Chile vota pelo fim da Constituição de Pinochet

Os chilenos foram às urnas, ontem, enterrar o último vestígio da ditadura militar que dominou o país entre 1973 e 1990. Com 90% das urnas apuradas, 78% dos eleitores defenderam substituir a Constituição vigente, impetrada ainda com o general Augusto Pinochet no governo. E 79% declararam preferir que seja formada uma Assembleia Constituinte exclusiva, composta por 155 pessoas que serão eleitas em abril próximo, para redigir o novo texto. O plebiscito foi convocado em resposta aos protestos que tomaram as ruas do país, no ano passado. “Hoje, os cidadãos, a democracia e a paz venceram a violência”, afirmou à noite o presidente Sebastián Piñera. O país não se dividiu, no debate a respeito de uma nova Constituição, entre direita e esquerda, entre oposição e situação. O corte parece ter sido mais geracional. Quase 60% dos que se manifestaram ontem não tinham idade para votar no referendo de 1988, que definiu o fim do regime Pinochet. Os eleitores mais jovens, que vinham se abstendo nos últimos pleitos, foram em massa às urnas neste domingo. (El País)

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O governo federal determinou, na sexta-feira, o retorno imediato dos brigadistas para o combate aos incêndios no Pantanal e na Amazônia. Eles haviam sido retirados por ordens do comando do Ibama, que alegava não ter dinheiro para pagá-los. (Folha)

A retirada pôs em choque o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. A decisão de Salles foi considerada um ataque contra a ala militar do governo e, quando registrada pela coluna de Bela Megale, levou o ministro do Meio Ambiente a acusar o general Ramos via Twitter de Maria Fofoca. (Globo)

Se Salles angariou apoios na Esplanada dos Ministérios, durante o fim de semana, Ramos recebeu a solidariedade pública dos presidentes de Câmara e Senado, assim como de parlamentares do Centrão. “O ministro Salles”, escreveu Rodrigo Maia, “não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo.” (Twitter)

“Conversei com o ministro Luiz Ramos, apresentei minhas desculpas pelo excesso”, pôs Salles no Twitter, ontem no final do dia. “Estamos juntos no governo, pelo presidente Bolsonaro e pelo Brasil.” (Twitter)

Pois é... Mas, segundo Bela Megale, foi o general quem saiu mais arranhado. Salles não foi repreendido por Bolsonaro quando partiu para o ataque. Recebeu o apoio de outros ministros. E, publicamente, do filho Zero Três — Eduardo. Dentro do Executivo, só o vice-presidente Hamilton Mourão ficou do lado de Ramos. (Globo)

A candidatura de Filipe Sabará à prefeitura de São Paulo deve ser extinta. Expulso do Partido Novo por ter apresentado um currículo fraudado, Sabará ainda concorria pela legenda com uma liminar do TRE. Mas sua candidata a vice, Marina Helena, renunciou e não será substituída pelo partido o que deve inviabilizar o restante da campanha. (Estadão)

Então... O Novo vive uma pesada disputa interna entre o grupo de seu fundador, João Amoêdo, e os bolsonaristas. Um movimento propõe lançar o governador mineiro Romeu Zema à presidência para fazer frente a Amoêdo. As eleições municipais são consideradas definidoras do perfil que a legenda tomará no futuro. O conjunto que sair mais forte deve dominá-la. (Globo)

Viver

O Brasil amanheceu com 12.535 novos casos e 237 novas mortes provocadas pelo coronavírus, segundo dados de um consórcio de veículos de imprensa. Embora sejam números altos, a média móvel de mortos nos últimos sete dias foi de 468, uma queda de 17%. Desde o início da pandemia foram 5.393.759 infectados e 157.163 óbitos. Amazonas e Amapá são os únicos estados em que a curva de mortes está em alta.

E nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro fez piada, dizendo: “Vacina obrigatória só aqui no Faísca”, seu cão.

Em geral, o número de novos casos de Covid-19 é menor nos fins de semana. Não que o vírus tire folga, mas muitos serviços de saúde só fazem o cômputo no dia útil subsequente. Por isso causou grande alarme a notícia de que seis estados americanos registraram no último sábado o maior número de novos infectados desde o início da pandemia. Alaska, Ohio, Oklahoma, Colorado, Novo México e Illinois enfrentam surtos tanto em grandes cidades, como Chicago e El Paso, quanto em áreas rurais e comunidades menores, onde a capacidade dos serviços de saúde é reduzida. (New York Times)

Já a Casa Branca não parece muito preocupada com esse cenário. Em entrevista à CNN, Mark Meadows, chefe de gabinete de Donald Trump, disse que o país não vai controlar a pandemia e comparou a Covid-19 a uma gripe. Uma “gripe” que, segundo o levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins, já matou mais de 225 mil americanos.

Do outro lado do Atlântico a nova e até o momento incontrolável onda da Covid-19 leva governos de países como Itália e Espanha – ambos muito criticados pela estratégia no início da pandemia – a adotarem medidas restritivas mais sérias. Os espanhóis estão desde domingo em toque de recolher entre 23h e 6h, menos nas Ilhas Canárias, e os governos regionais foram autorizados a implementar mais restrições que julguem necessárias. A medida faz sentido diante do grande número de infecções entre jovens, que ignoram quaisquer regras de distanciamento social em festas (legais ou não) e bares. Já a Itália fechou academias, mandou os alunos do ensino médio de volta para aulas remotas e determinou que bares e restaurantes só podem servir para viagem. O país quer evitar um lockdown completo.

E uma boa notícia. Testes preliminares da vacina produzida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca mostram que ela produz uma resposta imunológica “robusta” em idosos. Esse é o grupo mais vulnerável à Covid-19.

E uma nova frente de combate à pandemia – e talvez outras – foi aberta por pesquisadores da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Eles capturam morcegos em matas na Zona Oeste da cidade para investigar a presença do Sars-CoV-2 e de outros vírus potencialmente perigosos para os seres humanos. Em todo o mundo, mais de 200 tipos de coronavírus foram identificados em morcegos ao longo dos anos, embora pesquisadores não garantam, por exemplo, que o Sars-Cov-2 já pulou para o ser humano na atual e letal configuração ou se sofreu uma mutação no organismo de pessoas, adquirindo sua letalidade e velocidade de transmissão. Em tempo, o Brasil tem 178 espécies de morcegos, 15% do total no mundo. (O Globo)

O Papa Francisco segue quebrando tabus. Neste domingo ele anunciou a elevação do norte-americano Wilton Gregory, arcebispo de Washington (DC), ao cardinalato no dia 28 de novembro. Além de o anúncio desta e de outras 12 elevações ter sido feito de surpresa, o fato é importante porque Gregory será o primeiro cardeal negro da Igreja Católica dos EUA – da qual já era o único arcebispo negro, aliás. Embora a maioria dos americanos seja protestante, os católicos representam 22% da população.

Cultura

Já está disponível desde domingo na HBO o primeiro episódio da série The Undoing, estrelada por Nicole Kidman e Hugh Grant. As comparações com o sucesso anterior da estrela, as três temporadas de Big Little Lies, são inevitáveis. Além de os dois roteiros serem escritos por David Kelley, a história transita no mesmo universo de ricos brancos dos EUA cheios de esqueletos no armário. Talvez por isso os críticos estejam divididos. O episódio de estreia ganhou uma pontuação de 65% no Rotten Tomatoes, com o consenso de que o roteiro ainda não está no nível do elenco.

Nicole Kidman, claro, não está nem aí para polêmicas. Em entrevista a Ana Maria Bahiana, a atriz conta como foi concluir as gravações praticamente na véspera das quarentenas impostas pela Covid-19 e de como a pandemia atrapalhou seu novo projeto, Nine Perfect Strangers. (Globo)

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Se por aqui as lives de artistas para campanhas políticas estão vetadas, nos EUA aconteceu na noite de ontem um verdadeiro showmício virtual com o objetivo de conclamar o público a votar e ainda arrecadar mais fundos para a já bilionária campanha do democrata Joe Biden para a Casa Branca. Por qualquer doação (a média foi de US$ 25 por pessoa) foi possível assistir a performances de um leque de artistas que ia do Foo Fighters a Cher (Youtube), passando por Jon Bon Jovi (Youtube), John Legend (Youtube), Ciara (Youtube), Dave Matthews, Jennifer Hudson e Black Eyed Peas (Youtube), Andra Day, Jermaine Dupri (Youtube), Ben Platt, Ne-Yo, Aloe Blacc, A$AP Ferg (Youtube), Sara Bareilles, Macy Gray, Darren Criss (Youtube) e Pink (Youtube), entre outros. O eleitorado jovem é um público alvo importante para os democratas, e, como o voto nos EUA não é obrigatório, motivar o eleitor é fundamental. A campanha de Biden ainda não divulgou quanto foi arrecadado.

Milhares de pessoas estão rindo com “Borat 2” desde que o filme estreou na sexta-feira na Amazon Prime. Donald Trump não está entre elas. Furioso por ver seu aliado e advogado Rudolph Giuliani exposto numa cena constrangedora do filme, o presidente chamou o ator/roteirista/diretor Sacha Baron Cohen de “farsante” e disse “não achá-lo engraçado”. O troco do comediante veio via Twitter: “Donald, agradeço a publicidade gratuita. Admito que também não te acho engraçado, mas ainda assim o mundo todo ri de você. Estou sempre procurando gente para interpretar bufões racistas, e você vai precisar de um novo emprego a partir de 20 de janeiro. Vamos conversar.”

Dois meses após sua inesperada saída da Rede Globo, o comediante, roteirista e diretor Marcius Melhem ficou no olho do furacão este fim de semana quando a jornalista Mônica Bérgamo revelou que um grupo de seis mulheres o acusa de assédio sexual e moral no tempo em que trabalhava na emissora. Melhem nega e afirma que todos os casos foram investigados pelo compliance da Globo, mas ao mesmo tempo se diz disposto a “reconhecer seus erros”. Cobrado nas redes sociais a tomar uma posição, Marcelo Adnet, parceiro de Melhem, publicou no Twitter seu apoio às vítimas, como já fizera Gregório Duvivier. Uma das acusadoras é Dani Calabresa, ex-mulher de Adnet.

Cotidiano Digital

A decisão do Facebook e do Twitter de restringir a reportagem do New York Post continua repercutindo. Tanto Mark Zuckerberg quanto Jack Dorsey terão que testemunhar perante o Comitê Judiciário do Senado americano no dia 17 de novembro para a explicar suas decisões. O Facebook reduziu o alcance da história que afirma haver contato entre Joe Biden e um grupo corrupto ucraniano. Enquanto o Twitter proibiu totalmente os links para a reportagem, mas acabou revertendo essa decisão.

Esse não é único compromisso dos CEOs com a Justiça americana. Na quarta (28), eles, junto com o CEO do Google, Sundar Pichai, vão se apresentar ao Senado para discutir a Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações, que poupa as empresas de tecnologia de serem responsabilizadas pelos conteúdos publicados pelos usuários.

Jony Ive será consultor do Airbnb. O designer saiu oficialmente da Apple ano passado e esteve por trás de produtos icônicos, como o primeiro iMac, iPod e iPhone. Agora, vai trabalhar, nos próximos anos, com o Airbnb por meio de sua consultoria LoveFrom.

E morreu, ontem, o presidente da Samsung, Lee Kun-hee, aos 78 anos. O sul-coreano transformou a pequena empresa de seu pai em um dos maiores conglomerados de tecnologia do mundo.

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