EUA vão às urnas de olho na contagem e nos tribunais

Este 3 de novembro não marca o dia das eleições presidenciais nos EUA — marca o último dia de eleições. Em alguns estados, americanos já vêm depositando seus votos em urnas ou os enviando pelo correio faz dois meses. A terça-feira abre com 97 milhões de votos já dados. Em 2016, o último pleito, 139 milhões de eleitores votaram no total. Devem ser bem mais este ano. A contagem começa essa noite mesmo e é possível que amanhã de manhã o vitorioso seja conhecido. Ou não — vai depender de quão apertado for o resultado em alguns estados chaves. Joe Biden é franco-favorito, mas uma reeleição de Donald Trump não é impossível. (Vox)

O próximo ocupante da Casa Branca será definido de acordo com o resultado em cinco estados — Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Flórida, e Pensilvânia. Os três primeiros são tradicionalmente republicanos, mas Joe Biden está em vantagem ligeira nas pesquisas. A Flórida varia de ano a ano e lá é sempre apertado. Donald Trump precisa vencer nos quatro para ter chances de se reeleger. Aí, neste caso, todos os olhos se voltarão para a Pensilvânia, que por conta da legislação só começará a contar os votos antecipados hoje. É possível que a novela se estenda por alguns dias. (FiveThirtyEight)

O principal receio é de que a decisão termine judicializada, com tribunais definindo que votos serão contados, onde, e por que critérios. Advogados republicanos já abriram processos para anular cédulas em alguns estados, principalmente nos redutos democratas. Em um caso, no Texas, queriam cancelar 127 mil votos. “Assim que a eleição terminar”, disse Trump ontem a jornalistas, “entramos com nossos advogados.” Ele vem argumentando que o voto antecipado representa fraudes eleitorais. (New York Times)

O clima é de ansiedade em quase todo o país, assim como de tensão. Na Rodeo Drive, rua das boutiques caras de Beverly Hills, operários passaram o dia pregando peças de compensado para proteger as vitrines em caso de revolta popular. A medida de proteção também foi tomada por lojistas em Washington DC e em Chicago. Na Casa Branca, uma cerca não escalável foi erguida e o acesso às cercanias da residência presidencial passou a ser controlado até o domingo. Não são medidas habituais em eleições americanas. (Washington Post)

Desde o início do ano, The Economist vem tabulando pesquisas eleitorais nacionais e locais nos EUA e analisando juntamente a indicadores econômicos e dados como registro de eleitores e votos antecipados. O resultado é um dos mais completos cenários das eleições americanas. Neste momento, ela estima que Biden vencerá as eleições com 350 votos no Colégio Eleitoral, contra 188 de Trump. Pela mesma metodologia, estima que os democratas conquistarão a maioria no Senado e manterão o domínio sobre a Câmara. Esse é o mesmo prognóstico do site FiveThirtyEigth, do estatístico Nate Silver, com uma ligeira variação do resultado no colégio: 348 a 190 em favor de Biden.

No Brasil, o governo de Jair Bolsonaro nutre esperanças de que Trump possa se reeleger. Mas já se organiza para o caso de uma vitória Biden. O embaixador nos EUA, Nestor Foster, vem conversando com integrantes do Partido Democrata para esclarecer o que considera visões deturpadas a respeito do país. O risco, após ter brigado com China, França e Alemanha, além de vizinhos no Mercosul, é de o Brasil ficar isolado de vez. “Pode haver mudanças na cúpula diplomática”, avalia o professor Guilherme Casarões, da FGV-SP. “A atual estratégia pró-Trump é articulada pela ala olavista do governo, representada pelo chanceler Ernesto Araújo e pelo assessor internacional Filipe Martins.” Casarões considera provável que Bolsonaro mude o tom e uma das preocupações estará na área ambiental. “O tema ambiental será nevrálgico para a administração Biden”, completa o cientista político Hussein Kalout, de Harvard. “Se o governo Bolsonaro seguir errando a mão, aí Brasil e EUA estarão em lados opostos. E isso vale no campo dos direitos humanos.” (Globo)

Meio em vídeo: O que acontecer hoje, nos Estados Unidos, definirá a década de 20 para todo o mundo. E, não, esta não é uma divisão entre esquerda e direita. Não é mais isso que separa o debate político mundial. Aliás, dependendo de como terminar, pode acontecer de o Brasil ficar sozinho no mundo, conta o editor Pedro Doria no Ponto de Partida. Assista

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O governo da Áustria informou que o autor do ataque a tiros que deixou três civis e o próprio terrorista mortos e mais de 15 feridos numa rua de Viena era “uma pessoa radicalizada” e “simpatizante do Estado Islâmico”. A identidade e a nacionalidade do criminoso não foram divulgadas, mas a polícia austríaca prendeu pelo menos quatro pessoas por supostas ligações com o atentado. A região do ataque abriga bares e uma sinagoga, que estava fechada. O ministro do Interior, Karl Nehammer, pediu que os vienenses fiquem em casa e disse que o ataque teve como alvo os valores de “liberdade de expressão, tolerância e convivência” da sociedade austríaca. (Guardian)

O Estado Islâmico, aliás, continua vivo e ativo. O grupo reivindicou o atentado que matou nesta segunda-feira 22 pessoas numa feira de livros na Universidade de Cabul, no Afeganistão. (Guardian)

Peça-chave em um dos processos contra o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM), que tenta voltar ao cargo, o ex-diretor da Odebrecht Leandro Azevedo diz que há equívocos na acusação do MP contra o político. Segundo a defesa do executivo, os R$ 10,8 milhões pagos a Paes na campanha eleitoral de 2012 foram caixa 2 e não “corrupção buscando vantagem futura”. (Folha)

A última pesquisa do Ibope sobre a eleição no Rio mostra Paes à frente com 32% das intenções de votos, contra 14% do atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e da Delegada Marta Rocha (PDT). (G1)

Pois é... Em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) ultrapassou Celso Russomano (Republicanos) numericamente, de acordo com o Ibope, mas os dois estão tecnicamente empatados no limite da margem de erro. 26% a 20%. Guilherme Boulos (PSOL) vem em terceiro, com 13%, seguido de Márcio França (PSB) com 11%. (Ibope)

Em Florianópolis, o prefeito Gean (DEM) se isolou em primeiro com 58% das intenções de voto, o que lhe garante vitória no primeiro turno. Em segundo está o Professor Elson (PSOL), com 13%, seguido de Angela Amin (PP), que caiu para 9%. (Ibope)

Viver

Confidentes do presidente Jair Bolsonaro informam que ele mudou de ideia de novo em relação à CoronaVac, vacina desenvolvida pela China em parceria com o Instituto Butantã, diz Bela Megale. Após vetar a compra e ser “desautorizado” pelo vice Hamilton Mourão, Bolsonaro admite adquirir a vacina se ela for a primeira a ser aprovada pela Anvisa. (Globo)

Diante da violência de uma segunda onda da Covid-19, a Europa adota medidas cada vez mais rígidas. A exemplo da Espanha, a Itália vai impor um toque de recolher e restringir as viagens entre cidades. O Parlamento de Portugal pediu que o presidente Marcelo Rebelo decrete estado de emergência, enquanto, na Alemanha, Angela Merkel anunciou uma quarentena parcial. (Globo)

Na Inglaterra, o premier Boris Johnson decretou no sábado um lockdown parcial da próxima quinta-feira até dezembro. Escolas e empresas onde o trabalho remoto não é viável continuam abertas; o resto fecha. Bares e restaurantes só poderão fazer dellivery. Diante dessa medida, a rede de pubs Wetherspoon’s anunciou uma promoção para zerar seus estoques de cerveja até amanhã. No primeiro lockdown britânico em março, milhões de litros da bebida acabaram indo para o lixo.

Por aqui foram registradas nas últimas 24 horas 168 mortes e 8.563 novos casos, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Santa Catarina foi o único estado a apresentar aumento no número de mortos. A média móvel de óbitos nos últimos sete dias foi de 403, o que representa uma queda de 26% em relação à média de duas semanas atrás. Aliás, quer saber o que é e como funciona a média móvel? Confira aqui.

Uma boa notícia é que a Fiocruz faz planos para começar a vacinação contra o coronavírus no primeiro trimestre de 2021, assim que a Anvisa aprovar a vacina desenvolvida pela biofarmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, que será fabricada aqui pela fundação.

E o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, segue internado em Brasília com Covid-19, mas seu estado de saúde é melhor, segundo os médicos.

Não era bem assim. O Vaticano afirmou na segunda-feira que o trecho do documentário Francesco no qual o Papa Francisco parece defender a união estável entre casais homossexuais foi tirado do contexto. De acordo com a Santa Sé, a edição misturou duas respostas para perguntas diferentes.

Hoje é dia de Panelinha no Meio. Você é aficionado por política internacional e vai passar a noite em claro acompanhando a apuração e a cobertura das eleições nos EUA? Fica então a dica de algo para lhe fazer companhia: petiscos de amendoim temperados com páprica e cominho. São deliciosos, rápidos de fazer e acompanham maravilhosamente uma cerveja gelada e um refrigerante – ou um calmante, dependendo do resultado da votação.

Cultura

A ator escocês Sean Connery, que morreu no sábado, aos 90 anos, sofria de demência. A revelação foi feita por sua esposa, a pintora franco-marroquina Micheline Roquebrune, com quem estava casado desde 1975. Nascido numa família pobre e tendo deixado a escola aos 13 anos, Connery tinha tudo para ser só mais um valentão nas ruas de Edimburgo, mas se encontrou na TV e no cinema e, ao dar vida ao espião James Bond n'O Satânico Dr. No (1962), tornou-se um ícone. Apesar de ter vivido papeis antológicos ao longo de décadas, ganhou apenas um Oscar, o de Melhor Ator Coadjuvante por Os Intocáveis (1987). Connery morreu dormindo em sua casa na Bahamas.

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Também no fim de semana duas mortes enlutaram os meios jornalísticos e televisivos. Na sexta-feira morreu em Dublin, aos 74 anos, o jornalista Robert Fisk, um dos mais respeitados correspondentes de guerra das últimas décadas. E no domingo um AVC matou, aos 47 anos, o ator Tom Veiga, que animava e dava voz à marionete Louro José, no programa Mais Você, de Ana Maria Braga.

O juiz Andrew Nicol, da Alta Corte de Londres, negou o pedido de indenização feito por Johnny Depp contra o tabloide inglês The Sun, que o classificou de “espancador de mulheres” por conta das denúncias de agressão feitas pela também atriz Amber Heard, com quem Depp foi casado por 15 meses entre 2015 e 2016. Durante três semanas os dois trocaram acusações diante do juiz, que classificou os fatos descritos pelo jornal como “substancialmente verdadeiros”. Segundo insiders da indústria cinematográfica, esse pode ser “o último prego do caixão” na carreira de Depp, que já foi uma atores mais lucrativos do cinema.

Cotidiano Digital

A Apple perdeu espaço para a Xiaomi. A chinesa ultrapassou a americana pela primeira vez em vendas globais de celulares e ocupa agora a terceira posição. A Xiaomi vendeu 46,5 milhões de dispositivos no terceiro trimestre — quase 5 milhões a mais do que a Apple. A queda da dona do iPhone, já era esperada, mas foi maior do que antecipada: a receita das vendas caiu quase 21% no terceiro trimestre com o atraso no lançamento do seu novo celular. Enquanto a Samsung ficou na liderança, seguida pela Huawei.

Por falar na Apple… 10 de novembro tem mais um evento da big tech. Agora, deve anunciar o seu primeiro Mac com os seus próprios processadores.

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