Dodge tenta se distanciar do Planalto

A futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, voltou atrás. Segundo Cristiana Lôbo, depois de ter decidido que tomaria posse no Planalto, após convite do presidente Michel Temer, remarcou o evento para a sede da PGR. O convite ocorreu na semana passada, em encontro reservado de Dodge com Temer, no Palácio do Jaburu, após às 22h. Um encontro que não estava na agenda de Temer e ocorrido no mesmo dia em que a defesa do presidente pediu ao Supremo que considerasse suspeito o atual procurador-geral, Rodrigo Janot. Para o Planalto, a posse por ali seria um gesto simbólico da reaproximação entre o Poder Executivo com o Ministério Público. A percepção externa foi exatamente esta: de Dodge virando as costas para o trabalho atual do MP e se aproximando de Temer.

O plano de Temer é esperar a posse de Dodge, em 17 de setembro, para derrubar as delações premiadas da JBS nas quais é citado. Sua defesa vai se aproveitar da gravação de uma mensagem de Ticiana Villas Boas — mulher de Joesley Batista — gravada no celular de Patricia Abravanel, filha de Silvio Santos e mulher do deputado Fabio Faria. Um dos executivos da JBS delatou ter combinado propina com Faria num jantar na casa de Batista. Na gravação, Ticiana se diz solidária e afirma que a conversa não ocorreu. Os advogados da JBS confirmaram os tratamentos de suborno — mas que teriam se dado longe das mulheres. A história de Ticiana mostraria um furo importante nas delações, ajudando o presidente a desacreditar o todo.

Aliás... O principal aliado dos políticos envolvidos na Lava Jato no Supremo, o ministro Gilmar Mendes, foi companheiro de Ministério Público de Janot. O repórter Jailton de Carvalho lembra dum dia passado em festa por ambos, na Alemanha, nos anos 1980. (Globo)

PUBLICIDADE

No final da noite de domingo, o prefeito paulistano João Doria publicou no Facebook um vídeo em que “reafirma lealdade” ao governador Geraldo Alckmin. Os últimos foram dias agitados nas entranhas do PSDB. O senador Aécio Neves se aproximou de Alckmin, levando o apoio de um naco importante do partido. Com isto, confirmou-se que os tucanos escolherão em dezembro seu candidato à presidência. A data mais adiantada favorece o governador em detrimento do prefeito.

Apesar do vídeo, nada mudou. Assim como Lula e Ciro Gomes, Doria tem pesada agenda de visitas pelo país. Em campanha. (Estadão)

E... Caso Lula não seja condenado em segunda instância até maio, calculam os tucanos, ele deverá ser candidato. E isto reforçará a necessidade de o partido se afastar de Temer. O presidente é particularmente impopular no nordeste. (Folha)

Para ler com calma: Cesar Benjamin, secretário municipal de Educação do Rio e um dos pensadores independentes da esquerda brasileira, reflete sobre o momento do país. No curto prazo, vê uma crise de governo que na pior das hipóteses se encerra em 2018, com a eleição. Há uma segunda crise, de maior fôlego, da estrutura política da Nova República, baseada em PT e PSDB com o PMDB pendular. Estas três forças perderam a capacidade de oferecer respostas para os anseios da sociedade. Mas, num olhar ainda mais amplo, falta ao Brasil um projeto nacional. Não desenvolvemos atividades de alta tecnologia (EUA e Europa), não temos indústria manufatureira relevante (Ásia), simplesmente fornecemos soja, ferro e petróleo. E a política só lida faz anos com os problemas de curto prazo.

Um carro se lançou contra um grupo de manifestantes no sábado, em Charlottesville, estado da Virgínia matando uma mulher e ferindo 33 — alguns em estado grave. Foi o ápice dos conflitos entre supremacistas brancos e neonazistas de um lado, e opositores do outro. A primeira marcha da ultradireita americana ocorreu ainda na noite de sexta, à luz de tochas e com gritos contra negros, judeus e hispânicos, clamando pelo fim da imigração e com palavras de ordem como “sangue e terra”, que ecoam um conhecido slogan nazista e se refere à terra americana para pessoas brancas. Os manifestantes voltaram com agressividade no sábado à tarde e foram acompanhados pela polícia. A passeata já estava se desfazendo quando o carro partiu contra os manifestantes que resistiam ao movimento. Na superfície estão os protestos pelos planos de retirada da estátua do general Robert E. Lee, que comandou as tropas do Sul escravagista durante a Guerra Civil. Mas há também uma aposta de força da ultradireita, que se sentiu representada pela vitória eleitoral de Donald Trump.

Ao se manifestar sobre o chocante ataque de sábado, Trump criticou o “ódio e violência de vários lados”. A reação foi imediata e negativa, mesmo em seu partido. “É importante que o presidente descreva a situação pelo que é, um ataque terrorista por supremacistas brancos”, reclamou o senador republicano Marco Rubio. “Devemos chamar o mal pelo nome”, seguiu o líder republicano no Senado Cory Gardner, “estes eram supremacistas brancos e isto foi terrorismo doméstico.”

Cultura

Drummond falou de Itabira em todas as fases de sua obra. Mas os itabiranos guardam certa mágoa do poeta. Frases como “ele abandonou Itabira” são comuns na cidade, relata o diário mineiro O Tempo. Na semana em que se dão 30 anos de sua morte, o jornal ouve pesquisadores e até uma sobrinha-neta do poeta sobre sua relação (tensa) com a cidadezinha.

Terça: Bill Murray foi ver O Dia da Marmota na Broadway. Quarta: Bill Murray foi ver O Dia da Marmota na Broadway. Estaria o ator preso no tempo, vivendo e revivendo o mesmo dia, como o personagem da história? Ainda não se sabe, informa o Guardian.

“Mauricio viu quadrinhos pela primeira vez numa lata de lixo em um posto de gasolina. Joca Marvel. Super-Coelho. O menino gamou”, escreve o jornalista Ivan Finotti na Folha, sobre o quadrinista Mauricio de Souza. Aos 81, o criador de cerca de 500 personagens de gibi (e pai de dez) lança autobiografia.

Do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, sobre a atual situação de sua pasta: “Estamos catando moedas”. O MinC perdeu 43% de seu orçamento em março e agora, ele diz, faz “trabalho de formiguinha”, buscando sobras de recursos aqui e acolá a fim de puxá-las para projetos culturais. “Na bonança dá para ser cigarra, mas na estiagem é preciso trabalhar como formigas.” (Globo)

Roubada há mais de 30 anos de um museu no Arizona, uma pintura de Willem de Kooning reapareceu. Woman-Ochre, do genial artista do expressionismo abstrato, estava num antiquário, como se nada fore. E de lá só saiu porque os donos da loja, intrigados com visitantes que perguntavam se aquela era uma tela do célebre artista, decidiram dar um Google. Resultado: sim. Um de Kooning. E dos mais preciosos, cujo valor pode ultrapassar US$ 100 milhões. (New York Times)

Viver

Há uma nova tecnologia de baterias recarregáveis para surgir. Serão mais baratas e mais seguras do que as atuais, baseadas em íons de lítio, dadas a explodir vez por outra. O responsável pela empresa que desenvolve as pilhas é Bill Joy, célebre no Vale do Silício por ter fundado a Sun Microsystems. Os protótipos são quimicamente similares às alcalinas, baseadas em zinco, e já conseguem 400 ciclos de recarga. As atuais recarregáveis, de lítio, vão de 400 a um máximo de 1.200 ciclos. Já tendo conseguido dar recargas nestas novas, de zinco, os cientistas acreditam que conseguirão substituir o metal por alumínio, chegando ao teto de 1.200. A aposta é de que em até cinco anos chegam ao mercado — é uma revolução tecnológica numa área onde os avanços são particularmente difíceis.

PUBLICIDADE

A modelo brasileira Valentina Sampaio, 22 anos, transexual, é dos nomes mais esperados para o elenco do próximo desfile da Victoria’s Secret. Se confirmada, será a primeira trans a desfilar pela marca de lingerie. Valentina já é conhecida por romper barreiras no circuito fashion, segundo o El País, estampando capas de revistas como Vogue, L'Officiel e Elle.

O menino do Acre está de volta. O estudante Bruno Borges reapareceu na sexta, quase cinco meses depois de sumir deixando as paredes do quarto, em Rio Branco, cobertas com textos enigmáticos, principalmente sobre sua ‘teoria da absorção do conhecimento’. Antes de sumir, deixou assinado contrato com editora para publicar os escritos, e o primeiro livro, que saiu em junho, entrou há pouco para o ranking dos mais vendidos do país. Ao Fantástico, porém, o jovem nega que o sumiço tenha sido jogada de marketing para promover as vendas.    

Clóvis Rossi escreve sobre o empecilho que a venda de maconha começa a enfrentar em farmácias do Uruguai: os bancos. Aqueles que têm matrizes em outros países, cuja venda da Cannabis não é legalizada, não aceitam transações em torno da planta. O Santander, por exemplo, já fez pular fora do negócio uma farmácia de Montevidéu. “Outros bancos estão avaliando a situação, entre eles o brasileiro Itaú, e, se seguirem o Santander, estará em grave risco um modelo que merece uma chance de ser testado. Não sei se o projeto uruguaio é o caminho ideal, mas sei —e todos sabem— que fracassou redondamente o enfoque policial-militar adotado nos outros países, Brasil inclusive.” (Folha)

  

Antonio Prata: “Ser pai de crianças pequenas implica uma relação compulsória com o surrealismo. É como se, de uma hora pra outra (apesar da gravidez durar quase dez meses e levar uns dois anos pros filhos falarem, é de uma hora pra outra que você se descobre pai de dois seres humanos), você passasse a conviver com um pequeno Dalí e uma mini Buñuela.” (Folha)

Galeria: no último sábado, Dia Mundial do Elefante — sim, esta merecida data comemorativa existe —, a The Atlantic reuniu fotos dos bichos na água, em tanques de zoológicos ou, bem melhor, livres na natureza, em lagos ou rios. 

Cotidiano Digital

O Facebook autorizou o lançamento secreto do app Colorful Balloons, na China. Similar ao Moments, ajuda a compartilhar fotografias que estão no celular nas redes sociais — a diferença é que, como o Facebook é proibido no País do Centro, o app se conecta à popular WeChat. O objetivo de Mark Zuckerberg é usar o aplicativo para recolher dados que permitam à empresa americana compreender o comportamento dos usuários chineses. Trata-se do maior mercado consumidor de tecnologia do planeta. (Folha)

Alixandra Barasch, psicóloga da Universidade de Nova York, chegou a uma conclusão talvez surpreendente. Se você quiser viver intensamente um momento — fotografar é uma boa ideia. Quando fotografamos com o celular, focamos naquilo. Nas pessoas, na cena, nas emoções. E lembramos com mais nitidez, mesmo sem consultar as fotos. A câmera sempre presente dos celulares talvez não esteja nos afastando tanto assim da vida.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.