Propinas por verbas do MEC foram cobradas até em ouro

No que depender de Jair Bolsonaro, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, vai passar incólume pela divulgação de um áudio em que admite a prefeitos que dois pastores evangélicos indicados pelo presidente controlam a liberação de verbas da pasta. Segundo Guilherme Amado, interlocutores dizem que Bolsonaro, pelo contrário, vê o ministro, que também é pastor, fortalecido pelo episódio, pois comprova seu empenho em atender à base evangélica. (Metrópoles)

Faltou, porém, combinar com essa base. A bancada evangélica no Congresso deu 24 horas para que Ribeiro explique a atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Como conta Mônica Bergamo, Santos não é considerado representativo das igrejas e Moura é virtualmente desconhecido. (Folha)

Paralelamente, o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e os deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Felipe Rigoni (União Brasil-RJ) entraram com uma representação conjunta contra Ribeiro na Procuradoria-Geral da República (PGR), o que também foi feito pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES) e os deputados Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e Túlio Gadelha (PDT-PE). Já a Liderança da Minoria na Câmara encaminhou notícia contra o ministro e Bolsonaro ao presidente do STF, ministro Luiz Fux. (Poder360)

Diante da repercussão, o MEC divulgou na tarde de ontem nota em que o ministro negou o que disse na gravação. Segundo a nota, “a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE)”. Ribeiro também procurou blindar Bolsonaro, afirmando que este pediu apenas que recebesse todos os que o procurassem, incluindo os dois pastores. (g1)

Mas os prefeitos estão começando a falar. Gilberto Braga (PSDB), de Luís Domingues (MA), disse que o pastor Arilton Moura exigiu R$ 15 mil antecipados para protocolar demandas do município e 1kg de ouro quando a verba fosse liberada. (Estadão)

Já Fabiano Moreti, prefeito de Ijaci (MG) relata que só foi recebido pelo ministro após a intervenção dos religiosos. “O pastor tem mais moral que deputado. Eu sou aliado de deputados que não conseguem uma agenda para mim com o ministro”, conta. (Globo)

Bruno Boghossian: “Bolsonaro distorceu as funções do MEC quando submeteu o ensino do país à cartilha de grupos religiosos. Com um pastor no comando do órgão, o governo quis decidir o que pode ser dito na escola e cobrado em provas oficiais. Por trás dessa fachada conservadora, havia outros interesses em jogo. O governo organizou e vitaminou uma operação de tráfico de influência ao apontar oficialmente os personagens autorizados a distribuir a verba da educação.” (Folha)

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O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-secretária parlamentar da Câmara Walderice Santos da Conceição, conhecida como ‘Wal do Açaí’, por improbidade administrativa. Segundo as investigações, ela recebia como assessora do então deputado em Brasília, enquanto trabalhava vendendo açaí e fazendo trabalhos domésticos na casa de Bolsonaro em Angra do Reis (RJ). (Metrópoles)

O ex-procurador Deltan Dallagnol terá de pagar uma indenização de R$ 75 mil ao ex-presidente Lula (PT) por danos morais, decidiu a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação se refere à entrevista que o então chefe da força tarefa da Lava-Jato apresentou uma tela de Power Point com o nome de Lula cercado de acusação de crimes como enriquecimento ilícito e expressões como “governabilidade comprometida”. Dallagnol poderá recorrer ao próprio STJ. (g1)

Pois é... Dallagnol se queixou nas redes. “Estou estarrecido com este sistema de Justiça”, afirmou em vídeo. “Indignado.” (Instagram)

Já o ex-presidente respondeu na mesma moeda — com outro slide. (Twitter)

Os palanques regionais seguem sendo um entrave à aliança nacional entre PT e PSB, e o problema não se limita a São Paulo. No Rio de Janeiro, segundo o Radar, os socialistas querem lançar os deputados Marcelo Freixo e Alessandro Molon candidatos, respectivamente, ao governo do estado e ao Senado, mas o PT não admite ficar sem uma das candidaturas majoritárias. Atual presidente da Alerj, o petista André Ceciliano disse que lançará sua campanha para senador no dia 30 de abril. (Veja)

Outro problema é em Pernambuco, principal base do PSB. Com a aliança local acertada, a deputada petista Marília Arraes anunciou que vai deixar o partido para concorrer ao governo por outra legenda, mantendo o apoio a Lula. Mas o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, reagiu dizendo que o ex-presidente “tem juízo” e não prejudicará a aliança por um segundo palanque no estado. (Folha)

Sem partido desde julho do ano passado, quando saiu brigado do DEM, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) vai se filiar ao PSDB. Ele deve assumir a presidência do partido no Rio e coordenar no estado o processo de formação da federação com o Cidadania. (UOL)

Meio errou. Segundo a pesquisa do Instituto FSB, a segunda maior rejeição entre os eleitores é de João Doria (PSDB), não de Sérgio Moro (Podemos). O governador de São Paulo é rejeitado por 54% dos entrevistados.

A guerra na Ucrânia vai ganhando contornos que não eram previstos quando a Rússia invadiu o país há quase um mês. Por um lado, as forças ucranianas, que já dificultavam o avanço russo, vêm realizando contraofensivas em diversas frentes, tendo retomado a cidade de Makariv, nos subúrbios de Kiev, frustrando o plano russo de cercar a capital. Por outro, a Rússia reage intensificando os bombardeios a cidades, em particular a Mariupol, no sul da Ucrânia, já praticamente reduzida a escombros. (New York Times)

A Rússia anunciou — e os Estados Unidos confirmaram — o uso de mísseis hipersônicos contra alvos ucranianos, a primeira vez que essa espécie de arma é usada numa guerra. Segundo analistas, um dos motivos seria a escassez de armamento convencional. Desde a invasão, as tropas russas já dispararam mais de 1.100 mísseis e estariam com dificuldades para repor seu arsenal. (Politico)

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelenski, disse ontem que pelo menos 100 mil civis ainda estão em Mariupol sob “condições desumanas”. “Sem água, sem comida e sob bombardeio constante”, afirmou. Ele acusou a Rússia de interceptar ônibus de resgate de civis e levar prisioneiros os motoristas. (BBC)

Para ler com calma. Por que tomar Mariupol é tão importante para os russos? Pelo lado prático, ela permite formar uma ponte entre as províncias separatistas na região de Donbas e a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Pelo lado simbólico, ela está no meio da região que Moscou classifica como naturalmente russa e é a base do “Batalhão Azov”, uma unidade paramilitar ucraniana com traços neonazistas. (Guardian)

Joe Biden, presidente dos EUA, chega hoje à Europa para participar de reuniões da Otan e anunciar novas sanções contra a Rússia. (Reuters)

Enquanto isso... Moscou deu mais um sinal de endurecimento com seus críticos internos. Alexei Navalny, um dos principais opositores de Putin, foi condenado a mais nove anos de prisão por fraude e desacato. Ele já cumpre pena por ter violado a liberdade condicional ao viajar em 2020 para a Alemanha, onde tratou-se de uma tentativa de envenenamento. (g1)

Meio em vídeo. No Conversas com Meio, o professor de Relações Internacionais e coordenador do Observatório da Extrema Direita, David Magalhães, explica o que é a extrema direita russa. Quem é o Olavo de Carvalho de Putin, se é que dá para chamá-lo assim? E, fundamentalmente, que tipo de soberania a Ucrânia pode ter? (YouTube)

Viver

A média móvel de internações por covid-19 no estado de São Paulo em sete dias chegou ao menor nível desde o início da pandemia. Segundo dados da Secretaria de Saúde, houve 233 novas internações diárias no período. A maior média registrada desde o primeiro caso foi de 3.399 internações, no dia 26 de março de 2021. Já durante o surto da variante ômicron, no início deste ano, a média de internações atingiu um pico de 1.521, no dia 29 de janeiro. A secretaria atribuiu a redução na média à cobertura vacinal no estado. (UOL)

Enquanto isso... Se a vacinação contra a covid-19 segue avançando no país, o mesmo não pode ser dito da imunização contra outras doenças. No ano passado, a média de pessoas completamente imunizadas dentro do público-alvo de cada vacina do Programa Nacional de Imunizações (PNI) ficou em 60,8%, muito abaixo do recorde de 95,1%, registrado em 2015. Um dos piores resultados foi na vacina contra a poliomielite, com 52% de cobertura. Em 2012, esse número era de 96,5%, e a doença era considerada erradicada no Brasil. (Globo)

Especialistas ainda não conseguem explicar a queda de um Boeing 737 na China, matando as 132 pessoas a bordo. O mergulho “de bico” por quase 9 mil metros intrigou o CEO da Boeing, Dave Calhoun. “Esse tipo de perfil de descida é muito estranho. Pouquíssimas falhas causariam uma descida assim”, disse. Já o piloto aposentado Michel Treskin afirma que o vídeo da queda, captado pelas câmeras de segurança de uma mineradora, mostra a aeronave subindo levemente, como se alguém ainda estivesse tentando controlá-la. (Canaltech)

Cem milhões de brasileiros não têm o esgoto de suas casas recolhidos e, do que é coletado, apenas metade passa por alguma espécie de tratamento. Esse número alarmante está num estudo do Instituto Trata Brasil feito a partir de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O levantamento mostra ainda a discrepância regional. As cidades do Sul e do Sudeste estão entre as com melhor cobertura de saneamento, enquanto as piores estão no Norte e no Nordeste. (g1)

Cultura

Considerado o equivalente nos quadrinhos à Palma de Ouro do Festival de Cannes, o Fauve d’Or de 2022 foi para um brasileiro, o niteroiense Marcello Quintanilha, de 51 anos, por conta da graphic novel Escuta, Formosa Márcia. Sair premiado do Festival de Angoulême não é uma novidade para o quadrinista, que vive em Barcelona, na Espanha, desde 2002. Em 2014 ele ganhou o Fauve Polar (melhor narrativa policial) com Tungstênio, adaptada para o cinema quatro anos depois por Heitor Dhalia. Escuta, Formosa Márcia conta a história de uma mulher da periferia que vai às últimas consequências quando a filha adolescente se envolve com o crime organizado. (Estadão)

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Enquanto a versão brasileira do Lollapalooza volta neste fim de semana, a edição americana divulgou ontem a lista de atrações deste ano. Dua Lipa, Metallica, J. Cole e Green Day são os shows principais de cada uma das quatro noites do festival, que começa no dia 28 de julho, em Chicago. Ao todo, serão 170 apresentações, incluindo ainda Lil Baby, Kygo, Glass Animals, Charli XCX, King Princess e, claro, Jane’s Addiction, banda de criou o festival. (Rolling Stone)

Cotidiano Digital

Um estudo do Instituto Locomotivas e da consultoria PwC mostrou que 33,9 milhões de brasileiros não têm acesso à internet e outros 86,6 milhões não conseguem se conectar todos os dias. O grupo dos “desconectados” representa 20% da população com mais de 16 anos, enquanto os “subconectados” e os “parcialmente desconectados” equivalem a 25% e 26%. Esses grupos são formados principalmente por pessoas negras, que estão nas classes C, D e E, e que são menos escolarizadas. O estudo também destacou a desigualdade nas condições de acesso à internet que dificultam o dia a dia de uma parcela de internautas que trabalham em casa. (g1)

E o Twitter lançou uma nova função na plataforma que permite a criação de GIFs em tweets diretamente da câmera do aplicativo no iOS. (The Verge)

Meio em vídeo. Brandon Sanderson é o maior caso de sucesso no Kickstarter. Autor de ficção científica, ele levantou mais de US$ 30 milhões para publicar os quatro livros que escreveu durante a pandemia. Pedro Doria e Cora Rónai contam essa história. (YouTube)

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