Prezadas leitoras, caros leitores –

A nociva mistura entre política e quartel, no governo de Jair Bolsonaro, tem um expoente para muito além do ex-capitão. É o general Walter Souza Braga Netto. A Edição de Sábado do Meio vai contar — em reportagem de Maiá Menezes, ex-editora de Política do Globo e vencedora dos prêmios Esso, Ypis e Rey de España, entre outros — a trajetória do provável vice na chapa do presidente à reeleição e como ele se tornou uma figura anfíbia entre dois mundos que não deviam ter qualquer intersecção.

Sua discrição desde os tempos de interventor no Rio de Janeiro, em 2018, se mantém — e afasta críticas mais abertas a esse duplo papel. Mas, ainda que sob camuflagem, Braga Netto articula politicamente e transita bem entre integrantes do Centrão e de outras alas de sustentação do governo. Soma-se a isso sua adesão à perigosa campanha de descrédito do processo eleitoral brasileiro. É essa composição que torna seu protagonismo tão temerário e, ao mesmo tempo, necessário de se trazer à luz.

Também vamos tratar da deterioração econômica do país, com seus 11,9 milhões de desempregados e os custos básicos em altas históricas. Associar a pandemia à precarização do trabalho no Brasil parece demagogia e cheira à demagogia, provavelmente porque o é. Para Vitor Araújo Filgueiras, PhD em Economia e professor visitante da Universidad Complutense de Madrid, esse não deveria ser o nosso foco. A solução para criar empregos positivos está no investimento em políticas públicas que mantenham a demanda e protejam o trabalhador, diz ele.

Por fim, cultura. A estreia de Star Trek: Strange New Worlds devolve às origens a série que revolucionou a TV — e, em parte, a sociedade — dos EUA ao tratar de igualdade racial, multiculturalismo e autodeterminação dos povos em plenos anos 1960. Mas será que, quase seis décadas depois, o universo criado por Gene Roddenberry ainda é capaz de romper barreiras e desafiar tabus?

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– Os editores.

Bolsonaro: “militares não serão espectadores da eleição”

Em mais um ataque à credibilidade do processo eleitoral brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse na live semanal que seu partido vai contratar uma ‘empresa de ponta’ para fazer auditoria das eleições de outubro, e que esse trabalho não aconteceria depois da votação. “Se antes das eleições, daqui a 30, 40 dias, (a empresa) chegar à conclusão que, dado o que já foi feito até o momento para melhor termos umas eleições livres de qualquer suspeita de ingerência externa, ela dizer (sic) que é impossível auditar e não aceitar fazer o trabalho. Olha a que ponto vamos chegar”, afirmou. Bolsonaro disse ainda que os militares “não vão fazer papel de chancelar apenas o processo eleitoral, participar como espectadores do mesmo”. (Metrópoles)

O TSE não comentou as falas de Bolsonaro — segundo fontes, para não alimentar o tom beligerante. Mas ex-ministros lembram que a lei e as próprias resoluções da Corte permitem auditorias contratadas por partidos, com acesso aos programas, até 12 meses antes das eleições. (CNN Brasil)

Então... O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, enviou um ofício ontem ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, pedindo que a Corte divulgue os questionamentos e sugestões das Forças Armadas sobre o sistema eleitoral. As perguntas seguem a mesma linha das críticas de Bolsonaro. (UOL)

Enquanto isso... O Palácio do Planalto passou o dia ontem à voltas com a notícia da agência Reuters segundo a qual o diretor da CIA William Burns, durante visita ao Brasil em 2021, disse a integrantes do governo que Bolsonaro deveria parar de questionar a integridade das eleições. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, confirmou o encontro a Andréia Sadi, mas negou ter tratado de eleições com Burns. (g1)

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Meio em vídeo. A notícia com mais impacto nas eleições desta semana não estava nas manchetes, é um plano burocrático pelo qual muita gente passou batido. Mas ele mostra que Bolsonaro não está parado. Está, pelo contrário, trabalhando duro para se reeleger. Confira no Ponto de Partida. (YouTube)

A mobilização nas redes sociais para que os jovens de 16 e 17 anos tirassem o título de eleitores foi bem-sucedida. Segundo o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, foram registrados 2.042.817 milhões de novos eleitores nessa faixa etária, especialmente devido à procura entre janeiro e abril deste ano, um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período de 2018. E, claro, o brasileiro segue deixando tudo para a última hora. Nada menos que 1,3 milhão de eleitores procuraram a Justiça Eleitoral na quarta-feira, último dia para tirar, alterar ou regularizar o título a tempo de votar no pleito de outubro, um recorde. (Metrópoles)

Meio em vídeo. No segundo episódio da coluna De Tédio a Gente Não Morre, a jornalista Mariliz Pereira Jorge traz os assuntos mais quentes da semana. Da picanha fake e outros truques da indústria alimentícia aos milhões de novos títulos eleitorais. O movimento dos jovens evangélicos conservadores será mais forte que o da juventude de esquerda? Vamos descobrir. (YouTube)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) não está sozinho em sua guerra contra o Judiciário. Na visão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de quem transita nos gabinetes de Brasília, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está com ele nessa trincheira, conta o jornalista Alberto Bombig. O objetivo seria enfraquecer os órgãos de controle e desgastar o Supremo junto à opinião pública, o que poderia beneficiar os diversos políticos do Centrão com pendências na Justiça. Até o momento, Lira não deu andamento, por exemplo, à cassação do mandato de Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado no Supremo por incitar a violência contra a Corte. (UOL)

Lira usou sua conta no Twitter para classificar como mentirosa a informação de que estaria agindo contra o STF. Ele também enviou um áudio para os líderes partidários dizendo que não era comentarista político para repercutir a reportagem. “Não é possível, eu não tenho que comentar o noticiário. O noticiário é que deveria comentar o que acontece com precisão e absoluta imparcialidade. Quando não o faz, o tempo se encarrega de corrigir e ponto final, ok?”, disse. (Poder360)

Por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ) o ex-governador do Rio Sérgio Cabral foi transferido do presídio de Bangu 1 para uma cela no quartel do Corpo de Bombeiros na Zona Sul da capital. Cabral cumpria pena no Batalhão Especial Prisional (BEP) da PM, mas foi transferido para Bangu depois de serem constatadas regalias para ele e outros presos. O desembargador do STJ Olindo de Menezes mandou o ex-governador para o quartel dos bombeiros com base em uma decisão anterior do ministro do STF Edson Faquin de que um colaborador da Justiça não pode ficar na mesma prisão com pessoas que delatou. (CNN Brasil)

A ONU anunciou ontem a retomada do resgate de civis da usina siderúrgica de Azovstal, na cidade ucraniana de Mariupol. Pelo menos 200 não combatentes ainda estão no local, último bastião das tropas que resistem à ocupação russa na cidade. (BBC)

E o presidente russo Vladimir Putin pediu desculpas ao governo de Israel pela declaração de seu ministro do Exterior, Sergei Lavrov, de que Adolf Hitler tinha sangue judeu. Lavrov tentava explicar como o judeu Volodymyr Zelenski comanda um “governo nazista” na Ucrânia, uma das justificativas que a Rússia apresenta para a invasão. (Guardian)

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Orlando Pedroso

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Cultura

Lançado ontem, o Portal de Dramaturgia reúne informações sobre 100 autores e autoras de teatro atuantes no Brasil da última década. Os verbetes incluem um perfil, apresentação crítica, fragmentos de obras e entrevista com os artistas, que no conjunto cobrem as cinco regiões do país. Idealizado por Vinicius de Souza, da mostra Janela de Dramaturgia, o projeto tem apoio do Rumos Itaú Cultural.

Um dos grandes pianistas em atividade no mundo, Kirill Gerstein é o convidado da Osesp e de seu regente titular, Thierry Fischer, para realizar a estreia latino-americana do Concerto para Piano e Orquestra, do britânico Thomas Adès. O programa dessa sexta inclui ainda Uma Vida de Herói, extenso poema sinfônico de Richard Strauss.

Histórias dos discos em 78 rotações por minuto, populares no Brasil na primeira metade do século 20, compõem a série Gramofônica, concebida e apresentada pela pesquisadora Biancamaria Binazzi para a Rádio Batuta. Dois dos seis episódios partem da histórica discoteca de Mário de Andrade.

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O presidente Jair Bolsonaro vetou inteiramente a Lei Aldir Blanc, que criaria um fundo de R$ 3 bilhões da União a ser repassado para estados e municípios fomentarem o setor de cultura. Segundo Bolsonaro, o projeto é “inconstitucional e contraria o interesse público”. O presidente também havia vetado a Lei Paulo Gustavo, que destinava R$ 3,87 bilhões para entes federativos mitigarem os efeitos da pandemia nas atividades artística e culturais. Bolsonaro chegou a dizer que daria a verba para o agronegócio. O Congresso pode derrubar os dois vetos. (UOL)

Seios, nádegas, genitália desnuda. Desfile de carnaval? Filme nacional dos anos 1970? Não. Trata-se de uma exposição sobre a arte erótica romana antiga em Pompeia, cidade coberta pelas cinzas do Vesúvio em 79 d.C. e hoje uma das principais atrações da vizinha Nápoles. O diretor do sítio arqueológico, o alemão Gabriel Zuchtriegel, reuniu cerca de 70 objetos, esculturas e afrescos nas ruínas para a mostra. O rubor e os risinhos de alguns visitantes mostram que o sexo é um tabu maior hoje do que há vinte séculos. (Folha)

Uma facção do mundo nerd está em luto. Morreu ontem, aos 66 anos, Hiroyuki Watanabe, ator japonês célebre por atuações nos tokusatsu, filmes e séries de ficção científica com monstros gigantes. Um de seus papéis mais famosos foi o comandante Akio Ishimuro na série Ultraman Gaia, de 1998, e no filme Ultraman Tiga, Ultraman Dyna & Ultraman Gaia: A Batalha no Hiperespaço, de 1999. (JBox)

E se o leitor não conhece o universo de Ultraman, corra agora e confira o canal oficial no Youtube com todas as séries legendadas em inglês, incluindo a original, de 1966.

Viver

O número real de vítimas da covid-19 no mundo até o fim de 2021 chegou a 14,9 milhões, quase três vezes os 5,4 milhões oficiais, segundo estimativa divulgada ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Esses dados preocupantes não apenas apontam para o impacto da pandemia, mas também para a necessidade de todos os países investirem em sistemas de saúde mais resilientes”, disse o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus. (g1)

Embora os dados oficiais já coloquem o Brasil como país com o segundo maior número de mortos na pandemia, essa conta também está subdimensionada. A conclusão é de um estudo publicado ontem na revista científica PLOS Global Public Health. De acordo com o levantamento, o total de vítimas fatais da covid-19 no país em 2020 foi 18% maior que o apontado pelas estatísticas oficiais – 242.787, em vez de 206.624. (BBC Brasil)

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A atuação de garimpeiros nas terras indígenas ianomâmis, em Roraima, fez a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). A entidade protocolou uma petição pedindo proteção aos índios, argumentando que a área é preservada por decisão do próprio Supremo e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Segundo a Apib, o governo federal é “conivente com os crimes cometidos pelo garimpo” ao estimular o projeto que libera a atividade em terras indígenas. (UOL)

Enquanto isso... A Câmara aprovou ontem a criação de uma comissão externa para acompanhar as denúncias de estupro cometido por garimpeiros e desaparecimento de pessoas na terra indígena ianomâmi em Roraima. A Polícia Federal afirma não ter encontrado indícios desses crimes na comunidade Aracaçá. (Folha)

Não são só os povos indígenas que sofrem com a exploração da Amazônia. Com base em dados públicos, a Rede Ambiental Mídia calculou que 20% da Bacia Amazônica, a maior bacia hidrográfica do país e do mundo, já estão impactados com a mineração, a pecuária e a geração de energia. Os rios mais ameaçados são o Xingu, Tapajós, Tocantins e Madeira. (Jornal Hoje)

Cotidiano Digital

O WhatsApp começou a liberar nesta quinta-feira a tão aguardada função de reações em mensagens. Em testes há meses, a função de reações permite que as pessoas usem emojis para responder a certas mensagens em privado ou em grupos. São seis tipos de emojis para os usuários do aplicativo de mensagens, com opções para curtir, dar joinhas e usar carinhas de raiva no app. Além disso, a plataforma anunciou o envio de arquivos maiores por mensagem, podendo chegar até 2 GB de memória. (Estadão)

Outra novidade é a ampliação de 256 para 512 o limite de participantes de grupos no WhatsApp, mas a mudança será liberada no Brasil somente depois das eleições. (g1)

Acumulando mais um cargo de CEO, o bilionário Elon Musk pode se tornar também o CEO do Twitter, segundo a CNBC. O plano do executivo da Tesla e da SpaceX, empresas fundadas por ele, é de assumir o cargo assim que fechar a compra da rede social, por US$ 44 bilhões. Atualmente, Musk também é CEO da Boring Company. Além disso, o bilionário também garantiu um grupo de investidores para bancar a aquisição do Twitter, depois que as ações da Tesla caíram 8%. Com isso, 19 pessoas farão o aporte milionário na aquisição. (CNBC)

Meio em vídeo. Pedro Doria e Cora Rónai revelam como é utilizar um celular e a internet na Coreia do Norte e explicam como funcionam as operadoras de telefonia móvel no país. Será que existe um vazio digital na terra de Kim Jong-un? (YouTube)

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