Campanha começa em tom de guerra religiosa

A campanha eleitoral começa oficialmente amanhã tendo como um dos motes um tema controvertido: a religião. Disposto a consolidar o domínio sobre o eleitorado evangélico, o presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou mão de uma arma que vem se mostrando ruidosa, a primeira-dama Michelle. Inicialmente relutante em entrar na campanha, ela assumiu um protagonismo maior nas últimas semanas em eventos ligados à religião. Evangélica, comandou cultos dentro do Planalto, disse que o palácio havia sido “consagrado a demônios” em governos anteriores e compartilhou um vídeo associando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a umbanda “às trevas”. “O Estado é laico, mas eu sou cristã. Nós vamos, sim, trazer a presença do Senhor Jesus para o governo”, diz ela durante a Marcha para Jesus, realizada sábado no Rio. Especialistas, inclusive evangélicos, temem que esse discurso reforce a intolerância religiosa. (Estadão)

Diante da ofensiva da primeira-dama e esperando iniciativas semelhantes de aliados de Bolsonaro, Lula deve adotar a liberdade de culto como um dos temas de sua campanha, embora não haja certeza sobre o impacto desse discurso junto ao eleitorado evangélico. Lula é católico e tem bom trânsito com praticantes de religiões de matriz africana e indígena. Coube à mulher do ex-presidente, a socióloga Rosângela “Janja” da Silva responder no Twitter ao ataque de Michelle: “Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo. A minha vida e a do meu marido sempre foram e sempre serão pautadas por esses princípios.” (Poder360)

Se o púlpito parece opor os líderes nas pesquisas, o valor do Auxílio Brasil os une. Em live no sábado com o deputado André Janones (Avante-MG), Lula afirmou que, se eleito, manterá em R$ 600 o valor do Auxílio Brasil. “A única possibilidade do auxílio emergencial continuar é a gente ganhar as eleições para fazer com que o auxílio volte”, afirmou, lembrando que a chamada “PEC das bondades” prevê o aumento somente até o fim deste ano. Em resposta, Bolsonaro disse estar conversando com o ministro da Economia, Paulo Guedes, também para manter o valor. (CNN Brasil)

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Os principais partidos que formam a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) vivem uma explosão no número de candidatos ao pleito de outubro. O prazo para inscrição de candidaturas termina hoje, mas o Centrão já tem mais de 4 mil nomes registrados. O PL dobrou o número de candidatos em relação a 2018 (1.454, contra 721), quanto PP (1.265, contra 758) e Republicanos (1.380, contra 857) também tiveram crescimento expressivo. Já o PT viu o número de candidatos encolher de 1.308 em 2018 para 1.069, até o momento, este ano. (Folha)

Veladamente, a cúpula do PT está incomodada com os conselhos que o deputado André Janones (Podemos-MG) ofereceu a Lula junto com seu apoio, conta Lauro Jardim. Fenômeno nas redes sociais, o deputado diz que a esquerda em geral desaprendeu a “falar a língua do povo”. Em um longo fio no Twitter, ele detalhou, dizendo que a eleição será decidida “nas cidades interioranas, de 2, 3, 20 mil habitantes, totalmente fora do radar da esquerda, mas onde o Bolsonarismo tem livre acesso” e recomendando “Ou a gente sai das Fiesps da vida, da USP e do Twitter e tomemos os grupos de Whats, as comunidades, as feiras populares e o interior do país, ou já era”. Esse conselho, pelo menos, Lula não vai seguir, diz Bernardo Mello Franco. O ex-presidente vai hoje à USP participar de uma aula aberta da filósofa Marilena Chauí, militante histórica do PT. (Globo)

Atacada em bases diárias pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), a urna eletrônica aumentou em 82% o número de votos válidos nas eleições, segundo o professor Marcus André Melo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). De acordo com seu levantamento, os votos inválidos caíram de 41% no pleito de 1998 para 7,6% no de 2000, o primeiro com a votação totalmente eletrônica. A explicação seria a facilidade maior para os eleitores analfabetos ou de menor escolaridade votarem apertando as teclas, em vez de escrevendo numa cédula. Por conta disso, Melo avalia que o ataque às urnas eletrônicas é, na verdade, um ataque ao voto dos mais pobres. (Poder36)

Papel presidencial

Spacca

papel 1080

Viver

Além de o desmatamento crescer durante o governo Bolsonaro, novas áreas, até então pouco ou nada exploradas, estão sendo atingidas pela derrubada de florestas. Segundo análises divulgadas recentemente, os territórios estão perdendo mais áreas verdes em ritmo mais acelerado e em mais regiões. O Amazonas passou a ser o segundo estado mais desmatado da Amazônia Legal em 2021, superando Rondônia e Mato Grosso, segundo dados do sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Pará segue sendo o recordista. Para efeito de comparação, em 2019, havia 1.734 municípios com alerta de desmatamento, contra os 2.889 do ano passado, de acordo com o relatório anual do MapBiomas. Nesse período, 61,2% das cidades brasileiras detectaram ao menos um foco de desflorestamento. A área média de devastação também aumentou, incluindo regiões com mais de cem hectares, de 44,2% do total nacional em 2019 para 51,7% em 2021. Outra região com o mesmo comportamento fica em uma área entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, no cerrado. Um exemplo é o município de Aldeias Altas (MA), que viu o desmatamento na região crescer 3.714% em três anos. (Folha)

O Congresso dos Estados Unidos aprovou, na sexta-feira, um pacote de US$ 430 bilhões (R$ 2,1 trilhões, na cotação atual) para lidar com custos de medicamentos e combater o aquecimento global. O projeto de lei representa o maior investimento climático da história americana, com gastos governamentais superando os US$ 370 bilhões. Segundo analistas, a medida pode reduzir as emissões de carbono no país em 40% até 2030. A lei também dá ao Medcare, o seguro de saúde do governo federal, o poder de negociar preços de alguns medicamentos, além de estender o prazo dos cuidados de saúde. A proposta havia sido aprovada pelo Senado uma semana antes, e agora segue para sanção do presidente Joe Biden. (CNN)

Um estudo piloto realizado por pesquisadores suecos e divulgado na revista Nature Biotechnology testou córneas feitas com colágeno de pele de porco em 20 pessoas com problemas no tecido ocular, 14 delas eram cegas. O experimento levou a uma melhora em todos os participantes, que inclusive recuperaram a visão. Apesar da necessidade de testes clínicos mais complexos, os transplantes se mostraram seguros e eficazes. O procedimento pode ajudar a suprir a falta de doadores, que deixa 12,7 milhões de pessoas na fila de espera, principalmente em países de baixa e média renda na Ásia, África e Oriente Médio. Segundo especialistas, somente há uma córnea disponível para cada 70 necessárias. (O Globo)

Cultura

O escritor anglo-indiano, naturalizado americano, Salman Rushdie já está se recuperando do selvagem ataque a faca que sofreu na tarde de sexta-feira quando iniciava uma palestra num centro cultural no estado de Nova York. Embora corra o risco de perder um olho e os movimentos em um dos braços, o autor de 75 anos já respira sem ajuda de aparelhos e consegue falar. Rushdie se tornou um homem marcado em 1988, ao lançar seu quarto livro, Os Versos Satânicos, uma obra de realismo fantástico que retratava, em sonhos dos personagens, Maomé, fundador do Islã. Muçulmanos do mundo todo protestaram, e o aiatolá Khomeini, líder da revolução islâmica no Irã, decretou, em 1989, uma fatwa ordenando a morte do escritor. Ele viveu dez anos em local secreto, protegido pelas autoridades britânicas, até que o governo iraniano retirasse o apoio formal à fatwa. Mas o decreto religioso nunca foi suspenso, e uma organização religiosa mantinha uma recompensa pela morte de Rushdie. (New York Times)

O agressor de Salman Rushdie é o americano filhos de libaneses Hadi Matar, de 24 anos, preso no local. Segundo autoridades, ele publicava nas redes textos de apoio ao regime iraniano, embora ainda não se saiba de laços concretos. (NBC)

O ataque provocou revolta entre intelectuais e personalidades em todo o mundo. O escritor britânico Ian McEwan disse que o “ataque terrível” foi um atentado à liberdade de pensamento. “Salman é um inspirado defensor de escritores e jornalistas perseguidos em todo o mundo”, declarou. No Irã, as reações foram diversas. Parte da imprensa celebrou “o cumprimento da fatwa”, enquanto outros temiam um isolamento maior do país. (Guardian)

Enquanto isso... A polícia da Escócia está investigando uma ameaça online à escritora J.K. Rowling, após a criadora de Harry Potter escrever numa rede social que estava “enojada” com o ataque a Rushdie. Um seguidor respondeu “Não se preocupe. Você é a próxima.” (Reuters)

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Dirigido por Julia Murat, o longa-metragem Regra 34 (trailer) ganhou neste fim de semana o Leopardo de Ouro, principal prêmio do Festival de Cinema de Locarno, na Suíça. Estrelado por Sol Miranda, o filme conta a história de Simone, uma jovem negra formada em Direito aprovada em um concurso para a Defensoria Pública. O complicador é que ela custeou os estudos vendendo conteúdo erótico online e vê sua postura diante do sexo questionada pela própria namorada engajada. O título vem de uma máxima da Internet segundo a qual há pornografia relacionada a qualquer conteúdo na rede. (Rolling Stone)

E o cinema está de luto pela atriz americana Anne Heche, que teve morte cerebral declarada também na sexta-feira. Os aparelhos que a mantinham viva continuaram ligados até a madrugada de hoje para que seus órgãos pudessem se doados. No dia 5 ela se envolveu em um acidente de carro que a deixou em coma e com queimaduras por todo o corpo. Na noite de quinta-feira, seu agente preparou os fãs dizendo que ela sofrera sérios danos no cérebro e que sua sobrevivência era improvável. Estrela de filmes como Seis Dias, Sete Noites e Donnie Brasco, Anne tinha 53 anos. (Variety)

Cotidiano Digital

A rebelião das máquinas já é assunto comum na ficção, mas para o temor de todos, especialmente de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, a revolta da tecnologia parece já ter começado na realidade. Recentemente, a dona do Facebook anunciou um novo projeto de chatbot que simula a interação com um ser humano em bate-papo por meio de inteligência artificial (IA). O BlenderBot 3 é capaz de pesquisar na internet para falar sobre praticamente qualquer assunto, mas o próprio Mark Zuckerberg tem sido alvo de opiniões fortes da ferramenta. Em uma interação com a equipe da BBC, o robô disse que o bilionário explora seus usuários por dinheiro. “Ele fez um trabalho horrível ao testemunhar perante o Congresso. Isso me deixa preocupado com nosso país." (BBC)

E a dona do Instagram também decidiu processar duas empresas de São Paulo que vendem engajamento para perfis. Segundo a companhia, os serviços, oferecidos sob nomes como “InstaBrasil” e “Seguidoresgram", prometem curtidas, seguidores e visualizações no Instagram, o que configura engajamento falso e são práticas que violam os termos de uso na rede social. Essa é a primeira vez que a Meta aciona a Justiça no Brasil para barrar esse tipo de negócio envolvendo suas marcas. (Folha)

E a Coreia do Sul concedeu indulto ao herdeiro da Samsung, o bilionário Lee Jae-yong, condenado por suborno e peculato em janeiro de 2021. O empresário será “reintegrado” para receber a chance de “contribuir para superar a crise econômica da Coreia do Sul”, segundo o governo. O perdão especial acaba com a proibição de cinco anos para que Lee ocupe um cargo formal na Samsung. (Olhar Digital)

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