Ministério da Saúde está acéfalo no pico da pandemia

O Palácio do Planalto não sabe o que fazer com o general Eduardo Pazuello. Ele já está informalmente destituído de poder mas ainda formalmente ministro da Saúde. O presidente Jair Bolsonaro não quer exonerar o militar sem lhe garantir foro privilegiado — o receio é de uma onda de processos por inépcia na gestão da pandemia. Ao menos um inquérito já existe no STF. Uma das ideias é criar um Ministério da Amazônia para deixá-lo a salvo da Justiça comum. Vai fazer uma semana que o país tem dois ministros da Saúde — e é o sem poder que tem a caneta. (O ECO)

Pois é... A indefinição sobre o destino de Pazuello torna indefinida também a posse do cardiologista Marcelo Queiroga, adiada informalmente já duas vezes. A previsão agora é de que a cerimônia ocorra na quinta-feira, mas o governador e os parlamentares da Paraíba, estado-natal do ministro, ainda não foram convidados, contrariando o protocolo. (Folha)

Segundo Lauro Jardim, a posse de Queiroga pode acontecer hoje mesmo, mas ela não consta de agenda oficial da Presidência. (Globo)

Então... A Organização Mundial da Saúde (OMS) não esperou a posse e já mandou um recado para Queiroga. A instituição fez um apelo para que o (futuro) ministro “ouça a ciência” e crie uma resposta “coerente e coesa” para frear a pandemia no Brasil, conta Jamil Chade. (UOL)

Assim, neste vácuo deixado pelo governo federal, os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vêm assumindo o diálogo com o empresariado no combate à pandemia de Covid-19, embora neguem estar em desalinho com o Planalto. Segundo o Painel, os dois se encontraram com representantes de hospitais e planos de saúde, empresários e banqueiros. Deles, ouviram que abril será um mês trágico. (Folha)

Não é de surpreender que já passe de 1.500 o número de signatários da carta aberta de banqueiros, economistas e ex-presidentes do BC e do BNDES cobrando mudança de rumo no combate à Covid-19. Um dos signatários, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, disse que a carta, que não menciona o nome do presidente Jair Bolsonaro, pretende chamar a atenção da sociedade para a grave crise sanitária causada pela pandemia. (Folha)

A carta foi recebida no Congresso como um fortalecimento para a reunião convocada por Bolsonaro com as cúpulas do Legislativo e do Judiciário amanhã para tratar da pandemia de Covid-19. A avaliação é que o mercado financeiro, assim como o Centrão, perdeu a paciência com o presidente. (Valor)

Já o Executivo viu o documento, assinado por boa parte do PIB, como um “movimento político” contra o presidente. Os signatários seriam “os críticos de sempre” tentando fortalecer uma candidatura de centro. Bolsonaro espera que outros setores da economia o apoiem contra medidas de restrição. (Estadão)

Legislativo e Judiciário vêem com ceticismo a reunião de amanhã. Bolsonaro quer anunciar medidas de saúde que envolvam todo o poder público, como a criação de um gabinete de emergência, adotando uma retórica moderada, o que não convence integrantes do Congresso e do STF. (Folha)

Mesmo que mude a retórica, como aconselham assessores, não se espera que o presidente vá reconhecer erros. Deve dizer que a doença mudou, com novas cepas e mortes de pessoas mais jovens, o que justificaria novas estratégias. O problema é que a adoção de medidas de restrição em estados e municípios, ainda não o convenceu. “Se ficar em lockdown por 30 dias e acabar com vírus”, sugeriu em discurso, toparia. Mas, logo emendou, isto não acontecerá. (Poder360)

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Como recuperar uma parcela imensa do eleitorado que hoje está fechada com o adversário? Esse é o dilema que o PT enfrenta em relação aos evangélicos. Eles apoiaram o governo Lula, mas se afastaram durante a gestão de Dilma Rousseff, considerada “progressista demais” nos costumes, e hoje estão firmemente instalados no bolsonarismo. Há quem defenda que, a exemplo dos que fez com os empresários em 2002, Lula divulgue uma carta aberta acalmando os temores da comunidade evangélica. (Época)

Outra ponte até então pouco imaginada estaria sendo construída entre o PT e o PSDB, por intermédio do governador do Piauí, Wellington Dias, escalado por Lula como emissário junto aos demais governos estaduais. (Estadão)

Meio em vídeo. PT e PSDB travaram uma trégua, um pacto de não agressão. Seus governadores têm um problema grande nas mãos, e ficar discutindo o passado só atrapalha. Custa vidas. Enquanto isso, nas redes, a violenta guerra entre militâncias continua. Precisaremos ter paz, um acordo para o futuro. Porque, na pancadaria, com metade do país odiando a outra metade, nenhum governo futuro será viável. Confira o Ponto de Partida, no YouTube.

Pelo menos dez pessoas, incluindo um policial, morreram quando um homem abriu fogo dentro de um supermercado em Boulder, no estado americano do Colorado. Um suspeito foi preso, mas a polícia ainda não divulgou seu nome ou a motivação do crime. (G1)

Esse foi o sétimo ataque grave a tiros no país em sete dias. (CNN)

Viver

O Sars-Cov-2, vírus responsável pela Covid-19, está sofrendo novas mutações, inclusive dentro de variantes já identificadas, segundo estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As “mutações preocupantes”, que podem comprometer a imunidade já adquirida de indivíduos, foram identificadas em cinco estados: Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná e Rondônia. (UOL)

O Brasil rompeu nesta segunda-feira a marca de 12 milhões de casos de Covid-19, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de comunicação junto aos estados. Já são 12.051.619 infectados, com 55.177 novos registros ontem. A média móvel de novos casos em sete dias passou pela primeira vez dos 75 mil, embora a tendência seja de estabilidade. A média móvel de mortes, 2.298, também foi recorde, o 24º seguido. Foram 1.579 óbitos, totalizando 295.685. (G1)

O mapa em tempo real da Universidade Johns Hopkins indica que o Brasil ultrapassou a Índia e voltou a ser o segundo país com mais casos no mundo, assim como já é no número de mortos. Os EUA lideram as duas listas.

Aqui, enquanto o número de casos e mortes aumenta, as autoridades batem cabeça. Marcada para domingo, uma reunião da Anvisa com estados e municípios para tratar de reposição de medicamentos para intubação teve de ser adiada. O motivo? Segundo Mônica Bergamo, um funcionário da agência esqueceu de enviar os e-mails confirmando o encontro, que acabou remarcado para hoje. (Folha)

Enquanto isso, o sistema de saúde da capital da República está em calamidade pública. Há uma fila de 400 doentes aguardando leitos de UTI no Distrito Federal. Nas cidades-satélite de Guará e Ceilândia, servidores de hospitais filmaram corpos deixados em sacos no chão ou enrolados em panos sobre macas. As medidas de restrição no DF foram prorrogadas até o dia 29 de março. (Estadão)

Por falar em restrição, os prefeitos do Rio e de Niterói, Eduardo Paes e Axel Grael, determinaram o fechamento de atividades não essenciais, como clubes, museus, salões de beleza e shoppings, entre os dias 26 de março e 4 de abril. Está também suspenso o funcionamento presencial de creches, escolas e universidades. O governador em exercício Cláudio Castro, aliado de Jair Bolsonaro, era contra, o que levou Paes a chamar os dez dias sem fechamentos de “CastroFolia! A micareta do governador”. Mas, diante do fato consumado, Castro cedeu, reconheceu as medidas dos prefeitos e ainda suspendeu as aulas na rede estadual. Confira as medidas de restrição do Rio e de Niterói. (Globo)

Além da pandemia, a desinformação e o negacionismo também matam. O uso do “kit covid”, um amontoado de remédios sem eficácia comprovada, levou cinco pacientes para a fila de transplante de fígado em São Paulo. Três já morreram. (Estadão)

E o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio, foi sorteado relator da ação movida por Bolsonaro contra as medidas de isolamento na Bahia, no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. Marco Aurélio já disse que a ação ia “na contramão” do que o próprio STF decidira no início da pandemia. (UOL)

O IBGE alerta que o corte de R$ 1,7 bilhão pode inviabilizar a realização do Censo Demográfico de 2021. (Poder360)

Panelinha no Meio. As celebrações da Semana Santa estão chegando e, como cá o Meio sempre lembra, celebração não é sinônimo de aglomeração. Comemorar somente com os que moram em sua casa não diminui em nada o valor e o simbolismo da data. De agora até o dia 1º, véspera da Sexta-Feira da Paixão, a Panelinha no Meio vai sugerir receitas para o feriado e para o domingo de Páscoa. Para começar, que tal fugir do lugar comum do bacalhau. O bobó de camarão é um prato bem brasileiro que casa bem com a data. Dá um pouquinho mais de trabalho? Dá, mas é só uma vez no ano.

Cultura

Quase 70 anos depois da morte da poeta Zuleika Castro Moreira (1909-1953), o filho dela, o ator Roberto Frota, revela ao mundo, em forma de peça, a extensa correspondência que a mãe recebeu de um dos maiores nomes da poesia brasileira, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Cartas a Uma Jovem Poeta teve de ser repensada devido à pandemia, com o próprio Frota dando voz às angústias que Drummond relatava à amiga – os dois se corresponderam durante anos, mas só se conheceram pessoalmente pouco antes da morte de Zuleika. Clique no site Sympla para informações sobre preços e horários das apresentações online. (Folha)

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Não é só o legado da Legião Urbana que provoca brigas nos tribunais. O cantor e baixista Paulo Ricardo foi proibido pela Justiça de usar o nome da banda RPM, uma das mais bem sucedidas do BRock oitentista, e de cantar suas canções em apresentações solo. A decisão atendeu a pedido feito em 2017 pelos demais integrantes, o tecladista Luiz Schiavon (coautor da maioria das músicas), o guitarrista Fernando Deluqui e o baterista Paulo Pagni, que morreu em 2019. Paulo Ricardo diz que ele era o cérebro da banda, que a parceria com Schiavon era apenas formal e que os colegas eram “músicos de apoio”. Já os antigos parceiros chutam onde dói, afirmando que a pouca repercussão da carreira solo do cantor mostra que o RPM era uma obra coletiva da qual Paulo Ricardo estaria tentando se apropriar. (UOL)

Os advogados de Paulo Ricardo negam que ele esteja proibido de cantar as músicas do RPM. Segundo eles, qualquer um pode fazê-lo desde que pague os direitos autorais. (Globo)

Cotidiano Digital

A Apple ultrapassou a Saudi Aramco e se tornou a empresa mais lucrativa do mundo. A big tech arrecadou US$ 57,4 bilhões em seu ano fiscal de 2020, enquanto a gigante do petróleo registrou um lucro de US$ 49 bilhões. (Quartz)

Por falar na Apple… O CEO Tim Cook, junto a outros altos executivos, será uma das testemunhas no julgamento da Epic Games, que deve começar 3 de maio na Califórnia. O processo é contra a desenvolvedora do jogo Fornite, porém o que está em jogo é a política da Apple com seus desenvolvedores. A Epic Games foi excluída da App Store após driblar o pagamento da taxa de 30% para todas as transações feitas pela plataforma. Apple e Google chegaram a reduzir pela metade essa taxa para os pequenos desenvolvedores, mas não foi suficiente para agradar os seus críticos, que inclui Spotify e Microsoft.

Outra disputa da Apple é com o Facebook. Após meses criticando a nova política de privacidade da rival, a empresa de Mark Zuckerberg vai começar a soltar sua própria solicitação de rastreamento antes da Apple tornar o pedido obrigatório. A ideia é convencer os usuários a deixarem que suas atividades sejam rastreadas na rede social para que tenha anúncios mais personalizados.

E o primeiro tuíte, publicado há 15 anos por Jack Dorsey, foi vendido por pouco mais de US$ 2,9 milhões como token não fungível (NFT), uma espécie de registro digital baseado em blockchain.

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