Bolsonaro quer fatiar reforma da Previdência

O presidente eleito Jair Bolsonaro pretende apresentar fatiada a reforma da Previdência ao Congresso. O plano é começar com uma proposta de definição da idade mínima para aposentadoria — manterá a diferença entre homens e mulheres mas aumentará em dois anos para ambos.

Míriam Leitão: “Em menos de uma semana o governo eleito deu seguidos sinais de que a reforma da Previdência terá que esperar. O Ministério da Fazenda divulga hoje um relatório de tudo o que fez e falta fazer para o equilíbrio fiscal. Um gráfico salta aos olhos. Ele divide a população por faixas de renda e mostra que 41% dos benefícios previdenciários vão para os 20% mais ricos, e apenas 3% vão para os 20% mais pobres. Qualquer análise mostra que os que se aposentam por idade são os mais pobres e o fazem com 65 anos. Os que passam a receber por tempo de contribuição são os que tiveram carteira assinada e se aposentam com idade média de 54 anos. Fatiar o projeto, como sugeriu ontem Bolsonaro, é o caminho para não fazer reforma alguma porque a tramitação seria lenta demais. O país precisa de uma reforma ampla. Todos esses sinais de ambiguidade estão sendo somados pelos analistas e podem, em determinado momento, virar pessimismo em relação ao Brasil. É no início, quando tem força parlamentar, que uma administração deve fazer suas propostas mais difíceis.” (Globo)

Valdo Cruz: “O mercado financeiro já estava preocupado. Ficou ainda mais depois da fala de Onyx Lorenzoni, dizendo que o governo não irá agir com açodamento no envio da reforma da Previdência. Além da possível demora, a avaliação é que até agora não há consenso dentro da equipe sobre o modelo a ser proposto. Certo mesmo será uma busca de reduzir privilégios do setor público. O novo governo vai manter a proposta de exigir que o servidor que entrou antes de 2003 só tenha direito à aposentadoria integral se esperar completar 65 anos.”

PUBLICIDADE

O Supremo autorizou a abertura de uma investigação a respeito do repasse de dinheiro ilegal da JBS ao deputado Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil. Em maio do ano passado, Onyx admitira ter recebido R$ 100 mil no caixa dois durante a campanha de 2014. O Ministério Público descobriu, porém, que ele recebera outros R$ 100 mil da mesma JBS, em 2012, quando não havia campanha eleitoral.

Sergio Moro: “O que tenho, do ministro Onyx, e isso assisti de perto, foi o grande esforço que ele realizou para aprovar as 10 medidas do Ministério Público, ocasião na qual foi abandonado pela maioria dos seus pares. Ele demonstrou comprometimento pessoal, com custo político significativo, para a causa anticorrupção. Tem minha confiança pessoal.” (Globo)

Alias... Com ressalvas, o TSE aprovou as contas de campanha de Bolsonaro.

Não haverá encontro que envolva Tite, o treinador da Seleção Brasileira, e Bolsonaro. A CBF — com três ex-presidentes envolvidos em fortes denúncias de corrupção — faz de tudo para se aproximar do novo presidente. Tite já se recusara a encontrar Temer antes ou depois da Copa do Mundo. “Continuo com a mesma opinião”, ele disse. “Minha atividade não se mistura e não me sinto confortável em fazer a mistura.” (Folha)

No final de novembro, um muro de Maracanaú, Ceará, amanheceu com o grafite de Bad Boy Preto: Jair Bolsonaro e Donald Trump beijavam-se na boca. Referência ao beijo grafitado entre o líder comunista alemão Erich Honecker e o soviético, Leonid Brezhnev, que por anos ornou o Muro de Berlim. A versão brasileira não durou muito. Foi pintada por cima, ontem.

Num voo, ontem, entre Congonhas e Brasília, um advogado interpelou o ministro Ricardo Lewandowski. “O Supremo é uma vergonha, viu?” O ministro respondeu de bate-pronto: “Você quer ser preso?” Pediu então a um comissário de bordo que chamasse a Polícia Federal. “Não posso me expressar?”, falou surpreso o advogado. “Chamem a polícia, então.” Crstiano Caiado de Acioli foi detido de manhã e liberado por volta das 18h, após prestar longo depoimento. O episódio foi gravado em vídeo.

Pois é... Um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes adiou decisão sobre se Moro pode ser considerado parcial, como afirma a defesa do ex-presidente Lula.

O MBL Estudantil está nas ruas. Seu objetivo é alcançar um público que começa no 5º ano do Fundamental 2 até universitários. Ou seja: a partir dos 10 e 11 anos. O objetivo é formar uma nova geração de jovens conservadores que defendem, nas palavras de Pedro D’Eyrot, “a liberdade econômica e os valores culturais do ocidente como a democracia, a filosofia grega e a moral judaico-cristã”. Para isso, o movimento vai oferecer online vídeos e cartilhas que possam preparar a garotada para discutir com professores em sala de aula e se engajar no movimento estudantil. O MBL também planeja se tornar um partido político.

E Trump tuitou: “Eu sou um homem inclinado a tarifas.” O mercado, desconfiado com a trégua anunciada entre EUA e China na reunião do G20, despencou. Mas não foi só o tweet. Há temor de que os EUA estejam às portas de uma nova recessão. Um dos principais indicadores disto é o movimento dos juros, que estão se aproximando de uma inversão. Ou seja: juros de longo prazo ficam mais baratos do que os de curto prazo. Desde 1955, todas as nove recessões americanas foram precedidas por uma inversão como essa, e houve apenas um caso de falso positivo, em meados da década de 1960. A verdade é que guerras comerciais não são simples de serem vencidas e a atual começa a afetar tanto os EUA como a China. (New York Times)

Enquanto isso, aqui no Brasil, depois de bater recorde e passar de 90 mil pontos na segunda-feira, a Bovespa fechou em queda de 1,3% e o dólar em alta, cotado a R$ 3,859.

Cotidiano Digital

Todo ano, na segunda semana de janeiro, acontece em Las Vegas a CES. É o momento no qual todas as empresas de tecnologia se reúnem para apresentar seus planos. O Meio estará lá. Naquela semana, os assinantes premium receberão, diariamente, análises de tendências para o mundo digital em 2019. Não notícias de lançamentos ou detalhes sobre gadgets — estes estarão por toda parte. Análise, estratégia, e uma noção do que a tecnologia está para mudar no mundo. Aproveite: assine o Meio. Custa uma cerveja por mês.

Noam Cohen, da Wired: “O maior problema do Facebook é interno: a mitologia de ser uma companhia que faz o bem ao conectar o mundo não só tranquilizou o público por uma década como consolidou extrema lealdade entre funcionários. Mas como sobrevive uma empresa quando seus mitos mais profundos se estilhaçam? Funcionários expressam descontentamento nos sistemas internos de mensagens. Foi necessária uma reunião interna para controlar a raiva e críticas ao comando da empresa. Por anos, a ‘missão ética’ do Facebook motivou seus trabalhadores. Mas tire a fé no bem da empresa e o que sobra é uma entidade monolítica obcecada em acompanhar os passos de seus usuários e motivada de forma maníaca por crescimento. Agora, Mark Zuckerberg mudou seu tom. Promete encontrar quem vazar informação para a imprensa. Ao invés de falar do bem de um mundo conectado, o Facebook cava trincheiras.”

Aliás... Um ex-funcionário publicou em sua conta, na rede, que o Facebook tinha problemas com negros. O post foi removido por algumas horas. “Só prova o que disse”, ele tuitou.

O Tumblr, popular site de blogs voltados para imagens, decidiu banir todo o conteúdo que envolve sexo ou mesmo apenas nudez. Era um dos últimos ambientes digitais de grande porte a permitir ampla liberdade de expressão. A proibição terá efeito a partir do dia 17.

Há uma fila de startups do setor financeiro com pedidos de autorização para operar no Brasil, informou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Por conta de um decreto presidencial assinado este ano, estrangeiros podem ser donos de até 100% das fintechs.

Mais de dois anos após um estrondoso lançamento, o game Pokemon Go vai finalmente permitir batalhas entre jogadores. A Niantic, desenvolvedora do jogo, anunciou ontem a funcionalidade. Não marcou data exata do lançamento, mas é em breve. Veja em vídeo como funcionará.

Cultura

A Suprema Corte Italiana decidiu que uma estátua em bronze exibida no J. Paul Getty Museum de Los Angeles deve ser devolvida a seu país de origem. Chamada Jovem Vitorioso, foi descoberta no fundo do Mar Adriático, em 1964, por um grupo de pescadores. Estava num navio mercante romano que afundou — sua origem é grega, durante muito tempo se acreditou obra do escultor Lysippus, de 4 a.C. Datações recentes, porém, localizam o bronze entre 3 e 2 a.C. Escondida pelos pescadores, foi vendida e passou clandestina de mão em mão até a curadoria do Getty a adquirir na Alemanha, por US$ 3,95 milhões, em 1977. O processo foi muito longo e será incluído na formação de jurisprudência para devolução de obras e peças, em museus, a seus países de origem. Afinal, foi uma corte europeia que o decidiu e muitos museus europeus têm, eles próprios, peças estrangeiras. No caso do bronze greco-romano, uma nova batalha judicial deve se iniciar, nos EUA. (New York Times)

PUBLICIDADE

O Ministério da Cultura autorizou que autores, diretores e atores cobrem direitos autorais pela exibição de filmes, séries, novelas ou produtos similares. É como já ocorre com a música. Três entidades, uma para cada categoria, foi autorizada a cobrar taxa e redistribuí-la. Cinemas, TVs e empresas de vídeo por streaming estão reagindo. Tentarão protelar a decisão primeiro com recursos administrativos junto ao próprio ministério, depois na Justiça. O objetivo é simples: aguardar o novo governo, na esperança de que a decisão seja revertida. (Folha)

Viver

Muito já se discutiu sobre vantagens e ameaças à privacidade trazidas pela expansão de câmeras de vigilância em nossas cidades. Mas além dos usos no combate à violência, às vezes elas servem de ajuda em casos inusitados. Na última sexta-feira, um turista se ajoelhou perante a namorada na Times Square, em Nova York, e esboçou o gesto de deslizar em seu dedo um anel. Delicado pedido de casamento. Escorregou, porém, talvez pelo nervoso da hora, e rolou pelo asfalto caindo bueiro abaixo. O casal tentou resgatar a aliança, pediu ajuda a um policial ali perto. Ele tentou, não deu. É só que a polícia novaiorquina não desistiu das buscas. No sábado, o anel foi recuperado — mas ninguém sabia como encontrar aquele casal anônimo. Foram às redes, os policiais, publicando imagens das câmeras de segurança nas redondezas que flagraram o instante do acidente. No domingo, foram identificados. Eram ingleses, já estavam de volta a seu país, e vão receber de volta o anel perdido.

A Justiça da Holanda negou a Emile Ratelband, um empresário de 69 anos, que mude seu registro civil para 49 anos. Ratelband argumenta que sente ter uma vitalidade que não é correspondida pela idade física. Para ele, é uma situação similar à dos transexuais que têm o direito de mudar o gênero no registro civil quando sentem que o outro não os representa. Ele vai recorrer.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.