Militares se organizam para resistir à reforma da Previdência

“Você aceitaria a retirada de algum direito?” Quem pergunta é o novo comandante do Exército, Edson Pujol. São sete os ministros militares dentro do novo governo. A equipe econômica liderada por Paulo Guedes gostaria de estender o tempo mínimo de serviço para os militares de 30 para 35 anos e de recolher uma contribuição de 11% sobre as pensões de suas viúvas. Há resistência, e não é pequena. Quem a comanda é o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que terá um encontro com o grupo de Guedes. Seu argumento é de que o dinheiro fará pouca diferença. O discurso é de que militares não se aposentam, entram na reserva e de que, por isso, não têm previdência e, sim, proteção social. (Folha)

“Sem eles, perde muito”, afirmou Guedes em entrevista ao Poder360. “É aquele negócio: liderar pelo exemplo. Os ‘cabeças brancas’, mais ilustrados, todos sabem que algo deveria ser feito.” O ministro conta com pelo menos um apoio declarado — o general Santos Cruz, da secretaria de Governo. “Seria interessante, quando mexer em tudo, mexer junto neles. Para evitar que digam que o presidente pensou como um líder corporativo.”

Quando o presidente Jair Bolsonaro viajar para Davos, terá no colo este problema para resolver: se inclui ou não os militares na proposta de reforma da Previdência que será encaminhada ao Congresso, em fevereiro. “A ida, a volta e parte da viagem serão usadas para discutir os cenários”, conta Vera Magalhães.

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Estão no Brasil o ex-prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, o ex-presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Julio Borges, e Carlos Vecchio, do partido Vontade Popular. O presidente exilado do Tribunal Supremo de Justiça, Miguel Ángel Martín, chega hoje. Os quatro pretendem discutir com o chanceler Ernesto Araújo uma política para lidar com o governo Maduro. Ontem, durante a conversa de Bolsonaro com seu par argentino, Mauricio Macri, o assunto foi dominante. Brasil e Argentina estudam uma política conjunta, que pode incluir o reconhecimento oficial de um ‘presidente encarregado’. Caso este seja o caminho, o indicado deve ser Juan Guaidó, que comanda atualmente a Assembleia. O regime bolivariano retirou os poderes do Parlamento, em 2015. (Globo)

Depois dos Estados Unidos... Países da União Europeia aprovaram ontem a imposição de novas barreiras contra o aço brasileiro e de outros exportadores. Pela proposta, um total de 26 produtos siderúrgicos seriam taxados — no caso do Brasil, sete produtos dos 26 possíveis serão alvos de barreira, entre eles chapas, lâminas e certos tubos. O país exporta cerca de 15 milhões de toneladas de aço por ano (US$ 8 bilhões), dos quais 18% vão para a UE. A proposta deve entrar em vigor no início de fevereiro. O Planalto, além de tratar do assunto diretamente com o bloco, pretende recorrer aos mecanismos multilaterais, como a OMC. (Estadão)

A terra dos Awá Guajá, indígenas de contato recente e parcial que vivem na Amazônia maranhense, foi invadida. Árvores já foram derrubadas, fazendas começam a ser instaladas e há gado pastando. A maioria do povo não fala português, apenas guajá — muitos sequer têm contato fora de seu mundo. Míriam Leitão entrevistou Antonio Wilson Guajajara, cacique de uma aldeia próxima, que deu alerta. A conversa — e a angústia — estão registrados em áudio. Trata-se do último naco ainda existente da floresta no estado. (Globo)

O repórter fotográfico Daniel Arroyo, da Ponte Jornalismo, foi atingido de perto por bala de borracha disparada por um policial militar, em São Paulo. Ele cobria protestos contra o aumento da tarifa de ônibus. Pediu ajuda aos PMs — “não posso fazer nada”, ouviu.

E por falar nisso... Acabou a mamata?

Cultura

Popeye está de volta. Na versão século 21, o velho marujo é jovem, planta espinafre orgânico em casa e, ao invés de cachimbo, tem um apito à boca. E a série não passa na televisão. Encontrou sua nova casa no YouTube.

Diga-se... Popeye faz 80 anos hoje. Ele apareceu pela primeira vez numa das tirinhas de Elzie Crisler Segar em 17 de janeiro de 1929. Era um personagem secundário em meio às aventuras de Olive Oyl — nossa Olívia Palito — e seu namorado, Harold Hamgravy. O personagem fez tanto sucesso que outros jornais passaram a publicar a tira e Popeye iniciou seu lento caminho em direção ao estrelato.

A Biblioteca Nacional disponibilizou para consulta gratuita o acervo completo da Manchete, revista ilustrada publicada semanalmente no país entre 1952 e 2007. Os arquivos estão no site da Hemeroteca Digital. (Nexo)

O Carnaval vem aí. Mas qual o papel das mulheres na avenida? No Rio, metade das escolas de samba que fazem parte do Grupo Especial em 2019 contam com intérpretes femininas. Em duas, elas são intérpretes principais. Em São Paulo, uma mulher não ocupa o posto de intérprete titular de uma escola de samba desde 2003. Na bateria, tradicionalmente, elas ocupam o posto de ‘rainha’ ou ‘princesa’, mas tem se tornado cada vez mais comum vê-las tocando instrumentos nos desfiles. Encontrá-las comandando os ritmistas, porém, ainda é raro. Também não são muitas as que atuam como dirigentes das agremiações ou chefiam a produção dos desfiles. (Nexo)

Um rapper chegou ao topo da Billboard com menos de mil discos vendidos. Foram 823. Mais 83 milhões de execuções em streaming. Hoodie SZN (Spotify), do rapper novaiorquino A Boogie Wit Da Hoodie, é o exemplo mais recente e extremo da disparidade entre o crescimento do streaming e a queda na venda de discos. (Globo)

Viver

Imagine cinco bombas atômicas do tamanho da de Hiroshima que explodem a cada segundo. Essa é a taxa atual de aquecimento dos nossos oceanos. Nas águas, os últimos cinco anos foram os cinco mais quentes já registrados. Os problemas desse aquecimento são muitos: o aumento do nível do mar, as poderosas tempestades que podem vir a se formar, e as dificuldades para a vida marinha, de recifes de corais à peixes e outros animais.

Pois é. Uma nova pesquisa publicada esta semana mostrou que o derretimento da Antártida está se dando hoje a uma velocidade seis vezes superior à registrada há 40 anos. Entre 1979 e 2017, isso já elevou o nível do mar em 1,4 centímetro.

Se você quer convencer um cético do clima, parece que agora é um bom momento. Uma recente pesquisa mostrou que 78% dos americanos acreditam que a mudança climática é real e que leva ao aumento do nível do mar e a condições meteorológicas extremas. Esse número era de 70% há três anos. Tem mais: a maioria dos republicanos (64%) agora acredita nisso — um salto de 15 pontos percentuais em relação a 2015. Pesquisadores da Yale e de George Mason também descobriram que 8% dos americanos disseram que mudaram recentemente de opinião sobre o assunto.

Aliás... Segundo o Fórum Econômico Mundial, riscos associados à mudança do clima e meio ambiente continuam liderando o ranking de preocupações para a economia global.

Miriam Leitão: “Em uma semana o presidente Jair Bolsonaro fará sua estreia em Davos. Os outros dois integrantes do governo que falarão lá são conhecidos do mercado e dos presentes nesse encontro anual, o ministro Paulo Guedes e o ministro Sergio Moro. O foco será melhorar a imagem do governo que, admite-se internamente, não é boa no exterior. Eles, contudo, enfrentarão outros problemas. A elite do capitalismo mundial há muito tempo mudou-se de armas e bagagens para um conceito mais atual de sustentabilidade. Querem ouvir Paulo Guedes contar como tornará as contas públicas sustentáveis. Querem também saber o que o governo pretende fazer para proteger florestas e seus povos originais. Não por querer interferir nos destinos internos do país, mas porque o combate aos gases de efeito estufa, a luta contra as mudanças climáticas, exige que cada um faça a sua parte. E o Brasil mesmo escolheu a sua parte: atingir o desmatamento zero em 2030. O ministro do Meio Ambiente disse que o país continuará no Acordo de Paris. Mas o governo tem criticado essas metas.” (Globo)

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Um terço dos empregados da Organização das Nações Unidas reportou à Deloitte ter sofrido pelo menos um caso de assédio sexual no serviço nos últimos dois anos. O número sobe para 38,7% quando a pergunta engloba todo o período de trabalho nas Nações Unidas. O tipo mais comum de assédio relatados foram histórias e piadas sexuais ofensivas, comentários negativos sobre a aparência, corpo e atividades sexuais dos funcionários. Dois em cada três abusadores eram homens. Um entre quatro eram supervisores ou gerentes. E quase um em cada 10 estavam em posições de maiores responsabilidades na organização. (Estadão)

E a nova campanha da Gilette que aborda a masculinidade tóxica sofreu críticas e até ameaças de boicote à marca. Com mais de 83 mil visualizações e 8,5 mil curtidas no Youtube, o filme publicitário (YouTube) traz clipes de reportagens sobre o movimento #MeToo, imagens mostrando situações de sexismo e de violência entre meninos. Uma voz questiona: “Bullying, o movimento #MeToo contra assédio sexual e a masculinidade tóxica... Isso é o melhor que um homem pode conseguir?”. Entre os críticos, há os que dizem que o vídeo faz parecer que a maioria dos homens é composta de assediadores sexuais ou violentos. Já a empresa afirmou que o anúncio é parte de uma iniciativa mais ampla da marca de promover “versões positivas, atingíveis, inclusives e saudáveis do que significa ser um homem.” (Globo)

Cotidiano Digital

E tem o desafio dos dez anos... Um monte de gente publicando, nas redes, fotos tiradas hoje e em 2009. Escrevendo na Wired, Kate O’Neill sugere que devemos ficar mais conscientes a respeito de memes assim. Consultora especializada no processo da digitalização de empresas, ex-Netflix, ela lembra que o meme forma o banco de dados perfeito para qualquer empresa que esteja treinando um algoritmo de reconhecimento da variação de idade em rostos. Literalmente fazer com que um computador, tendo sido alimentado com imagens antigas de uma pessoa, possa reconhece-la anos depois. É o tipo da tecnologia que pode ser usada para busca de desaparecidos, em democracias, ou encontro de opositores, em ditaduras. Foram testes inocentes de Facebook, afinal, que permitiram à Cambridge Analytica desenvolver sua estratégia digital para mapear e manipular eleitores no plebiscito do Brexit e, depois, no pleito presidencial americano de 2016. Na internet, a mais divertida brincadeira fornece sempre um manancial de dados. E não há problema em participar dos memes — desde que conscientemente.

Aliás... Segundo pesquisa realizada nos EUA pelo Centro de Pesquisas Pew, 74% dos usuários do Facebook não têm ideia de que a rede coleta informação a seu respeito para utilizar na distribuição de propaganda focada. (Washington Post)

O senador republicano Marco Rubio anunciou, ontem, uma lei que atribui à agência reguladora de comércio dos EUA, FTC, a responsabilidade de estabelecer regras dedicadas à proteção de privacidade dos usuários por empresas de tecnologia. É a primeira regulação séria a nascer no Congresso americano — mas encontrará oposição dos democratas. Ao fazer a atribuição, o Congresso na verdade se abstém de regular ao mesmo tempo em que tira dos estados a possibilidade de eles próprios estabelecerem regras locais mais rígidas.

Números: 194 bilhões de apps foram baixados para smartphones e tablets em 2018. Foram gastos US$ 101 bilhões em apps, no mundo todo. Metade dos downloads ocorreram na China. Assim como 40% do gasto. E o Brasil é o quarto em número de downloads. Os dados são do relatório anual da App Annie.

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