Enquanto Maluf entra na cadeia, Garotinho sai

O deputado federal Paulo Maluf se entregou na manhã de ontem, à Polícia Federal, em São Paulo. Ele deverá ser transferido nos próximos dias para o bloco 5 da Penitenciária da Papuda, mais adequada a idosos. O político tem 86 anos. Mas, a princípio, sua idade avançada não deve livrá-lo de cumprir a pena em regime fechado. (Folha)

Enquanto isso... O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, prestou visita à presidente do Supremo. Disse a Cármen Lúcia que o plenário da Casa deveria ter a palavra final sobre a cassação do mandato de Maluf. No caso da prisão, há uma diferença entre o político paulistano e o senador Aécio Neves. Maluf foi condenado em última instância, Aécio recebeu medidas cautelares.

Uma no cravo, outra na ferradura... Aconteceu Gilmar Mendes. O ministro concedeu habeas corpus para soltar o ex-governador fluminense Anthony Garotinho. Afirma que ele não afronta a ordem pública e, portanto, a prisão preventiva no caso de compra de votos não cabe. Sua filha, a deputada federal Clarissa Garotinho, comemorou. “Teremos um Natal em paz.” (Globo)

Não ficou só nisso. O ministro também mandou para casa o presidente do PR, Antonio Carlos Rodrigues. Ele é alvo da mesma operação que envolve Garotinho. (Estadão)

Só observando... O Estadão utiliza muito este registro fotográfico de Ueselei Marcelino, da Reuters, em seus textos sobre Gilmar. Não está sozinho.

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Segundo Vera Magalhães, já começa a ganhar adeptos, na cúpula do Congresso, a ideia do ministro Gilmar Mendes de o Brasil adotar um sistema que ele, Michel Temer e Moreira Franco chamam de Semipresidencialismo. O país ganharia um primeiro-ministro. (Estadão)

Os obstáculos são muitos. O primeiro é que o Projeto de Emenda Constitucional enviado por Gilmar prevê, em caso de aprovação, ter início a partir de 2019. Há dúvidas se isto é constitucional. Em um dos parágrafos, limita a dois o número de mandatos que um presidente pode ter. Descartaria, portanto, a candidatura Lula. O premiê, eleito pelos deputados e senadores com mais de 35 anos, estaria no comando de fato do governo: o programa é seu, a escolha dos ministros, idem. É quem elaboraria o Orçamento. O presidente se torna uma figura mais decorativa, chefe de Estado e comandante das Forças Armadas.

Semipresidencialismo, no vocábulo do Planalto, é aquilo que outrora se chamou Parlamentarismo.

Alon Feuerwerker: “O parlamentarismo volta e meia dá as caras como panaceia para enfrentar as crises de falta de hegemonia do Executivo. É preciso mesmo resolver esse problema. O Brasil virou um país cronicamente ingovernável, e é urgente restabelecer o poder moderador da chefia de governo. Um complicador: a coisa já foi rejeitada duas vezes quando se chamou o eleitor brasileiro a decidir. A razão é sabida. Foram duas tentativas de mexer na soberania popular, transferindo poderes de presidentes eleitos diretamente, para um Congresso de baixíssimo prestígio. As tentativas de implantar o parlamentarismo costumam carregar um fardo: o de virem pelas mãos de quem quer muito o poder mas pouco voto. A exceção que confirmou a regra: os parlamentaristas não lembraram de implantar o sistema quando chegaram ao Palácio do Planalto. O PSDB poderia ter tomado a iniciativa no governo de Fernando Henrique Cardoso. Preferiu introduzir a reeleição para presidente. Isso deve querer dizer algo. Se os parlamentaristas querem convencer de que o parlamentarismo é bom, precisam primeiro dar um jeito de ele vir para aumentar a influência da população sobre o governo, e não diminuir.”

O leilão de geração de energia realizado ontem terminou com uma previsão de investimentos de R$ 13,94 bilhões em novas usinas e contratação de 2,93 gigawatts, que serão entregues a partir de 2023. Com o prazo de entrega mais longo das usinas, a procura foi grande. No primeiro leilão desta semana, foram contratados 228,7 megawatts médios de garantia física, com investimentos de R$ 4,3 bilhões até 2021. (Folha)

Ambos chamaram a atenção pela forte concorrência e altos deságios. As usinas de energia eólica e solar chegaram a patamares recordes de preço. No caso das solares, no primeiro leilão da semana, o valor ficou em uma média de R$ 145 por megawatt-hora — em 2015 ficou na casa dos R$ 297. Já no evento de ontem, a fonte eólica rondou pela cifra de R$ 98,62 megawatt-hora. Frutos da alta concorrência, os baixos valores podem acelerar a expansão das fontes renováveis no país. (Folha)

Azul e Correios assinaram um acordo para criar uma empresa de logística de cargas. A nova companhia terá participação de 50,01% da aérea e 49,99% da estatal. Os gastos da ECT com transporte aéreo, que chegam a R$ 560 milhões ao ano, devem cair entre 35 e 40%. Ainda será necessário conseguir aprovação do TCU, da CGU e do Ministério da Transparência. Mas os executivos querem botar a empresa de pé em março.

O Congresso peruano delibera, hoje, a respeito do pedido de impeachment contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski. Ele é acusado de mentir a respeito de sua relação com a Odebrecht. Sem base no Parlamento, a expectativa é de que perca. Segundo Malu Gaspar, da Piauí, a opinião pública do país é a que tem mostrado mais indignação, em todo o continente, com os escândalos de corrupção nascidos a partir da Lava Jato. Além de PPK, outros três presidentes são acusados de ter recebido suborno da brasileira. Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala. Toledo está foragido nos EUA e, Humala, preso. García é investigado. PPK, ao que tudo indica, não recebeu propina. Seu pecado é o conflito de interesses e, talvez, tráfico de influência. A consultoria que fundou prestava serviços à empreiteira enquanto ele respondia pelo ministério da Fazenda. É pouco perante os outros, talvez. Mas sem apoio parlamentar, de nada adianta.

Aliás... O tesoureiro do PRI, partido do presidente mexicano Enrique Peña Nieto, foi preso. É acusado de usar dinheiro público durante a campanha eleitoral do ano passado.

Galeria: 2017 em fotografias excepcionais selecionadas pelo New York Times.

Cultura

A AbeBooks, principal rede online de sebos em língua inglesa, publica anualmente sua lista de livros mais vendidos. Os quatro mais são The Things They Carried (Amazon), de Tim O’Brien, no qual décadas depois ele mistura memória e ficção para contar como foi ser um soldado no Vietnã. 1984 (Amazon), o clássico de George Orwell, no qual em um futuro distópico uma ditadura tudo observa e manipula a linguagem para manter a ordem. E, então, libelos feministas. Histórias de Ninar Para Garotas Rebeldes (Amazon), de Eleva Favilli e Francesca Cavallo, nasceu de uma campanha de financiamento coletivo: cem histórias de mulheres reais — e não meras princesas — para meninas, e também meninos. Por fim, Sejamos Todos Feministas (Amazon), um ensaio de Chimananda Ngozi Adichie a respeito do que significa esta militância nos dias de hoje.

E Anitta conquistou mais um feito: Vai malandra é a primeira música em português entre as mais ouvidas do mundo no Spotify. O novo hit chegou à 18ª colocação dois dias após o lançamento.

A Turma da Mônica ganhou uma nova personagem: Milena, uma garota negra. Segundo Mauricio de Sousa, ela, seus pais e irmãos, a família Sustenido, serão os novos moradores do bairro do Limoeiro, local onde se passam a maioria das histórias da turma, e viverão aventuras em um ambiente ligado a música e futebol. (Estadão)

Você assistiu ao último Star Wars. Ainda estamos no período em que a educação sugere evitar spoilers. Mas deseja uma leitura que mergulhe em alguns momentos do filme. Este artigo de Spencer Kornhaber, na Atlantic, tenta fazê-lo. via Pioneiros

Ele cria quadros e pinta paisagens. Sem tinta, nem papel. Tatsuo Horiuchi, de 77 anos, faz sua arte com o Excel. Ele utiliza ferramentas de criação de gráficos e formas simples do software para criar desenhos livres. Preenche tudo com cor e aplica efeitos como degradé e sombreado. (Nexo)

Galeria: Nico, a cantora e atriz que faz os vocais no primeiro disco do Velvet Underground (Spotify), é Batman. Andy Warhol é Robin.

Viver

As perdas financeiras por catástrofes e desastres naturais causados pelo homem custaram US$ 306 bilhões em 2017. Em 2016, US$ 188 bilhões. O cálculo é da seguradora Swiss Re. 2017, marcado pelos furacões Harvey, Irma e Maria, além de terremotos no México e Irã, foi o o terceiro ano mais caro para a seguradora desde 1970, quando a companhia começou a realizar este cálculo. (Globo)

Enquanto isso... Nova Délhi, na Índia, uma das capitais com maior poluição atmosférica do mundo, testou uma solução: o canhão de água. Com a aparência de um secador de cabelos gigante, ele gera uma névoa úmida que se junta às partículas de poluição e as traz para baixo.

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É nas cidades que se vive bem? Há controvérsias. Segundo um novo estudo do IBGE, três quartos da população urbana não têm boas condições de vida. A pesquisa classificou em onze níveis, de A a K, a partir da análise de diversos critérios, como adequação de moradia, saneamento, escolaridade e renda, regiões onde viviam 96,2 milhões de pessoas, em 2010. Apenas 23,9% se classificaram entre as categorias A e D. No geral, 30,9% das populações urbanas têm condições medianas (fazem parte da categoria E). Brasília é que tem o maior percentual na melhor condição. São Luís, no Maranhão, é o destaque negativo: 15,8% dos habitantes vivem mal. (Estadão)

E a BBC preparou uma divertida calculadora que mostra como seus hábitos alcoólicos se comparam com a média brasileira e de outros países

2,3 milhões de ingressos foram solicitados por torcedores na nova fase de venda de bilhetes para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. A turma de casa foi a que mais pediu ingressos. Torcedores da Argentina, México, Peru, Brasil, e Colômbia seguiram os fãs locais. Só vão saber se tiveram sucesso em suas solicitações depois do dia 31 de janeiro. Na primeira fase, foram vendidos 742.760 tíquetes. (Estadão)

Cotidiano Digital

A Apple planeja um movimento agressivo, que já deve ser anunciado em 2018. Ou, ao menos, em parte. O primeiro passo será permitir que desenvolvedores façam apenas um aplicativo que rode tanto em iPhones e iPads quanto em computadores Macintosh. Hoje, os apps para dispositivos móveis são frequentemente atualizados, os das máquinas maiores, não. Unificar as plataformas geraria economia para os consumidores e um ecossistema mais rico de software. Do segundo passo ninguém deve falar oficialmente, ao menos não tão cedo. Mas será o grande tema dos analistas: a lenta morte do sistema macOS, que deverá ser substituído pelo iOS até nas máquinas de mesa. Vai demorar um tempo o processo. No fim, talvez, os próprios computadores desaparecerão.

A Microsoft tinha uma regra interna na qual recomendava que conflitos dentro da equipe deveriam ser resolvidos internamente, por arbitragem. Em vários casos, a exigência estava registrada em contrato de trabalho. O diretor Jurídico da empresa, Brad Smith, derrubou a cláusula para todos os funcionários. O objetivo é simples: permite que qualquer um que se sinta vítima de assédio sexual possa buscar a Justiça sem necessariamente ter de passar por qualquer constrangimento no RH.

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