Bolsonaro bate em Temer tentando driblar Queiroz

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lonrenzoni, comunicou ontem que o novo governo está revendo o que identificou como “uma movimentação incomum de exonerações e nomeações e recursos” realizada nos últimos 15 dias do governo de Michel Temer. “O alto volume da movimentação financeira causou estranheza”, afirmou. Este foi um dos temas tratados pelo presidente Jair Bolsonaro em sua primeira entrevista, levada ao ar ontem, pelo SBT. Quando o repórter Thiago Nolasco lhe perguntou se haveria margem para corrupção, Bolsonaro bateu de frente: “Tá na cara que tem muita coisa errada”, disse. “Quem faria uma consultoria custando R$ 3 milhões que qualquer um de nós, entrando na internet, poderia fazer algo parecido.” O contrato específico foi do Ministério do Turismo.

Assista à integra: Partes Um, Dois e Três.

Porém... Bolsonaro decidiu manter a nomeação mais pujante. Foi o próprio Onyx quem ligou para o ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, tranquilizando-o. Seu salário de conselheiro da Itaipu Binacional está garantido. (Valor)

Aliás... O presidente se queixou da quebra do sigilo bancário de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, que teve movimentação fora dos padrões. “Quebraram o sigilo sem autorização judicial”, disse. “Foi para me atingir”, avaliou.

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Há dois outros destaques da entrevista. O presidente acenou com a possibilidade de terminar com a Justiça do Trabalho. “Está sendo estudado”, ele disse, “e, havendo clima, nós queremos.” Acenou, também, com novas idades para aposentadoria. Mínima de 62 anos para os homens e 57, para mulheres, a partir de 2022. “O que mais pesa no orçamento é a questão da Previdência pública, essa vai ter uma maior atenção”, continuou, se referindo ao funcionalismo.

O acordo entre o PSL e Rodrigo Maia (DEM-RJ) para que este se reeleja presidente da Câmara irritou muita gente. O ministro Onyx Lorenzoni ficou furioso por não ser consultado, mas recuou, dado o apoio do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, a Maia. Já parte do chamado Centrão, também alijada da negociação, tenta montar uma candidatura alternativa com a esquerda para levar a disputa ao segundo turno. (Folha)

Um grupo de madeireiros invadiu, ontem, a reserva dos índios Arara, nos municípios de Uruará e Medicilândia, no Pará, próxima a Belo Monte. É o primeiro teste para a política indígena do governo. Se atuará ou não para defender as reservas já instituídas. (Estadão)

The Economist: “Mr. Bolsonaro é diferente: socialmente conservador, fã da ditadura militar, dado ao confronto quando seus antecessores conciliavam. E, no entanto, os brasileiros o recebem com a esperança que receberam Lula. Três quartos dizem gostar do que viram desde sua vitória. Em muitas áreas, esta confiança parece sem nexo. Faz pouco de mulheres, elogia torturadores e incentiva violência policial. Seus ministros das Relações Exteriores, Educação, Meio Ambiente e Direitos Humanos parece que farão mais mal do que bem. Noutras áreas ele abraça ideias sensatas. Se fizer o que diz que fará na economia, pode terminar melhorando o Brasil. Um ciclo internacional para cima deverá ajuda-lo. A outra oportunidade é a de consolidar os ganhos no combate à corrupção. O novo ministro da Justiça precisará provar que consegue fazê-lo. Se Mr. Bolsonaro resolver a economia e limpar o país, pode enfim deslanchar o potencial há tanto preso que o Brasil tem. Nada daria à Economist mais prazer de ver. Mas, para isto, terá de encerrar sua carreira de provocateur e se tornar um estadista.”

Por outro lado... Em sua ‘retrospectiva’ da economia em 2019, José Paulo Kupfer prevê que os avanços na diminuição da burocracia e a desoneração da folha não serão suficientes para compensar atritos criados no comércio exterior e baixos investimentos de fora. Aposta em mais um ano de crescimento baixo.

Mal assumiram a maioria na Câmara dos EUA, os Democratas reconduziram Nancy Pelosi à presidência da Casa e aprovaram um pacote orçamentário para destravar o governo, paralisado porque o presidente Donald Trump exige fundos para construir seu prometido muro na fronteira com o México. A obra não está prevista no Orçamento, que deve ser vetado por Trump caso passe pelo Senado, onde os Republicanos mantiveram a maioria. (New York Times)

Em fotos, o contraste entre a amplamente diversa bancada Democrata e o batalhão de homens brancos dos Republicanos.

Novo símbolo nacional, agora em Libras

Tony de Marco

 
Arminha

Viver

Depois de afirmar em seu discurso de posse que “menina será princesa e menino, príncipe”, repercutiu com estardalhaço nas redes sociais o vídeo em que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirma que o Brasil está em uma “nova era” em que “menino veste azul e menina veste rosa”. À noite, em entrevista a Globo News, disse que foi uma metáfora. “É que nós vamos estar respeitando a identidade biológica das crianças.”

Pois é... Não demorou muito para que surgissem memes críticos à afirmação. Alguns, inclusive, com fotos da ministra usando roupas azuis.

Globo conta a história de como o rosa se tornou ‘cor de menina’ e o azul, ‘de menino’. Até o início do século passado, era o contrário: o rosa era a cor masculina por sua semelhança ao vermelho e ao sangue, passando a ideia de ‘força’, enquanto o azul, por sua vez, tinha como mensagem a ‘delicadeza’.

Rita Lisauskas: “O resultado de séculos tratando as meninas como princesas-recatadas-do-lar e os meninos como homens-machos-provedores é catastrófico. Elas crescem com o peso de serem as responsáveis pelo lar e pelos filhos e, por isso, na idade adulta acabavam exercendo esse papel, nem sempre por vontade própria. Já os meninos, os príncipes, que passam a vida sem lavar um copo no mundo da imaginação e também na vida real viram aqueles maridos médios que a gente conhece. Claro que cada um cria o filho do jeito que quiser, então se você acha que sua filha tem que ser ‘princesa’ e seu filho ‘príncipe’ vá em frente. Mas tenha em mente como tal estereótipo é limitante, injusto e castrador. Pode ser ainda pior se o seu filho não se encaixar em nenhuma dessas ideias preconcebidas por ter uma outra percepção de gênero de si mesmo ou uma orientação sexual diferente das tais princesas e os príncipes das histórias infantis.” (Estadão)

 

O pouso da espaçonave chinesa no lado oculto da Lua é uma vitória para a ciência. Mas, vale lembrar, também é mais que isso. É uma vitória geopolítica para uma nação que nem havia lançado seu primeiro satélite quando Bill Anders orbitou a Lua há 50 anos. A história da exploração espacial, do tipo realizada pelos governos nacionais, começou como uma busca por realizações e poder. Entre as décadas de 1950 e 1960, os americanos e os russos lançaram foguetes atrás de foguetes no céu por patriotismo — qualquer ciência que saiu disso foi um bônus adicional. A China bem que tentou se inserir na corrida espacial, mas o país não tinha a tecnologia necessária e foi prejudicado pela turbulência política que se avizinhou nas décadas seguintes. Mas nos últimos anos tudo mudou. Em 2018, a China lançou mais foguetes em órbita do que qualquer outro país. Agora, tem planos mais ousados: pretende pousar um jipe em Marte no início de 2021— e, se for bem sucedida, se tornaria o segundo país depois dos EUA a realizar o feito— e levar astronautas para pisar na Lua até 2030. Quer tornar-se também um gigante do espaço.

Aliás... Veja as primeiras imagens de perto do lado oculto da Lua.

Cultura

Nos cinemas, a semana é de animações. Em WiFi Ralph - Quebrando a Internet (trailer), Ralph, o vilão dos videogames, e Vanellope, sua companheira atrapalhada, viajam para o universo da world wide web em busca de uma peça que pode salvar um jogo. Já em Dragon Ball Super Broly (trailer), os fãs se reencontram com Goku, que precisa enfrentar um poderoso super saiyajin sedento por vingança. Para quem gosta de suspense, O Manicômio (trailer) conta a história de um grupo de youtubers que entra em um hospital psiquiátrico supostamente abandonado para um desafio de 24 horas, com a esperança de viralizar o vídeo e conseguirem mais seguidores — e descobrem que não são bem-vindos ali. Veja as outras estreias da semana.

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ALERTA DE SPOILER: Sucesso na Netflix, o longa Bird Box tem, entre outros charmes, o detalhe de nunca mostrar a entidade que assume a forma do pior pesadelo de cada pessoa e a leva à morte. Quem não gostou muito dessa solução foi Howard Berger, dono da KNB EFX Group, empresa responsável por criar e confeccionar o visual do monstro, descartado na versão final do filme. Para mostrar sua insatisfação, ele divulgou o Twitter a imagem. Mas fica a pergunta: essa é a verdadeira aparência da criatura ou só como é vista pela protagonista, vivida por Sandra Bullock?

O filme, aliás, tornou-se uma infindável fonte para memes. Filmar-se fazendo coisas vendado tornou-se o ‘desafio Bird Box’. A Netflix se pronunciou sobre o perigo da brincadeira: “Boy e Girl têm apenas um desejo para 2019 e é que você não acabe no hospital por causa de memes.”

Cotidiano Digital

Uma trupe boa pôs de pé um script para contar as menções a livros sugeridos no site Hacker News, frequentado não só por hackers, mas sempre por gente ligada a tecnologia na veia. Fez, assim, um ranking — e mostra que a turma é um bocado ecumênica. De longe, o título mais recomendado é Bad Blood (Amazon), a história da Theranos, uma startup que enterrou bilhões em investimento ao prometer uma tecnologia para exame de sangue que jamais funcionou. Foi lançado no Brasil. Em segundo na lista, está Why We Sleep (Amazon), o profundo estudo de um cientista sobre como o sono pode mudar uma vida. Daí que o terceiro é Magi (Amazon), um volume casi-exotérico que especula a respeito de uma irmandade antiga que lê nas estrelas o futuro e da qual os Reis Magos que visitaram Jesus fariam parte. Veja o resto da lista.

Scarlett Johansson fala sobre deepfakes, os vídeos falsos perfeitos construídos com inteligência artificial. “Não me afetam tanto porque as pessoas sabem que não sou eu no pornô, por mais que me denigra. É um combate inútil, a internet é um grande buraco escuro que se devora a si mesmo. Cabe a cada indivíduo lutar pelo direito à sua imagem. Cada país tem suas próprias leis, então você consegue derrubar sites nos EUA, mas as mesmas regras não valerão na Alemanha, por exemplo. Mesmo quando suas imagens têm copyright, as leis mudam em cada país. Já segui este caminho muitas, muitas vezes. A verdade é que tentar se defender da depravação da internet é uma causa perdida. Pessoas vulneráveis, como mulheres, crianças e idosos precisam tomar mais cuidado com suas imagens e conteúdo pessoal. A internet é só mais um lugar no qual sexo vende e pessoas vulneráveis são as mais expostas. É só uma questão de tempo. As pessoas acham que estão protegidas por suas senhas e que só pessoas públicas sofrem com hackers. Mas a verdade é que só depende de se alguém tem interesse em transformar você em alvo.” (Washington Post)

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