Prezadas leitoras, caros leitores —

Aconteceu em algum momento desta madrugada: este Meio cruzou a linha dos 100 mil assinantes da edição diária.

É uma marca importante para nós. E a missão que nos impomos todo dia segue a mesma desde que o Meio foi publicado pela primeira vez, no dia seguinte ao primeiro turno da eleição municipal, em outubro de 2016. Oferecer, todos os dias da semana, um noticiário curto para ser lido de manhã, com o essencial, mas sem perder a capacidade de análise. Agradável de ler, rápido, prático. Digital.

Muito, muito obrigado pela companhia nesta viagem.

E antes que nos percamos, nosso reclame comercial 😉

Amanhã, na edição de sábado, vamos mergulhar fundo numa história do racismo brasileiro. De onde veio, como se formou. Todos os assinantes premium do Meio recebem esta edição. Sai por quase nada — R$ 10 mensais — e é aquilo que mantem gratuito o Meio de segunda a sexta. Precisamos de sua ajuda. Assine.

— Os editores

Shoppings abrem quando país vira maior em mortos diários por Covid

Já são 41.058 óbitos pela Covid-19 no país. Enquanto governadores flexibilizam as regras de isolamento, o Brasil registrou nos últimos sete dias a maior média diária de óbitos provocados pelo novo coronavírus em todo o mundo. Deixou para trás Estados Unidos e Reino Unido, países que tiveram os maiores números absolutos de mortes até agora. Em São Paulo, uma fila com mais de 200 pessoas se formou em frente ao shopping center Metrô Tatuapé, na zona leste da capital paulista. No Rio de Janeiro, um dos maiores shoppings da zona norte, o Norteshopping, teve na manhã de ontem uma fila de clientes em sua porta e acabou reabrindo antes das 12h, horário estabelecido pela prefeitura.

Ainda sobre o Rio, no entorno do Botafogo Praia Shopping, do Tijuca Shopping e do Madureira Shopping, filas dobravam esquinas. Os centros comerciais ficaram abertos do meio-dia às 20h e, à noite, a Secretaria estadual de Saúde divulgou um boletim no qual contabilizou 225 mortes por coronavírus em 24 horas, o maior número em cinco dias. O município do Rio ainda tem uma taxa alta de ocupação de leitos (89%). (O Globo)

O infectologista Celso Ramos Filho, da UFRJ, sobre a reabertura: “Desconheço a razão técnica pela qual estamos abrindo shoppings em comemoração ao Dia dos Namorados”.

Os dados apontam que, em pouco mais de três meses, o novo coronavírus vitimou mais brasileiros do que os acidentes de trânsito em todo o ano de 2019. (Folha)

E o Brasil pode superar os Estados Unidos em número total de mortes de Covid-19 no dia 29 de julho, aponta a projeção do Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME) da Universidade de Washington, um dos principais modelos matemáticos usados pela Casa Branca para definir suas estratégias. Se não houver nenhuma mudança significativa no avanço da pandemia no país, o Brasil teria 137,5 mil mortos e os EUA, 137 mil. Um avanço com uma magnitude dessas ocorreu nos últimos 30 dias: havia 10 mil mortes registradas em 9 de maio e 38 mil em 9 de junho. O quádruplo. Se for considerada a taxa de mortes por 100 mil habitantes, o Brasil deve superar os EUA em 10 de julho. (BBC)

Nas últimas 24h, o Brasil teve 1.261 novas mortes registradas, apontou levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de Saúde. Pelo terceiro dia consecutivo, houve mais de mil mortes e mais de 30 mil novos casos em um intervalo de um dia. O Nordeste tem mais casos que o Sudeste. São 285 mil casos confirmados nos nove estados, contra 281 mil em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. (G1)

E a tendência atual é de aceleração da pandemia, ou seja, o Brasil ainda não atingiu o pico de casos, algo que, segundo pesquisadores, deve ocorrer em meados de agosto. Uma pesquisa nacional, a Epicovid-19, mostra que número de pessoas infectadas cresceu 53% em duas semanas, entre a primeira e a segunda fases da pesquisa nacional sobre a doença. A segunda rodada do estudo foi a campo entre os dias 4 e 7 de junho. Trata-se da variação do número de pessoas que tinham anticorpos para a doença em 83 cidades para as quais é possível comparar os dados das duas etapas. Nesses municípios, a taxa de infecção passou de 1,7% da população para 2,6%. Na contagem oficial de casos, a evolução foi de 33,5%. (Folha)

Na chamada Região do Pólo Têxtil, na zona metropolitana de Campinas, com pior média de isolamento de SP, cidade estão vendo o Covid-19 triplicar. Em média, o aumento do número de casos de 10 de maio a 10 de junho foi de 250,6%, e o de óbitos, de 278%.

Pois é... Quem vive em locais em que a pandemia de coronavírus não está controlada terá entrada barrada em países europeus. Significa...

Veja como a devastação causada pela pandemia em 25 cidades e regiões dos EUA se compara a 100 anos de momentos históricos com mortes elevadas. (NYT)

PUBLICIDADE

A pandemia é para todos, mas a quarentena, não. A edição especial Querer e poder do TAB retratou como as diferenças de oportunidades impactam a sociedade durante a pandemia. Respondendo a 5 perguntas, o cientista político canadense Robert Muggah, um dos fundadores do Instituto Igarapé, explicou como os efeitos da quarentena determinam as agendas econômica e social do Brasil e do mundo.

Robert Muggah: “A conclusão é que o preço da falta de ação se acumula ao longo do tempo, em forma não só de desigualdade, mas de frustração crescente e agitação social. Os ricos precisam ceder um pouco de seu poder e privilégios e aceitar que precisam pagar mais impostos”.

O nome é CoronaVac e já está na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. Uma parceria feita pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac Biotech para uma vacina contra o novo coronavírus foi anunciada ontem pelo governo de São Paulo. O investimento do Instituto Butantan para os estudos nessa fase clínica é de R$ 85 milhões. (Veja)

40 mil mortos não cabem num desenho

Tony de Marco

 
40-mil

Política

O presidente da República, Jair Bolsonaro, pediu ontem em sua live das quintas-feiras que seus apoiadores entrem em hospitais públicos ou de campanha, procurem as UTIs, e filmem lá dentro para mostrar se de fato há tantos leitos ocupados. “Pode ser que eu esteja equivocado, mas na totalidade ou em grande parte ninguém perdeu a vida por falta de respirador ou leito de UTI”, ele afirmou. “Pode ser que tenha acontecido um caso ou outro. Seria bom você, na ponta da linha, tem um hospital de campanha aí perto de você, um hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente tá fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não.” Segundo a consultoria americana Kearney, em menos de 20 dias o sistema brasileiro de saúde deve se aproximar do colapso, com falta de aproximadamente 19 mil leitos de UTI. (Estadão)

Fernando Gabeira: “‘E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.’ Bolsonaro venceu as eleições citando com frequência esse versículo de João. No entanto, não se conhece na História moderna do Brasil um governo que tenha combatido a verdade em todos os níveis. Os números do desemprego, compilados pelo IBGE de acordo com métodos internacionalmente reconhecidos, foram negados. O índice de desmatamento na Amazônia obtido com ajuda de satélites foi contestado. Pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz sobre consumo de drogas no Brasil foram engavetadas. A apoteose obscurantista foi na semana que passou, com a decisão de censurar as informações sobre a pandemia de covid-19. A luta permanente contra a transparência é uma luta contra a democracia. Ao lado do armamento da população, essa luta contra a verdade é um passo decisivo rumo a um governo autoritário. Uma espontânea frente pela transparência se formou esta semana. Exatamente na semana em que as pessoas, apesar da pandemia, foram às ruas com a imensa faixa ‘todos pela democracia’. Parece vago, dizem alguns políticos. Calma, digo eu. Daqui a pouco tudo fica mais claro. Na luta comum, aparecem as respostas.” (Estadão)

Meio em vídeo: Lula e liberais de mercado, cada qual por seus motivos, erram ao não se juntar numa frente ampla pela democracia. Assista.

Nova pesquisa do DataPoder360 indica que 44% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, e 28% ótimo ou bom. O grupo que considera o presidente regular está paulatinamente migrando para o conjunto dos que o rejeitam. A rejeição é maior, hoje, entre os mais instruídos — 57% dos com ensino superior. A maior aprovação corre entre os que vivem no Centro Oeste — 39%. Os brasileiros se dividem a respeito do futuro do governo. 48% defendem que Bolsonaro deve deixar o cargo antes do fim do mandato. 43% acham o contrário. (Poder 360)

Aliás... Outra pesquisa, realizada pelas sociólogas Esther Solano e Camila Rocha, conduziu entrevistas com pessoas que votaram no presidente. Ouviram três conjuntos de percepções. Uma pode ser reduzida a uma frase — ‘Deixa o homem trabalhar’. A segunda, comum a fiéis , críticos e arrependidos, é a consideração de que os filhos presidenciais atrapalham. Segundo Guilherme Amado, todos também enxergam Bolsonaro como ‘rude’ ou ‘bruto’. Para os que se mantém leais, a característica é uma qualidade. Indica autenticidade. Mas outros percebem no traço um criador de instabilidade. (Época)

O ministro Marcos Pontes só soube no dia do anúncio: sua pasta foi partida em duas e o deputado Fábio Faria, genro de Silvio Santos e próximo de Bolsonaro, também ligado ao Centrão, foi nomeado ministro das Comunicações. Comandará uma verba de R$ 2,3 bilhões e pelo menos uma decisão estratégica: a do leilão da internet 5G. Também estarão sob seu comando os Correios, cuja direção o PSD de Gilberto Kassab cobiça e que o ministro Paulo Guedes deseja privatizar. A Comunicação do governo, que com outros presidentes ficava no Planalto, também vai para Faria. (Globo)

A Assembleia Legislativa do Rio decidiu, por 69 votos a 0, iniciar processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel. (Extra)

Cultura

Em sua primeira edição virtual, a Parada do Orgulho LGBTQIA+ será transmitida pelo YouTube a partir das 14h de domingo. Shows de Daniela Mercury e Glória Groove estão entre os confirmados. Na programação do Sesc, acessível no YouTube e no Instagram, hoje tem show do EP Mundo Novo da cantora Mahmundi e, no domingo, o Mundo Manicongo: Dramas, Danças e Afroreps de Rincon Sapiência. Em teatro, o ator Dinho Lima da Flor, da Cia. do Tijolo, apresenta o monólogo Ledores no Breu, inspirado na pedagogia de Paulo Freire. Saudades de uma festa junina? Começa hoje e segue por duas semanas o festival São João na Rede, que reúne mais de 200 artistas de 14 estados em shows online. Moacyr Luz e Samba do Trabalhador realizam hoje uma live especial de Dia dos Namorados pelo Facebook, enquanto no Instagram da Casa Natura Musical, o cantor e performer São Yantó celebra o orgulho LGBTQ+. Juçara Marça, Kiko Dinucci, Arrigo Barnabé e Criolo são alguns dos 49 artistas que integraram El Grande Con(s)erto da Casa de Francisca, realizado em 2012 e que será transmitido no domingo pelo Twitch com o objetivo de angariar fundos para a manutenção da casa de shows. Domingo também é dia de samba: Martinho da Vila apresenta o Batuque na Cozinha em seu canal no YouTube, enquanto Teresa Cristina leva para o Multishow as suas já tradicionais transmissões ao vivo. No mesmo dia, rola ainda o Piauifest, com shows de Gilberto Gil, Mônica Salmaso e Tim Bernardes, entre outros. Para mais dicas culturais, assine a newsletter da Bravo.

Cotidiano Digital

A Sony apresentou pela primeira vez o PlayStation 5. A nova geração representa um grande salto em termos de poder de processamento sobre seu antecessor, colocando-o em concorrência direta com o Xbox Series X. Assim como o seu concorrente, o design do PS5 permite colocá-lo na vertical ou na horizontal. Além da versão padrão, o console também vai ganhar um Digital Edition, aparelho que não terá leitor de discos e deverá ser mais barato. No entanto, nem os preços ou a data foram divulgados, mas a previsão é que o console seja lançado no fim do ano. Foram ainda apresentados vários acessórios adicionais, como um headset wireless e controle, e alguns dos jogos, como o GTA 5 e Resident Evil 7. Confira.

Depois da IBM abandonar a tecnologia de reconhecimento facial, a Amazon anunciou que vai proibir por um ano que a polícia americana utilize os sistemas. A empresa diz que a moratória dará tempo ao Congresso para descobrir mais sobre a polêmica tecnologia. A pressão vem em meio as protestos antirracistas no país. No passado, pesquisadores apontaram que o sistema da Amazon continha vieses contra negros.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.