Denunciado por mais de 300 mulheres, João de Deus se entrega

A jornalista Mônica Bergamo estava com João Teixeira de Faria, o João de Deus, quando ele se entregou à polícia em uma encruzilhada de estrada de terra, às margens da BR-060, não longe da cidade goiana de Abadiânia. O pedido de prisão temporária foi aceito na Justiça na sexta-feira e, como ele ainda se encontrava em local desconhecido no sábado, a partir das 14h passou a ser considerado foragido. Mais de vinte locais foram vistoriados em sua busca. Segundo a Promotoria de Goiás, já houve o contato de 335 de pessoas que dizem ter sido abusadas sexualmente por João enquanto se consultavam com ele no papel de médium. MPs de outros estados colheram os depoimentos de mais 30 pessoas. As vítimas relatam sempre um mesmo padrão: alguém lhes passava o recado de que era para procura-lo em seu escritório ao fim das sessões. (Folha)

João estava trêmulo e pediu um remédio sublingual antes da prisão. Ele, que é cardíaco, não conseguiu dar a entrevista que planejava. (Folha)

Vídeo: A tentativa de entrevista feita e o momento da prisão.

O pedido de prisão foi acelerado quando o Ministério Público descobriu que R$ 35 milhões foram retirados de contas bancárias em nome de João. Na última quarta, ainda esteve na casa Dom Inácio de Loyola, onde atendia fiéis que acreditavam em seus poderes de cura. Segundo seus advogados, não houve saque, apenas movimentação entre investimentos. (Globo)

Em entrevista ao Fantástico, dois dos netos de João de Deus relatam ter sido ameaçados com tiros por capangas do avô para que tirassem um processo que moviam contra ele. Uma advogada, sem distorção de rosto ou voz, relatou como foi abusada na frente do pai, quando tinha 16 anos.

Política

O deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro foi ao Globo defender o debate para implantação da pena de morte no Brasil. Baseado numa visita que fez à Indonésia, concluiu que a medida funciona para diminuição do que considera crimes graves. “Você anda por lá e não vê a pessoa nem fumando maconha, que é tida como uma droga mais leve”, afirmou. Para ele, a pena poderia ser voltada para assassinos, traficantes e também políticos que desviam dinheiro da Saúde. Trata-se de uma cláusula pétrea da Constituição e nem a solução por ele apontada — um plebiscito — poderia mudá-la.

Pois é.... “A pena de morte não está no nosso plano, não está em nosso programa”, afirmou seu pai, o presidente eleito Jair Bolsonaro. “Não foi debatida durante a campanha e, enquanto eu for presidente, de minha parte, não teremos essa agenda.” A bateção de cabeça não para. (Globo)

Então... O acordo para concessão de aumento dos magistrados era a extinção do auxílio moradia. O CNJ vota, amanhã, sua recriação. Haverá critérios rígidos, como a previsão de que para recebê-lo juízes devem ser transferidos para cidades onde não existam imóveis funcionais. Será cobrado, também, um recibo de aluguel. (Globo)

A atuação da China é irrelevante no negócio de compra e venda de terras produtivas, no Brasil. Ao todo, 3,617 milhões de hectares estão nas mãos de estrangeiros, de acordo com levantamento do Estadão. É o equivalente ao tamanho do estado do Rio — para padrões nacionais, considerado pouco. São japoneses os principais compradores, seguidos de quem vem de Portugal, Espanha, Alemanha, Holanda, EUA, Argentina e Líbano. Nesta área, praticamente não entra dinheiro novo desde 2010. Uma das expectativas do agronegócio é de que a compra e venda de terras possa ser flexibilizada para que venha dinheiro de investidores internacionais.

O ano de 2019 será de crise para o jornalismo — esta é a conclusão da série de artigos O Jornalismo no Brasil em 2019, editados pelo Farol Jornalismo e pela Abraji. Durante este 2018, a desintermediação foi forte, e os leitores passaram a se informar diretamente pelos emissores de informação: os próprios políticos e aqueles ao seu redor. “Beneficiada por um cenário de polarização, intolerância e agressividade”, escreve Moreno Osório, seu editor, “a lógica da conexão ponta a ponta construiu uma realidade que muitas vezes esteve alheia aos fatos.” O problema não é de fácil solução. A principal missão do jornalismo terá de ser expor as entranhas das redes sociais, mas além disso precisará redescobrir sua relação com o público usando estas mesmas redes, e com mais transparência.

Em memória ao AI-5, que completou 50 anos na semana passada, a revista Piauí trouxe de volta à tona o artigo no qual o economista Persio Arida, que presidiu o BNDES no governo FHC, relembra seu encontro com a tortura nas prisões da ditadura.

Pérsio Arida: “Depois de três semanas, fizeram-me sair da cela. Abatido pela asma prolongada, tive dificuldade de andar até o portão do quartel. Na saída, surpresa das surpresas, meu pai e minha mãe. Explicaram-me que ainda estava preso. Informados de que eu não voltara antes para São Paulo por falta de condução, haviam conseguido vir me buscar para acelerar minha libertação. Tratava-se apenas de levar-me da prisão do Rio de volta para a prisão de São Paulo. Meu pai pediu autorização para ir a um hotel para que eu pudesse tomar um banho. Um alívio para que o menino doente pudesse sentir-se melhor, um ato de humanidade e comiseração. Após alguma hesitação e muitas ameaças, os militares concordaram. Armas apontadas, preparados para o inesperado, acompanhariam de perto cada detalhe. Não permitiram que eu tirasse a roupa sozinho. Minha fraqueza era tanta que fiquei com receio de cair se tivesse que ficar de pé no chuveiro. A solução foi um banho de banheira. Ficamos imersos em um silêncio sepulcral, entrecortado apenas pelo barulho da água enchendo a banheira. Qualquer intimidade familiar estaria comprometida pelos olhares hostis, tão invasivos quanto a luz da cela de prisão. Aquele banho era um Ganges, me purificava. Acabei relaxando, esquecido de tudo. Fiquei ali quieto, sentindo a água na pele. Todo preso se sente bem ao tomar banho. Só alguém que já passou por crises asmáticas prolongadas sabe o que é não ter forças para passar a toalha nas costas. Meu pai, asmático também de nascença, entendia. Sem dizer nada, pôs-se a me enxugar tão logo saí da banheira. Depois, ajudou-me a enfiar a calça e abotoar a camisa. Enfiou meias nos meus pés e amarrou os sapatos. Fez tudo sem dizer uma palavra. Minha mãe virou o rosto para que eu não visse seu choro.”

E… Pedro Bial entrevistou Zuenir Ventura, Cesar Benjamin e Delfim Neto. Zuenir escreveu o livro essencial sobre 1968. Delfim foi um dos signatários do AI-5. Cesar foi o mais jovem preso pelo regime militar, passou vários anos na prisão e, emocionado, conta do dia em que soube que lhe seria permitido viver.

Míriam Leitão: “Nos últimos dias, ficou mais difícil a estratégia que tem sido usada pelo presidente eleito e seus apoiadores de negar o passado recente da história brasileira. As frequentes declarações de que não houve ditadura seguem um padrão conhecido. A negação sempre foi arma política e usada por qualquer campo, e muito útil para esconder os crimes de períodos autoritários. Para a direita brasileira seria mais inteligente governar defendendo valores democráticos e implantando políticas públicas nas quais acredita. Mas a direita que chega ao poder prefere defender o indefensável daquele regime e, assim, se misturar ao pior dele. O difícil é entender com que objetivo é usada agora e que vantagem traz para o governo Bolsonaro.” (Globo)

Cultura

Anda badaladíssima, na Netflix, a série The Kominsky Method (íntegra). Nela, Michael Douglas faz um ator celebrado que, já sendo velho, vive de ensinar seu método de interpretação. O melhor amigo é interpretado por Alan Arkin, que faz seu agente. “O personagem de Douglas não é um fracassado”, conta em sua crítica Patrícia Kogut. “Foi bem na profissão, seu curso é povoado por pupilos que o veneram. A melancolia que pauta a narrativa não advém de situações extremas ou surpreendentes. Ela é gerada por acontecimentos previsíveis na vida do cidadão comum: a perda de uma amiga querida com câncer ou a ida ao urologista para examinar a próstata. Sandy atravessa as vicissitudes naturais do envelhecimento e esse é o tema central da trama.” A série é cheia de participações especiais, entre elas Jay Leno, Ann-Margret e Elliot Gould. (Globo)

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Hélio Schwartsman: “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Sinto-me em parte responsável pelo que muitos já chamam de morte das livrarias. É que há dez anos leio quase que exclusivamente no Kindle. Nesse período, deixei de adquirir 548 itens de livreiros tradicionais. Compreendo perfeitamente a resistência dos fãs do papel. Adoro o cheiro de uma edição da Bibliothèque de la Pléiade e, num lance tipo Jack, o Estripador, sinto falta de talhar as páginas dos exemplares não cortados. Curvei-me, porém, às imposições do pragmatismo. O diabólico aparelhinho da Amazon serve melhor aos meus propósitos. Os livros eletrônicos chegam instantaneamente às minhas mãos (contra semanas numa importação física) e custam menos. Igualmente importante, o Kindle me permite fazer buscas no conjunto de obras da minha biblioteca e acessar anotações feitas durante a leitura.” (Folha)

Catriona Gray, Miss Filipinas 2018, foi eleita Miss Universo. Um gaiato, sentado ao lado dos pais da moça, filmou sua reação no momento do anúncio. Sua rede de uso frequente, como sói acontecer, é o Instagram.

Cotidiano Digital

Fotos fechadas de 6,8 milhões de usuários foram expostas a um grupo de apps, no Facebook. Segundo os engenheiros da rede social, 1.500 apps distintos, desenvolvidos por 876 desenvolvedores, tiveram acesso às imagens de usuários entre os dias 12 e 25 de setembro últimos. A culpa é de um bug, erro no código de software que faz a rede funcionar. Segundo a empresa, os desenvolvedores que podem ter armazenado as fotos em seus servidores estão sendo contatados com pedidos de que apaguem o material. Os usuários afetados serão informados quando entrarem na rede.

Todos os anos, a revista Time faz inúmeras listas e, uma delas, é voltada para os dez melhores videogames. Pela primeira vez, entrou um título brasileiro. Chama-se Dandara (trailer), é obra do estúdio mineiro Long Hat House, e criação de João Brant e Lucas Mattos. Inspirada por Dandara, uma moça que viveu no quilombo dos Palmares, a personagem título corre um longo caminho com jeitão de game-retrô, uma fase após a outra, derrotando vilões com poderes mágicos.

Ideia de Natal? Este brinquedo usa um leitor de eletroencefalografia — que literalmente lê a atividade elétrica do cérebro — para mover objetos num holograma. Se chama Force Trainer 2 e sai por apenas algumas dezenas de dólares. O game começa no nível Padawan e termina em Mestre Jedi. Que a Força esteja com os jovens usuários. Veja.

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