A Casa Branca separa crianças dos pais
Em abril, o governo Trump iniciou uma política de ‘tolerância zero’ com imigração. Entre as medidas, uma vem chocando em particular: a decisão de separar as crianças de seus pais, quando atravessam a fronteira ilegalmente. Nas últimas seis semanas, pelo menos duas mil crianças — com até um ano de idade — foram tiradas dos pais e levados para instalações distintas. “Crianças estão sendo usadas pelos piores criminosos do planeta para entrar no país”, tentou explicar o presidente. Ele também afirma que a decisão não lhe pertence, e sim aos democratas. O que foi desmentido pela imprensa, por democratas e por republicanos. Ontem, a repórter Ginger Thompson, da ProPublica, conseguiu o áudio de um dos centros nos quais as crianças são tiradas dos pais. É um pequeno pesadelo. Ao fundo, entre o choro de muitos, um funcionário da imigração brinca. “Temos uma orquestra aqui.”
Michelle Obama retuitou Laura Bush. “Às vezes a verdade transcende partidarismo”, escreveu. A mulher de George W. Bush havia escrito antes uma crítica severa à política. “É cruel, é imoral.”
A Casa Branca argumenta que é ilegal manter crianças em prisões federais. Como decidiu que este deve ser o destino dos pais, não há opção que não separá-los. Um grupo de médicos da Academia Americana de Pediatria visitou um dos centros infantis. “Tirar crianças dos pais vai contra todos nossos valores”, escreveu Colleen Kraft, a presidente da instituição. “Submeter crianças a este nível de estresse pode causar mal irreparável, afetando até a arquitetura do cérebro e a saúde a longo prazo.”
Raymundo Costa: “Alas do PSDB e do MDB retomaram as conversas sobre uma aliança na sucessão presidencial. Nem todos os tucanos querem a companhia do partido, seja pelo envolvimento de seus líderes com a corrupção seja pela reprovação recorde do presidente Michel Temer. A ala do PSDB que quer a aliança acredita que o partido aceitará a composição e pedirá a vice para o ex-presidente do Supremo e ex-ministro nos governos FHC e Dilma Rousseff Nelson Jobim. É o nome que agradaria Geraldo Alckmin. Num momento de conflito entre os poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário -, seria preciosa a experiência e o conhecimento que Jobim tem do Congresso (foi constituinte), do governo e dos tribunais superiores.” (Valor)
O ex-procurador Marcelo Miller foi indiciado por corrupção passiva e, o empresário Joesley Batista, por corrupção ativa. Segundo a Polícia Federal, Joesley corrompeu Miller em troca de ajuda no acordo de delação premiada dos executivos da J&F. Na prática, lembra a repórter Andréia Sadi, os acordos foram suspensos.
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga a possibilidade de o ex-senador Luiz Estevão ter influência sobre o comando da Papuda, onde está preso. Estevão tem uma cela maior, que divide apenas com José Dirceu. O ex-ministro Geddel Vieira Lima, por exemplo, divide uma menor com outros dez. O ex-senador tentou livrar-se de alguns pendrives quando os policiais foram averiguar seus pertences. Encontraram objetos proibidos, como uma tesoura. Em um caderno de Dirceu, encontraram anotado ‘pedir para o Luiz Estevão conseguir a visita de um menor fora do horário’. O ex-ministro tem uma filha de 7 anos. Não bastasse, foram encontrados documentos das empresas de Estevão na Biblioteca, organizados em pastas, como se o espaço fosse seu escritório. (Estadão)
Morreu ontem, no Rio, o ex-ministro Eliezer Batista, de insuficiência respiratória. Ele tinha 94 anos. Engenheiro de carreira da Vale do Rio Doce, chegou a presidente da companhia inaugurando o modelo logístico no qual a empresa ligava suas grandes minas via estrada de ferro aos portos. Em alguns casos, fazia além das estradas, também os portos — caso do de Tubarão, no Espírito Santo. Sob seu comando, o Brasil virou um dos principais exportadores de minério de ferro no mundo. Eliezer foi ministro das Minas e Energia no governo Jango, mas no período militar foi barrado seu acesso ao setor público. Foi para o privado. Esteve envolvido na fundação da Aracruz Celulose — hoje Fibria —, entre outras. Eliezer teve sete filhos, dentre eles o também empresário Eike Batista. (Globo)
Viver
A Fifa considerou correta a arbitragem do mexicano Cesar Ramos na estreia do Brasil na Copa. Para a federação, não houve falta no zagueiro Miranda no lance que originou o gol da Suíça. O que incomodou foi a exibição do replay da jogada no telão do estádio — que, inclusive, foi apontada por Neymar para que o árbitro revisse o lance. A orientação da entidade para as equipes de televisão que cuidam dessa operação é de não exibir jogadas controversas.
Pois é. Mas a CBF enviou uma carta à Comissão de Arbitragem da Fifa questionando a não utilização do árbitro de vídeo na partida. Solicitou também o vídeo e o áudio do VAR. A confederação quer entender quais são os critérios para a utilização do recurso, que já foi utilizado em outras partidas da Copa.
Aliás... Se não fosse o VAR, o árbitro Joel Aguilar não teria marcado pênalti em um lance polêmico da disputa entre Suécia e Coreia do Sul. Foi o que garantiu a vitória da equipe sueca por 1 a 0. (Melhores momentos.)
O primeiro tempo não foi exatamente um passeio, mas deu mesmo Bélgica na partida contra o Panamá. A nova geração da seleção belga marcou três em cima da estreante panamense, que não marcou nenhum. E é bom lembrar: se Bélgica e Brasil passarem em primeiro em seus grupos, e passarem pelas oitavas, encontram-se nas quartas. (Melhores momentos.)
Também não foi fácil para a Inglaterra. A seleção inglesa, que tem o terceiro elenco mais jovem da Copa, bateu a Tunísia com um gol de Harry Kane nos acréscimos. Venceu por a 2 a 1. (Melhores momentos.)
Daniel Taylor, do Guardian: “O cronômetro já havia passado dos 90. Harry Kane estava lá e, naquela posição, o técnico Gareth Southgate não poderia ter desejado outro jogador fincado na pequena área. Uma velha rotina inglesa: o córner, o cabeceador quase na outra trave e, repentinamente, o jogo de estreia inglês tinha um final feliz. Southgate manteve sua palavra de que os jogadores entregariam performances com fluidez e energia, ênfase no ataque. Eles foram rápidos com a bola, precisos nos passes e atacavam com espírito de aventura. Deve ter sido encorajador para o técnico perceber a vibração do time, quantas chances criou e o desejo dos meio-campos de chegar à área adversária. Foi também uma lembrança da habilidade inglesa de tornar a vida mais difícil do que o necessário. Difícil contar quantas chances — algumas maravilhosas — a Inglaterra desperdiçou.”
O jogo para assistir hoje: Rússia e Egito, às 15h. A anfitriã da Copa estreou com uma vitória de 5 a 0 sobre a Arábia Saudita, é líder do grupo A, mas está desfalcada: o meia Alan Dzagoev está lesionado. Já a seleção egípcia vive a expectativa de ter o ídolo, Mohamed Salah, finalmente em campo — sua escalação, no entanto, ainda é um mistério.
Para ler com calma. Le Corbusier queria substituir o centro histórico de Paris por grandes áreas de altas torres. Frank Lloyd Wright tinha o sonho de construir a Grande Bagdá. Seus projetos não saíram do papel mas inspiraram gerações de arquitetos — entre eles o brasileiro Oscar Niemeyer. “Os cidadãos fariam bem em revisitar essas cidades não construídas, para deixar suas histórias alternativas rolarem na cabeça. As pessoas podem retornar à arquitetura não construída como inspiração para o futuro, mas as cidades não realizadas oferecem mais do que apenas idéias antigas renovadas. Elas também lembram as pessoas de como o mundo, tão sólido e certo para nós agora, poderia facilmente ter sido tão diferente”, diz Darran Anderson, autor do livro Imaginary Cities (Amazon).
Enquanto isso... Nos Estados Unidos, a geração millenial está disputadíssima. Nos metrôs, Berwyn, um subúrbio a oeste de Chicago, tenta atraí-los para morar em seus charmosos bangalôs com anúncios mostrando todo o charme de uma vizinhança ‘cheia de personalidade’. Já uma propaganda do estado de Wisconsin pede aos passageiros que troquem sua cidade sufocante por uma vida mais simples e acessível em cidades como Milwaukee. E por que não trocar o tráfego da hora do rush por uma viagem de canoa no Lago Mendota, em Madison? É a comercialização de cidades, que competem ferozmente por empregos, grandes empresas e, é claro, moradores.
HealthTech
Uma estudante de 19 anos do interior de São Paulo desenvolveu um gel adesivo capaz de atrair e matar o mosquito Aedes aegypti. Luisa Hamra ganhou um prêmio promovido pelo núcleo de inovação social de Harvard e, por conta, uma bolsa do programa Líderes, da Fundação Estudar. O gel está para ganhar patente.
Um estudo clínico publicado na última semana mostrou que podômetros digitais como o FitBit, capazes de contar o número de passos diários, podem ajudar no incentivo a pacientes cardíacos com mais de 60 anos. É difícil convencê-los a se exercitar, um problema clássico para cardiologistas. Os pacientes foram divididos em dois grupos, todos com os aparelhos. Um recebia uma meta diária de passos e um pequeno prêmio em dinheiro caso cumprissem o objetivo. O outro, contava os passos, sem meta ou prêmio. O grupo desafiado que recebia um prêmio fez 50% mais exercícios.
Um aparelho colocado ao redor da orelha capaz de, com pequenas descargas elétricas, estimular os nervos na região, foi liberado pela FDA americana como tratamento para dependentes de opióides que tentam se livrar dos efeitos pelo abandono da droga. Os estímulos aliviam os sintomas.
A Apple atualizou seu ResearchKit, a base do sistema de iPhones para softwares ligados a saúde. Agora, apps podem ser desenvolvidos para avaliar remotamente as capacidades de audição, visão e fala de uma pessoa. Com o tempo, médicos poderão fazer diagnósticos à distância, via smartphone: bastará que os pacientes baixem certos apps. Os doutores recebem na hora o relatório.
Cultura
Em O Poder (Amazon), uma mutação concede às mulheres a capacidade de eletrocutar, o que faz o mundo ser dominado por elas. No universo de Deixe as estrelas falarem (Amazon), mulheres estão em posição de comando e o aborto não é crime. Pois é. Autoras brasileiras como Lady Sybylla e estrangeiras como Naomi Alderman estão usando a ficção científica e fantasia, gêneros historicamente dominados por homens, para questionar desigualdades de gênero. (Estadão)
Por falar... Quando o direito autoral de uma obra expira, ela entra em domínio público. Mas isso não significa que ela passa a ser disponibilizada em um formato de qualidade e livre acesso. É isso o que projeto Cita Press quer mudar, para aumentar o alcance de obras de obras feministas. A editora independente disponibiliza edições cuidadosamente elaboradas de livros de autoria feminina, em versão impressa e digital. Uma ‘Biblioteca digital feminista de Livre Acesso que celebra o trabalho de mulheres’, segundo sua criadora, a designer colombiana Juliana Castro Varón. (Nexo)
Emilia Clarke, a intérprete de Daenerys Targaryen em Game of Thrones, se despediu das filmagens da última temporada da série, que estreia em 2019. “Obrigada, Game of Thrones, pela vida que nunca sonhei que poderia viver e a família que nunca vou parar de sentir saudades”, disse em seu Instagram.
