Começa uma semana chave para Ciro e Haddad

Desde que Jair Bolsonaro sofreu um atentado a sua vida, o PT está sem contato com o ex-presidente Lula. É que em feriados e fim de semana não há visitas, lembra Lauro Jardim (Globo). Para o partido, é um problema. Por dois motivos. O primeiro é que termina amanhã o prazo para que o candidato oficial seja trocado. Haddad assumirá, mas não há qualquer detalhe combinado. O segundo é que boa parte da estratégia petista depende da percepção de que Lula é vítima nesta eleição. E, como sugere Elio Gaspari, agora há outra vítima — real — na eleição (Globo ou Folha).

Sairá hoje a nova pesquisa do Datafolha, realizada já após o atentado. Os levantamentos que vêm surgindo têm mostrado que Ciro Gomes é quem mais ganha com a saída oficial de Lula.

No campo de Bolsonaro, há euforia e tumulto. Enquanto seus adversários de imediato declararam uma trégua, seus partidários partiram para o ataque, descreve Bernardo Mello Franco (Globo). Tanto seu vice, o general Mourão, quanto o pastor Silas Malafaia acusaram o PT pelo crime. Falando a jornalistas, seu filho Flávio Bolsonaro foi mais direto. “Vocês acabaram de eleger o presidente.” Só que, internamente, a coisa se desdobrou numa crise de comando. Com o ex-capitão fora de combate, conta Daniela Lima no Painel da Folha, ficou mais fraco na presidência do pequeno PSL Gustavo Bebianno e uma ala forte da sigla defende que os filhos do deputado, Flávio, Eduardo e Carlos, assumam a campanha nas próximas semanas. Tem sido uma disputa tensa, esta, e pode impedir a criação de uma mensagem consistente num período chave. Mas nada tira aquilo que se tornará a maior arma do candidato da direita extrema: seu tempo de TV, faz as contas Ascânio Seleme (Globo), aumentou imensamente.

Pois é... Será uma eleição de fortes dilemas. No domingo, o Estadão publicou uma entrevista com o comandante do Exército, general Villas Bôas. “O atentado confirma que estamos construindo dificuldade para o novo governo, podendo até mesmo ter sua legitimidade questionada”, avaliou. “O Bolsonaro, não sendo eleito, pode dizer que prejudicaram a campanha dele. Sendo eleito, será dito que foi beneficiado pelo atentado.” Quem não gostou da análise foi o filho 01. “Meu pai não vai ser eleito por causa de uma facada”, disse Flavio a uma repórter da Folha. “Ele tomou a facada porque já estava eleito.”

Pode até ser. Mas só saberemos no dia 7. Segundo analistas ouvidos pelo Valor, não é certo que a tentativa de assassinato ajude o ex-capitão. No primeiro momento, podem surgir intenções de voto movidas a emoção. “Em uma semana voltaremos à racionalização”, aposta o cientista político Aldo Fornazieri. Será uma eleição líquida, nas palavras de Míriam Leitão, no Globo. “O ambiente é absolutamente fluido”, ela conta. “As consequências do atentado podem ter os mais variados desdobramentos. Tudo dependerá dos próximos movimentos de cada um dos atores desta campanha.” No Estadão, Vera Magalhães disse o mesmo, com outras palavras. “A eleição de 2018 passará à História como aquela que foi ditada, em sua maior parte, de dentro da carceragem da Polícia Federal e, em sua reta final, de um leito hospitalar.” É aguardar para ver com que capacidade de organização e intuição política nascerão os movimentos que partem deste leito e seu entorno.

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É a primeira pesquisa que sai publicamente após o atentado e vem de um dos novos institutos de pesquisa. Foi feita por telefone, com dois mil eleitores, no sábado e domingo. Não custa esperar duas ou três para ter certeza dos movimentos. Mas segundo a pesquisa da FSB para o BTG Pactual, Jair Bolsonaro aparece com 30% na pesquisa estimulada, Ciro Gomes com 12%, enquanto Marina, Alckmin e Haddad empatam em 8%. Há outro triplo empate na casa dos 3% — Amoêdo, Alvaro Dias e Meirelles.

Foi realizado ontem o terceiro debate entre candidatos à presidência, pela TV Gazeta, Estadão, Jovem Pan e Twitter. Foi uma conversa morna e cheia de cautela. Ciro acabou sendo o mais mencionado no Twitter, com larga vantagem sobre os adversários. O Poder360 fez um resumo. Aos Fatos fez a checagem.

Completam-se no próximo sábado dez anos da quebra do banco de investimentos americano que chocou o mundo das finanças. Maior falência da história dos EUA, o desaparecimento do Lehman Brothers deu início a uma crise econômica global. E seus efeitos ainda se fazem sentir: os emergentes estão mais endividados, o crescimento europeu ainda não deslanchou e a desigualdade no mundo está maior. No Brasil, a insistência em aplicar as medidas que tentaram conter a crise dez anos atrás — liberação de dinheiro de bancos públicos, cortes de impostos e incentivo ao consumo —, sempre que a economia deu sinais de desaquecimento desde então pode ser o que empurrou o Brasil para a situação atual. (Estadão)

Aliás... Globo mostra que desde o colapso o endividamento de governos, empresas e famílias só cresce. É que, para resgatar a economia global da maior crise financeira em 80 anos, os bancos centrais de todo o mundo injetaram US$ 11,8 trilhões nos mercados na última década — chegaram a instaurar até juros reais negativos. Hoje, o estoque de dívida no planeta saltou 43%, para US$ 247,1 trilhões — mais que três vezes a economia global.

The Economist: “Quando os historiadores olharem para o início do século 21, identificarão dois choques sísmicos. O primeiro se deu com os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001; o segundo, com a crise financeira global, que irrompeu violentamente há dez anos completados este mês, com o colapso do Lehman Brothers. O 11 de setembro resultou em guerra. A falência do Lehman, resultou em um ajuste de contas econômico e político. Assim como a luta contra o terrorismo ainda continua, o ajuste de contas está longe de terminar.”

 

Cultura

Morreu ontem, aos 49 anos, o cantor de funk Wagner Domingues Costa, o Mr. Catra. Ele lutava desde o ano passado contra um câncer no estômago. Um dos maiores funkeiros que surgiram na década de 1990, ele deixou três esposas e 32 filhos.

Catra cantou a realidade das favelas, dos proibidões — funks acusados de fazer alusões ao crime — e também do sexo. Costumava abrir seus shows com um grito de “Vai começar a putaria!” e tem clássicos como Adultério (Spotify) e Uh Papai Chegou (Spotify). Na semana passada, a Vice contou a história dessa que é uma das vertentes mais longevas do funk.

 

A Netflix venceu seu primeiro grande prêmio em um Festival Internacional: garantiu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, a principal honraria do evento, com Roma (trailer), longa dirigido por Alfonso Cuaron. O filme deve ser lançado na plataforma ainda este ano.

O Festival, no entanto, foi criticado pela premiação. A Associação Nacional de Autores Cinematográficos (Anac), a Federação Italiana de Cinema de Ensaio (FICE) e a Associação Católica de Cinema (Acec) disseram ser “perverso” que o maior prêmio do Festival seja “um veículo de marketing” da plataforma. Eles disseram que o filme premiado deveria ser uma produção “acessível a todos, e não apenas a assinantes”.

Viver

Naomi Osaka, de apenas 20 anos, tornou-se no sábado a primeira tenista japonesa, homem ou mulher, a conquistar um Grand Slam. E seu primeiro título foi conquistado com uma vitória sobre uma grande campeã: a americana Serena Williams, que já levou 23 títulos desse para casa. Osaka deveria ter sido a protagonista da noite. Não foi. Advertida mais de uma vez pelo árbitro, Williams perdeu a cabeça durante a partida. Primeiro, o juiz a advertiu por supostamente ter recebido instruções de seu técnico — foi quando começou o bate-boca. Depois, a tenista quebrou sua raquete e levou a segunda advertência. Por fim, ela chamou o árbitro de “ladrão” e foi advertida pela terceira vez. Ao fim do jogo, Williams chamou o juiz de sexista: “Para mim, dizer que ele é ladrão e ele me tirar um game, me parece que é uma atitude sexista. Ele nunca tirou um game de um homem que o chamou assim.” A tenista acabou multada em US$ 17 mil por violar as regras do torneio.

João Victor Araripe e Thiago Quintella: “O dia que seria especial para a virou um comportamento lamentável daquela com quem havia se inspirado. No fim, Osaka mal conseguiu aproveitar seu momento. O coro de vaias que ecoou no Arthur Ashe Stadium fez a campeã desabar em lágrimas. A jovem nipônica não esboçou um sorriso no discurso de campeã. Ainda tentava se recuperar de tudo aquilo, mas fez questão de dar mais uma aula para aquela que tanto havia se inspirado. Desculpou-se com a torcida porque sabia que a final não havia sido como eles imaginavam. Antes de erguer o troféu, agradeceu à Serena pela oportunidade de enfrentá-la numa decisão. Um agradecimento sincero, de coração. Comportamento honrável que brilhou tanto quanto seu jogo depois de todo triste episódio que ocorreu em Nova York.”

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A informação é de Lauro Jardim, no Globo: A CBF está contratando uma empresa para mudar sua identidade visual, incluindo o escudo da camisa da seleção.

E estudos da USP apontam: O temido vírus da zika pode dar origem a tratamento para tumores de cérebro.

Cotidiano Digital

Jack Ma, o fundador e CEO da Alibaba, deve anunciar hoje sua aposentadoria. Por conta da empresa que fundou em 1999, a maior de internet da China, Ma se tornou o homem mais rico do país. É, localmente, uma celebridade no nível Steve Jobs, livros sobre seu estilo de gerência são best-sellers. Foi favorecido pela política de governo que estimulou intensamente a indústria digital localmente para competir com o Vale do Silício. A Alibaba — que oferece sites de compra, de busca, redes sociais e, recentemente, criou um estúdio de cinema — é uma multinacional que, em número de usuários, rivaliza com as maiores americanas. (New York Times)

A Bloomberg citou alguns dos truísmos de Jack Ma.

Foi em 1995, quando esteve na Califórnia como cobrador de uma dívida que um americano devia a uma firma chinesa, que Jack Ma viu a internet pela primeira vez. Era professor de inglês — voltou para casa entusiasmado. Quebrou sua primeira startup e criou a segunda, a Alibaba, como site de comércio entre empresas. Pulou então para uma espécie de MercadoLivre local. Explodiu. Seu plano, agora, é trabalhar na Fundação Jack Ma, que tem objetivos similares àquela criada por Bill Gates. Vai investir em educação, recuperação do meio ambiente e saúde pública.

Aliás... Elon Musk deu uma longa entrevista, na quinta, ao podcast Joe Rogan Experience. Mais de duas horas. Contou sobre o projeto de um avião elétrico capaz de levantar voo horizontalmente e falou longamente sobre o que chama de ‘vício’ humano em combustíveis fósseis. “Estamos jogando de forma louca com a atmosfera e os oceanos”, afirmou. Estamos pegando quantidades imensas de carbono soterradas lá no fundo e jogando isso na atmosfera. É loucura.” Em vídeo.

Aí, num determinado momento, Rogan lhe ofereceu um baseado. “É legal, certo?”, perguntou o empresário. E, na Califórnia, é. Fumaram maconha juntos, os dois. Pois as ações da Tesla despencaram na sexta-feira, dois diretores da empresa renunciaram aos cargos no mesmo dia, e a Força Aérea americana iniciou uma investigação. A SpaceX, outra empresa de Musk, constrói foguetes para a NASA.

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