Bolsonaro ignorou 6 ofertas de vacinas, diz Pfizer
Entre agosto do ano passado e fevereiro deste ano, a Pfizer fez seis ofertas de vacinas ao governo brasileiro e foi rejeitada ou ignorada, até conseguir fechar um acordo em março. A revelação foi feita pelo gerente-geral do laboratório na América Latina, Carlos Murillo, em depoimento à CPI da pandemia. Uma das propostas previa a entrega de 1,5 milhão de doses ainda em 2020. Ele também confirmou que uma carta enviada a diversas autoridade pedindo urgência nas negociações ficou pelo menos dois meses sem resposta. (G1)
Wajngarten mente à CPI e é ameaçado de prisão
Mentiras, gravações, ameaças de prisão e até xingamentos para desviar a atenção. Houve de tudo na sessão da CPI da Pandemia que ouviu Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto. Bem longe do tom incisivo de sua entrevista a Veja, Wajngarten foi evasivo e procurou o tempo todo poupar Jair Bolsonaro. Ele negou ingerência do presidente e de seus filhos sobre a comunicação e que tenha havido campanhas negacionistas – apenas para ver as peças expostas pelos senadores. Diante das contradições do ex-chefe da Secom, o relator Renan Calheiros (MDB-AM) disse que ia pedir a gravações da entrevista, o que fez Veja divulgar o áudio, confirmando que Wajngarten atribuíra a demora na compra de vacinas à “incompetência no Ministério da Saúde”, à época comandado pelo general Eduardo Pazuello. Renan chegou a pedir que o depoente fosse preso por mentir à comissão, o que foi negado pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM). (UOL)
Diretor da Anvisa surpreende e defende ciência na CPI
Quando toda a CPI da Pandemia esperava que o depoimento hoje do ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten fosse o mais bombástico da semana, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, surpreendeu. Numa oitiva de seis horas, a mais curta até agora, ele respondeu de forma direta a todas as perguntas e repudiou praticamente todas as ações do governo federal até o momento. Ele se disse arrependido de ter participado de uma aglomeração com o presidente Jair Bolsonaro e condenou o uso de cloroquina. E mais, confirmou a informação dada por Henrique Mandetta de que rejeitou a alteração por decreto da bula da cloroquina para inclusão da Covid-19 entre as indicações. Por outro lado, negou pressões políticas para aprovação de vacinas e disse que os entraves à aprovação da russa Sputnik V são contornáveis. (Poder360)
Anvisa suspende AstraZeneca para gestantes
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu uma nota técnica recomendando que a vacina AstraZeneca não seja aplicada em gestantes. A bula da vacina, lembra a agência, não inclui esse grupo entre o público. Segundo o Painel, o Ministério da Saúde investiga a morte de uma grávida que havia tomado o imunizante no Rio de Janeiro. O ministério já estuda suspender a vacinação de gestantes sem comorbidades. (Folha)
Orçamento secreto financiou compras superfaturadas para parlamentares
Montado no final do ano passado para ampliação do apoio ao governo Bolsonaro no Congresso, um verdadeiro Orçamento paralelo de até R$ 3 bilhões está financiando principalmente a compra superfaturada de equipamentos agrícolas. Com especificações e destino estabelecidos por um grupo de parlamentares, os tratores e retroescavadeiras, entre outros veículos, chegam a custar 259% acima da tabela de referência do próprio governo, segundo o furo de reportagem do jornalista Breno Pires. Entre os beneficiários estão o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP), e a atual ministra da Secretaria de Governo, a deputada Flávia Arruda (PL-DF). Este tipo de verba não deveria ter o destino estabelecido por parlamentares para seus redutos eleitorais e sim pelos ministérios, com critérios técnicos. Escamoteado como foi, também dificulta propositalmente a avaliação pelo Tribunal de Contas da União (TCU). (Estadão)
Operação policial termina em tragédia: 25 mortos no Rio
Uma ação desastrosa da Polícia Civil, no Rio de Janeiro, se tornou ontem a mais letal da história no estado. Nada menos do que 25 pessoas — um policial e 24 civis — morreram na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte da cidade. Segundo a polícia, como já é praxe nos discursos em situações do tipo, todos os 24 civis mortos eram suspeitos. Dez pessoas foram presas e cinco, ao que se sabe, se feriram: dois policiais, um morador dentro de casa e dois homens dentro de uma composição do metrô que passava perto no horário do conflito. A operação, também de acordo com as autoridades, foi resultado de dez meses de investigações sobre a ação de traficantes que aliciavam crianças para o crime. (Globo)
EUA defendem quebra de patentes das vacinas
Numa mudança histórica de posição, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou ontem o apoio à suspensão das patentes de vacinas contra a Covid-19 para acelerar a produção de imunizantes em países em desenvolvimento. Índia e África do Sul apresentaram à Organização Mundial do Comércio (OMC) a proposta de suspensão temporária das patentes enquanto durar a pandemia, mas liderados até agora pelos EUA, os países ricos (e o Brasil) vinham barrando a iniciativa. (Folha)
Enquanto Mandetta abre CPI, Pazuello tenta escapar
Sem revelações bombásticas, mas descrevendo um roteiro detalhado do negacionismo que levou a omissão por parte do governo Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta depôs ontem durante sete horas à CPI da Pandemia. Ele disse acreditar que Bolsonaro recebia “aconselhamento paralelo”, pois quando parecia entender a gravidade da pandemia e a necessidade de medidas de distanciamento, mudava de opinião no dia seguinte. Segundo o ex-ministro, em uma das reuniões, chegou a ser apresentado o rascunho de um decreto para a Anvisa incluir a indicação de Covid na bula da Cloroquina, o que foi rejeitado pela agência. Mandetta disse ainda ter entregado uma carta a Bolsonaro, na presença de outros ministros, defendendo medidas como o isolamento social, mas foi ignorado. Perguntando sobre quem mais o atrapalhou, ele citou o ex-chanceler Ernesto Araújo, por seus atritos com a China, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que classificou como “pessoa desonesta intelectualmente”. (Folha)
Ministro da Justiça insinua ameaça e vira alvo da CPI
O ministro da Justiça, Anderson Torres, entrou no radar da CPI da Covid após críticas à condução das investigações pelos parlamentares. Em entrevista à Veja, Torres questionou se a comissão focaria apenas no governo federal e disse que era preciso “seguir o dinheiro” repassado aos estados. Prometeu, para isso, usar a Polícia Federal para apurar como foi o trabalho dos governadores. O relator dos trabalhos, Renan Calheiros (MDB-AL), e um dos suplentes da comissão, Jader Barbalho (MDB-PA), são pais de governadores e o comentário do ministro soou como ameaça. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou um requerimento para que o ministro seja ouvido. (Folha)
Planalto treina Pazuello para clima de guerra na CPI
Na próxima quarta-feira a CPI da Covid toma o depoimento do general Eduardo Pazuello, que, como ministro da Saúde entre maio de 2020 e março deste ano, foi o executor da política de Jair Bolsonaro no combate à pandemia. A preocupação do Executivo é grande, e o general passou o sábado sendo treinado por assessores do Planalto. Coordenada pela Casa Civil, a operação busca municiar Pazuello com dados para defender sua gestão e deixá-lo cascudo para resistir à pressão dos políticos experientes da comissão. (Globo)