Prezadas leitoras, caros leitores —

Um dos esteios da democracia liberal são os partidos políticos. Eles representam conjuntos de ideias em torno das quais cidadãos se congregam para propor mudanças ou continuidade na sociedade.

O voto, instrumento desses cidadãos, elege os parlamentares, que, por sua vez, representam no Legislativo as ideias desses partidos. Mesmo no Brasil, onde se vota no candidato, a lei reconhece que o voto proporcional é da legenda.

Claro, sempre houve vozes dissonantes, um saudável contraponto à rodrigueanamente burra unanimidade. Mas, mesmo assim, havia limites. Quando a dissidência se tornava acintosa demais, a porta da rua era serventia da casa.

Assim, era possível prever com alguma segurança para onde iam as diferentes bancadas no Congresso. Uns mais para a liberdade econômica; uns mais pelo combate às desigualdades sociais; outros tantos na direção de quem segurasse a chave do cofre.

Entretanto, ao longo das duas últimas décadas algo se quebrou nesse sistema. Bancadas e executivas partidárias falam línguas diferentes, orientações são desobedecidas etc. O partido se declara de oposição, mas seus deputados seguem governistas até a medula, e vice-versa.

Na edição de sábado do Meio vamos mergulhar nesse processo, entender como parte da representação partidária se tornou disfuncional e as consequências para a democracia – ainda mais com uma acirrada corrida eleitoral à frente.

Mas não é só isso. Estamos em meio a uma pandemia que nos cobra um preço alto muito além das vidas que ceifa. Como está nossa saúde mental/emocional? Será que burnout virou o novo preto? Vamos descobrir.

E ainda vamos analisar a guerra das câmeras de celulares. Chegamos a um limite? Há ainda avanços de software e hardware possíveis? Nós realmente precisamos desses colossos em nossos bolsos e bolsas?

Tudo isso no sábado do Meio, só para assinantes premium. E a assinatura, você sabe, custa menos que comer uma pizza em pé numa calçada de Nova York – e nem estamos contando passagem e estadia.

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— Os editores.

Inquérito cita Carlos Bolsonaro como ‘chefe de organização criminosa’

Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro pelo Republicanos e filho “Zero Dois” do presidente da República, é apontado como “chefe de organização criminosa” nos depoimentos e documentos entregues ao juiz Marcello Rubioli, da 1ª Vara Criminal Especializada do TJ-RJ. Carlos é investigado por empregar funcionários fantasmas e por promover “rachadinhas”, uma prática ilegal em que parte dos salários dos assessores é repassada ao parlamentar. O Tribunal de Justiça do Rio quebrou os sigilos telefônicos e de dados de pelo menos 11 ex-funcionários do vereador.  (UOL)

Segundo Lauro Jardim, o Ministério Público do Rio identificou que a mãe de uma então funcionária de Carlos ia mensalmente ao gabinete do vereador. A suspeita é que ela entregasse parte ou todo o salário da filha, que trabalhava como babá. A mãe acabou contratada também. (Globo)

Então... De acordo com o MPRJ, quem operava o esquema de rachadinhas e tinha parentes entre os espectros nos gabinetes dos enteados era Ana Cristina Valle, segunda ex-mulher de Jair Bolsonaro. O MP recebeu dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontando movimentações suspeitas nas contas dela. São depósitos vultuosos em dinheiro vivo, que os procuradores interpretam como indícios de lavagem de dinheiro. (CNN Brasil)

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A vida não está fácil para os rebentos presidenciais. Entre as pouquíssimas informações que forneceu à CPI da Pandemia, o diretor da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, admitiu ter se reunido com parlamentares brasileiros em Las Vegas, sem revelar quem seriam. Pois é. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho Zero Um do presidente da República, esteve em Las Vegas no mesmo período, mas nega ter se reunido com Trento. Disse que estava em missão oficial na cidade dos cassinos, missão essa que custou R$ 6,5 mil ao Senado só em passagens. (Metrópoles)

Como se tornou comum acontecer quando o governo se vê emparedado, a sessão da CPI desandou para um bate-boca. Quando o relator Renan Calheiros (MDB-AL) falou da maior percepção de corrupção no governo apontada por pesquisas, Jorginho Mello (PL-SC) reagiu, dando início a uma “troca de elogios” do gênero “vagabundo” e “puxa-saco”. Renan chegou a se levantar e ser contido por colegas, no mais próximo que a CPI chegou de pugilato. Enquanto isso, Danilo Trento seguia sem responder às perguntas dos senadores. (G1)

Enquanto isso... A CPI avalia que as denúncias contra o plano de saúde Prevent Senior trazem de volta o “gabinete paralelo” e, por conseguinte, o núcleo do governo para o centro das investigações. De posse de um dossiê que aponta experiências com cobaias humanas e ocultação de mortes, a CPI estuda estender seus trabalhos até o fim de outubro. Médicos que fizeram a denúncia e o empresário bolsonarista Luciano Hang, cuja morte da mãe por covid-19 teria sido ocultada, foram convocados a depor. (Folha)

Com base nas denúncias surgidas na CPI, o MP de São Paulo criou uma força-tarefa para investigar a Prevent Senior. (Estadão)

Ao contrário de outros líderes tucanos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pretende participar dos atos convocados contra o presidente Jair Bolsonaro, mesmo que encabeçados pelo PT. “Não importa quem convoque. Havendo uma convocação que seja possível de participar, dizer o que pensa é bom”, diz FHC. Ele defende uma frente ampla de forças políticas que tenham como denominador comum a defesa da democracia. “O PT não é intrinsicamente contra a democracia. Nunca foi”, diz o ex-presidente, que enfrentou oposição cerrada do partido em seus oito anos no Planalto. (Globo)

Coluna do Estadão: “As críticas a Bruna Brelaz, presidente da UNE, ilustram à perfeição as dificuldades pela esquerda na formação da tal ‘frente ampla’ contra Jair Bolsonaro. Desde que passou a manter agendas públicas com líderes do centro ou adversários de Lula, ela virou alvo. Nesta semana, Bruna Brelaz esteve com FHC (PSDB). Ainda em setembro, com Ciro Gomes (PDT) e, no último dia 12, subiu no caminhão de som do MBL em ato contra Bolsonaro na Paulista. À Coluna, ela disse ter a ‘consciência tranquila’.” (Estadão)

Então... Quando se fala em frente ampla e terceira via, um dos nomes parece estar costeando o alambrado. Segundo Bela Megale, o ex-ministro Sérgio Moro, frequentemente citado na disputa pela Presidência, estaria cogitando sair candidato a senador no Paraná ou em São Paulo, possivelmente pelo Podemos. Ele deve se decidir até outubro, quando termina seu contrato com a consultoria americana Alvarez & Marsal. (Globo)

A comissão especial da Câmara que avalia a reforma administrativa aprovou, por 28 votos a 18, o texto-base do relator Arthur Maia (DEM-BA). Entre outras mudanças, a reforma propõe a demissão por baixo desempenho (decidida por um colegiado), a redução em até 25% de jornada e salários dos servidores em situações de crise e o corte de “penduricalhos” nos salários do funcionalismo. O Judiciário ficou de fora das mudanças. (Estadão)

Meio em vídeo. Quando um presidente brasileiro vai à ONU dizer, em 2021, que venceu o comunismo, a gente pode tratar como piada. Como mico. Só que um quarto dos brasileiros de alguma forma compra essa história — então é piada, mas é também sério. Uma realidade paralela, talvez, mas que precisa ser compreendida. Que comunismo é esse? Entenda no Ponto de Partida. (YouTube)

Daniel Foote, enviado do governo americano ao Haiti, renunciou ao cargo após classificar como “desumana e contraproducente” a decisão de Washington de deportar milhares de haitianos que entraram nos EUA pela fronteira com o México. Foote relatou na carta de renúncia a situação de caos no país caribenho e afirmou: “Mais refugiados vão aumentar ainda mais o desespero e o crime”. (G1)

No próximo domingo os alemães vão às urnas encerrar o longo domínio de Angela Merkel sobre a política germânica e europeia. E os prognósticos são confusos. Segundo pesquisa da YouGov, o Partido Social-Democrata, de oposição, deve vencer as eleições, com 25% dos votos. A coalizão de centro-direita de Merkel (União Democrata Cristã e União Social Cristã) teria 21%, seguida pelo Partido Verde, com 14%, e o ultradireitista Alternativa para a Alemanha, com 12%. Mesmo vencendo, os social-democratas podem não conseguir formar maioria sem algum apoio da direita. (Poder360)

Cultura

Em pleno tratamento contra um câncer no pulmão, Rita Lee anunciou ontem o lançamento na próxima segunda-feira de Change, sua primeira música inédita desde 2012, parceria com o marido Roberto Carvalho e o produtor e DJ Gui Boratto. O anúncio coincide com a abertura de uma exposição em homenagem à cantora de 73 anos no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. (G1)

Para quem achou ruim ficar um ano e meio sem ir ao cinema devido à pandemia, imagine ficar trinta anos devido a uma guerra civil. Na noite de quarta-feira, o Teatro Nacional de Mogadíscio, capital da Somália, exibiu dois curtas-metragens do diretor local IBrahim CM. Foi a primeira sessão de cinema no país desde 1991, quando teve início uma sangrenta guerra civil que levou fome e destruição à nação africana. Teatros e cinemas estavam entre os alvos preferenciais do grupo islâmico Al Shabaab, para o qual o entretenimento “corrompe a moral do povo”. (Globo)

Cinco produções brasileiras estão na briga pelo prêmio Emmy Internacional. Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem, da Netflix, concorre em Melhor Programação Artística. Todas as outras são da Globo: Cercados, sobre a cobertura jornalística do governo Bolsonaro, está na lista de Melhor Documentário; Amor de Mãe disputa Melhor Novela; Todas as Mulheres do Mundo concorre como Melhor Minissérie; e Diário de um Confinado, como Melhor Programa Curto. (Estadão)

Estreia hoje na Apple TV Fundação, série de ficção científica baseada na opus-magna do americano de origem russa Isaac Asimov (1920-1992). Confira o trailer. (Gizmodo)

Confira as dicas da agenda cultural

Antonio Meneses, um dos mais celebrados solistas brasileiros da música clássica, interpreta hoje o Concerto nº 2 para Violoncelo, de Villa-Lobos, ao lado da Osesp e do maestro Isaac Karabtchevsky. Na segunda parte do programa, a orquestra toca a Sinfonia nº 4, de Tchaikovsky.

Bacia do Cobre, primeiro trabalho solo do pianista Marcelo Galter, chega hoje às plataformas de streaming e lojas. O músico baiano tem no currículo trabalhos com o maestro Letieres Leite, Maria Bethânia, Hermeto Paschoal, Stanley Clarke e outros do mesmo porte.

De hoje a domingo acontece a 2ª Mostra Pankararu de Música, transmitida da Aldeia Indígena Bem Querer, em Pernambuco, e com participações de Ailton Krenak, Mateus Aleluia, Brisa Flow e Djuena Tikuna, entre outros.

Para ver a agenda completa, clique aqui.

Viver

Lauro Jardim: “O ministro do STF Luís Roberto Barroso reafirmou nesta quinta-feira que está vedada a entrada de terceiros em área de povos indígenas isolados durante a pandemia. Ele deferiu parcialmente cautelar em ação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e do PT para ‘explicitar’ a proibição a missões religiosas.” (Globo)

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Como se não bastasse toda a “boiada” passada na gestão de Ricardo Salles, o Ministério da Economia encaminhou à pasta do Meio Ambiente um pedido de afrouxamento ainda maior das regras de proteção ambiental, sob a justificativa de “transformar a produtividade e competitividade do país”. Entre outras medidas estão o licenciamento ambiental automático e dispensa de licenciamento para explorar rejeitos de mineração. Embora várias das mudanças tenham que passar pelo Congresso, o Ministério do Meio Ambiente mandou o Ibama avaliar os pedidos. (Terra)

O Brasil recebeu nesta quinta-feira mais de dois milhões de doses da vacina da Pfizer. Isso é muito importante porque, além de turbinar a aplicação da segunda dose, o imunizante da Pfizer é o único autorizado pela Anvisa para aplicação em adolescentes entre 12 e 17 anos. (G1)

Nesta quinta-feira o Brasil registrou 661 mortes por covid-19, elevando o total a 593.018 desde o início da pandemia. A média móvel de óbitos em sete dias foi de 534. (UOL)

Ah... Lembram daquele grupo de empresários e políticos “espertos” em Minas que tomou a vacina clandestinamente antes de todo mundo? Pois é. Depois de seis meses de investigação a polícia concluiu que eles pagaram R$ 600 cada um por injeções de soro fisiológico. (G1)

Já dura cinco dias a erupção de um vulcão em La Palma, uma das Ilhas Canárias, famoso balneário espanhol. Mais de 200 edificações já foram tragadas pela lava e pelo fogo, e milhares de pessoas precisaram ser retiradas da região. (CNN Brasil)

A fúria do vulcão foi captada do espaço por um tripulante da Estação Espacial Internacional. Veja a foto. (G1)

Cotidiano Digital

O meme da menina Chloe Clem que ficou famosa na internet em 2013 agora pode valer uma fortuna com a venda em NFT. O vídeo de Chloe, que tinha apenas dois anos de idade na época, viralizou no mundo todo quando sua mãe compartilhou sua reação pouco entusiasmada à notícia de que viajaria para a Disneylândia, enquanto sua irmã chorava de alegria. O meme da carinha fofa com dentes salientes já foi assistido mais de 20 milhões de vezes. Agora, a imagem de Chloe, hoje com 10 anos, será vendida como um token não fungível. O lance mínimo será de 5 Ethereum, cerca de US$ 15 mil (ou R$ 80 mil). (BBC News Brasil)

Para quem quer umas boas risadas nesta sexta, o link para o meme. (YouTube)

A Comissão Europeia propôs uma lei para fazer com que todos os smartphones tenham uma entrada padrão de carregador USB-C. A medida deve impactar principalmente a Apple, visto que os iPhones da marca ainda contam com entrada Lightning. De acordo com o órgão regulador da indústria na Europa, a redução no número de carregadores pode ter impacto na diminuição do lixo, entre outras vantagens. (BBC)

A Embraer anunciou a venda de 100 unidades do carro voador Eve, desenvolvido pela fabricante brasileira. O acordo envolve a Bristow Group e as empresas trabalharão em conjunto em novas modalidades de mobilidade aérea urbana (UAM). As entregas das primeiras unidades do eVTOL (veículo elétrico com decolagem vertical) estão programadas para 2026. (Canaltech)

E a Nintendo fez ontem uma transmissão para anunciar as novidades que chegarão ao Switch. Confira. (Jovem Nerd)

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