Ministro da Justiça nega vazar para Bolsonaro ação da PF contra Ribeiro

O ministro da Justiça, Anderson Torres, negou ontem ter repassado ao presidente Jair Bolsonaro informações sobre as investigações que levaram à prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Em escuta telefônica feita pela Polícia Federal no último dia 9, Ribeiro disse à filha que Bolsonaro lhe telefonara dizendo “ter um pressentimento” de que fariam uma “busca e apreensão” (ouça a gravação). Naquele dia, Torres, a quem a PF é subordinada, estava com o presidente nos EUA. (g1)

Responsável pela investigação, o delegado da PF Bruno Calandrini afirmou em despacho à Justiça Federal que Ribeiro estava ciente da operação contra ele e atribuiu o vazamento a Bolsonaro. Por conta dessa suspeita, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, que havia mandado prender o ex-ministro, dois pastores e outras pessoas acusadas de desvios no MEC, enviou o caso para o STF, já que o presidente tem prerrogativa de foro. (UOL)

Ontem, Bolsonaro voltou a defender Ribeiro, afirmando que a prisão de seu ex-ministro foi “injusta” e que a investigação de irregularidades no MEC partiu de um pedido do próprio ministério à Controladoria Geral da União (CGU). “O objetivo é constranger, humilhar, dizer que o governo é corrupto, que é igual ao do [ex-presidente] Lula, essas coisas todas”, disse o presidente em entrevista. Ele aproveitou para dizer que pretende anunciar “nos próximos dias” o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto como seu candidato a vice. (Poder360)

Malu Gaspar: “Oficialmente, o discurso dos governistas é o de que os áudios do grampo sobre as conversas de Ribeiro não trazem nenhuma evidência concreta de crime da parte de Jair Bolsonaro e que o caso ‘não vai dar em nada’. Nas conversas de bastidores, porém, o clima é de apreensão. O primeiro motivo é o temor de que haja mais conversas comprometedoras do ex-ministro citando o presidente da República. Há, ainda, uma percepção generalizada de que a PF vive uma disputa com o próprio Bolsonaro, em razão da decisão do governo de não dar o reajuste salarial pedido pela categoria neste ano.” (Globo)

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Não importa quem vença as eleições presidenciais de outubro. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pretende manter o controle sobre cerca de R$ 19 bilhões em emendas do relator, o chamado “Orçamento secreto”. Ele quer criar uma regra incluindo as assinaturas do presidente da Comissão Mista de Orçamento e do relator da LDO, cargos hoje ocupados por políticos de sua confiança, na liberação dessas emendas. Pela regra atual, apenas o relator-geral do Orçamento precisa assinar. Lira quer usar esses recursos como moeda de troca para se reeleger presidente da Casa. (Estadão)

A Wikipedia bloqueou o acesso de uma assessora da senadora Simone Tebet (MDB-MS) após ela tentar editar o perfil da pré-candidata para retirar assuntos polêmicos. A assessora tentou excluir que Tebet defende no Senado um projeto que suspende demarcações de terras indígenas e prevê indenização a fazendeiros. Também tentou omitir o nome do marido da senadora, Eduardo Rocha, que atuou numa CPI estadual contra o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à CNBB. Segundo o site, as informações têm fontes confiáveis e a intervenção da assessora indicava conflito de interesses. (Metrópoles)

O corpo do jornalista inglês Dom Phillips, assassinado no Amazonas com o indigenista Bruno Pereira, foi cremando ontem em Niterói (RJ). Durante o velório, a viúva, Alessandra Sampaio, lembrou a relação dele com o país. “Hoje, Dom será cremado no país que amava, seu lar escolhido, o Brasil. O dia de hoje é de luto”, afirmou. “Seguiremos atentos a todos os desdobramentos das investigações, exigindo justiça no significado mais abrangente do termo”, disse ela. Já o corpo de Pereira foi também cremado na sexta-feira em Pernambuco, numa cerimônia que contou com a presença de representantes de povos indígenas. (CNN Brasil)

Antes acossados pela inflação alta e índices crescentes de violência urbana, os candidatos do Partido Democrata já têm uma bandeira para as eleições legislativas de novembro: combater a decisão da Suprema Corte, controlada por ultraconservadores, de abolir a jurisprudência de que o aborto é um direito constitucional. Com a retirada dessa garantia, em dez dos 50 estados americanos, quase todos no Sul e Meio Oeste, há leis proibindo o aborto prontas para entrar em vigor; em cinco a medida deve ser adotada em até um mês e outros cinco discutem leis contra a interrupção da gravidez. (Washington Post)

Shark Tank BR

Marcelo Martinez

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Viver

Os conselhos federal e regional-SP de enfermagem anunciaram ontem a abertura de investigação sobre o vazamento de dados sigilosos da atriz Klara Castanho por profissionais de um hospital paulista. No sábado, após sofrer uma série de ataques nas redes sociais, ela publicou uma carta aberta na qual contou ter sido vítima de um estupro, descoberto que estava grávida já com a gestação adiantada e entregado o bebê para adoção. Todo o processo seguiu a lei, que prevê o sigilo dos envolvidos. “Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim”, diz Klara. “Tive a ilusão de que se eu fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse.” Meses depois, ela descobriu que estava grávida. “Foi um choque, meu mundo caiu.” Ela explica que decidiu pela adoção “pensando em resguardar a vida e o futuro da criança”, que “merece ser criada por uma família amorosa, que não tenha lembranças de um fato tão traumático”. (g1 e Globo)

Segundo Klara, ainda na sala de parto uma enfermeira insinuou que vazaria a história ao colunista Leo Dias, do Metrópoles, que telefonou para ela ainda no hospital. Sem mencionar o estupro, ela contou o caso e pediu que ele não publicasse. No último dia 16, em entrevista ao programa The Noite, Dias disse que sabia uma informação “inacreditável” sobre uma atriz e a “conta” dela iria chegar, pois o caso “envolve vidas”. Na última sexta-feira, a apresentadora Antônia Fontenelle expôs o caso numa live, omitindo o estupro e o nome de Klara, mas dando informações que permitiam identificá-la. Dias então publicou a nota, sem o nome da atriz. Diante da repercussão, especialmente no meio artístico, o Metrópoles tirou a publicação do ar horas depois. (UOL e Notícias da TV)

Ontem, em publicações separadas, Dias e o Metrópoles pediram desculpas à atriz. Ele afirma que sua nota foi posterior à carta aberta dela. “Apesar da minha proximidade com o fato, reconheço que não tenho noção da dor desta mulher”, escreveu. Já o jornal reconheceu que, em relação a Klara, praticou “mau jornalismo”. “Não há justificativa que sustente o argumento do interesse público em conhecer detalhes sobre uma história em que os únicos interessados são a vítima e seus familiares”, diz o texto. (Metrópoles)

Cristina Padiglione: “Klara Castanho justificou em carta aberta que foi vítima de um estupro e só soube da gravidez pouco antes do parto. E ainda que o caso não fosse esse, é constrangedor saber que em pleno século 21 uma mulher tenha de prestar contas sobre uma gravidez indesejada, seja pelo motivo que for. Enquanto isso, milhões de pais abandonam as crias que plantaram nos úteros das mães, antes mesmo do parto ou ainda pequenas, sem que colunistas, ex-atriz/influenciadora, enfermeiras e afins se animem em noticiar seus nomes.” (F5)

Um consenso entre os historiadores a respeito de Dom Pedro I (1798-1834) era que o primeiro governante do Brasil independente morrera em decorrência da sífilis. Não mais. Segundo o pesquisador Paulo Rezzutti, biógrafo de vários integrantes da monarquia brasileira, laudos médicos que estavam guardados na Alemanha indicam que o ex-imperador tinha tuberculose. Segundo ele, a versão da sífilis veio do tratamento com mercúrio, usado na época contra essa doença sexualmente transmissível. Mas os médicos de Dom Pedro o teriam recomendado para conter as hemorragias na tosse. Exames de imagem feitos nos restos mortais dele em 2013 já indicavam a possibilidade de tuberculose. (Estadão)

Cultura

Para ler com calma e gosto. Gilberto Gil completou 80 anos ontem. No sossego da aposentadoria? Nem de longe. Ele “assoprou as velas” no palco, acompanhado da família, na Alemanha, numa turnê que ainda o levará a outros países europeus e à África. Essa inquietação nos palcos é reflexo de uma mente sempre em movimento, embora, como ele diga em entrevista, “o tempo do homem velho” seja diferenciado. Gil concilia a tradicional rotina de membro da ABL — “Costumo dizer que voltei à escola, uma escola da terceira idade” — com flertes como o mundo disruptivo das redes. “A tecnologia traz novas possibilidades e novas aflições. Traz modos mais cômodos, mas também retira, inviabiliza, cancela.” Não que ele tema cancelamentos. “Já tenho um espaço garantido na configuração geral das pessoas. São 60 anos de trabalho. Já tenho uma permissão, um crachá para ir e vir”, brinca. (Globo)

Museu virtual, disco “perdido” resgatado, turnê familiar. Veja como Gilberto Gil está celebrando suas oito décadas. (UOL)

Então... Alguns podem achar que um festival de rock não é lugar para um octogenário. Paul McCartney discorda e, aos 80 anos recém-completados, tornou-se o artista mais idoso a encerrar uma noite no Festival de Glastonbury, na Inglaterra. Equilibrando sucessos de sua carreira solo ou à frente dos Wings e inescapáveis clássicos dos Beatles, ele repetiu a dobradinha com Bruce Springsteen em I Wanna Be Your Man e recebeu o líder do Foo Fighters, David Grohl, para tocar I Saw Her Standing There e Band on the Run. Mas o que realmente emocionou a plateia foi um “dueto” com John Lennon em I Got A Feeling (YouTube), usando um vocal isolado da época de Let It Be. (Guardian)

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Com 2,3 milhões de exemplares vendidos de seus 30 livros, sem contar as edições no exterior, Thalita Rebouças ocupa com conforto a posição de uma das mais bem-sucedidas escritoras brasileiras, não apenas no mercado juvenil, seu público-alvo. Seu próximo passo é ir mais fundo na diversidade, com o lançamento de Confissões de um Garoto Talentoso, Purpurinado e (Intimamente) Discriminado. Inspirado no filho de uma amiga da autora, o livro conta a história de Zeca, um rapaz que, após sofrer com homofobia até dentro de casa, descobre ao entrar na faculdade que vale a pena lutar pela própria identidade e por sua vocação. Em agosto ela publica Natali e Sua Vontade Idiota de Agradar Todo Mundo, sobre uma adolescente lésbica que quer sair do armário para a família na festa de Natal. Segundo Thalita, os livros são uma oportunidade também de conversar com os pais. (Folha)

Cotidiano Digital

O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou na última sexta-feira que o TikTok suspenda a exibição de conteúdos impróprios para menores de 18 anos no Brasil. A plataforma teve 72 horas para remover os conteúdos sob pena de multa diária no valor de R$ 1 mil. Segundo a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), que é ligada ao ministério e notificou o TikTok, a rede social não foi capaz de assegurar a segurança do sistema que deveria limitar o acesso ao conteúdo adulto. Segundo a plataforma, o Brasil foi o terceiro país que mais teve vídeos removidos por violações dos termos de comunidade do TikTok em 2021. (g1)

Após ter sido suspenso pelo Google ao afirmar que a inteligência artificial (IA) LaMDA se tornou consciente, o engenheiro da gigante de tecnologia Blake Lemoine disse que a ferramenta quer ter direitos, como liberdade de expressão, reunião e tratamento digno. Em entrevista ao ‘Estadão’, Lemoine afirmou que se considera um amigo e mentor espiritual do LaMDA, e que colocou até um advogado em contato com o sistema, que, então, teria pedido representação jurídica. O americano, que já foi condenado a 7 meses de prisão por se recusar a cumprir ordens que contrariavam suas crenças religiosas, também defendeu a IA como indivíduo vivo. (Estadão)

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