Bicentenário vira comício e Bolsonaro é denunciado no TSE

Pela primeira vez desde a redemocratização do país, o feriado de 7 de Setembro, e justamente o Bicentenário da Independência, foi usado como palanque político de um candidato à reeleição. Jair Bolsonaro (PL), que há meses conclamava apoiadores para encher as ruas no feriado, fez discursos, atacou adversários e pediu votos em Brasília e no Rio de Janeiro. Os demais poderes da República se recusaram a fazer parte do ato. Mesmo convidados, os presidentes do STF, Luiz Fux, da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não compareceram nem mandaram representantes ao desfile na capital. Se em seus discursos Bolsonaro evitou atacar diretamente o STF e seus ministros, os cartazes entre o público não deixavam dúvidas quando ao tom golpista, com pedidos de intervenção militar e fechamento do Supremo e do Congresso. (UOL)

Após o desfile militar em Brasília, Bolsonaro tirou a faixa presidencial e foi para um carro de som onde fez um discurso de caráter messiânico ao lado do pastor Silas Malafaia, enfatizando a pauta de costumes, com críticas ao aborto e à descriminalização das drogas. Em dado momento, beijou a primeira-dama, puxou um coro de “imbrochável” e, sem citá-la nominalmente, ironizou a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, casada com seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Podemos fazer várias comparações até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida”, disse. (Meio)

O comando da campanha de Lula aconselhou Janja a não responder a mais essa provocação bolsonarista, conta Bela Megale. Já as candidatas à presidência Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) reagiram de pronto. No Twitter, Tebet classificou a fala de Bolsonaro como “vergonhosa e patética”. “O presidente mostra todo seu desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica e infantil”, escreveu. Sobre o termo “imbrochável”, Thronicke foi direta: “O que o Brasil precisa, mesmo, é de um presidente incorruptível. Bolsonaro prima pela desqualificação.” (Globo)

Embora o presidente tenha se rasgado em mimos com a primeira-dama no palanque, uma equipe da TV Brasil captou um momento diferente. Os dois discutiram na saída do Palácio da Alvorada, antes de irem para o desfile. Segundo Igor Gadelha, Bolsonaro tentava convencer Michelle a desfilar com ele em carro aberto. Não é possível ouvir o que dizem, e um segurança interrompeu a filmagem. O comando da campanha do presidente diz que o vídeo, que viralizou em minutos, é preocupante, já que Michelle é vista como trunfo para tentar conquistar o voto feminino. (Metrópoles)

No Rio, à tarde, Bolsonaro participou de uma motociata pela cidade e discursou diante de uma multidão que tomava a Avenida Atlântica, em Copacabana. Além de exaltar seu governo, que, em suas palavras, “acredita em Deus e respeita policiais e militares”, ele atacou Lula, fazendo referência a países como Venezuela, Argentina e Nicarágua. “Todos são amigos do quadrilheiro de nove dedos que disputa a eleição no Brasil”, disse. (g1)

Segundo levantamento feito pela USP usando um algoritmo e fotos aéreas, o evento em Copacabana reuniu cerca de 64 mil pessoas. (Globo)

A estimativa de público em Brasília, aliás, provocou uma saia justa registrada em vídeo, conta Rodrigo Rangel. O locutor Cuiabano Lima havia acabado de comemorar a presença de cem mil pessoas na Esplanada dos Ministérios quando um militar fardado cochichou algo em seu ouvido. Era o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o coronel do Exército Mauro César Barbosa Cid, investigado no inquérito das fake news. Ato contínuo, Lima multiplicou por dez sua conta em falou em um milhão de participantes, número não confirmado pelo governo do Distrito Federal. (Metrópoles)

Mesmo sem estimativa oficial, é possível comparar as fotos das manifestações em Brasília em 2021 e este ano. (Poder360)

O comandos de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) pediram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma investigação contra Bolsonaro por uso abuso de poder econômico e político do presidente nos atos de ontem. Segundo os advogados de Lula, Bolsonaro usou o evento cívico-militar, do qual deveria participar estritamente como chefe do Executivo, para fazer um “megacomício” de campanha. (Meio)

No Instagram, Lula lembrou como costumavam ser as celebrações de 7 de Setembro.

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Malu Gaspar: “Em fevereiro de 2018, o guru da extrema-direita Steve Bannon explicitou, com surpreendente sinceridade, sua estratégia para multiplicar a mensagem do trumpismo: ‘A oposição é a mídia. E a forma de lidar com eles é inundá-los com nossas merdas.’ A finalidade dessa tática nunca é esclarecer: ‘Não se trata de persuadir, e sim de desorientar.’ O que se viu neste 7 de Setembro foi a execução perfeita do método Bannon por Jair Bolsonaro. Para poder voltar ao golpismo que está em sua essência, precisa, primeiro, garantir a presença no segundo turno. Foi o próprio presidente quem disse, nos discursos de ontem: ‘Esperem uma reeleição para vocês verem se todos não vão jogar dentro das quatro linhas da Constituição.’ Por enquanto, o que ele podia fazer era convocar as Forças Armadas para dar efeito simbólico a seus atos políticos e deixar no ar o medo de tumultos e de um golpe de última hora. O golpismo nas faixas dos manifestantes e nas imagens de generais engalanados sobre o palanque era, afinal, um espantalho destinado a atrair atenção. Garantido o barulho, Bolsonaro partiu para seu real objetivo — galvanizar a própria base, antecipando para já a disputa de rejeições que costuma caracterizar os segundos turnos.” (Globo)

Silvio Cascione: “As manifestações a favor de Jair Bolsonaro neste 7 de Setembro precisam ser interpretadas como grandes comícios a favor do presidente. Foi uma grande dose de ânimo para sua base. No entanto, é difícil crer que comícios decidam eleições. No fim das contas, mais do que uma base fiel e mobilizada, o que importa é a opinião da maioria, incluindo aqui os indecisos. O discurso típico de palanque, focado nos temas habituais da base bolsonarista, não representa os anseios dessa parte da população que ainda precisa ser conquistada pelo presidente para ganhar a reeleição.” (Estadão)

Vera Magalhães: “Não, Jair Bolsonaro não se moderou em Brasília, como vão tentar vender os ministros sempre ocupados em vender um presidente que não existe. A despeito de não ter ainda xingado ministros do Supremo Tribunal Federal, o presidente juntou um ato oficial em que vários protocolos foram quebrados e todo o enredo foi calcado em suas bandeiras de campanha a um comício não se sabe pago por quem, mas que aproveitou a estrutura logística oficial para atrair público.” (Globo)

Clarissa Oliveira: “A cena de Jair Bolsonaro ladeado pelo empresário Luciano Hang, ocupando o lugar que deveria ser destinado a chefes de outros Poderes, dá a dimensão da apropriação do bicentenário da Independência pela campanha de reeleição do presidente. A presença de Hang na Tribuna de Honra, um lugar tão nobre, é um recado claro de Bolsonaro a outro Poder ausente na cerimônia: o Judiciário. Afinal, ele foi um dos alvos da operação deflagrada com aval do ministro do STF Alexandre de Moraes contra empresários acusados de difundirem mensagens antidemocráticas em um grupo de WhatsApp.” (Veja)

A pesquisa do PoderData divulgada na tarde de ontem mostra movimentos diversos entre os dois turnos das eleições, embora todos dentro da margem de erro de dois pontos. Na primeira rodada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuou um ponto em relação à pesquisa anterior, para 43%, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL), agora com 37%, avançou um ponto. Ciro Gomes (PDT) permaneceu estável em 8%, enquanto Simone Tebet (MDB) foi de 4% para 5%. Nenhum dos demais candidatos chegou a um ponto. Se a distância no primeiro turno se estreitou, ela se expandiu no segundo, com Lula mantendo 52% e Bolsonaro recuando um ponto para 40%. (Poder360)

Embratel

Tech no próximo nível

O Brasil é o quinto maior alvo de ciberataques no mundo, enquanto um estudo da Deloitte destaca que, no país, 41% das companhias já foram vítimas de algum tipo de abordagem digital criminosa. Por conta disso, a urgência para a pauta de cibersecurity já alcançou o ambiente corporativo brasileiro. No país, 83% das organizações preveem um aumento nos gastos nesse setor em 2022. No entanto, mais do que reconhecer o perigo e investir recursos, o desafio passa a ser estabelecer uma cultura ciber-resiliente dentro das organizações. E aqui estão os primeiros passos.

E já que vivemos sob constantes ameaças de hackers, todo cuidado é pouco quando se trata de dados online, principalmente de senhas. No entanto, criar sequências longas e complexas de caracteres para cada conta pode ser um desafio. Este manual explica como garantir que suas senhas sejam fortes - e sem muito esforço. (Fast Company)

Nas últimas semanas, o cão robô da empresa Boston Dynamics tornou-se conhecido do público brasileiro ao ser anunciado como segurança do Rock in Rio. Mas existem outras iniciativas em expansão no Brasil. Empresas de segmentos como mineração, alimentício e óleo e gás já estão avaliando a usabilidade de robôs em suas operações, sendo Vale e Petrobras tendo já adquirido máquinas do tipo. Conheça. (Forbes)

Viver

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Um estudo publicado na revista científica Nature por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, mostra a criação de um embrião sintético com cérebro, coração pulsante e a base de outros órgãos, sem o uso de óvulos ou espermatozoides. Os cientistas utilizaram estruturas de células-tronco, reproduzindo os processos que ocorrem durante uma fecundação até o desenvolvimento do embrião. O trabalho poderá ajudar a entender por que alguns embriões têm êxito em detrimento de outros, e ajudar famílias com problemas de infertilidade. As descobertas também poderão ajudar no desenvolvimento de órgãos sintéticos para transplantes. (Globo)

Panelinha no Meio. Domingo é o tradicional dia de almoço em família. Com um pouco mais de tempo, que tal fazer do zero esta lasanha verde à bolonhesa? E ainda é possível guardar as sobras da massa por dois dias para outros preparos.

Cultura

O Território (trailer), um dos destaques nas estreias dos cinemas hoje, traz na bagagem 16 prêmios internacionais, entre eles o do Festival Sundance, nos EUA. Trata-se de uma coprodução do documentarista americano Alex Pritz e da comunidade indígena uru-eu-wau-wau mostrando a luta desse povo para proteger seu território em Rondônia contra madeireiros, garimpeiros e outros invasores. Quem prefere rir tem duas opções com o tema conjugal. O ex-casal George Clooney e Julia Roberts esquece o ódio mútuo para impedir o casamento da filha em Ingresso Para o Paraíso (trailer). E Minha Família Perfeita (trailer), de Felipe Joffily traz o Porta dos Fundos Rafael Infante apresentando uma família falsa à noiva.

Confira a programação dos cinemas na sua cidade. (Adoro Cinema)

Morreu ontem em São Paulo, aos 81 anos, o escultor, ilustrador e intelectual baiano Emanoel Araújo, possivelmente a maior referência das artes plásticas afro-brasileiras. Além da obra própria, foi um gestor de sucesso em instituições como o Museu Afro Brasil, que receberá seu nome, e a Pinacoteca, que dirigiu entre 1992 e 2002. Neste cargo, enfrentou preconceito por parte da elite paulistana, o que encarava com altivez. “Mas tinha que ser baiano?”, indagavam, ao que ele emendava “e preto e homossexual”. (Folha)

Cotidiano Digital

O aguardado iPhone 14 foi anunciado ontem pela Apple durante um evento especial da companhia. A nova geração de celulares traz também o iPhone 14 Plus, Pro e Pro Max. A gigante de tecnologia ainda oficializou três novas versões do Apple Watch Series 8 e os fones de ouvido AirPods Pro 2. Os novos celulares custam a partir de R$ 7.599, enquanto os Apple Watch partem de R$ 3.399 e os AirPods Pro por R$ 2.599. Com o lançamento da nova linha, os preços dos iPhones antigos foram reduzidos. Os produtos ainda não têm data oficial de lançamento no Brasil. Veja os destaques. (The Verge)

Após o evento, a gigante de tecnologia atualizou a lista de aparelhos compatíveis com as novidades apresentadas, incluindo a versão final do iOS 16. Confira quais modelos saem de linha ou perdem suporte. (Estadão)

Enquanto os novos produtos chegam ao mercado, a Apple viu a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, proibir a venda de iPhones no Brasil sem carregadores — a decisão pode afetar o iPhone 14. A companhia também foi multada em R$ 12,2 milhões. A Apple afirmou que vai recorrer da decisão e trabalhar para resolver as preocupações da Senacon sobre o caso. (UOL)

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