Semana decisiva para Temer e Aécio

Se acirrou, durante o fim de semana prolongado, a crise entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Na sexta-feira, a Folha de S. Paulo divulgou, em seu site, vídeos com a delação premiada de Lúcio Funaro, o doleiro que fazia parte do esquema de lavagem de dinheiro do PMDB. “O Eduardo Cunha funcionava como se fosse um banco de corrupção e de políticos”, conta Funaro. “Todo mundo que precisava de recursos pedia para ele e ele cedia os recursos, e em troca mandava no mandato do cara.” Funaro conta que cuidava do dinheiro do partido junto a Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima. “Era o Eduardo Cunha que fazia o repasse para quem era de direito dentro do PMDB”, continuou, expondo a lista. “Henrique Alves, Michel Temer, todas as pessoas, que a gente chamava de bancadada do Eduardo Cunha.” Os vídeos, organizados pela Folha, estavam publicados no site da Câmara.

No sábado, o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, passou ao ataque. “O vazamento constitui um abjeto golpe ao Estado Democrático de Direito”, reclamou. “Tem o claro propósito de causar estardalhaço como forma de constranger parlamentares que, na CCJ da Câmara, votarão o muito bem fundamentado parecer do relator.” Amanhã ou quarta, a Comissão de Constituição e Justiça decide como e encaminhará ao plenário a denúncia contra Temer. Se favorável ou não.

Rodrigo Maia não gostou do ataque. Os vídeos estavam no site da Câmara, à disposição dos deputados, porque o STF não pediu sigilo. “Uma perplexidade muito grande ver o advogado do presidente, depois de tudo que fiz, ser tratado de forma absurda e sem nenhum tipo de prova, de criminoso.”

Segundo Lauro Jardim, Maia planeja que a CCJ dê vitória a Temer numa votação muito apertada. Depois, pretende derrubar uma Medida Provisória cara ao governo. O objetivo é dar um susto no Planalto. (Globo)

Aliás... Segundo Funaro, Eduardo Cunha gastou R$ 1 milhão na compra de votos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. (Globo)

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A Justiça Federal de Brasília determinou que o Senado vote abertamente a decisão de manter Aécio Neves afastado de seu mandato ou não. Na semana passada, o Supremo decidiu que quaisquer medidas cautelares que afetem o desempenho de um parlamentar devem ser confirmadas por seus pares. Os senadores planejavam voto secreto — por enquanto, não podem. Nas contas dos aliados do tucano, há pelo menos 30 votos contra o senador mineiro. Como são necessários pelo menos 41 favoráveis dentre o total de 81, o quórum terá de ser alto, amanhã. (Folha)

Aliás... O BuzzFeed listou como se posicionaram os ministros do Supremo quando foi tomada a decisão de afastar Eduardo Cunha do mandato. E compararam com as mudanças radicais de opinião no caso Aécio. Pois é.

Carlos Fernando, procurador da República: “O Governo Temer está fazendo o que o Governo Dilma queria, mas não conseguiu: destruir a Lava Jato. Hoje a classe política está unida a favor da salvação de um modo de financiamento da política com o dinheiro desviado dos cofres públicos.”

Olavo de Carvalho, o professor mais citado pela nova direita brasileira, foi perfilado por Flávia Tavares, da Época. Tornou-se conhecido em 1996, quando lançou o livro O Imbecil Coletivo, de críticas a uma série de intelectuais. Hoje radicado nos EUA, é admirado por figuras que vão do comediante Danilo Gentili ao presidenciável Jair Bolsonaro. Gosta muito da atenção — mas, ao mesmo tempo, diz que só sente tendo influenciado mesmo seus aproximadamente 200 alunos assíduos do curso que ministra online.

Uma lista: Dez livros para ler neste Brasil intolerante.

Dois caminhões bomba que explodiram em um cruzamento movimentado no centro de Mogadíscio, capital da Somália, causaram a morte de ao menos 275 pessoas. O governo suspeita que a responsabilidade seja do grupo Al-Shabaab. Ligado à Al-Qaeda, composto principalmente por somalis e etíopes, o bando deseja implantar uma teocracia islâmica na região. É o pior ataque da história do país. (Estadão)

Aécio agradece a Nossa Suprema Coerência Desaparecida

Tony de Marco

Nossa-Suprema

Viver

Em 1645, católicos brasileiros reunidos dentro de uma pequena igreja no interior do Rio Grande do Norte foram brutalmente assassinados por soldados holandeses calvinistas e índios tapuias. Dias após o massacre, outro grupo caiu morto à beira do rio Potengui. Neste domingo, o papa Francisco tornou santos os 25 homens e 5 mulheres conhecidos dentre as vítimas dos massacres de Uruaçu e Cunhaú. O martírio em nome da religião católica é uma das características que pode levar à beatificação. Antes destes 30, o Brasil tinha apenas seis santos. (Globo)

Estrategista-chefe do Morgan Stanley, Ruchir Sharma sugere que automação e robôs talvez não criem uma onda de desemprego estrutural como temem muitos no Vale do Silício. Seu principal argumento é que nos países com mais robôs na indústria — casos de Alemanha e Japão — há também os menores índices de desemprego correntes. (No momento, o desemprego médio nos países desenvolvidos está numa baixa histórica — 5,5%.) A ameaça possível, em sua opinião, é outra. Que a diferença entre quem ganha bem e mal se amplie, acirrando desigualdade. O envelhecimento da força de trabalho explica, em parte, tanto o baixo desemprego quanto a queda da média salarial. Tem mais gente se aposentando do que jovens entrando no mercado. É verdade que muitos trabalhos estão em extinção. Mas, de acordo com estudo da McKinsey, um terço dos postos criados nos últimos 25 anos são em profissões que não existiam antes. (New York Times)

Uma mostra no Museu da Frísia, na cidade holandesa de Leeuwarden, reconta a história de sua filha mais célebre: a dançarina espiã Mata Hari. Falida, divorciada, Margaretha Zelle se reinventou em Paris como dançarina e prostituta, criando uma história exótica de como fora criada num templo javanês. Teve inúmeros amantes. Recrutada como espiã pelos alemães na Primeira Guerra, foi julgada, condenada e fuzilada pelos franceses sem que tenha conseguido entregar qualquer segredo. Vítima mais de seus erros do que uma femme fatale real. (Folha) via Pioneiros

Galeria: Paleoarte — dinossauros como foram imaginados por artistas a partir dos seus ossos, desde o século 19.

Cultura

É assim que Julio Maria começa sua crítica do concerto Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso, que estreou em São Paulo: “O mais velho, Moreno, é a festa, a Bahia do Recôncavo, do samba no prato de Dona Edith, a necessidade de sair do script quando tudo parecer agendado demais. Ao seu lado, escondido em cachos que já lhe servem de refúgio, Tom, o mais novo, atua no extremo oposto das personalidades. É um menino observador, quieto, mais à vontade na penumbra do que nas luzes e, ao mesmo tempo, de uma doce confiança que o leva a levantar-se descalço para dançar funk cheio de graça, como quem aciona um botão. À esquerda de todos vem Zeca, talvez o mais desafiador, de mistérios que não se decifra em duas horas de show. Cabelo aparado, óculos de grau, parece estar mais na terra do que no mar de Moreno ou nos ares de Tom, e é a melancolia o traço que, unido aos pontos de seus irmãos, desenha a imagem do pai, Caetano Veloso.” O músico e seus filhos tocam este mês no Rio e em São Paulo, com datas já esgotadas. (Estadão)

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O filme As Boas Maneiras (trailer), dirigido por Juliana Rojas e Marco Dutra, levou três troféus Redentor no Festival do Rio: Melhor Longa de Ficção, Melhor Atriz Coadjuvante (Marjorie Estiano) e Melhor Fotografia. Também receberam prêmios Aos Teus Olhos, de Carolina Jabor, e o documentário Piripkura (trailer). (Globo)

No dia 27 chega à Netflix a segunda temporada de Stranger Things. O trailer final já está no ar.

E por falar nisso... Os fãs unidos da internet vêm criando teorias, como sói acontecer. Uma é que a garotada vai adotar estratégias vindas do filme Ghostbusters nesta temporada. Outra, que a filha do policial Jim Hopper não morreu de câncer, como ele imagina. Ela é Eleven. Ou, então, que o monstro e Eleven são o mesmo ser.

Os Direitos Inalienáveis do Leitor, segundo Daniel Pennac, citados por Carlos Castelo: 1. O direito de não ler. 2. O direito de saltar páginas. 3. O direito de não acabar um livro. 4. O direito de reler. 5. O direito de ler não importa o quê. E há mais cinco.

Cotidiano Digital

Nesta quarta-feira, a Amazon começará a vender eletrônicos no site brasileiro. Até o fim do ano, outros produtos chegarão a suas páginas, até que ela se transforme numa loja eletrônica de tudo, equivalente à versão americana. (Valor)

Aliás... Após a parceria entre seus assistentes digitais — Alexa e Cortana —, Amazon e Microsoft anunciaram que vão desenvolver juntas Gluon, um pacote de ferramentas de deep learning, uma forma de inteligência artificial, para que os clientes de seus serviços em nuvem possam desenvolver sites e produtos mais sofisticados.

O Google pôs no ar, tanto em seu assistente em inglês quanto no japonês, uma nova tecnologia de voz. Atualmente, duas técnicas distintas são utilizadas por sistemas digitais. A que soa melhor costura as inúmeras gravações de sons e entonações feitas por um ator. Outra, pior, produz uma voz sintética a partir de certas regras. WaveNet, a nova tecnologia, segue um processo novo. O computador processa milhares de gravações da voz de muitas pessoas para aprender tons, sotaques, cantados. A partir daí, cria uma voz sintética. Não baseada em regras escritas pelo programador e sim a partir do que aprendeu com as vozes reais. No link há exemplos.

E... Um grupo de cientistas conseguiu, usando implantes no cérebro de um passarinho, prever que música ele estava prestes a cantar. O computador produziu essencialmente as mesmas notas. É um primeiro passo na leitura do pensamento. Ouça o canto real e aquele que o sistema previu.

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