Prezadas leitoras, caros leitores —

Este próximo sábado cai num Primeiro de Maio, feriado em quase todo o mundo menos nos Estados Unidos. O que é curioso: foi por conta do confronto com inúmeras mortes entre operários e polícia na Praça Haymarket, em Chicago, em 1886. Eles cobravam uma carga horária diária que não passasse das oito horas.

A luta por regras que determinassem dignidade no trabalho ainda demoraria algumas décadas, mas oito horas no máximo é a base do padrão internacional, hoje em dia.

O trabalho, porém, está se transformando de formas drásticas e sutis. Ao mesmo tempo, sindicatos estão se enfraquecendo. O chão de fábrica cheio de operários que ganham o mesmo e trabalham lado a lado, tão importante no passado para união sindical, está deixando de existir com a entrada de robôs mais e mais sofisticados.

Nos próximos anos, profissões que vão do caixa de supermercado ao contador, deixarão de existir. Automatizadas. Simultaneamente, com o fim da Era Industrial, a natureza do trabalho se transforma. Há a agressiva competição do ‘gig’ de Uber e Rappi, o trabalho nômade digital da economia criativa, um novo tipo de empreendedorismo — e tudo acelerado pela digitalização da moeda.

Este é o tema de nossa edição deste sábado: o futuro próximo do trabalho, como ele se transformará nos próximos dez anos. E que preocupações governos devem ter para que o início da Era Digital não passe pelos traumas do início da Era Industrial.

A edição de sábado, você sabe, todo assinante premium recebe. O bom é que sai ao preço dum chope naquele tempo em que bebíamos chopes.

Assine.

— Os editores.

Em desespero, governo tenta tirar Renan da CPI via STF

Derrotada em praticamente todas as suas iniciativas desde a instalação da CPI no Senado para investigar a ação do Executivo na pandemia, a minoria governista na comissão recorreu ao STF. Os senadores Jorginho Mello (PL-SC), Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Podemos-CE) pediram ao Supremo que o relator Renan Calheiros (MDB-AL) e o suplente Jáder Barbalho (MDB-PA) sejam retirados da comissão, sob a alegação de que são pais dos governadores de seus estados. O ministro Ricardo Lewandowski foi sorteado relator da ação. (Folha)

A iniciativa irritou muito o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM). “O medo é da CPI ou de Renan Calheiros?”, indagou. “Renan não é maior que a CPI.” (Antagonista)

Vera Magalhães: “A chance de o STF conceder liminar ou decidir em seu pleno pelo afastamento do senador alagoano do posto é zero.” (Globo)

Ao mesmo tempo, aliados pediram a Renan que moderasse o discurso de enfrentamento com o governo. (Folha)

Por falta de acordo, Renan descartou a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para depor na CPI. Já está certa a convocação dos quatro ministros da Saúde do governo Bolsonaro, a começar pelo primeiro, Luiz Henrique Mandetta, que deve ser ouvido já na próxima semana. (UOL)

Enquanto isso, as milícias digitais ligadas ao bolsonarismo entraram em campo, com ataques virtuais e “dossiês” apócrifos contra testemunhas e integrantes da comissão. (Estadão)

Documentos indicam que alguns dos requerimentos de testemunhas apresentados pelos governistas foram elaborados dentro do Planalto, enquanto o presidente Jair Bolsonaro ironizou a CPI, indagando se ela vai fazer um “carnaval fora de época”. (Globo)

Meio em vídeo. Que consequências a CPI da Covid-19 pode gerar? Qual o poder de investigação de uma CPI? Quais são as suas limitações? No #MeioExplica desta semana você vai entender o que é e como funciona na prática uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Confira no YouTube.

PUBLICIDADE

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) revogou ontem a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. O ex-deputado foi preso preventivamente em 2016 por ordem do juiz Sérgio Moro e condenado no ano seguinte a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O TRF-4 entendeu que o tempo de prisão preventiva se estendeu demais. Cunha, que estava em prisão domiciliar desde março do ano passado, deixará de usar tornozeleira eletrônica, mas continuará com o passaporte retido. (CNN Brasil)

Enquanto isso... O STF decidiu por unanimidade receber a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que passa a ser réu. Ele foi preso em fevereiro por ordem do ministro Alexandre Moraes após publicar um vídeo defendendo a volta do AI-5, o fechamento do STF e agressões a seus ministros. Silveira segue em prisão domiciliar. (Poder360)

O ministro do STF Marco Aurélio deu ordem para que o governo federal realize o Censo 2021, cancelado devido ao corte de verbas no orçamento do IBGE. Autor da ação, o governo maranhense alegou que o cancelamento prejudica o planejamento de políticas públicas. (G1)

Míriam Leitão: “Nesse momento, o Censo é mais importante e vai exigir mais investimentos e não menos. O país está politraumatizado por uma pandemia, as desigualdades sociais aumentaram, precisamos saber o retrato do país o mais atualizado possível para construir políticas públicas eficientes.” (Globo)

O presidente Joe Biden fez ontem seu primeiro pronunciamento no Congresso, às vésperas de completar cem dias de mandato. Entre outros temas, ele conclamou os americanos a se vacinarem, defendeu enfaticamente seu projeto de reforma do Estado e investimentos públicos e disse que é hora de empresas e milionários financiarem programas sociais. (Estadão)

Embratel

Tech no próximo nível

Nos últimos meses, os roubos de milhões de dados de brasileiros por meio de ataques cibernéticos têm mostrado como o Brasil é um terreno fértil para os hackers. Apesar da ter uma base legal, com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), ainda falta, segundo especialistas, colocar as regras em prática. Desde que entrou em funcionamento, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), uma entidade independente com poder executor no assunto, tem mantido um perfil pouco ativo. Além de ser bem menor que órgãos similares em outros países — tem apenas 29 funcionários, enquanto o México, por exemplo tem 100 — tem problemas na estrutura hierárquica, abrindo brechas para interferências de caráter político. Isso cria um cenário sem direcionamentos. Como resultado, cada companhia cria as suas boas práticas de cibersegurança com base em experiências de outros países. Combinada à isso, as empresas brasileiras ainda investem pouco em segurança digital — somente 2% do orçamento total. (Estadão)

Pois é… A LGPD ainda não é prioridade para 60% dos profissionais da área jurídica, segundo pesquisa. (Época Negócios)

Chamada de TI verde, as diferentes tecnologias, como a computação em nuvem, podem ser usadas para reduzir o impacto das operações no meio ambiente. Migrar para a nuvem pública, por exemplo, pode reduzir as emissões globais de carbono em 59 milhões de toneladas de CO2 por ano. As empresas podem descobrir durante os testes em nuvem sua própria sustentabilidade. O caminho é avaliar KPIs ‘verdes’, como eficiência energética, eficiência de refrigeração, desempenho da infraestrutura de computação, etc. A adaptação para um modelo mais sustentável ajuda a encontrar pontos de custos extras e ainda vai de encontro ao maior interesse do consumidor por negócios mais sustentáveis.

Meio em vídeo. Em 1966, o MIT criou Eliza, o primeiro software para processamento de linguagem natural da história. O programa simulava uma psicanalista e teve muita gente que gostou da experiência de abrir o coração para ela. Apesar de que talvez hoje ela seja considerada rudimentar, ela inaugurou o chatbot, uma tecnologia cada vez em uso nos tempos atuais. Essa história é contada no #MeioDigital desta semana pelo editor Pedro Doria. Assista.

Viver

Cidades de 18 estados, incluindo oito capitais – Aracaju, Campo Grande, Florianópolis, Macapá, Maceió, Natal, Porto Alegre e Porto Velho – suspenderam nesta semana a aplicação da segunda dose de vacinas contra a Covid-19. O motivo é a falta da CoronaVac, importada e produzida pelo Instituto Butantan, que teve problemas para obter insumos. Além disso, muitas cidades seguiram a orientação do Ministro da Saúde em fevereiro e usaram as reservas na aplicação da primeira dose. O ministério prometeu novas doses a partir de hoje. (G1)

Mesmo sem aval da Anvisa sequer para testes em seres humanos, o governo paulista anunciou ontem que o Instituto Butantan vai começar a produzir a Butanvac, vacina com insumos 100% nacionais. Na terça-feira, a agência disse que faltavam documentos no pedido para início dos testes clínicos. (Estadão)

Um estudo na Inglaterra mostrou que, com apenas uma dose, as vacinas da AstraZeneca e da Pfizer reduzem em até 49% a transmissão do vírus para alguém não vacinado. Isso é importante para nós porque a vacina da AstraZeneca é importada e fabricada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e as primeiras doses da Pfizer começaram a chegar ao país. (BBC Brasil)

E o Brasil deve chegar hoje à marca de 400 mil mortos por Covid-19. Nesta quarta-feira foram registrados 3.019 óbitos, totalizando 398.343 desde o começo da pandemia. A média móvel em sete dias foi de 2.379. Já o total de casos chegou a 14.523.807 com os 77.266 registrados ontem. (UOL)

Apesar de os números de mortes, casos e internações estarem caindo, eles ainda estão em patamares críticos, aponta estudo semanal da Fiocruz. Segundo o relatório, a letalidade da doença, percentual de mortes por casos, saltou de 2% no final de 2020 para 4,4% na semana entre 18 e 24 de abril. (Globo)

Apontado como uma saída para retomar a economia e o turismo na União Europeia, o chamado passaporte verde, indicando que o portador foi imunizado contra Covid-19, pode ser um problema para os brasileiros. O projeto prevê que somente serão aceitas vacinas aprovadas para uso no bloco, o que excluiria a CoronaVac, imunizante mais usado até o momento no Brasil. (Folha)

PUBLICIDADE

A Assembleia Legislativa de São Paulo retirou do plenário e devolveu para as comissões o projeto de lei que proíbe propagandas com alusões a orientações sexuais, defendido pela bancada religiosa. A medida foi possível graças a uma emenda que muda o foco da proibição para “alusão a drogas, sexo e violências explícitas relacionada a crianças”. (Estadão)

“Estou sozinho agora, verdadeiramente sozinho, e absolutamente isolado de qualquer vida conhecida.” Foi com essas palavras, publicadas em seu livro de memórias em 1974, que o tenente-coronel da Força Aérea dos EUA Michael Collins descreveu a experiência de permanecer na Apolo 11 enquanto seus colegas Neil Armstrong e Buzz Aldrin desciam no módulo Águia para serem os primeiros seres humanos a pisar na Lua, em 20 de julho de 1969.  Nos 48 minutos em que, após a descida do Águia, sua nave passou pelo lado oculto do satélite, Collins ficou sem contato com a Terra, sem saber do sucesso da missão nem receber a mensagem de congratulações do presidente Nixon. Foi o homem que não pisou na Lua, mas cuja habilidade como piloto tornou possível o “grande salto para a Humanidade”. Michael Collins morreu ontem, aos 90 anos, de câncer. (New York Times)

Panelinha no Meio. Já faz tempo que a tapioca deixou de ser exclusividade nordestina passou a frequentar mesas de todo o país. E que tal uma versão diferente, com um ar de piadina, um pão de frigideira. Umedecida com suco fresco de rúcula, ela ganha cor verde e compõe um prato lindo com uma salada.

Cultura

A editora americana WW Norton anunciou oficialmente o cancelamento do livro Philip Roth: The Biography devido a acusações de estupro contra o autor, o renomado biógrafo Blake Bailey, que nega ter cometido os crimes. Em nota, a editora disse que Blake tem liberdade de procurar outra empresa que queira publicar a biografia de Roth e The Splendid Things We Planned: A Family Portrait, também cancelado. (Folha)

O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu nesta quarta-feira confirmar a venda em leilão, em setembro do ano passado, do quadro A Caipirinha, de Tarsila do Amaral. Arrematado por R$ 57,5 milhões, foi o quadro mais caro já vendido no país. A obra pertencia Salim Taufic Schahin e foi penhorada para pagar parte de uma dívida de R$ 2 bilhões com 12 bancos. Carlos Eduardo Schahin, filho do empresário, contestou a penhora dizendo que o pai lhe havia vendido o quadro em 2012. A Justiça paulista considerou que a transação não foi válida. (Estadão)

Cotidiano Digital

Os tokens não fungíveis (NTFs) entraram no mundo dos memes. Zoe Roth, conhecida como Disaster Girl, vendeu por mais de US$ 480 mil (R$ 2,6 milhões) sua foto transformada em meme tirada em 2005, em que aparece com um sorriso suspeito em frente a um incêndio. Isso, no entanto, não impede que o meme continue a ser distribuído pela rede: a venda por NFT cria um certificado de autenticidade, baseada em blockchain, o que permite identificar o item original dentre milhares de cópias. Roth não está sozinha e outros rostos por trás de memes dos anos 2000 também estão entrando no mercado de NFT.

Pois é… Os tokens vem crescendo na internet. Em março, uma casa virtual foi vendida por R$ 2,75 milhões.

A Justiça do Trabalho de Campinas, no interior de São Paulo, reconheceu vínculo trabalhista entre um motorista e o Uber. O caso chegou a segunda instância depois que o motorista perdeu em 1ª. Mas o TRT-15 levou em conta a análise do Ministério Público do Trabalho sobre o caso e determinou que a empresa deve pagar salário equivalente a R$ 3 mil mensais. Agora, o caso deverá voltar à 1ª instância, para que sejam analisados outros pedidos do motorista.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.