Empreiteiras formaram cartel, atacaram sete estados

A empreiteira Camargo Corrêa participou de um cartel para garantir a vitória em obras de metrô em 21 licitações de sete estados brasileiros. São Paulo e Rio, além de Bahia, Ceará, Minas, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Nas linhas 2 (verde) e 5 (lilás) do metrô da capital paulista, há indícios de conluio. Os executivos da empreiteira assinaram acordo de leniência junto ao Cade através do qual confessaram o esquema. A fase mais ativa do cartel se deu entre 2008 e 2014, quando havia muitos contratos sendo assinados graças ao PAC, aos preparativos da Copa e dos Jogos Olímpicos. Foi neste período que se expandiram os metrôs de Brasília e Porto Alegre, se implantaram os de Belo Horizonte e Curitiba, e foi traçada a Linha 3 do Rio. O cartel incluía ainda Andrade Gutierrez, Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS. Apelidadas de G-5, aliavam-se a grupos locais para garantir os contratos. (Globo)

A assessoria do governador Geraldo Alckmin comentou por nota. “As obras foram licitadas de acordo com a lei e, se houve conduta ilícita, o estado de São Paulo irá cobrar as responsabilidades devidas.” (Folha)

Pois é. A Odebrecht entregou ao Cade documentos que confirmam formação de cartel no Rodoanel e no Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo. O esquema operou entre 2004 e 2015, nos períodos em que o estado foi governado por Alckmin, Serra, Alberto Goldman (2010) e Cláudio Lembo (2006). É outra parte do acordo de leniência, que será divulgado hoje, mas que a Folha antecipou. Não há indícios de pagamento de propina, mas pelo menos um funcionário público sugeriu a divisão do serviço entre as empreiteiras. (Folha)

Aliás... Marcelo Odebrecht pega hoje um jatinho para São Paulo, onde seguirá por mais dois anos e meio em prisão domiciliar. Chegará em casa brigado com o pai, a mãe, a irmã e o cunhado. Acha que saiu prejudicado no acordo. (Folha)

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Aconteceu Gilmar Mendes. Ontem, três vezes. No primeiro caso, determinou que a mulher do ex-governador Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, volte à prisão domiciliar. Ela estava na cadeia desde o último dia 23, por ordem dos desembargadores do TJF-2. Alegavam que não fazia sentido ela ter o privilégio de cuidar dos filhos em casa quando outras mães presas não o têm. Gilmar discordou. “A condição financeira privilegiada da paciente não pode ser usada em seu desfavor.” Na sequência, deu liminar suspendendo o inquérito em que o governador paranaense Beto Richa é investigado, no STJ, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa dois. Propinas pagas por empresários para lhes garantir benesses nos impostos abasteceram a campanha do tucano, em 2014, acusa o Ministério Público. Daí, com voto de apoio de Dias Toffoli, mandou arquivar processos contra o deputado Arthur Lira e seu pai, o senador Benedito Lira, o deputado Eduardo da Fonte, todos do PP, além do petista José Guimarães. (Globo)

Bernardo Mello Franco: “Gilmar Mendes não anda de trenó, mas está distribuindo mais presentes que Papai Noel. Faltam seis dias para o Natal. Se os delatados organizarem a fila direitinho, o Papai Noel do Supremo ainda pode descer da chaminé com um saco cheio de habeas corpus. Ho, ho, ho.” (Folha)

O ministro Ricardo Lewandowski suspendeu, no Supremo, a medida provisória de outubro que adiava para 2019 o reajuste dos servidores públicos federais. Também cancelou o dispositivo que elevava de 11% para 14% a contribuição previdenciária do funcionalismo com salários acima de R$ 5,3 mil. O Planalto esperava economizar R$ 5,1 bilhões com a MP. E vai recorrer.

Primeiro, foi a Estácio, que demitiu 1.200 professores. A Metodista despediu 50. A Cásper Libero, 13. E mais cortes estão sendo discutidos com sindicatos. A Laureate, dona da Anhembi Morumbi, se reúne hoje, segundo a Fepesp. No Mackenzie, sindicatos esperam anúncios perto de cem demissões. Os grupos educacionais falam em alterações normais de encerramento de semestre e ano letivo, reestruturação de custos e crise econômica. Para entidades trabalhistas, no entanto, os desligamentos são reflexo da reforma trabalhista. Prejudicados, alunos já fazem protestos contra os cortes. Não será um fim de ano fácil para o ensino superior privado. (Folha)

Na quinta, dia 14, a Volkswagen do Brasil tornou público o relatório de uma investigação interna no qual admite ter dado apoio à Ditadura militar brasileira. Seguranças da montadora colaboraram ativamente com os militares, fornecendo informação. Mas o texto não vai fundo. Sindicalistas ouvidos pela Comissão da Verdade contam que a empresa alemã autorizou a prisão sem ordem judicial e até a tortura de operários dentro de suas instalações. O período de maior atividade ocorreu entre 1969 e 79, quando comandava a segurança Ademar Rudge, um militar da reserva. Ele agia por conta própria, mas com apoio tácito dos executivos.

Lúcio Bellentani, ex-operário, ligado ao PCB: “Comecei a ser espancado dentro da empresa, no departamento de pessoal da Volkswagen. Por policiais do DOPS e na frente do chefe da segurança. Fui espancado com palmatórias e socos. Durante 48 dias, minha esposa ia diariamente à fábrica, perguntava do meu paradeiro e eles não diziam. Após, ela disse que acionaria o seguro de vida e foi quando disseram que ela me procurasse no DOPS. Fiquei ali por oito meses.”

O grupo governista Cambiemos, que tem maioria, conseguiu abrir a sessão na Câmara dos Deputados argentina para iniciar o debate sobre a reforma da Previdência. A oposição tentou esvaziar o plenário para impedir quórum, mas não conseguiu. O principal objetivo da Casa Rosada é mudar a forma de cálculo das aposentadorias. Ao invés de ancorar o reajuste à arrecadação do Estado, passa a fazê-lo de acordo com a inflação. Pela avaliação dos economistas, a medida ajudará a reduzir o déficit fiscal. Dentre as muitas críticas da oposição, uma das mais pertinentes é que setores privilegiados, caso do Judiciário, ficarão de fora da nova regra. O projeto já foi aprovado pelo Senado. (Globo)

No lado de fora, em meio a ameaças de greve geral, houve violência por parte da polícia no momento da expulsão dos manifestantes que se encontravam na Praça do Congresso. Os grupos que empunhavam bandeiras das agremiações mais radicais optaram pelo enfrentamento e responderam com pedras e garrafas. Outros, principalmente o Partido Comunista e a turma da centro-esquerda do Nuevo Encontro, se encaminharam para ocupar a avenida Nueve de Julio.

Cultura

Alberto Bombig, editor executivo do Estadão, resenha Verdade Tropical (Amazon), o livro de Caetano Veloso relançado pela Companhia das Letras para marcar o meio século da Tropicália. “São Paulo entrou definitivamente na vida de Caetano Veloso quando, em 1967, ele e a então mulher, Dedé Gadelha, decidiram morar num amplo apartamento de um arranha-céu da capital paulista. Nessa altura, a base musical da Tropicália estava praticamente toda em São Paulo, onde Os Mutantes foram nascidos e criados (os irmãos Arnaldo Batista e Sérgio Dias na Pompéia, zona oeste, e Rita Lee na Vila Mariana, zona sul), onde Gilberto Gil já trabalhava como funcionário de uma multinacional e onde Jorge Ben curtia uma espécie de exílio carioca no bairro do Brooklin Paulista, na zona sul. Havia ainda o maestro Rogério Duprat (1932-2006), Agrippino, de volta à cidade natal, e Tom Zé, trazido da Bahia por Caetano.”

Era azul claro. O All Star Azul. Aquele. (Ou no Spotify.) Nando Reis quem contou.

Anitta pôs no ar Vai Malandra, um funk que marca seu último clipe do ano. O projeto CheckMate, que prometia um vídeo por mês e vai na batida de seu lançamento internacional, se encerra com ele. É o mais brasileiro, numa estética típica dos morros cariocas: um funk leve filmado no Vidigal, com direito a bronzeamento com biquínis de fita isolante e sem pedir desculpas pelas celulites. Reúne a dupla de música eletrônica Tropkillaz, o MC Zaac do funk paulistano, o rapper americano Maejor e produção do DJ carioca Yuri Martins. A direção ficou a cargo do fotógrafo Terry Richardson, banido em novembro pela editora Condé Nast por assédio sexual. Assista. Ou ouça no Spotify. E a cantora já está de olho em 2018: divulgou uma nova parceria com J Balvin, o colombiano com quem gravará o clipe da música Machika. Agora, um reggaeton.

Galeria: Imagens raras dos muitos Star Wars.

Viver

Elas estão de olho na transformação dos municípios em cidades inteligentes. Pensam em como utilizar dados para criar políticas públicas mais eficientes. Para isso, trabalham em soluções de inteligência climática, sistemas para gestão de estacionamento público municipal, entre outras ferramentas de infraestrutura e conectividade. Com um potencial de mercado de US$ 1 trilhão na América Latina, as startups já perceberam que a construção das smart cities é também um negócio. (Estadão)

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A subregião italiana de Cilento é conhecida por agrupar centenas de pessoas com mais de 90 anos. Um estudo recém-publicado acompanhou a saúde mental de 29 moradores em nove aldeias. Em comum, traços como teimosia e otimismo, o amor pelo ambiente onde vivem e o esforço para seguir adiante apesar das perdas. Sem fórmula mágica para chegar aos cem anos, a pesquisa destaca a resiliência, o forte apoio social, o comprometimento e a confiança em si mesmo como pontos fundamentais para chegar ao centenário. Nada especialmente novo. Tampouco fácil.

Os Estados Unidos têm se deparado com uma queda no número de chamadas por ambulâncias. O motivo? No reflexo, pede-se um Uber. É que acionar o serviço de emergência tem um custo alto, por lá. Mas a Uber recomenda ambulâncias. (Estadão)

Foram menos de 24 horas entre os inícios da escuta do objeto Oumuamua e o anúncio do projeto Breakthrough Listen de que “não foram detectados sinais artificiais”. Era só a primeira de quatro sessões de escuta programadas. Na Folha, Salvador Nogueira questiona: o mais provável é que o objeto seja apenas um asteroide mesmo, mas não seria cedo demais para dizer que a busca não deu em nada? “A título de exemplo, não se pode confirmar a existência de um exoplaneta até que ele complete ao menos uma órbita. A natureza é árbitra da ciência, e ela tem seu próprio ritmo. No século 21, precisamos reaprender essa lição, que os antigos já sabiam de cor.”

Cotidiano Digital

É um pouco internet antiga, talvez, mas a turma do Plex acaba de lançar Plexamp, um player de músicas que roda em macOS e Windows. Downolad gratuito. Tem bons truques. Reconhece qualquer formato de arquivo, costura transições que o ouvinte sequer percebe, pesca capas internet afora. E, principalmente, põe na tela do computador uns efeitos visuais que prestam homenagem ao Winamp — quem o viveu, lembra.

É para geeks, mas faz coisas incríveis e está à venda no Brasil. Finalmente. Custa R$ 199 na FilipeFlop e é um computador. Raspberry Pi. Uma plaquinha com entradas como HDMI e USB que pode ser adaptada a inúmeros usos. Para a trupe que gosta de fuçar, é a base para inúmeros eletrônicos. A ong que monta a placa oferece manuais: robôs, skates autônomos, luzes de natal sincronizadas. Para crianças, é uma oportunidade de aprender programação.

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