meio: Cá Entre Nós — Toc, toc, toc, é a Polícia Federal.

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