Ultradireita perde feio na França

Emmanuel Macron se elegeu o mais jovem presidente francês da história. Aos 39 anos, bateu no segundo turno a ultradireita representada por Marine Le Pen por uma larga e, por isso, incomum vantagem de 65% contra 35%. Foi uma eleição de importância internacional. De imediato, porque estes dois terços dos votos válidos representam, também, apoio explícito à União Europeia. Mas há uma importância mais sutil. Num período de transformação econômica, uma direita populista de discurso xenófobo vem seduzindo um conjunto de trabalhadores de classe média baixa, principalmente operários, que enfrentam índices altos de desemprego e temem a perda de direitos com reformas. Estes eleitores, tradicionalmente democratas nos EUA, em 2015 migraram para o Partido Republicano e ajudaram na vitória de Donald Trump. Também fazem parte deste corte demográfico muitos dos que votaram pelo Brexit, a saída do Reino Unido da UE. E, na França, contumazes eleitores do Partido Socialista ajudaram a levar Le Pen à disputa final. Apesar de Macron ter tido duas vezes mais votos do que a derrotada, a Frente Nacional de sua adversária cresceu imensamente. Em 2002, quando o pai de Le Pen também chegou ao segundo turno, ele recebeu 11% dos votos.

Mario Vargas Llosa: “A França não se modernizou e o Estado continua sendo um obstáculo esmagador para o progresso, com seu intervencionismo paralisante na vida econômica, sua burocracia ancilosada, sua tributação asfixiante e o empobrecimento dos serviços sociais, em teoria extraordinariamente generosos, mas, na prática, cada vez menos eficientes pela impossibilidade crescente em que se encontra o país de financiá-los. A França recebeu uma imigração enorme, em boa medida procedente de seu desaparecido império colonial, mas não soube nem quis integrá-la, e essa é agora a fonte do descontentamento e da violência dos bairros marginalizados onde os recrutadores do terrorismo islâmico encontram tantos prosélitos. E o enorme descontentamento operário produzido pelas indústrias obsoletas que são fechadas, sem que sejam substituídas por novas, fez com que o antigo cinturão vermelho de Paris, onde dez anos atrás o Partido Comunista ainda se assenhoreava, seja agora um baluarte da Frente Nacional.”

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O ex-presidente Lula deve depor na quarta-feira perante o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Falará sobre o processo no qual é acusado de ter recebido vantagens indevidas da OAS — dentre elas, o tríplex no Guarujá. Somam todas, segundo os autos, R$ 3,7 milhões.

A revista Época detalha 13 provas contra Lula listadas no processo. Sobre o tríplex, há trocas de mensagens eletrônicas entre executivos da empreiteira. O armazenamento dos bens do ex-presidente por cinco anos foi pago pela OAS, e notas fiscais o mostram. Há comprovantes bancários e ordens de pagamento, também, para um dos filhos de Lula.

Aliás... Em depoimento na sexta-feira, o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, afirmou que Lula lhe recomendou, pessoalmente, que destruísse provas do repasse de propinas para o PT. “Ficou muito claro para mim que ele tinha o pleno conhecimento de tudo e detinha o comando”, afirmou o executivo. Os advogados do ex-presidente acusam Duque de fabricar acusações.

Lula: “As manchetes dos jornais diziam que o PT acabou e diziam que amanhã o Lula vai ser preso. Faz dois anos que eu estou ouvindo isso. Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam.”

Usando a página no Facebook de sua mulher, o juiz Sérgio Moro publicou vídeo pedindo que os apoiadores da Lava Jato não se apresentem perante o tribunal no dia do depoimento. Ele quer evitar conflito com militantes favoráveis a Lula.

Enquanto isso... Antonio Palocci volta a falar de delação premiada, informa Lauro Jardim. Mas constituirá outro advogado para negociar. Sua defesa apresentou recurso no Supremo e pede que a avaliação de seu habeas corpus não seja encaminhada ao plenário e permaneça na Segunda Turma. (Globo)

Gregorio Duvivier: “Embora seja uma figura ultracarismática, um grande comunicador, Lula é um cara que já provou que representa uma política muito velha. Nossa esperança de mudança não pode vir do Lula.”

Nem a Segunda Turma do Supremo deve conceder habeas corpus a Eduardo Cunha. (Estadão)

Nos depoimentos dos executivos da Odebrecht, Aécio Neves aparece como uma aposta da empreiteira. O senador recebe propinas, eles afirmam, desde 2003. “Nós estávamos investindo dinheiro numa pessoa que ia se constituir no mandatário do país”, afirmou Benedicto Barbosa Júnior. Segundo a Época, o ex-governador mineiro era a interface da empreiteira com o PSDB.

Fernando Henrique: “O PSDB, ao contrário do que dizem, sempre teve muitos quadros. Sempre tivemos três, quatro possíveis candidatos. A questão é que o sistema político brasileiro não favorece a formação de líderes nacionais. Fora de campanhas, quem aparecia nacionalmente? O ex-presidente, o presidente e um ou outro candidato a presidente. Quando alguém chamava atenção? Só os mais bizarros conseguiam. Isso agora mudou, está mudando. O Doria está fora [desse esquema anterior], o Luciano Huck está fora. Eles são o novo porque não estão sendo propelidos pelas forças de sempre. Temos de ver como isso se desenrola.” (Folha)

Como as bancadas de cada partido votaram até aqui nas reformas? O Nexo mostra.

Viver

A Marcha da Maconha levou milhares às ruas no mundo todo, no último sábado. Em São Paulo e no Rio, a maioria era feita de jovens, mas famílias também caminhavam no ato pela legalização da erva. Houve quem fumasse, houve quem apenas marchasse.

Aliás... Dias antes, o delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Orlando Zaccone, defendia a legalização em audiência sobre o assunto: “Se quisermos cuidar das vidas no Brasil, é urgente desconstruir esse dispositivo do sujeito matável que tem um nome: traficante de drogas. Temos que acabar com os traficantes de drogas. E como vamos acabar com esse sujeito matável? Legalizando a produção, o comércio e o consumo das drogas. Não tem outra forma.”

Se surgiu nos anos 1980 nos Estados Unidos, a pornografia feminista ganha agora força por aqui. Em revistas como a Nin, a mulher é dona do próprio corpo e de seu prazer. Nada da idealização imposta pela indústria masculina, nada de ser acessório do imaginário do homem. “A pornografia feminista inverte esta lógica e não deixa traços de dominação e hierarquia, que às vezes descamba até para a violência. Agora, elas dominam seu prazer erótico”, explica ao Globo a coordenadora do Observatório de Sexualidade e Política, Sonia Correa.

Vídeo: como era Roma no auge? Na falta de uma máquina do tempo, um vídeo 3D refaz a cidade no ano de 320 a.C., em seu esplendor.

Com gol de virada no último minuto do jogo, o Flamengo venceu o Fluminense por 2 x 1, sagrando-se Campeão Carioca de 2017, na final mais emocionante deste fim de semana. Em São Paulo, o Corinthians empatou por 1 x 1 com a Ponte Preta e, pela primeira vez, comemorou em seu próprio estádio um campeonato. Em Minas, o Atlético Mineiro venceu por 3 x 1 o Cruzeiro e fez-se, também, campeão. Nos pênaltis, o Novo Hamburgo levou o título gaúcho contra o Internacional. E, entre os baianos, deu Vitória contra o Bahia.

No sábado, Eliud Kipchoge, Zersenay Tadese e Leilisa Desisa, maratonistas de ponta, tentaram correr o percurso de 42 quilômetros em menos de duas horas. É um feito nunca alcançado. A pista era ideal — o circuito de Monza, de Fórmula 1 —, os tênis tecnológicos, a temperatura amena, um carro Tesla os guiou para a manutenção do ritmo constante, e atletas se alternavam correndo à frente para barrar o vento. Condições ideais. Mas não deu: 2h03m05s. O recorde mundial, que não foi quebrado, está em 2h02m57s.

Cultura

A Netflix confirmou: 13 Reasons Why terá, sim, uma segunda temporada. Até o anúncio, ontem, seu futuro era incerto, posto que vem causando polêmica. A série apresenta (de forma um tanto explícita) a história de suicídio de uma adolescente e seus 13 motivos para tal. Na segunda temporada, o roteiro deve se concentrar nas consequências do suicídio para os demais personagens.

A polêmica, aliás, chegou aqui. O Ministério Público da Paraíba recomendou um boicote à série, por “conter cenas muito impactantes”. Até o Centro de Valorização da Vida, que recebe chamadas de pessoas em crise, se manifestou: informou que o número de ligações aumentou desde a estreia de 13 Reasons Why. No Canadá e na Nova Zelândia, por exemplo, ela foi proibida.

A propósito: a revista Galileu fez uma lista com três razões para ver (e três para não ver) a controversa série.

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David Lynch sendo David Lynch: o diretor deu entrevista sobre a volta de Twin Peaks (no próximo dia 21, no canal Showtime), mas fez mistério sobre o conteúdo dos novos 18 episódios. Esquisito como de costume, ele respondeu às perguntas quase sempre com metáforas — falando em peixes, galinhas e ovos. Sobre o retorno da série cult que revolucionou a TV nos anos 1990, nada. E deixou no ar, ainda, a notícia de que teria encerrado sua carreira no cinema.

“É, Belchior não era apenas um rapaz latino-americano vindo do interior. O cantor de letras extensas, voz bob-dylaniana e vasto bigode também era conhecedor de latim.” Josely Teixeira Carlos é quem diz. Na Ilustríssima, ela lembra os encontros na hora do almoço com o cantor, quando era aluna da Universidade Federal do Ceará e, sem dinheiro para os livros, passava apuros para estudar o idioma. Belchior fazia as vezes de professor e, certa feita, até lhe presenteou com seu próprio exemplar da Gramática Latina.

Galeria: Taís Araújo, Bárbara Paz e Elba Ramalho, entre outros, posam como Donna Summer, Madonna e Janis Joplin para refazer clássicas capas de discos dos músicos. A convite da revista Serafina, da Folha.

Cotidiano Digital

As empresas mais valiosas do mundo são, por ordem: Alphabet (Google), Amazon, Apple, Facebook e Microsoft. Não é à toa. Dados a respeito de pessoas se tornaram o recurso mais valioso que existe. Quanto mais usuários têm, mais fortes ficam estas empresas e menos espaço há para concorrência. A revista britânica The Economist sugere que métodos antigos de combater trustes, como a quebra em firmas menores, não resolveria o problema. Propõe duas maneiras novas de encarar a questão. A primeira é, ao avaliar a compra de empresas menores, reguladores não deveriam ver apenas o tamanho do mercado, mas o quanto aquela compra não pode ser uma forma de eliminar concorrentes antes que estourem. A segunda é exigir que estas empresas deixem mais claro que tipo de dados colhem e o que sabem sobre seus clientes. O compartilhamento público de dados, diga-se, pode parecer uma ameaça à privacidade. Mas pode ser, também, um método de evitar monopólios nos tempos digitais.

Aliás... A Netflix sabe em que momento você decidiu apostar numa série. Sabe quando dá uma pausa, quanto tempo fica fora, e até o momento em que um episódio tem uma barriga — que distrai as pessoas. Todas as informações, em conjunto, ajudam no desenvolvimento da produção. (Folha)

No Facebook, a frase “meu marido é…” geralmente vem completada com “o melhor”, “meu melhor amigo” ou “incrível”. Já no Google, o cônjuge pode até ser lembrado como “incrível”, mas os outros quatro principais complementos são bem diferentes: “um idiota”, “irritante”, “gay” ou “mau”. Ao espelhar uma realidade que quase sempre não existe, o Facebook nos faz infelizes — e o New York Times comprova tal sensação com dados de estudos e (divertidos) exemplos analisados nas pesquisas.

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