Prezadas leitoras, caros leitores —

Enquanto candidatos e emissoras de TV e rádio decidem como conduzir debates e entrevistas, um formato sem a mesma rigidez jornalística e rigor factual invade a disputa eleitoral com um poder avassalador de viralização: os mesacasts. Eles são podcasts com transmissão também em vídeo em que apresentadores amigáveis tocam uma conversa por horas com convidados, num clima de papo de bar e descontração. Um dos maiores deles, o Flow, apresentado por Igor 3K, recebeu o presidente Jair Bolsonaro, que, à la Chávez, falou por mais de cinco horas. Sobre o que quis.

Os mesacasts não se pretendem programas jornalísticos. Mas, assim como faz o pai dos mesacasts, o americano Joe Rogan, esses podcasters acabam emprestando a seus ouvintes/espectadores uma sensação de que se sai dos episódios bem informado sobre assuntos sérios de uma maneira leve — o que quase nunca é verdade. Num momento em que o jornalismo profissional está desacreditado e parte relevante dos políticos opera eleitoralmente na sombra da desinformação, o potencial de estrago é grande. É disso que a Edição de Sábado vai tratar.

E na próxima semana completam-se 450 anos de um dos mais atrozes episódios dos conflitos entre católicos e protestantes na Europa, o Massacre do Dia de São Bartolomeu, que deixou milhares de mortos em Paris e abriu uma temporada de violência por toda a França. A guerra religiosa que levou ao massacre teve reflexos até mesmo no que viria a ser o Brasil. Também vamos falar de como nossos rostos estão sendo utilizados para comprovar nossas identidades em cada vez mais serviços e como essa forma de autenticação é cercada de dúvidas relacionadas à privacidade e ao uso indevido dos dados coletados.

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— Os editores

Moraes trabalha para pacificar TSE com militares

Mal tomou posse na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes chamou para si uma missão espinhosa: pacificar as relações entre a Corte e os militares, tensionadas nas gestões de Luís Roberto Barroso e Edison Fachin. Tido como bem relacionado nas Forças Armadas, Moraes marcou para a próxima terça-feira uma reunião com o ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira. Os dois devem conversar a sós, e a expectativa é que o TSE acolha alguma das sugestões dos militares como gesto de paz. (CNN Brasil)

No campo interno, Moraes começou sua gestão com uma vitória. Convenceu o plenário do TSE a reverter uma decisão de Fachin e liberar todos os dados dos candidatos, exceto os claramente pessoais, como endereço e número de telefone. (UOL)

Meio em vídeo. Sabe a história dos fantasmas dos Natais Passado, Presente e Futuro? Essa eleição tem duas guerras ao mesmo tempo. Uma é entre os candidatos, que disputam votos. Outra é de dois espíritos da Política Passada, com mais de um século de idade, que continuam brigando pelo que o Brasil vai ser. Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

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Última das pesquisas previstas para esta semana, o levantamento do DataFolha divulgado ontem mostrou o presidente Jair Bolsonaro (PL) encurtando a distância em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Enquanto Lula permanece com os 47% da pesquisa anterior, Bolsonaro foi de 29% para 32%, além da margem de erro de dois pontos. O petista, entretanto, ainda registra uma intenção de voto maior que a soma dos adversários: além de Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) tem 7%; Simone Tebet (MDB), 2%; e Vera Lúcia (PSTU), 1%. Os demais não chegaram a um ponto. Num segundo turno, Lula teria 54% dos votos, contra 37% de Bolsonaro. (Folha)

Bruno Boghossian: “A nova pesquisa do Datafolha mostra que, nas últimas semanas, Bolsonaro obteve ganhos na avaliação do governo e nas intenções de voto na faixa de entrevistados que recebem de dois a cinco salários-mínimos por mês. Esse grupo tem um peso importante porque representa um terço do eleitorado nacional. A variação dos números indica que recuperar esses votos pode ser mais fácil para o presidente do que penetrar nos grupos mais pobres.” (Folha)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu a calma ontem ao ser provocado pelo youtuber Wilker Leitão na porta do Alvorada. Irritado por ter sido puxado, ele começou a xingar o presidente de “vagabundo”, “safado”, “covarde” e “tchutchuca do Centrão”. Bolsonaro, que já estava no carro, saiu, puxou a camisa e o braço de Leão, tentando tomar-lhe o celular. Depois, longe das câmeras, os dois conversaram por cerca de dez minutos, com Bolsonaro justificando a aliança com o Centrão pela necessidade aprovar projetos no Congresso. (g1)

Em que pesem as ofensas ditas pelo youtuber, a reação de Bolsonaro rendeu uma enxurrada de memes nas redes sociais. (Folha)

Além de defenderem em seu grupo no WhatsApp um golpe de Estado no caso de derrota de Jair Bolsonaro (PL) em outubro, os empresários ligados ao presidente disseminam notícias falsas, ataques à imprensa e muita homofobia, revela Guilherme Amado, que testemunhou as mensagens. Marconi Souza, dono da Valeshop, compartilhou um texto associando o jornalista inglês Dom Philips, assassinado no Amazonas, a uma conspiração não identificada “que a esquerda mundial, o PT, PSOL e a mídia farão de tudo para desviar a atenção”. Médico de formação, Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii, afirmou que as vacinas eram “venenosas”. O ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB), homossexual assumido, é um alvo frequente do grupo. (Metrópoles)

Meio em vídeo. Não é novidade usar mentira em eleição. Neste ano, mais uma vez, disseminação de fake news é uma das armas da milícia digital que defende Bolsonaro. Será que é possível evitar que o bolsonarismo use as redes da forma que usou na vez passada? Mariliz Pereira Jorge conta mais nesta edição da coluna De Tédio A Gente Não Morre. (YouTube)

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem, por 7 votos a 4, que a nova e mais branda lei de improbidade administrativa só pode retroagir para beneficiar réus de processos ainda em andamento. A nova versão da lei acaba com a improbidade culposa e determina que o agente público só pode ser punido se houver prova de que agiu intencionalmente. Caberá a cada juiz dos casos já abertos decidir se houve dolo ou não. Os quatro ministros vencidos eram contra qualquer retroatividade. (Poder360)

E o presidente do Supremo, Luiz Fux, anulou a decisão de um desembargador federal que suspendia a inelegibilidade do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PTB). O deputado foi cassado por quebra de decoro em setembro de 2016, perdendo os direitos políticos até 2027. Fux argumentou que a decisão do desembargador federal Carlos Augusto Pires Brandão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), suspendendo parcialmente os efeitos da cassação, interferia em questão interna do Legislativo. Cunha pretendia concorrer a deputado por São Paulo. (g1)

O general da reserva e ex-ministro da Secretaria de Governo Carlos Santos Cruz foi indicado ontem pelo secretário-geral da ONU, António Guterrez, para chefiar a missão que vai investigar uma denúncia de crime de guerra na Ucrânia. (g1)

Tchutchuca do DataFake

Tony de Marco

Datafake

Cultura

O mergulho no samba foi a bem-sucedida forma que a cantora Maria Rita encontrou para tirar sua carreira da sombra da mãe, a grande Elis Regina. Agora, a artista dá mais um passo para diferenciá-las ao estrear como compositora. “Compor é uma responsabilidade muito grande. Sempre disse, que se for para ser uma compositora mediana, prefiro, então, nem começar”, diz Maria Rita, que inclui duas canções suas no EP Desse Jeito, lançado hoje nas plataformas de streaming. Nas duas, ela recebe convidados: divide com Thiaguinho os vocais da romântica Por Vezes e com Teresa Cristina os de Canção para Erê Dela, focada no candomblé. (Folha)

“E se Bridgerton fosse um musical?”, indagou no Tik Tok, em janeiro do ano passado, a cantora americana Abigail Barlow. Foi o início de um projeto, em parceria com a amiga Emily Bear, que mobilizou milhares de fãs na plataforma de vídeos, chamou a atenção da indústria, ganhou prêmios e terminou esta semana com um processo movido pela Netflix, dona da série. Com a participação do público, Barlow e Bear compuseram 15 canções e gravaram um álbum, que, para surpresa geral, ganhou um Grammy. Até aí a Netflix estava achando divertido e aproveitando a publicidade gratuita. O problema começou quando a dupla passou a encenar o musical diante de plateias lotadas e com ingressos caros. “O que começou como uma celebração divertida de fãs nas redes sociais virou uma apropriação gritante de propriedade intelectual”, disse a criadora da série, Shondra Rhimes, com apoio de Jane Quinn, autora dos livros em que ela é baseada. (CNN)

Pouco antes de novamente se declarar, diante de um juiz, inocente do ataque ao escritor Salman Rushdie, o americano Hadi Matar, de 24 anos, disse ao tabloide New York Post que leu apenas duas páginas do célebre livro Os Versos Satânicos. Lançado em 1988, a obra foi considerada blasfema pelos muçulmanos e motivou uma fatwa, um decreto religioso, do líder iraniano aiatolá Khomeini, conclamando os fiéis a matarem o escritor, hoje com 75 anos. Sem admitir o crime, Matar, que foi preso no local do ataque, disse que Rushdie “não era uma pessoa boa” e que “atacava o Islã”. Ele se mostrou surpreso ao saber que o escritor sobreviveu, embora com ferimentos sérios. (BBC)

Meio em vídeo. Pedro Doria e Cora Rónai explicam como o atentado ao autor Salman Rushdie, ocorrido em Nova York este mês, foi, também, um ataque à liberdade de expressão. E como os jornais americanos, como o New York Times, não trataram o assunto com a gravidade que deveriam. (YouTube)

A dupla sertaneja Simone e Simara anunciou ontem oficialmente sua separação. As cantoras, que são irmãs, se desentenderam em diversas ocasiões ao longo deste ano, e o fim da dupla era considerado iminente. Simone vai cumprir sozinha os shows já agendados e seguir carreira solo, enquanto Simara afirma que vai se dedicar aos filhos e pensar nos futuros planos artísticos. (g1)

Viver

As organizações Me Too Brasil e Projeto Justiceiras encaminharam 18 novas denúncias de assédio sexual ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra o juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) Marcos Scalercio. Até esta quinta-feira, as duas ONGs receberam 64 relatos de assédios cometidos pelo magistrado contra funcionárias e estagiárias do tribunal em que ele atua em São Paulo, e de alunas de um cursinho preparatório para o exame da OAB em que ele é professor. Scalercio já tinha sido denunciado por assédio sexual por outras dez mulheres entre 2014 e 2020, em casos que estão sendo apurados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, e o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), em São Paulo. (UOL)

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Após comunicar a suspensão de atendimentos para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital AC Camargo, referência no tratamento de câncer em São Paulo, anunciou, nesta quinta-feira, um acordo entre os governos estadual e municipal para continuar recebendo os pacientes que fazem tratamento oncológico na rede pública da capital. O número de atendimentos e os valores a serem repassados ao hospital não foram divulgados. O AC Camargo interromperia os tratamentos médicos por causa da defasagem de verba repassada pela prefeitura para consultas e procedimentos realizados na instituição, que precisou reduzir a capacidade de público vindo do SUS nos últimos anos. (Estadão)

São Paulo se tornou a única representante brasileira em um ranking que inclui 90 países e analisa as melhores cidades para circulação segura de ciclistas. A capital paulista ficou em 76º lugar, à frente de outras sul-americanas, como Bogotá, em 81º, e Buenos Aires, em 83º, e atrás apenas de Santiago, na 58ª posição. A lista é dominada por europeus, encabeçada por Utrecht, na Holanda, Münster, na Alemanha, e Antuérpia, na Bélgica. As cidades receberam notas de um a cem para indicadores como segurança, crimes e acidentes envolvendo ciclistas e pontos de bicicletas compartilhadas. São Paulo recebeu 24,81 pontos ante os 77,84 da líder, Utrecht. (g1)

Cotidiano Digital

Mais de 650 funcionárias da Alphabet, dona do Google, assinaram uma petição nesta semana solicitando benefícios na obtenção de aborto e serviços de saúde para todas as funcionárias da companhia. A demanda surge depois que uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos abriu precedentes para a proibição do aborto no país. A carta é endereçada ao Google e ao presidente da Alphabet, Sundar Pichai, entre outros executivos. Muitas empresas, incluindo o Google, criaram políticas para ajudar as funcionárias e cobrir custos, mas milhares de profissionais da companhia vivem em estados que restringem o procedimento. Por conta disso, além do reembolso de viagens para estados onde a intervenção permanece legal, a petição também exige a suspensão de doações a políticos antiaborto. (Valor Investe)

E os sistemas da Meta, incluindo Facebook, WhatsApp e Instagram, passaram por instabilidades nesta quinta-feira. Por volta de 16h (horário de Brasília), as plataformas saíram do ar por alguns instantes. Milhares de relatos de usuários se acumularam no Twitter e se somaram ao site DownDetector dando conta de problemas de conexão. Segundo a Meta, um problema técnico fez com que alguns usuários tivessem dificuldades para acessar os aplicativos e produtos. Em pouco mais de dez minutos, as plataformas normalizaram para a maioria dos usuários. (CanalTech)

E a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai liberar a partir da próxima segunda-feira a ativação do sinal 5G puro em Florianópolis (SC), Palmas (TO), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES). A decisão foi tomada na quinta-feira em reunião com o grupo criado para cuidar da ativação da internet 5G na faixa de 3,5 gigahertz (GHz). Com a decisão, serão 12 capitais do país a contar com a tecnologia no início da próxima semana. A previsão para as 15 capitais restantes terem o 5G vai até novembro. (g1)

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