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Como é de praxe em feriados, o Meio não circulará amanhã, 7 de setembro. Mas há uma eleição intensa em curso: se houver notícia importante, uma extra sai. E os assinantes premium receberão como de praxe, no sábado, a edição #paracurtircomcalma

— Os editores

Ibope: Bolsonaro cresce, Ciro disputa 2º lugar com Marina

A segunda pesquisa Ibope encomendada por TV Globo e Estadão, divulgada ontem à noite, é a primeira realizada apenas com um cenário — o real, no qual Fernando Haddad é o candidato do PT. Nela, todos os candidatos no batalhão dos com chance crescem um quê, com duas notáveis exceções. Marina Silva e Alvaro Dias estagnaram. Nenhum dos outros, porém, cresceu tanto quanto o pedetista Ciro Gomes, que avançou três pontos e empatou com Marina na segunda colocação. Houve também outro crescimento que indica um ponto de atenção para Geraldo Alckmin: João Amoêdo, do Novo, foi de 1% a 3, empatando com Alvaro Dias. Não é só do tucano que Amoêdo tem o potencial de tirar votos — também os tira de Bolsonaro. Mas, líder, Bolsonaro está confortável. É Alckmin quem precisa galgar ainda vários degraus para chegar ao segundo turno, e o candidato do Novo tem o potencial de conter este crescimento. Os questionários do Ibope circularam entre sábado e terça-feira, por isso refletem muito pouco o impacto dos programas de TV.

Os números: Jair Bolsonaro está à frente com 22%, seguido de Marina e Ciro com 12%. Alckmin tem 9%, Haddad 6%, Alvaro e Amoêdo 3%. Em relação à pesquisa da semana passada, Ciro subiu 3 pontos, Bolsonaro, Alckmin, Haddad e Amoedo subiram 2. Em um segundo turno, Ciro, Marina e Alckmin venceriam Bolsonaro com bastante tranquilidade. O candidato militar teria chances apenas contra o PT, 37% contra 36% de Fernando Haddad, num empate técnico.

Bernardo Mello Franco: “A nova pesquisa trouxe duas notícias para Bolsonaro. A primeira é boa: ele se consolidou como o grande beneficiário da prisão de Lula. O capitão marcha sozinho na liderança. A outra é desanimadora: sua rejeição disparou. Há duas semanas, 37% dos entrevistados rechaçavam o capitão. Agora o índice chegou aos 44%.” (Globo)

Vera Magalhães: “Dos dez pontos que migram do bloco de brancos, nulos e indecisos e dois que saíram dos nanicos, é possível dizer que Bolsonaro abocanhou dois pontos, enquanto candidatos do pelotão intermediário cresceram dez, numa demonstração de que há espaço para um voto moderado.” (Estadão)

Gerson Camarotti: “Os votos de Lula não são transferidos automaticamente a Haddad. Ciro aparece com crescimento de 3% e com subida significativa no Norte e no Nordeste – regiões que, tradicionalmente, dão votos ao ex-presidente – e também no Centro-Oeste. Essa pulverização de votos de Lula já gerou um alerta em setores do PT que temem um prolongamento da estratégia da legenda de esticar ao máximo a candidatura do ex-presidente com recurso ao STF.”

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Pois é... Alckmin foi à Justiça tentar impedir o Datafolha de ir a campo. Assim como o Ibope, pretende fazer uma pesquisa apenas com Haddad. Os advogados do PSDB afirmam que, se o PT não escolheu seu candidato oficialmente, uma pesquisa assim não pode ser feita. (Folha)

Enquanto isso... O presidente Michel Temer partiu para a briga contra o candidato tucano, num vídeo divulgado pelo Twitter. “Você diz que a educação foi um desastre”, afirma o presidente. “Você sabe quem foi o ministro? O Mendonça Filho, do DEM, partido que apoia sua candidatura. Fala mal da saúde, que está com o PP, que apoia sua candidatura. Critica indústria e comércio, do PRB, que apoia sua candidatura.”

A defesa do ex-presidente Lula está enchendo os tribunais de recursos. Um, pedindo suspensão da inelegibilidade no STF, foi rejeitado pelo ministro Edson Fachin. Outro, pedindo a mesma coisa com outros argumentos, será relatado por Celso de Mello. No TSE, recorre, justamente, à decisão da corte que tirou Lula do páreo por 6 a 1.

Pauta recorrente nos discursos dos candidatos à presidência, as renúncias tributárias não devem cair no próximo ano. Pelo contrário. Segundo estimativas da Receita Federal, as desonerações e incentivos fiscais terão um salto de R$ 23 bilhões em 2019 e vão atingir R$ 306,4 bilhões já no primeiro ano do próximo governo. A União vai abrir mão de 4,2% do PIB. Com esse valor, seria possível cobrir o déficit de R$ 139 bilhões das contas públicas previsto para o ano que vem e ainda sobrariam R$ 167,3 bilhões no Orçamento. (Estadão)

Miriam Leitão: “Está no discurso de todos. Os presidenciáveis prometem cortar os benefícios fiscais, uma forma de reduzir o gasto. Citam o problema nos discursos, mas não parecem tratar o tema com seriedade. Perguntados onde passarão a tesoura, nenhum deles especificou. O governo, recentemente, tentou cortar o incentivo à produção de bebidas na Zona Franca de Manaus, mas voltou atrás porque a Coca-Cola ameaçou se mudar para a Colômbia. O assunto é sério. Os candidatos têm que apresentar a estratégia para cumprir a promessa, até aqui pouco detalhada, de cortar os subsídios.” (Globo)

Cultura

Morreu ontem, aos 92 anos, a atriz Beatriz Segall. Foram 70 anos de carreira. No teatro, esteve em montagens como Marta Saré (1968) e Hamlet (1969). Capitaneou o processo de reerguimento artístico do Theatro São Pedro, em São Paulo. Na TV, em 1988, viveu o papel que a eternizou na teledramaturgia brasileira. Após 192 capítulos da novela Vale tudo, a vilã interpretada pela atriz fez o país inteiro se perguntar: “Quem matou Odete Roitman?”. Destacam-se ainda seus papéis em Dancin Days (1978), Barriga de aluguel (1990), Sonho meu (1993) e Anjo mau (1997), entre vários outros. Sua última participação na telinha foi no primeiro episódio da série Os experientes, da TV Globo. Beatriz morreu em consequência de problemas respiratórios. (Globo)

Patrícia Kogut: “Mesmo com essa ampla galeria de bons serviços prestados à profissão, Odete Roitman se impôs de maneira definitiva. A atriz disse em entrevistas que se irritava com o fato de ser eternamente reconhecida nas ruas por causa dela. Em vão: a malvada que parou o Brasil nos anos 1980 está no ar atualmente no Canal Viva (da Globosat) e segue impressionando. A força do talento da atriz, aliada à atualidade e ao brilho do texto, atrai agora as novas gerações.” (Globo)

Para relembrar: Mais da carreira da atriz, em fotos e em vídeos.

A Netflix soltou ontem um teaser da última temporada de House of Cards. Nele, uma lápide: “Francis J. Underwood 1959 – 2017 e 46º presidente dos Estados Unidos da América”. A temporada estreia em 2 de novembro.

Viver

O quanto você tem se exercitado? Quase metade da população adulta do Brasil (47%) não pratica sequer o mínimo de atividade física recomendada. Pois é. O dado é da Organização Mundial da Saúde, a OMS, que estudou 168 nações em 2016. O mínimo de exercício necessário, semanalmente, são 150 minutos de atividade moderada, como caminhar e subir escadas, ou 75 minutos de atividade intensa. O alto índice de sedentarismo no Brasil puxa para cima a taxa média da América Latina, de 39,1%. Entre os latino-americanos, somos o que tem a população mais parada. (Globo)

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No ano passado, cientistas de dados do Vanderbilt University Medical Center, em Nashville, Tennessee, criaram um algoritmo que usa dados de internações hospitalares, incluindo idade, sexo, código postal, medicação e histórico de diagnóstico para prever a probabilidade de qualquer indivíduo tirar a própria vida. Em testes usando dados coletados de mais de 5.000 pacientes que foram admitidos no hospital após tentativas de auto-mutilação ou suicídio, o algoritmo teve 84% de precisão ao prever se alguém tentaria suicídio na próxima semana, e 80% de precisão ao predizer se alguém tentaria suicídio nos próximos dois anos. Mas o uso do algoritmo provavelmente levantará questões éticas: se todos os visitantes do pronto-socorro passarem automaticamente por ele, eles devem saber do resultado? A resposta ainda não é óbvia.

Aliás... Dois estudos recentes mostraram que há uma maneira barata de combater o uso indevido de remédios: enviar cartas aos médicos. Ao receberem correspondências de um médico legista afirmando que “um paciente ao qual você prescreveu um medicamento opioide morreu no último ano devido a uma overdose de drogas”, esses médicos reduziram a prescrição de opioides em quase 10% em comparação com aqueles que não receberam uma carta. De outro lado, ao receberem um comunicado de que o governo federal os havia sinalizado por receitarem muitos medicamentos antipsicóticos a pacientes que poderiam ser prejudicados pelas drogas, as prescrições caíram mais de 15% em dois anos. (New York Times)

Kelly Slater foi onze vezes campeão mundial de surfe, e depois de anos em busca da onda perfeita, ele resolveu fabricar as suas próprias: criou uma piscina artificial. Pode não parecer novidade, mas até a melhor das já existentes, segundo os especialistas, não consegue se aproximar do que foi feito por ele no Surf Ranch Pro, localizado no centro da Califórnia. A elite mundial do esporte já teve a oportunidade de experimentá-la em setembro do ano passado, em um evento. Mas agora, após nove anos do início do desenvolvimento do projeto, a piscina montada pelo campeão receberá uma etapa da Liga Mundial de Surfe. (Folha)

E lembra do vazamento de ar na Estação Espacial Internacional, atribuído a um meteorito ou ao lixo espacial? Segundo os russos, pode ter sido sabotagem. O chefe da agência espacial russa Roscosmos afirmou que o buraco foi causado por uma broca e que pode ter sido feito deliberadamente, seja na Terra ou por alguém em órbita.

Cotidiano Digital

Ontem, quando Jack Dorsey (Twitter) e Sheryl Sandberg (Facebook) se puseram perante senadores americanos, ouviram uma longa lista de preocupações a respeito da relação entre eleições e redes sociais. O democrata Ron Wyden perguntou se, usando ferramentas para direcionar a grupos demográficos muito específicos desinformação, não seria possível manipular resultados. A número dois do Facebook respondeu que a rede começou a implantar sistemas de inteligência artificial para filtrar este tipo de publicidade, mas não deixou claro como funcionam. Os parlamentares cobraram do Twitter que deixe claro quando um usuário é, na verdade, um robô — mesmo que seja um robô ‘do bem’, que presta serviços. Quando perguntados a respeito dos deepfakes — vídeos e áudios falsos, porém incrivelmente realistas —, os dois executivos não tiveram resposta sobre como combate-los. Ao menos um instante surpreendeu. Um dos senadores cobrou Dorsey a respeito da inconsistência do Twitter em aplicar suas regras. “Para dizer a verdade”, respondeu o CEO, “se você passar por nossas regras hoje, com calma, copo de café à mão, não creio que vá conseguir entende-las.”

Um momento mais surpreendente: uma militante da ultradireita se levantou num repente e começou a disparar acusações contra Dorsey. O deputado republicano Billy Long de presto começou a fazer graça da moça, imitando um leiloeiro e encobrindo sua voz, enquanto um guarda a retirava da sala.

Os senadores se recusaram a permitir que um executivo de menor envergadura do Google se sentasse junto aos executivos sêniores da concorrência. Deixaram a cadeira da empresa propositalmente vazia. Há algumas teorias a respeito da ausência. Uma é de que, diferentemente dos outros, nenhuma das estrelas do Google fala bem em público. O contraste ficaria ruim. Outra possível razão é que por um lado, Larry Page, fundador e CEO da holding, já não conhece mais as questões técnicas a fundo; por outro, o indiano Sundar Pichai, CEO do próprio Google e este sim profundo conhecedor dos problemas, poderia ser ‘estrangeiro demais’ para os republicanos mais conservadores. Um dos senadores republicanos, Marco Rubio, sugeriu razão distinta. “Talvez sejam apenas arrogantes.”

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