Catalunha pede independência, premiê espanhol parte para o ataque

O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, declarou ontem à noite que o estado ganhou o direito de se tornar independente da Espanha. Segundo o governo local, pelo menos 90% dos votos do plebiscito foram pelo ‘Sim’. Ao todo, foram às urnas 2,26 milhões de eleitores — 43% dos aptos a votar. O referendo, porém, foi declarado inconstitucional pela principal corte espanhola. “Não houve um referendo de autodeterminação da Catalunha”, declarou o premiê Mariano Rajoy. E Madri agiu com violência: cédulas apreendidas, locais de votação fechados com truculência pela polícia. Mais de 800 manifestantes foram feridos.

De Rafael Tsavkko, que acompanhou o dia em Barcelona: “Na realidade, pese a tensão e o temor de que algo pode acontecer a qualquer momento, o clima é de festa, contida, mas de alegria. Muitos idosos votam no local, alguns foram carregados para votar — enquanto eram aplaudidos por pessoas emocionadas, muitas chorando.”

Mario Vargas Llosa: “O chamado plebiscito é inválido, sem o censo dos eleitores, nem urnas autorizadas, nem representantes, nem registros eleitorais, com uma porcentagem mínima de participantes, todos independentistas. Ou seja, o monólogo patético de uma minoria cega e surda à racionalidade. Servirá apenas para alimentar a vitimização, ingrediente essencial de toda ideologia nacionalista e para acusar o governo espanhol de ter violentado a democracia impedindo o povo catalão de exercer o direito de decidir seu destino mediante a mais pacífica e civilizada maneira democrática, que é votando.” (Estadão)

Sérgio Abranches: “O que aconteceu na Catalunha não é simples, fato isolado, ou conjuntural. É complexo, pois tem implicações constitucionais, morais e políticas todas controvertidas. Do ponto de vista estrito, o referendo é ilegal. Mas há, no caso, uma questão nada trivial sobre a legitimidade e o caráter democrático que proíbe um povo que tem língua, cultura e história diferenciadas, escolher se deseja se manter sob um estado nacional que não é stricto sensu o seu. A repressão ao voto catalão não sairá barato a Mariano Rajoy.”

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Um atirador abriu fogo contra o público que assistia a um concerto do cantor country Jason Aldean nos jardins do Mandalay Bay Resort, em Las Vegas. Pelo menos vinte pessoas foram mortas. O crime ocorreu às 22h08 (2h08, em Brasília). Há informações iniciais, não confirmadas, de que o atirador foi morto. (New York Times)

Lula permanece sendo a principal liderança política do Brasil, segundo a nova pesquisa do Datafolha. O instituto mediu inúmeros cenários com um leque variado de candidatos e, em todos nos quais Lula aparece, ele tem 35 ou 36%. Seu principal adversário é Jair Bolsonaro, com 16-17%, seguido de Marina Silva (13-14%). Na ausência de Lula, é Marina quem se torna a candidata mais forte — na casa dos 22% de intenções —, seguida de perto de Bolsonaro com 19%. O Datafolha também fez simulações intercalando os tucanos Geraldo Alckmin e João Doria e, em um deles, colocando ambos na disputa. Alckmin se sai melhor em todos os cenários. (Folha)

Nas simulações de segundo turno, apenas um candidato empata tecnicamente com Lula. O juiz Sergio Moro. Lula teria 44% contra 42% de Moro.

A rejeição do líder petista também é alta: 42%. Era de 46% há três meses.

Vai além: 54% dos brasileiros consideram que os fatos revelados pela Lava Jato são suficientes para prender o líder petista. (40% consideram que não há motivos para prisão.) Enquanto que 89% desejam que a Câmara autorize o processo contra o presidente Michel Temer. (Folha)

Glaucos da Costamarques, de quem Lula diz alugar o apartamento vizinho ao seu, teve rendimentos de R$ 57,2 mil em todo o ano de 2010. Segundo estudo da Receita Federal, ele não teria como adquirir a cobertura por R$ 504 mil. Seria, portanto, um laranja, dizem os técnicos. A Odebrecht afirma ter dado o imóvel a Lula como propina, o petista nega. (Folha)

O tenente-coronel da PM-SP José Afonso Adriano, preso desde março por ameaçar testemunha, negocia uma delação premiada que trata do esquema que levou ao desvio de R$ 200 milhões durante as gestões de José Serra e Geraldo Alckmin, entre 2005 e 2012. Seu principal alvo é o deputado estadual Coronel Camilo, que dirigiu a PM no período.

Será lançado no dia 6 o Fundo Renova Brasil, comandado pelo empresário Eduardo Mufarej, da Tarpon Investimentos. Já acenaram com a possibilidade de contribuir para o caixa Armínio Fraga, Nizan Guanaes, Abilio Diniz, Beto Sicupira, Bernardinho e Luciano Huck. O objetivo é ajudar com dinheiro até 150 candidatos novos ao Congresso Nacional, independentemente de partido. De acordo com a apresentação que vem circulando, os candidatos precisam assumir alguns compromissos. Entre eles, combate irrestrito à corrupção, responsabilidade fiscal, políticas sociais que garantam acesso universal à educação, saúde e segurança de qualidade, sustentabilidade e respeito às liberdades individuais. (Folha)

Cultura

Depois do cancelamento da mostra Queermuseu, a performance de um artista nu no MAM de São Paulo virou o epicentro da nova polêmica na cultura — e gerou protestos, dos dois lados, contrários e favoráveis à obra, em que o artista Wagner Schwartz oferece seu corpo nu aos espectadores. Primeiro, no sábado, um grupo se reuniu em frente ao museu acusando-o de promover a pedofilia. Contou, por exemplo, com a participação de Alexandre Frota, ex-ator pornô e agora militante de direita. O prefeito e presidenciável João Doria engrossou o coro (via internet), em vídeo contra a obra do MAM e também contra Queermuseu. Chamou a obra de “cena libidinosa” e completou: “Eu gosto da arte, admiro a arte, mas tudo, tudo, tudo, tem limite”, disse Doria no vídeo. O protesto terminou com agressões contra visitantes e funcionários do museu. Segundo a Folha, o embate foi organizado pela página Ativistas Independentes, grupo que reúne mais de 20 mil pessoas nas redes sociais, entre apoiadores da candidatura de Jair Bolsonaro e entusiastas da ditadura militar.

A manifestação pró-MAM, na tarde de ontem, juntou cerca de 200 pessoas no museu em defesa da obra e da instituição, empunhando cartazes com a frase “Somos todos MAM”. O museu informou que não há conteúdo erótico na performance. (Folha)

E sobrou para o MAM do Rio… Seu site amanheceu repleto de avaliações negativas, além dos comentários hostis postados em seus perfis nas redes sociais. (Globo)

S. I. Newhouse Jr, ou Si (lê-se Sái) como todos o chamavam, morreu na sua Nova York, aos 89. Herdou do pai a editora Condé Nast e passou praticamente toda a vida em seu comando. Era uma editora pequena quando a recebeu com um único título relevante — a Vogue —, mas a expandiu muito ao longo dos anos. Contratou alguns dos maiores editores de revistas das últimas décadas, nomes como Tina Brown (Vanity Fair), Anna Wintour (Vogue), Chris Anderson (Wired) e David Remnick (The New Yorker). Contratava a peso de ouro, mas era um patrão discreto. “Nunca sugeriu uma pauta, nunca mencionou suas preferências política, ofereceu instruções ou mesmo criticou após sair uma edição”, escreveu Remnick. “Quando mencionava ter gostado de algo na New Yorker, o fazia de maneira tímida, relutante, como se estivesse avançando o sinal.”

O baú de Audrey Hepburn foi aberto pela família da atriz e será levado a leilão em Londres. Há, por exemplo, o roteiro e cenas deletadas de Bonequinha de Luxo, uma estatueta do Oscar, vestidos de grifes como  Givenchy e Valentino. O lote inclui até uma pintura de autoria da própria Hepburn.

Um desenho feito com carvão pode ser um esboço da obra-prima Mona Lisa. “É quase certo de que se trata de um trabalho preparatório para a pintura a óleo”, disse um especialista sobre o desenho, que permaneceu guardado numa coleção por cerca de 150 anos. O Louvre avaliou o trabalho e constatou que ao menos parte dele foi feito por DaVinci, mas informou que serão necessárias mais avaliações para confirmar, de fato, os diversos indícios de que se trata de um esboço de Mona Lisa.

Viver

Não foram um ou dois, mas 23 laureados com o prêmio Nobel os que assinaram uma carta ao presidente Michel Temer para manifestar “forte preocupação com a situação da ciência e tecnologia” no Brasil, como relata o Globo. Cientistas do mundo todo pedem que o governo brasileiro reveja os cortes orçamentários que vêm comprometendo as pesquisas no setor "antes que seja tarde”. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações já teve 44% de seu orçamento cortado, resumido a R$ 3,2 bilhões neste ano. Em 2018, a proposta é que seja reduzido ainda mais, a R$ 2,7 bilhões.

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As 12 travestis presas no sistema penitenciário do Distrito Federal não serão mais obrigadas a raspar a cabeça, como fazem os homens detidos no Complexo Penitenciário da Papuda. A decisão é de uma juíza que entende que os cabelos são “ingrediente fundamental da identidade” das travestis e, por isso mesmo, devem ser mantidos. “Compõem a moldura do rosto e significam, para a imensa maioria das mulheres, mulheres trans e travestis, uma das formas de empoderamento”, escreveu a juíza.

A legalização das drogas poderia reduzir a violência no Rio de Janeiro? Ante a crise de segurança da cidade, agravada com a recente guerra entre facções na Rocinha, o Globo propôs a questão a especialistas, como médicos, sociólogos, juízes e ex-policiais. As opiniões se dividem. Para alguns, a proibição das drogas cria um “mercado cativo para a criminalidade”. Para outros, a legalização “só aumenta o acesso às drogas e não inibe o tráfico”.

Para quem é da geração: já está à venda o Falcon, da Estrela. Edição limitada.

Cotidiano Digital

A SpaceX, empresa de viagens espaciais de Elon Musk, está trabalhando em seu novo foguete: o Interplanetary Transport System, apelidado BFR. Big Fucking Rocket. Até 2024, diz Musk numa previsão que reconhece ser otimista, ele deseja lançar a nave em direção a Marte para o início do processo de colonização. Até lá, as naves que já existem e a nova serão usadas para viagens até a Estação Espacial Internacional e, talvez, numa missão à Lua.

Se a ideia de colonizar Marte soa maluca, Musk tem um argumento de ordem prática. Em algum momento um evento ocorrerá na Terra que levará à extinção da vida no planeta. Pode demorar muito, mas é inevitável. Se a humanidade quiser viver para além da possibilidade de sua extinção por aqui, a colonização interplanetária é a única saída.

Mas... Há usos bem mais práticos para o BFR. Saindo da Terra e viajando por fora da atmosfera, o foguete poderia levar passageiros comerciais de Londres a Nova York em 29 minutos. De Nova York a Xangai, em 39.

Três ex-pesquisadores do Laboratório de Robótica Móvel da USP abriram a startup 3D Soft, com o objetivo de criar o primeiro carro autônomo brasileiro. No currículo, eles já trazem dois protótipos de automóveis sem motorista, além do projeto de um caminhão. Estão em busca de investidores. (Estadão)

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