Acuado, governo bate cabeça sobre fretes

A bruxa voou. No final da tarde de ontem, a Agência Nacional dos Transportes Terrestres publicou uma nova tabela mínima do frete, com validade imediata. Reduzia, em média, uns 20% do preço médio da tabela anterior. Os números refletiam o alarme de empresários dos setores agrícola e industrial, que falavam de grandes aumentos de preço para o consumidor final caso não houvesse alguma correção. O ministro dos Transportes, Valter Casimiro, chegou a afirmar que ela havia sido apresentada e aprovada tanto pelas empresas de transporte de setores como o agronegócio como pelos representantes de caminhoneiros autônomos. A decisão de rever os números não durou. Os caminhoneiros se revoltaram. E assim, já tarde da noite, foi revogada a nova tabela de umas horas antes.

Aliás... Casimiro viu-se obrigado a permitir o registro em vídeo de seu anúncio: acuado perante os caminhoneiros numa mesa de reunião, explicou que estava revogando sua decisão, para que o arquivo pudesse ser distribuído por WhatsApp pela classe. Josias de Souza tem o flagrante.

Não tinha como ser diferente: a quinta foi estressante para o mercado financeiro. A cotação do dólar fechou ontem a R$ 3,91 — no pior momento, chegou a R$ 3,96. E a Bolsa, que fechou em queda de 2,93%, aos 73.85 pontos, chegou a recuar 6,5%. Pressionado, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, convocou uma entrevista para dizer que vai oferecer mais US$ 20 bilhões ao mercado até o final da semana que vem para tentar conter a volatilidade do dólar, e que, se necessário, pode até recorrer às reservas cambiais. Mas aumentar a taxa básica de juros, a Selic, é hipótese descartada. (Estadão)

José Paulo Kupfer: “É confortável, na teoria, a situação das contas externas brasileiras. Além do colchão de US$ 380 bilhões em divisas externas — o equivalente a cerca de 20% do PIB, quando o próprio FMI considera mais do que suficiente algo como 12% a 15% do PIB —, a situação da balança em transações correntes se mostra tranquila, com um déficit abaixo de 1% do PIB, coberto com sobras pelo ingresso de investimentos externos diretos. O problema é que nenhum colchão de liquidez, vacina antiespeculação ou seguro contra incêndios cambiais consegue ser efetivo diante de uma reação que, na verdade, pouco tem a ver com os fundamentos da economia. A crise atual se alimenta principalmente de componentes políticos. Temores de que as urnas presidenciais de outubro sufraguem um candidato ‘populista’, combinados com a fragilidade do governo, cruamente exposta pela incapacidade de conter a desorganização produtiva deflagrada pela greve do setor de carga rodoviária, é que estão de fato por trás das turbulências dos dias recentes nos mercados de ativos. Daí ser possível especular pelo menos duas hipóteses. Uma, que a corrida contra o real, embora com momentos de calmaria no meio do caminho, não dará tréguas até o desfecho da eleição — já há apostas em um dólar a R$ 4,50 até lá. Outra é que, vencendo um ‘reformista’, em pouco tempo as cotações da moeda americana recuariam — há quem estime R$ 3,50 ou até menos.” (Globo)

Fernando Henrique: “Uma crise moral combinada com estagnação econômica forma uma mistura mortal para qualquer sociedade. A classe política perdeu sua credibilidade e legitimidade. Não houve uma revolução no Brasil, mas assistimos às condições revolucionárias nas quais vingadores se preparam para cortar as cabeças da elite enquanto são celebrados pela população. Se a história serve de guia, o jogo termina com um líder carismático, salvador da pátria ou homem de punho forte, que chega para encerrar a anarquia. A esquerda, sem seu líder natural, se sente insegura. A direita pede restauração da ordem a qualquer custo. O restante está fragmentado, incapaz de se reagrupar num centro político — um amalgama de uns com uma visão arcaica, outros liberais e uns terceiros com valores socialdemocratas que valorizam as instituições da democracia e reconhecem que a desigualdade é a maior ameaça. Nossa sociedade, como outras, está dividida pelos avanços da modernidade: ascensão social, a era da informação e o surgimento de uma política de gênero e de raça. Juntas, as três quebraram a coesão das antigas divisões de classe, assim como dos partidos e ideologias que as representavam.” (Washington Post)

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O ministro Luiz Edson Fachin autorizou a quebra de sigilo telefônico dos ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco. Mas negou a do presidente da República, Michel Temer. A Polícia Federal investiga o pagamento de uma propina de R$ 10 milhões paga pela Odebrecht ao MDB.

O PT deve lançar Lula candidato à presidência hoje, em Minas Gerais. Ontem, pôs no ar em seu canal de YouTube um clipe com o jingle em ritmo de forró. Não tem Lula lá.

Não é, realmente, para amadores o Brasil. PP e DEM avaliam a possibilidade de fazer um acordo para apoiar Ciro Gomes desde o primeiro turno. (Folha)

Abre hoje, a partir das 9h, a consulta para o primeiro lote de restituições do Imposto de Renda de Pessoa Física. No site da Receita.

Nessa corrida vence quem tem maior poder de arranque

Tony de Marco

 
Corrida-Maluca

Cultura

Em São Paulo, o festival de documentários sobre música In-Edit chega à sua 10ª edição com cardápio variado, de João Gilberto a Grace Jones, passando por jazz etíope. A convite do Cultural Inglesa Festival, os acrobatas do Barely Methodical Troupe levam gratuitamente o espetáculo KIN ao Teatro Sérgio Cardoso. E o romance distópico 1984, de George Orwell, ganha versão para teatro pelo Núcleo Experimental no Sesc Consolação.

No Rio, até domingo acontece a Virada Sustentável, que leva atividades culturais, ecológicas e esportivas a diferentes pontos da cidade — destaque para o palco montado nos Arcos da Lapa, que hoje recebe Elza Soares. O cantor Lenine leva a turnê Em Trânsito ao Vivo Rio amanhã. E o Ballet da Escola Maria Olenawa apresenta o clássico romântico Giselle neste domingo no Municipal.

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Na sequência de uma série com vários atores estrelas, Oito Mulheres e um Segredo (trailer) traz de novo um grande assalto perfeito e muitas estrelas. Atrizes — entre elas, Sandra Bullock, Cate Blanchett Anne Hathaway e até Rihanna. Chegam também esta semana aos cinemas uma dobradinha russa. Anna Karenina: A História de Vronksy (trailer) é um filme feito para a TV russa que junta o clássico de amor de Lev Tolstói com as novelas sobre a guerra Russo-Japonesa de seu contemporâneo, Vikenty Veresaev. Já a comédia americana A Morte de Stálin (trailer) brinca com o caos no politburo soviético enquanto os líderes se perdem em paranoias muitas enquanto disputam poder após a morte do chefe. E, no documentário O Muro (trailer), o diretor Lula Buarque de Holanda busca mostrar os dois lados em conflito na polarização política brasileira. Veja as outras estreias.

Chegou ao fim a espera dos fãs de Sense 8. Já está disponível na Netflix o episódio especial de duas horas e meia que põe fim à série.

Viver

O álbum de figurinhas oficial da Copa do Mundo da Rússia tem 92 erros. Em 2014, foram 71. Quem mais enganou a publicação da Panini foi o treinador Didier Deschamps, da França. Nas páginas da seleção brasileira, Giuliano e Daniel Alves ficaram de fora da convocação de Tite.

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A guerra contra a poluição por plástico continua, e ganhou reforço no Rio. A Câmara Municipal da cidade aprovou ontem um projeto que vai banir os canudinhos de plástico de bares, restaurantes e quiosques — os estabelecimentos serão obrigados a usar canudos de papel biodegradável ou aqueles que forem recicláveis de forma individual. Quem descumprir a nova lei será multado em R$ 3 mil e o valor será dobrado em caso de reincidência. O projeto segue agora para sanção ou veto do prefeito Marcelo Crivella. (Globo)

Já há algum tempo as discussões sobre o futuro do trabalho vislumbram um cenário em que o emprego convencional das 9 às 17h vai desaparecendo, substituído por um sistema em que os trabalhadores se apressam a atender chamadas de convocações de trabalhos através de seus smartphones. Pois é, mas talvez não seja bem por aí. Uma pesquisa do Bureau de Estatísticas do Trabalho dos EUA mostrou que a parcela de pessoas que trabalham em arranjos ‘alternativos’ está encolhendo em vez de aumentar — são pessoas que não estão empregadas direta ou regularmente no local onde costumam trabalhar, incluindo contratados independentes e trabalhadores temporários, os chamados ‘freelancers’. Os resultados confundiram economistas e pesquisadores, que esperavam que os números da instituição confirmassem o crescimento da chamada ‘gig economy’ — ou ‘freelancer economy’, a ‘economia sob demanda’.

Especialistas, no entanto, dizem que os números da pesquisa podem não englobar todo o cenário, já que eles não fornecem informações sobre o número de trabalhadores que se dedicam a esse tipo de trabalho para complementar sua renda, e não como fonte e ocupação únicas. Isso porque, depois da crise de 2008, muitos americanos recorreram a uma variedade de acordos de trabalho, juntando empregos em tempo integral, negócios pessoais e trabalhos paralelos para sobreviver.

E uma nova pesquisa mostra que o risco de uma mulher grávida ter um parto prematuro pode ser previsto por um exame de sangue.

Cotidiano Digital

Já está em operação Monet, um pesado cabo submarino que conecta Boca Raton, na Flórida, à Praia Grande, em São Paulo. Com a capacidade de entregar até 64 Tbps, o investimento é um dos principais anúncios feitos pelo Google para o Brasil, ontem.

Há também várias pequenas novidades. Algumas aparecerão na busca. Durante a Copa do Mundo, além do resultado dos jogos, quem procurar pelas partidas encontrará estatísticas, vídeos com os melhores momentos e um recurso permitirá, até, trazer um placar flutuante para a tela do celular. Já nas eleições, a busca também será enriquecida com dados dos candidatos e acompanhamento em tempo real da apuração.

Com o olho voltado para o consumidor de baixa renda, a linha Android Go traz sistema e apps mais enxutos e rápidos, preparados para lidar com baixas velocidades de rede e pouca memória. Numa parceria, Positivo, Alcatel e Multilaser vão lançar aparelhos baratos que se aproveitam dos novos softwares.

Por conta de um bug, defeito de programação, o Facebook tornou públicos os posts privados de mais de 14 milhões de seus usuários. O problema ocorreu entre 18 e 27 de maio últimos, segundo anúncio da própria rede social. Os afetados começarão a ser informados.

A Bad Robot, produtora do mega-diretor J.J. Abrams se juntou ao conglomerado chinês Tencent para criar um estúdio de vídeo games. “Sou fã absoluto de games e tenho cada vez mais inveja das ferramentas incríveis que os desenvolvedores têm à disposição e dos mundos nos quais podem brincar”, explicou o diretor do Episódio 7 de Star Wars. O objetivo é criar jogos para todas as plataformas — computadores, consoles e celulares. A empresa provavelmente não desenvolverá games, mas sim deve financiar sua criação em troca da exclusividade na distribuição.

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