Prezadas leitoras, caros leitores —

De bate pronto: o que é uma democracia?

Nesta quinta, sob críticas, o presidente americano Joe Biden abriu a Cúpula das Democracias, um encontro digital de líderes que reúne 110 países — incluindo o Brasil. E excluindo China e Rússia.

Na abertura, ele sugeriu que é o sistema capaz de levar a maior crescimento econômico e a estabilidade.

Mas, como diz o cientista político Jan-Werner Müller, de Princeton, não é. Ou melhor: não precisa ser. Democracias existem para dar uma vida boa, para garantir liberdade, dignidade. “Liberdade, igualdade, fraternidade”, bradavam os franceses em 1789. “Vida, liberdade, e o direito de buscar a felicidade”, escreveu Thomas Jefferson uns anos antes.

Se há uma nova guerra fria contra regimes autocráticos como o chinês, capazes de gerar crescimento econômico e distribuição de riqueza, o critério para dizer quem ganha não pode ser econômico. Nunca foi a economia o argumento por se brigar por liberdade.

Mas o que é democracia?

Com cada vez maior frequência o vocabulário da democracia é sequestrado por autoritários. Os chineses chamam seu regime de ‘democracia popular’. Os antivacina chamam sua defesa de ‘luta por liberdade’. Grupos políticos de esquerda e de direita, em democracias por todo mundo, elogiam os ditadores noutros países que estejam em seu flanco ideológico. Bolsonaro reclama de não poder fazer o que deseja mesmo tendo sido eleito.

Não é só no Brasil. É em toda parte.

Se por aqui até partidos que tiveram coerência, como o PSDB, estão ficando desfigurados, isto aconteceu com o Partido Republicano, nos EUA; com o PP e o PSOE, na Espanha; aconteceu na Itália, aconteceu em Israel.

Estamos nos esquecendo do que é uma democracia. Democracias não foram iguais por toda história, elas se transformaram, se refinaram, melhoraram. Democracias não são perfeitas, mas seus valores são pensados para que se aperfeiçoem constantemente.

É isso que tentaremos responder nesta edição de sábado. O que é uma democracia?

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— Os editores

Ataque hacker impede acesso a comprovantes de vacinação

O site do Ministério da Saúde e o portal ConecteSUS estão fora do ar desde a madrugada de hoje devido a um ataque de ransomware, crime virtual no qual hackers roubam ou bloqueiam dados de uma página e cobram resgate para liberá-los. Antes de serem derrubadas, as páginas exibiam uma mensagem dos criminosos dizendo que “50 TB de dados foram copiados e excluídos” e apresentando um contato no Telegram para o resgate. O ataque também afeta o aplicativo do ConecteSus, impedindo que o usuário acesse seu comprovante de vacinação contra covid-19, caso ele não esteja salvo em um arquivo no celular ou computador ou tenha sido impresso. O ministério ainda não se posicionou sobre o ataque. (g1)

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As novas regras sanitárias para entrada de visitantes no país via aeroportos entram em vigor amanhã e estão provocando conflito entre o Ministério da Saúde e os estados e municípios. O governo federal não aceitou a recomendação da Anvisa para exigir comprovante de vacinação. Em vez disso, visitante não vacinado precisa cumprir cinco dias de quarentena no município de destino e fazer um teste após esse período. Caso no resultado seja positivo, ele terá de cumprir dez dias de isolamento. Além de a pessoa potencialmente contaminada poder viajar até o destino final de sua viagem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga disse que caberá aos governos e prefeituras fiscalizar a quarentena. O SUS é tripartite. São os estados e municípios. “E essa é a força do SUS. Sobretudo em relação à atenção primária”, afirmou. (Jornal Nacional)

E aí está o problema. Segundo secretários de Saúde de estados e municípios, é inviável esse rastreio dos visitantes, entre outros motivos pela demora na Anvisa de enviar a lista de quem entrou no país. “Temos relatos de estados recebendo em dezembro listas de passageiros de novembro”, diz Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Para os técnicos da Anvisa, porém, a mera exigência de quarentena já desestimula a entrada de turistas não vacinados no país. (g1)

Também para incentivar a vacinação, o Ministério da Saúde vai instalar postos de imunização nos três principais aeroportos do país: Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Brasília (DF). O problema é que as vacinas precisam de pelo menos duas semanas para oferecer imunidade. (Poder360)

Enquanto isso... A prefeitura de São Paulo vai descartar cerca de 8 mil doses da vacina da Pfizer, que estavam destinadas a pessoas que deveriam tomar a segunda dose. Como esse grupo não compareceu aos postos, as vacinas passaram do tempo máximo fora do armazenamento em frio extremo. (UOL)

Como se não bastasse a covid-19, o Rio de Janeiro vive oficialmente uma epidemia de gripe, segundo a Secretaria de Saúde do estado. As UPAs da rede estadual registraram um aumento de 239% nos casos de gripe desde a semana passada. E, a despeito de haver duas doenças de fácil transmissão pelo ar, a prefeitura do Rio confirmou a queima de fogos em dez pontos da cidade no Réveillon. Não haverá shows, mas Copacabana contará com torres de som. O prefeito Eduardo Paes admitiu que haverá aglomeração. (UOL)

O fechamento prolongado das escolas ao longo da pandemia pode fazer com que, ao longo de suas vidas, jovens de todo o mundo deixem de ganhar US$ 17 trilhões (R$ 94 trilhões), segundo estudo da ONU e do Banco Mundial. A estimativa leva em conta as dificuldades no acesso ao ensino remoto, a crise econômica e a perda de membros da família responsáveis pelo sustento. O maior fardo, como sempre, deve recair sobre os mais pobres, as mulheres e os estudantes portadores de deficiência. “O aumento potencial da pobreza educacional pode ter um impacto devastador na produtividade, nos ganhos e no bem-estar futuros para essa geração”, diz Jaime Saavedra, diretor global para a educação do Banco Mundial. (g1)

O Meio cruzou ontem uma marca importante: a dos 100.000 inscritos no YouTube. É o momento em que a plataforma começa a considerar um canal como de grande porte. Preparamos um vídeo de celebração. E, também por aqui, agradecemos a todos.

Pesquisa de rejeição

Spacca

Meio Spacca pesquisa de rejeicao reduz

Política

A Câmara dos deputados aprovou ontem a urgência para um projeto que, se aprovado, reduz drasticamente a autoridade dos governadores sobre as Polícias Militares e, de quebra, afrouxa as regras para entrada nas corporações. Pelas propostas apresentadas pelo deputado Capitão Augusto (PL-SP), coordenador da chamada Bancada da Bala, os governadores terão de escolher os comandantes gerais da PM e dos bombeiros a partir de uma lista tríplice feita pela própria corporação. Os nomeados terão mandato de dois anos e só poderão ser exonerados pelo governador mediante justificativa “relevante e comprovada”. E, sob a alegação de seguir o princípio constitucional da presunção de inocência, fica autorizado o ingresso na PM de indiciados em inquérito policial ou réus em processo judicial ou administrativo. Com a aprovação da urgência, o projeto vai direto ao Plenário, sem passar por comissões. Para o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), coordenador do Fórum Nacional de Governadores, o projeto é inconstitucional. (g1)

O Executivo e o Legislativo entraram ontem num jogo de empurra sobre a transparência das verbas do orçamento secreto, exigida pelo STF. O presidente Jair Bolsonaro baixou um decreto determinando aos ministérios divulgação dos pedidos de liberação de emendas do relator de 2020 e 2021, sem exigir explicitamente a revelação dos nomes dos parlamentares beneficiados. O Congresso, por sua vez, diz que precisa de dados da Secretaria de Governo para chegar a esses nomes. Do contrário, terão de consultar 4.800 prefeitos que receberam recursos para saber quem os apadrinhou. (Folha)

Meio em vídeo. Duas decisões do Supremo, esta semana, têm impacto direto no futuro da democracia no Brasil. Elas definem de forma direta e indireta as regras para o jogo que definirá quem terá mesmo poder em 2023. Uma soltou o dinheiro do orçamento secreto. Outra liberou as federações. Muitos partidos sumirão, outros vão crescer. Quer entender o jogo? Confira no Ponto de Partida. (YouTube)

Acabou mesmo a trégua. O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou ontem a atacar, sempre sem citar nomes, o ministro do STF Alexandre Moraes. Durante evento para comemorar o Dia Internacional Contra a Corrupção, ele defendeu o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que estava na solenidade. “Doeu no coração ver um colega preso. Temos aqui um parlamentar que ficou sete meses preso. Se coloquem no lugar dele”, afirmou Bolsonaro. Silveira foi preso por ordem de Moraes após gravar um vídeo defendendo agressões físicas aos ministros do STF. Já em clima de campanha, Bolsonaro mirou em dois adversários. Respondendo à declaração do governador paulista João Doria (PSDB) sobre passaporte de vacinação, Bolsonaro não foi econômico na linguagem: “E ele ameaça: ninguém vai entrar no meu estado. Teu estado é o cacete, porra”. Sobre Sérgio Moro (Podemos), que foi seu ministro da Justiça, o presidente disse que ele “mesmo com toda a liberdade, nunca mostrou serviço, a não ser fazer intrigas”. (UOL)

Aliás... Moro e Doria se reuniram na quarta-feira para discutir uma eventual aliança nas eleições do ano que vem. Segundo o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que participou do encontro, os dois vão seguir batendo na tecla de estarem “no mesmo campo”, mas só devem fechar um acordo em maio. Um dos entraves é saber quem abriria mão da cabeça de chapa. (Globo)

Não é boa a situação do ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Planalto, como explica Malu Gaspar. Setores do partido avaliam que a entrada do também ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) tirou de Ciro votos dos eleitores que não aceitam nem Lula (PT) nem Bolsonaro (PL), dificultando ainda mais as chances de o pedetista, agora quarto nas pesquisas, chegar ao segundo turno. Embora o discurso da porta para fora seja de fileiras cerradas com Ciro, dentro do partido cresce a pressão para, caso sua candidatura não decole até fevereiro, aderir à campanha de Lula. (Globo)

A nove dias do segundo turno das eleições presidenciais chilenas, o candidato de extrema-direita José Antonio Kast tem que lidar com uma situação embaraçosa. Documentos do Arquivo Federal da Alemanha comprovaram que seu pai, o alemão Michael Kast, filiou-se voluntariamente ao Partido Nazista em 1942. O candidato admitia que pai havia lutado na Segunda Guerra, mas dizia se tratar de serviço militar obrigatório. (Folha)

Cultura

Até 1975 a lista de indicados ao Oscar de Melhor Direção era um vestiário masculino, mas naquele ano essa barreira foi rompida graças à genialidade da cineasta italiana Lina Wertmüller, que morreu ontem, aos 93 anos. Amiga e discípula de Federico Felini, Lina estreou como diretora e roteirista em 1963 e conquistou Hollywood 12 anos depois com Pascoalino Sete Belezas (trailer), a história de um prisioneiro de guerra lembrando sua nada glamurosa vida. O filme lhe rendeu também a indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Lina continuou dirigindo até 2004 e, em 2019, recebeu um Oscar honorário pelo conjunto da obra. A família não informou a causa da morte. (Variety)

Em tempo, a primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção foi Kathryn Bigelow, em 2010, por Guerra ao Terror (trailer).

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Confira os destaques da agenda cultural.

Até o dia 12, o Festival Curta Brasília comemora 10 anos com uma edição online e gratuita, que disponibiliza mostras em realidade virtual de curtas nacionais e internacionais.

O diretor Rodrigo Portella inicia nessa sexta a temporada da performance audiovisual de auto ficção (RE)Play no canal do Sesc Rio de Janeiro no YouTube.

No domingo será lançado o aplicativo Projeto Afro: Além da Tela, que pretende conectar usuários à iniciativa de mapeamento e difusão de artistas plásticos negros. De Abdias Nascimento a Ana Raylander Mártis, 170 nomes já foram cadastrados.

Para ver a agenda completa, clique aqui, e para outras dicas de cultura, assine a newsletter da Bravo!.

Essa é para comemorar dançando até o sol raiar. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) declarou ontem o forró como patrimônio imaterial brasileiro. Ele também recebeu a classificação de “supergênero”, por abranger estilos como xote, baião, xaxado e outros. (g1)

Cotidiano Digital

O Twitter revelou uma retrospectiva com os principais assuntos entre os usuários no Brasil em 2021. A lista apresenta os tópicos mais comentados sobre esportes, TV, cinema, música e games. Entre os clubes de futebol, os mais comentados foram Flamengo, Atlético-MG e Corinthians. Na lista de atletas, Neymar aparece em primeiro lugar. As Olimpíadas, o Brasileirão e as Paralimpíadas foram os eventos esportivos mais discutidos. Além disso, a lista mostra os emojis mais usados. Confira. (Twitter Brasil)

Já que o assunto é retrospectiva, o Instagram e o Facebook começaram a liberar ontem um recurso para a criação de retrospectivas de 2021 nas redes sociais. (g1)

A Meta começou a testar sua carteira digital Novi no WhatsApp. Com isso, alguns usuários nos Estados Unidos poderão transferir e receber pagamentos em criptomoedas por meio da plataforma. Na prática, usuários devem ver uma nova operação para enviar dinheiro através da criptomoeda Pax Dollar (USDP), uma stablecoin lastreada no dólar americano. A Novi é uma carteira digital da Meta que promete pagamentos gratuitos, tanto em território nacional quanto no exterior. (Tecnoblog)

123456… Essa foi a senha mais usada no Brasil em 2021, segundo o serviço de gerenciamento de senhas NordPass. Entre as 10 primeiras posições, oito são combinações numéricas óbvias, enquanto outras são palavras comuns, como “senha” e “Brasil”. Na lista geral com 50 países, a senha “123456” também aparece no topo. Veja as senhas mais usadas e como proteger a sua. (Estadão)

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