Centro se digladia entre candidaturas fracas
Foi praticamente ignorado, mas um grupo de parlamentares liderados por Cristovam Buarque, do PPS, e Marcus Pestana, do PSDB, lançaram ontem um manifesto pedindo uma candidatura única que represente o centro democrático. Entre os signatários estão o ex-presidente Fernando Henrique e o chanceler Aloysio Nunes. O objetivo é romper o bloco que, segundo ao menos uma pesquisa, se consolida na frente — Ciro contra Bolsonaro. Mas as conversas que poderiam unir siglas que vão da centro-esquerda à centro-direita tão díspares quanto PSDB, PPS, PSD, PV, MDB, DEM, Rede, Podemos, PRB e o Novo não rendem. “Quem é candidato acha que vai ganhar ou que a eleição dá capital político para campanhas futuras”, explica Nunes. Leia o manifesto (PDF).
A vida de Geraldo Alckmin, segundo o Painel, é de puro estresse. Ele está sob pesada pressão interna. Já no MDB, Henrique Meirelles precisa se desvencilhar do rótulo de candidato de Michel Temer. Tentou fazê-lo numa entrevista, está se explicando desde então. Sem apoio de Temer, não conseguirá garantir a candidatura. (Folha)
Em um jantar na segunda-feira, Alckmin chegou a jogar o guardanapo sobre a mesa e perguntar aos presentes — todos grão-tucanos — se eles preferiam ter outro candidato. (Folha)
Há aventuras de todo tipo. Uma, informa Vera Magalhães, sugere colocar Nelson Jobim no lugar de Meirelles, pelo MDB.
Nathan Blanche, da Tendências Consultoria: “O que temos hoje são duas candidaturas populistas liderando as pesquisas. Uma de direita, outra de esquerda. O mercado de câmbio oscila em função disso, por causa da forte crise fiscal. Há pouca relação com os fundamentos do mercado de câmbio porque o país tem reservas de US$ 380 bilhões, baixo déficit em conta-corrente e fluxo cambial positivo.” Para ele, se um cenário com Bolsonaro e Ciro se mantiver nos próximos meses, a moeda americana pode passar dos R$ 4 justamente quando a trégua negociada no preço do diesel estiver expirando. (Globo)
Pois é. O dólar renovou as máximas em mais de dois anos e fechou o dia ontem cotado a R$ 3,81 — a maior cotação desde 2 março de 2016. O Banco Central precisou intervir na valorização e fez um leilão adicional de swap cambial — uma venda de moeda americana no mercado futuro que tem como objetivo conter a volatilidade. (Globo)
Os produtores rurais pressionaram e o governo federal vai rever a tabela de preços mínimos para os fretes rodoviários. Segundo os ruralistas, uma das promessas feitas pelo governo para conseguir encerrar a greve dos caminhoneiros, a tabela eleva os custos do frete em até 150%. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que os cálculos da Agência Nacional de Transportes Terrestres, responsável pela sua elaboração, foram “muito corridos” para atender à demanda dos caminhoneiros, e alguns cálculos foram imprecisos. Agora, a agência deve trazer “para a realidade” uma série de coisas. (Estadão)
O TSE propôs um documento que os partidos assinariam se comprometendo a combater fake news durante as eleições deste ano. Um gesto simbólico, talvez, mas ao menos um aceno à sociedade. Apenas dez dos 35 partidos brasileiros o assinaram. A lista vai do DEM ao PCdoB, do PSDB ao PSOL, inclui Rede e o PSL de Jair Bolsonaro. Nem PT, nem MDB, os dois maiores partidos brasileiros, o assinaram.
Uma Corte Especial, formada pelos 15 ministros mais antigos do STJ, começa a decidir hoje se aplicará o entendimento do STF a respeito do foro privilegiado. É lá que são julgados governadores, desembargadores dos Tribunais de Justiça e Regionais, além de membros dos tribunais de contas estaduais. A decisão do Supremo vale para deputados federais e senadores. Se o STJ acompanhar a decisão, a ideia de foro privilegiado apenas para crimes cometidos durante o mandato e relacionados ao mandato vai valer para um grupo maior de autoridades.
Aliás... Já que por ordens de Gilmar Mendes o suposto operador tucano Paulo Vieira de Souza foi libertado duas vezes, sua Defesa decidiu ir além. Segundo Matheus Leitão, os advogados pedem que o caso já fique de vez no Supremo. Sob relatoria de Gilmar. É que o senador José Serra, co-réu, já estava na Câmara alta na época dos crimes. Assim, se encaixaria foro privilegiado: crime cometido no exercício da função.
A Justiça do Trabalho suspendeu o processo de privatização da Eletrobrás. O TRT da 1ª Região do Rio determinou que a estatal e suas distribuidoras apresentem estudo de impacto da desestatização sobre contratos de trabalho. A empresa afirmou que “analisará as medidas cabíveis e manterá o mercado informado”. (Estadão)
Entre o último dia 29 e ontem, 2,3 milhões de pessoas mencionaram a seleção brasileira no Twitter. E, segundo a FGV/DAPP mencionada por Ancelmo Gois, 4,8 milhões falaram de política brasileira. O dobro. A Copa do Mundo começa quinta-feira da semana que vem. (Globo)
Cultura
Morreu a estilista americana Kate Spade, aos 55 anos. A polícia trabalha com a hipótese de suicídio. Kate e seu marido Andy lançaram a famosa linha de bolsas com o nome da estilista em 1993. A grife bilionária, que também produzia joias, roupas e outros acessórios, foi vendida em 2007. Em 2016, ela retornou ao mundo da moda com uma marca chamada Frances Valentine, que leva o nome de sua filha.
O produtor Harvey Weinstein se apresentou ontem diante de um júri em Nova York. E se declarou inocente das acusações de agressão sexual as quais responde. Ele chegou a ser preso no mês passado, mas responde ao processo em liberdade depois de ter pago uma fiança de US$ 1 milhão.
Viver
Alexandra Lange: “Design e arquitetura foram e continuam sendo profissões dominadas pelos homens. Mas quando eu comecei a escrever meu novo livro, O Design da Infância (Amazon) — sobre os brinquedos, salas de jogos, salas de aula e playgrounds que compõem o mundo das crianças — achei uma coisa curiosa: mulheres. Principalmente mulheres como Ruth Belew: práticas, empáticas, muitas vezes educadoras, prontas para intervir onde viram o design com um ‘D’ maiúsculo insuficiente. Essas mulheres podem não ser listadas como ‘inventores’. Elas podem não ter tido o treinamento para serem ‘arquitetas’. Mas elas eram as forças profissionais que impulsionaram o início da educação moderna da infância e da educação infantil. Trabalhar com crianças, afinal, era o campo raro em que o gênero feminino era visto como um diferencial e não como um obstáculo.”
Poucas mulheres no design, e nenhuma na lista dos 100 atletas mais bem pagos do mundo. No ano passado, a única no ranking era a tenista Serena Williams, que teve um filho recentemente — Lionel Messi e Cristiano Ronaldo tiveram filhos também, mais ainda assim aparecem entre os primeiros da lista da Forbes, liderada pelo boxeador Floyd Mayweather. Pois é. Ter filhos é mais caro para as mulheres.
E por falar... O jornal espanhol El País terá, pela primeira vez em sua história, uma mulher no cargo de diretora, a jornalista Soledad Gallego-Díaz.
Robert Clabourn Hamilton, cidadão americano, se casou com o romeno Relu Adrian Coman, em 2010, em Bruxelas. As autoridades romenas, no entanto, informaram em 2012 que Hamilton só poderia obter direito de residência no país por três meses. Isso porque lá o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo não é reconhecido — o americano, então, não poderia ser considerado ‘cônjuge’ de Coman. Isso mudou com uma decisão da Justiça Europeia que se posicionou ontem afirmando que o cônjuge de um cidadão europeu tem direito de residência em qualquer país da União Europeia, independentemente de sua nacionalidade e do local onde solicita a residência reconhecer a união homoafetiva. “Ainda que os Estados membros tenham liberdade para autorizar ou não o matrimônio homossexual, não podem obstaculizar a liberdade de residência de um cidadão da União negando (a residência de) o seu cônjuge do mesmo sexo”, afirmou em comunicado o Tribunal de Justiça da UE. (Globo)
Aliás... Chegou ao fim esta semana, após seis anos, a disputa judicial entre um casal gay e um confeiteiro que, alegando motivos religiosos, se recusou a fazer um bolo de casamento para eles. Por sete votos a dois, a Suprema Corte dos EUA deu ganho de causa a ele, afirmando que as instâncias superiores não o julgaram com a neutralidade religiosa a qual ele tinha direito. (Nexo)
Ataques cardíacos são mais fatais no frio. Um estudo realizado por médicos britânicos comparou os dados de mais de quatro mil pacientes que receberam tratamento para ataque cardíaco em quatro anos separados. O número total de ataques foi aproximadamente o mesmo na metade mais fria do ano em comparação com a metade mais quente, mas o risco de morrer nos 30 dias depois de ter um ataque grave foi quase 50% maior nos seis meses mais frios. Agora, os pesquisadores querem realizar novos estudos para entender melhor as causas da diferença — você não pode escolher quando terá um ataque cardíaco, mas isso não deve ter um impacto tão grande nas suas chances de sobreviver, dizem os médicos.
Cotidiano Digital
No domingo, o New York Times publicou que o Facebook assinou acordos de compartilhamento de dados com inúmeros fabricantes de smartphones — incluindo Apple, Samsung, Amazon, BlackBerry e Microsoft. Para melhor integrar os serviços da rede social nos aparelhos, as empresas tiveram extenso acesso às informações de usuários com aparelhos e também dos amigos desles. De presto, os senadores John Thune (republicano) e Bill Nelson (democrata) escreveram a Zuckerberg. A série de perguntas que puseram no papel podem ser resumidas numa: “Em vista destes acordos, há algo que você gostaria de mudar em seu testemunho perante o Congresso?” Aos parlamentares, Zuck havia garantido que há alguns anos sua empresa não tinha mais acordos de compartilhamento profundo de dados.
Um dos maiores incômodos dos senadores americanos é que, entre as empresas que tiveram acesso a tantos dados pessoais, está a Huawei. A gigante chinesa faz parte de um embate diplomático e muitos, no setor de inteligência, desconfiam que a multinacional contribua com a espionagem de seu país.
E por falar... O Ministério Público do Distrito Federal está investigando o Serpro. Acusa a empresa que processa dados do governo federal de vender informações pessoais dos brasileiros — incluindo CPF e CNPJ, nome completo, endereço, entre outros. Vende as informações, segundo a acusação, até para outros órgãos do governo. (Estadão)
Diga-se: o Serpro nega.
As especulações duram já mais de um ano — mas acabaram. Apps que rodam no iOS, sistema móvel da Apple, funcionarão em computadores Macintosh. Mas iOS e MacOS, o sistema dos computadores, não vão se juntar. E o motivo é simples: a Apple não acredita na ideia de notebooks com tela de toque. Seus designers acreditam que pessoas não vão esticar o braço para manipular um computador como se fosse um grande tablet. Isto posto, já tem data: 2019. É quando os apps móveis rodarão nas máquinas grandes.
