Congresso volta do recesso para encarar (ou não) Previdência

O Congresso Nacional volta hoje aos trabalhos depois de um recesso de seis semanas. A pauta principal para o mês é a reforma da Previdência — e o governo não tem ainda os 308 votos necessários. Segundo a Folha, os planos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, são de engavetar o projeto caso isso não mude. O debate em plenário está marcado para começar no dia 19, após o Carnaval. Se for mesmo parar na gaveta, Maia pretende fazer um discurso duro contra o Planalto, explicando por que o apoio não foi conseguido.

Na Esplanada, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, promete que a versão final do texto ficará pronta esta semana. (Estadão)

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Só piora a situação de Cristiane Brasil, que tenta tomar posse como ministra do Trabalho, mas está impedida pela Justiça. A Procuradoria-Geral da República recebeu, sexta, pedido para abertura de inquérito que apura envolvimento da deputada com tráfico de drogas na campanha de 2010. Ela, seu ex-cunhado, o deputado estadual Marcus Vinicius, e três assessores são investigados por, segundo a Polícia Civil, terem dado dinheiro a traficantes do Rio. Em troca, teriam direito exclusivo de fazer campanha em parte da cidade. (Estadão)

Diga-se... Cristiane é líder de votos na região onde teria pagado aos traficantes. (Globo)

O bombardeio não para. Ontem, o Fantástico apresentou uma gravação na qual ela ameaça servidores. “Se eu perder a eleição, no outro dia vocês perdem o emprego”, ela diz. “Como é que vai ficar a vida de vocês? Um pouquinho mais complicada, não é?”

Ela e o pai, Roberto Jefferson, perderam apoio da bancada de seu partido na Câmara. Os deputados querem indicar em bloco um nome alternativo para a pasta. Fazem deste jeito para evitar retaliações de Jefferson que, presidente da sigla, controla a distribuição de R$ 75 milhões do fundo eleitoral, dinheiro fundamental para a campanha. (Globo)

Roberto Jefferson: “Não vamos desistir da indicação, tem que levar até o fim a votação no Supremo Tribunal Federal. Minha filha não vai sair de bandida.” (Folha)

E um pouco de humor: “Mulher de Moro lança a página ‘Eu Moro com ele e você paga’.” O texto é da trupe do Sensacionalista e brinca com a página real Eu Moro com ele, que não existe mais.

A página de Rosangela Moro em homenagem ao marido pode não estar mais no ar. Seu Instagram, está. E foi lá que ela reclamou da Folha de S. Paulo por ter informado que o juiz recebe auxílio moradia. “Imprensa... para o bem e para o mal. Separam o joio do trigo e publicam o joio.”

Sérgio Moro: “O auxílio-moradia, embora discutível, compensa a falta de reajuste desde 2015.” (Globo)

Ascânio Seleme: “O que querem aqueles brasileiros que apoiam Bolsonaro? Querem ordem e respeito às leis. Que os corruptos, os ladrões, os assassinos sejam presos e permaneçam presos. Querem Segurança, Saúde e Educação. Como querem todos os demais. Eles estão cansados da classe política e se embruteceram. Se de um modo geral os brasileiros não confiam nos políticos, estes que seguem Bolsonaro não conseguem vislumbrar alternativas. Os outros sabem que a saída é eleitoral. A solução para a crise atende por alguns nomes, como democracia, eleição direta, respeito à vontade popular e às instituições, responsabilidade fiscal, tolerância e generosidade. Essa turma que apoia Bolsonaro acabará se dando conta de que ele é o oposto a isso tudo. Falta a ela um pouco de luz sobre o que o seu candidato representa. E essa luz já está sendo feita. Bolsonaro é o contrário do que querem seus seguidores. Bolsonaro não irá para o segundo turno em outubro porque seus eleitores vão minguar à medida que sua personalidade ficar mais evidente. Embora o brasileiro seja conservador, ele não é fascista.” (Globo)

Ana Krüger e Eduardo Barreto, do Poder360, detonaram o marqueteiro francês Guillaume Liegey, que circula no Brasil em busca de clientes nas eleições. “Ele não foi o único nem o mais importante marqueteiro na campanha de Macron”, escrevem. “O ‘estrategista’ passeou pelo Brasil na semana passada. Teve sua vinda amplamente noticiada pela mídia local, como um rock star. Apesar de não propor nada realmente novo, seria o ‘símbolo de inovação no meio político’.” Eles seguem: “O francês conta que desenvolveu um software que ajuda a identificar, por exemplo, o perfil do eleitor em certo bairro e calcular as chances de determinado candidato conseguir aquele voto. Esses dados já são amplamente usados pelo políticos brasileiros e institutos de pesquisa.” Sem conhecer as idiossincráticas regras eleitorais brasileiras, argumentam os jornalistas, o projeto proposto por Liegey é ou irreal, ou não representa qualquer novidade no país.

Eike Batista virou youtuber. O empresário estreou seu canal de comentários semanais sobre negócios e economia brasileira. Em seu primeiro vídeo, intitulado “Você sabia?”, fala sobre oportunidades no setor de petróleo. Já teve mais de 55 mil visualizações. Preso pela Operação Eficiência, braço da Operação Lava Jato, há um ano, cumpre recolhimento domiciliar à noite por ordem do Supremo.

Os cartórios poderão emitir carteiras de identidade e passaportes. Dependem, apenas, de formalizar convênios com as secretarias estaduais de segurança pública e a Polícia Federal. (Folha)

Errata: Diferentemente do que foi publicado no Meio, sexta-feira, o executivo José Carlos de Oliveira, cuja prisão preventiva foi decretada por fraude contra o fundo de pensão dos funcionários dos Correios, não preside mais o BNY Mellon. Está fora do cargo desde 2013.

Cultura

José Padilha, cineasta: “O Brasil, como todos os países que fazem cinema, à exceção da Índia, depende de incentivo fiscal para garantir produção audiovisual contínua. Quando uma atividade, seja qual for, precisa de incentivo estatal, ela flutua com a capacidade econômica do país e a organização do governo. O Brasil passa por um processo de depuração. Ele acordou para o fato de que a classe política dominante inteira, todos os partidos e líderes políticos — FHC, Lula, Serra, Aécio, sem exceção — fazem parte de um processo de sangria continuada e institucionalizada dos cofres públicos. De dez anos para cá, por nada a ver com cinema, foram afetadas várias áreas econômicas, entre elas o audiovisual. O cineasta brasileiro vive o pão que o diabo amassou. Eu já fui cineasta brasileiro. É um inferno.” (Folha)

Morreu Júlio Ribeiro, fundador da agência Talent, aos 84 anos. Era um dos maiores nomes da publicidade brasileira, na qual atuava desde a década de 1950 quando abandonou o Direito. Da equipe que comandava saíram campanhas como Bonita Camisa, Fernandinho e Não é assim uma Brastemp. Foi um dos primeiros chefes de Washington Olivetto. Venceu três vezes o Caboré — uma delas na primeira edição do prêmio, em 1980.

Viver

O diagnóstico de câncer ainda é extremamente delicado, mas deixou de ser uma sentença de morte. Especialmente para os mais ricos. A universalização de técnicas para detectar a doença precocemente e melhores tratamentos ajudam a viver mais tempo do que nunca com câncer. O problema é que essas melhoras não estão sendo distribuídas uniformemente. O estágio da doença no diagnóstico é o fator número um na determinação da sobrevivência, e quem tem menos dinheiro costuma descobrir tarde porque há menos acesso a médicos. Há também os fatores de estilo de vida. Enquanto os ricos estão melhorando na adoção dos comportamentos que reduzem o risco de câncer, os mais pobres ficam para trás. E, nesse caso, os governos locais têm um grande papel a desempenhar para fechar a lacuna do câncer — sem discriminação econômica e social.

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Para ler com calma. “Quando vou à sauna, uso o vestiário feminino, mas as pessoas muitas vezes me olham aborrecidas e dizem: ‘Você está no lugar errado, jovem’. Não me incomodo mais. Apenas digo: ‘Quando tiro minhas roupas, pareço mulher. De fato, não sou homem, nem mulher. Mas não há espaço para mim. Então, por favor, me diga, onde é que eu deveria ir?’”. Maxi Bauermeister nasceu sem determinação sexual clara antes de se transformar em uma menina na sala de operações. Hoje, está entre as pessoas chamadas ‘intersexuadas’, o termo usado para descrever variações nas características corporais de uma pessoa que não se encaixam nas definições médicas estritas do que é masculino ou feminino. O que antigamente se chamava ‘hermafrodita’. À revista alemã Zeit Magazin, Maxi diz ter uma esperança. A de que, talvez um dia, médicos se dirijam aos pais após o nascimento de uma criança intersexual e digam: “Não é um problema, nada tem de ser feito. É uma criança saudável. Parabéns!” Não foi o que ocorreu em seu caso.

Os Philadelphia Eagles bateram os favoritos New England Patriots e venceram o Super Bowl por 41 a 33. O jogo foi um grande duelo dos dois quarterbacks. Tom Brady, pelos Patriots, marcou o recorde de jardas alcançadas por arremessamento na final. Mas seu rival, Nick Foles, reserva dos Eagles que só jogou por conta de contusão do titular, lançou 3 touchdowns e ainda recebeu a bola para fazer seu próprio. Assista aos melhores momentos.

O show do intervalo foi de Justin Timberlake, que armou um dueto com vídeo de Prince. Não agradou aos fãs do autor de Purple Rain. Assista.

Ainda: os melhores e piores comerciais exibidos durante a transmissão americana.

Cotidiano Digital

Tem um estudo inédito da CNI na praça. E ele assusta: dos 24 setores industriais brasileiros, 14 estão muito atrasados digitalmente. Representam 40% da produção e 38,9% do PIB industrial. Com baixíssimo grau de inovação, não apenas estão fora da indústria 4.0 como perderão rápido espaço para concorrentes diretos do Brasil. Não têm sistemas integrados, robôs, sequer trabalham com dados. Entre os setores que se perderam no tempo estão o têxtil, calçados, borracha e plástico, móveis. Não são regra. Outros setores, como petroleiro, alimentício, bebidas e celulose têm investido sistematicamente em tecnologia para acompanharem o ritmo do mundo. (Estadão)

Está nascendo o Center for Humane Technology, que reúne ex-funcionários de Google, Facebook e Apple preocupados com os efeitos do digital. “Sabemos o que estas empresas medem”, diz Tristan Harris, o principal fundador. “Sabemos como falam, como sua engenharia funciona.” Eles defendem que os produtos não sejam criados para viciar, que não sejam desenhados para crianças, e que os governos comecem a impor limites. (New York Times)

Aliás... Harris já falou no TED.

O serviço Apple Music não parece ameaçar o Spotify internacionalmente. Tem 36 milhões de assinantes pagos contra os 70 milhões do adversário. Nos EUA, porém, uma mudança pode ocorrer. A Apple está crescendo 5% ao mês contra 2% do rival e, com o lançamento esta semana da caixa de som inteligente HomePod, a diferença deve aumentar. Afinal, diferentemente dos modelos de Google e Amazon, a caixa da Apple só permite o streaming da companhia. Analistas esperam que, até o segundo semestre, a Apple Music se torne o maior em número de assinantes americanos.

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