Lei de Migração racha governo Temer

Há um conflito dentro do governo Temer que pode impedir a modernização da Lei de Migração. O projeto de autoria do chanceler Aloysio Nunes e relatado pelo senador Tasso Jereissati dá a estrangeiros uma série de novos direitos. O de não ser expulso sumariamente do Brasil sem ser ouvido antes, por exemplo. Ou o de proibir a expulsão de quem chegou ao país antes dos 12 anos ou quem já passou dos 70. A lei garante, ainda, aos povos indígenas que possam cruzar as fronteiras livremente por considerar que seu território não é necessariamente o dos limites nacionais. Além do Itamaraty, defendem as mudanças a centro-esquerda dentro do PSDB e os partidos de esquerda. As Forças Armadas, a Polícia Federal e a direita representada pela bancada da bala são contra pois argumentam que o país ficaria menos seguro, aberto para o tráfico de armas e de drogas. A lei está aprovada. Pressionado, o presidente ainda não decidiu se vetará os artigos. A sanção ocorrerá hoje. (Folha)

Em tempo: já saiu cá no Meio, mas não custa relembrar a longa entrevista em vídeo do historiador israelense Yuval Noah Harari, autor de Sapiens. Ele considera que a principal disputa político-eleitoral do mundo, hoje, não se dá entre esquerda e direita; se dá entre globalistas e nacionalistas.

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Uma fotografia revelada pelo Globo mostra Lula e o empreiteiro Léo Pinheiro juntos em conversa no sítio de Atibaia, interior de São Paulo. O ex-presidente havia confirmado a conversa, mas disse que ocorreu em seu apartamento de São Bernardo do Campo. Os advogados do ex-presidente da OAS ainda apresentaram registros de reuniões constantes em sua agenda do celular — o Estadão os traz. E, na Folha, outras agendas enviadas pelos advogados da Petrobras documentam pelo menos 23 reuniões entre Lula e diretores da estatal durante seu governo. No depoimento ao juiz Moro, ele havia negado os encontros.

O juiz Sérgio Moro pedirá ao Google quebra de sigilo do endereço eletrônico iolanda2606@gmail.com, supostamente utilizado pela ex-presidente Dilma e Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, para troca de mensagens. Ele quer saber que endereços IP entraram no email — podendo, assim, determinar por exemplo acessos do Planalto ou do Alvorada —, em quais horários e, se possível, a recuperação de mensagens escritas. (Folha)

Diga-se... Há uma contradição no depoimento do casal. Mônica contou ter sido avisada por Dilma de que seria presa via email cifrado e, depois, por telefonema. João Santana conta do email, mas não da ligação. (Folha)

O julgamento no TSE que decidirá se cassa ou não a chapa Dilma-Temer será reiniciado no dia 6 de junho, às 19h. No dia 7 haverá nova sessão, no mesmo horário e, no dia 8, mais duas. Uma às 9h e, a outra, às 19h.

A 7ª Vara Federal Criminal do Rio, comandada pelo juiz Marcelo Bretas, vai dobrar de tamanho. É para melhor cuidar das operações Calicute, Eletronuclear e Saqueador, informa Lauro Jardim. (Globo)

Do Painel da Folha: “Depois de Marina Silva declarar que votaria a favor das reformas, a Rede ficou em polvorosa. Integrantes do partido fizeram questão de demonstrar insatisfação. A ex-senadora, então, decidiu divulgar uma nota dizendo que suas declarações foram distorcidas.” A nota, no Facebook.

Uma das maneiras de se compreender o perfil dos partidos brasileiros é por meio das frentes às quais seus deputados se juntam. O PSOL, por exemplo, está na dos direitos das mulheres, na dos povos indígenas e na da Petrobras; o PMDB é forte na frente de agropecuária, da defesa da vaquejada e, ali do lado do PSOL, na defesa do cinema. Nenhum dos dois tem presença relevante na bancada evangélica, dominada por PSC e PRB. Compreender a distribuição dos partidos a partir do que defendem é um quebra-cabeças facilitado por estes gráficos produzidos pelo Nexo.

O ex-prefeito paulistano Fernando Haddad participou ontem de uma reunião do grupo ‘Quero Prévias’, cujo objetivo é tentar reimaginar o discurso de esquerdas. “O risco que a gente tem é o de um 2018 deprimente”, disse. “Já tivemos um 2013, 2014, 2015, 2016, 2017 deprimentes. Em 2018 tem que apresentar para o eleitorado uma coisa que faça sentido, que jogue para cima, que dialogue com a imaginação dos trabalhadores. As pessoas estão ansiosas por alguma coisa nova e não é um candidato novo, não é um cara. Isso só vai mexer com a imaginação (do eleitorado) se a gente não oferecer coisa melhor. Aí eles vão ficar muito bem. Eu entendo que a agenda clássica da classe trabalhadora tem que ser mantida, mas concordo com muitos que disseram que ao lado dessa agenda temos que ter outra, mais criativa, mais ambiciosa, mais audaciosa para não ficarmos nessa postura defensiva.” (Estadão)

O presidente americano Donald Trump pediu ao ex-diretor do FBI, James Comey, que abandonasse a investigação a respeito do ex-assessor de segurança nacional Michael Flynn. Flynn é acusado de ter mentido sobre contatos com o embaixador russo, além de sonegar pagamentos recebidos de russos e turcos. A informação está em um memorando escrito por Comey horas após ter ouvido o pedido e foi compartilhado com seus lugares-tenentes. É o primeiro indício concreto de obstrução da Justiça pelo presidente — uma das causas que pode levar a impeachment. (NYT)

O país que deu aos EUA a informação repassada por Trump aos russos é Israel. (NYT)

Cultura

Uma música em espanhol é a mais ouvida dos Estados Unidos. Trata-se de Despacito, do porto-riquenho Luis Fonsi, que ganhou versão de Justin Bieber. Ela desbanca Macarena, última letra em espanhol a ocupar o topo da lista da Billboard nos EUA. Se Macarena tinha como trunfo uma dancinha, Despacito, diz-se, teve Bieber — de fato, uma espécie de gerador espontâneo de hits.

Vídeo: o clipe da música que lidera a lista Hot 100 da Billboard nos EUA.

Os últimos dias de Michael Jackson movem o filme Searching for Neverland. Foi feito para a TV, com base no best-seller escrito pelos dois seguranças do cantor. Estreia no canal americano Lifetime, no dia 28. Ontem, teve o trailer divulgado.   

A 57ª Bienal de Veneza está aberta ao público — e, pois, à crítica. Para a Folha, a maior mostra de arte do mundo desvia os olhos da política e “mergulha no escapismo”, com uma exposição principal (aquela com curadoria da própria Bienal) sem ritmo e desconexa, como “uma loja de departamentos”. O Guardian também lamenta a falta de consciência da mostra. Se a Bienal apresenta obras sobre racismo, imigração e outros dramas do mundo atual é por escolha dos pavilhões nacionais, que definem a curadoria de seus espaços. Fora deles, no restante da exposição, “tudo soa confortável”, com tapeçarias, bordados e, ironicamente, tecidos acolchoados por todos os lados.

A propósito: o New York Times fez uma lista do que há de melhor na Bienal, reunindo vídeos, fotos e textos. O pavilhão brasileiro, aliás, está entre os eleitos.

Galeria: um fotógrafo transformou filmes inteiros em uma única imagem. A câmera é preparada para capturar por um longuíssimo tempo de exposição, e as cenas (de O Mágico de Oz ou Taxi Driver, por exemplo) vão se sobrepondo umas às outras. As fotos, por fim, lembram pinturas impressionistas. 

Viver

Para ler (e ver) com calma: O prédio é um grande anel de concreto, metal e vidro — as maiores folhas de vidro jamais produzidas, para as quais um forno de tamanho especial teve de ser criado. As escadas são feitas com um concreto especial, leve, que permite degraus muito finos e naturalmente brancos. Até as torneiras e pias foram desenhadas especialmente para o edifício. No entorno, nove mil árvores locais, muitas delas frutíferas, escolhidas todas pela capacidade de resistir a uma crise climática. Steven Levy, mestre dentre os repórteres do Vale do Silício, mergulha na nova sede da Apple, um feito de arquitetura e design, que produzirá toda a energia que consome.

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A Câmara aprovou ontem a redução de áreas de proteção ambiental no Pará. Se também passar pelo Senado, coloca em risco 486 mil hectares da Floresta Nacional do Jamanxim, que ficarão, então, liberados para mineração, agropecuária ou retirada de madeira. A área equivale a três vezes a cidade de São Paulo, informa o Estadão, e já era vulnerável, um dos principais alvos de desmatamento na Amazônia. No último minuto da sessão, o projeto ainda ganhou uma emenda, incluindo na mesma redução um parque nacional de Santa Catarina.

“A homeopatia, apesar de ter defensores na classe médica, é uma das mais manjadas pseudociências.” Doutor em genética molecular, Beny Spira assina artigo inflamado sobre o assunto no Jornal da USP, universidade da qual é professor. Para cravar que “a homeopatia é uma farsa”, ele afirma que as pesquisas sobre o tema costumam concluir que os tratamentos homeopáticos têm efeito placebo. Segue citando exemplos de medicações e, por fim, defende que a terapia não evoluiu desde suas origens, no século XIX.

Para lidar com o luto pela morte do pai, quando tinha 37 anos, a escritora inglesa Helen MacDonald decidiu que treinaria uma ave de rapina. Contou a experiência no premiado best-seller F de Falcão, que, aliás, apresentou na última Flip. Agora, em belo texto para o New York Times, MacDonald fala sobre o que os animais podem ensinar aos homens. Segundo ela, afinal, foi com bichos, e não com humanos, que aprendeu valiosas lições sobre relacionamentos.

Cotidiano Digital

Há 20 anos, a Amazon abriu capital na Bolsa. O negócio criado por Jeff Bezos é, indiscutivelmente, um dos de maior impacto da revolução digital. No New York Times, Andrew Ross Sorkin lembra como ele transformou primeiro o negócio de livros, na sequência todo o varejo e, aí, a maneira como meio Vale do Silício — e também o resto do mundo — hospeda seus sites e serviços. A Amazon é o principal servidor de quase todos. Não bastasse, Bezos investe como pessoa física em dois outros ramos. Na Blue Origin, pretende brigar no mercado de turismo espacial. E, como novo dono do Washington Post, investiu pesado na contratação de jornalistas e deu liberdade aos editores.

Há um ponto que Sorkin esquece: Bezos foi um dos cinco investidores iniciais do Google. Pôs US$ 250 mil na ideia de um site de buscas, em 1998. Acaso ainda tenha aquelas ações, valem hoje US$ 1,5 bilhão. Poucos podem dizer que perceberam antes de todo mundo dois negócios revolucionários e investiram neles.

Aliás... A Amazon lançou esta semana uma linha de tevês 4k, a mais alta definição possível, que respondem a comandos de voz.

A Apple deve anunciar em junho o update de três computadores: um MacBook Pro com o novo processador Kaby Lake, cabeça de linha da Intel; um MacBook de 12 polegadas; e uma melhoria do MacBook Air de 13 polegadas. Há certa preocupação, na empresa, com os sofisticados laptops Surface, da Microsoft, que, na mesma faixa de preço e com tela de toque, estão vendendo melhor do que os Macs.

Galeria: os videogames mais influentes da história.

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