TSE nega a Forças Armadas sua apuração paralela

O clima entre os militares e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que parecia distensionado, voltou a azedar ontem. A Corte negou em nota que tenha feito qualquer acordo com o Ministério da Defesa para um “acesso diferenciado em tempo real aos dados enviados para a totalização”. Os militares querem fotografar os boletins de 385 urnas nas seções eleitorais e comparar com os resultados delas que chegam ao TSE. A Defesa teme que, com esse recuo, sua principal proposta, a mudança do teste de integridade nas urnas, também seja rejeitada. (Folha)

Míriam Leitão: “A notícia de que o Ministério da Defesa teria um acesso diferenciado às urnas foi negada pelo TSE e é mais uma tentativa das Forças Armadas de agradarem o presidente Bolsonaro em seu plano de desacreditar as urnas. As Forças Armadas têm que decidir a quem servem: ao povo brasileiro e à democracia ou ao presidente Bolsonaro, que tem conspirado contra a democracia.” (Globo)

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Tida como uma das integrantes mais discretas do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Rosa Weber tomou posse ontem na presidência da Corte com um discurso duro, dizendo que o país vive “tempos difíceis, de maniqueísmos indesejáveis” e que o Supremo “tem sido alvo de ataques injustos e reiterados, por parte de quem desconhece o texto constitucional”. O recado era para o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas ele não compareceu, assim como os demais candidatos à presidência. Weber ressaltou a “rejeição ao discurso de ódio e repúdio a práticas de intolerância”. (Meio)

Bolsonaro foi o primeiro presidente a faltar a uma posse no comando do STF desde 1993. Além disso, como conta Malu Gaspar, dois de seus ministros mais próximos, Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fábio Faria (Comunicações), foram embora antes do discurso de Rosa Weber. Os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Anderson Torres, e o advogado-geral da União, Bruno Bianco, ficaram até o fim. (Globo)

Enquanto isso... A Procuradoria-Geral da República voltou a pedir ontem que seja anulada a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes autorizando buscas contra oito empresários que pregavam um golpe de Estado em grupos de mensagens. Segundo a vice-procuradora Lindôra Araújo, a ordem de Moraes desrespeitou prerrogativas do MP e contém vícios, como a “falta de justa causa e atipicidade das condutas apuradas”. Moraes já havia rejeitado um pedido semelhante. (Poder360)

A pesquisa Ipec, encomendada pela TV Globo e divulgada ontem, mostra estabilidade na corrida presidencial, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indo de 44% para 46%, dentro da margem de erro de dois pontos, e Jair Bolsonaro (PL) permanecendo com os 31% do levantamento anterior. Ciro Gomes (PDT) recuou de 8% para 7%, também dentro da margem, e Simone Tebet (MDB) manteve seus 4%. Felipe d'Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil) se mantiveram com 1%. Os demais não chegaram a um ponto. Num eventual segundo turno, aponta o Ipec, Lula teria 53%, contra 36% de Bolsonaro. Em mais um sinal de estabilidade, 80% dos eleitores dizem já estar com o voto decidido. Uma má notícia para o presidente Bolsonaro é que 50% dos entrevistados não votariam nele sob hipótese alguma, enquanto 35% rejeitam Lula. (g1)

Apontado em pesquisas anteriores, um crescimento de Bolsonaro foi o que motivou a reconciliação entre Marina Silva (Rede) e Lula, sacramentada ontem em uma entrevista coletiva em São Paulo, onde ela concorre a deputada. “Nosso reencontro programático se dá diante de um quadro grave da história política, econômica, social e ambiental do nosso país. Em que nós temos uma ameaça que eu considero a ameaça das ameaças. Ameaça a nossa democracia”, disse a ex-ministra. Ela também é vista como uma importante ponte com o eleitorado evangélico, embora tenha reiterado a importância do Estado laico, apontado por ela como uma conquista da Reforma protestante. (Meio)

Meio em vídeo. Três episódios, três empresários demonstraram em vídeo o desejo de impor seu voto negando quentinhas, demitindo ou oferecendo bônus. Isto é uma aula sobre a ideologia bolsonarista, uma aula muito mais profunda do que parece à primeira vista. Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

Cassio Cenali, que viralizou por negar quentinhas a uma diarista que disse votar em Lula, é empresário rural na região de Itapeva (SP), mas, segundo o Portal da Transparência do governo federal, recebeu R$ 5.200 de Auxílio Emergencial entre abril de 2020 e outubro do ano passado. Ele também já foi condenado na Justiça por compra de gado com cheques sem fundos. (UOL)

A prefeitura de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, acusou a Rússia de bombardear instalações de fornecimento de energia elétrica e água, em represália à retomada da região por forças de Kiev. Na última semana, uma contraofensiva ucraniana retomou milhares de quilômetros quadrados de território invadido pelos russos no Leste do país. Imagens divulgadas por Kiev mostram tanques e outros armamentos abandonados pelos invasores em retirada. (Guardian)

A imprensa russa admitiu que, diante da superioridade numérica do inimigo, suas tropas foram forçadas a abandonar cidades que “haviam liberado”. O Ministério da Defesa se recusa a falar em “retirada”, afirmando que está acontecendo um “reagrupamento previamente planejado”. (BBC)

Cultura

O cinema perdeu nesta madrugada um dos mais importantes diretores de todos os tempos. Morreu na França, aos 91 anos, Jean-Luc Godard, cineasta símbolo da Nouvelle Vague, o movimento francês que revolucionou a arte na virada dos anos 1950-60. Em 58 anos de carreira, dirigiu 58 longas, trazendo uma linguagem experimental e explorando temas polêmicos. Antes de estrear como diretor de longas em 1960, com Acossado (trailer), atuou como crítico na seminal revista Cahiers du Cinema, ao lado de futuros colegas de movimento, como Jacques Rivette, Claude Chabrol e François Truffaut. Foi sua geração que identificou nos cinema americano, sempre associado a produtores, a assinatura de diretores como John Ford e Frank Capra. Acossado, além de levar ao estrelato o jovem ator Jean Paul Belmondo, valeu ao estreante Godard o prêmio de melhor diretor do Festival de Berlim. Sua vocação polêmica explodiu no filme seguinte, O Pequeno Soldado (trailer), que, por sugerir que o governo francês compactuava com a tortura, só foi lançado em 1963. A intensa produção naquela década incluiu a ficção científica noir Alphaville (trailer) e Made In USA (trailer) uma declaração de amor aos pulps americanos. Os anos 1970 e 80 o viram mais político que nunca, culminando com Je vous salue, Marie (trailer), de 1985, uma releitura moderna e iconoclasta da Imaculada Concepção, que chegou a ser proibido no Brasil pelo então presidente José Sarney. Apaixonado também pela tecnologia do cinema, realizou em 2000 Elogio do Amor (trailer) filmado parte em película e parte em vídeo, e, em 2014, dirigiu em 3D Adeus à Linguagem (trailer), vencedor do prêmio do júri em Cannes. Seu último filme foi Linguagem e Palavra (trailer), de 2018. (Guardian)

A HBO passeou à vontade na festa do Prêmio Emmy, o mais importante da TV americana, levando 38 estatuetas, o dobro da conquista do ano anterior e 12 a mais que a segunda colocada, a Netflix. A principal responsável foi a série The White Lotus, que ganhou dez prêmios, incluindo melhor série limitada e melhor atriz coadjuvante para Jennifer Coolidge (a eterna Mãe do Stifler). Aos 26 anos, Zendaya se tornou a pessoa mais jovem e a primeira mulher negra a vencer dois Emmys de melhor atriz em drama por seu papel em Euphoria, da HBO, enquanto o coreano Lee Jung-jae, protagonista de Round 6, da Netflix, foi o primeiro asiático a ficar com o prêmio de melhor ator em drama. Sussession, da HBO, foi a melhor série dramática, e Ted Lasso (Apple TV), a melhor comédia. A grande surpresa foi Lizzo’s Watch Out for the Big Grrrls, da Amazon Prime, que interrompeu a sequência de quatro vitórias consecutivas de RuPaul’s Drag Race, da VH1, como melhor reality de competição. (Variety)

Um dos clichês desta edição do Rock In Rio foi que diversos artistas que brilharam no Palco Sunset mereciam estar no Palco Mundo. A vice-presidente executiva do festival Roberta Medina reconheceu que a curadoria do espaço foi a melhor deste ano e promete ampliar o Sunset, mas com a ressalva de que é o ambiente ideal para determinados artistas. “Se o artista não estiver pronto (para o palco Mundo), isso pode até prejudicar a carreira dele. Tem um processo”, diz. É difícil, porém, imaginar que Avril Lavigne, Gilberto Gil, Living Colour, Maria Rita e outros “não estejam prontos”. (Globo)

Mas o festival não terminou sem polêmica. Fora da escalação, Anitta criticou a organização, acusando-a de dar tratamento privilegiado a artistas internacionais. “Eu não piso neste festival [do Brasil] nunca mais”, escreveu em redes sociais. Na verdade, ela só se apresentou até hoje no Rock In Rio Lisboa. Anitta também disse, sem citar Ludmilla, que a funkeira deveria ter se apresentado no Palco Mundo, não no Sunset. (UOL)

Viver

Panelinha no Meio. Todo coadjuvante tem seu dia de protagonista. Nesta receita de risoto, a estrela é o tomate, presente no molho, no acabamento e na variação de salada caprese que acompanha o prato.

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Um estudo publicado por pesquisadores brasileiros na revista científica Nature Sustainability mostra que a abertura de áreas protegidas na Amazônia para mineração causaria o desflorestamento de 183 km² de terra com a abertura de novas minas, e outros 7.626 km² provenientes de impactos diretos e indiretos da construção de infraestrutura. Com a atividade, seriam necessários 1.463 km de novas estradas para acesso ao local, que causaria um desmatamento 40 vezes maior que a devastação causada pela mineração, além da perda de biodiversidade da floresta. O desmatamento na Amazônia tem aumentado nos últimos anos, registrando a terceira maior taxa desde 2015, entre agosto de 2021 e julho deste ano. (Folha)

Dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2021 mostram que, pela primeira vez, a maioria dos alunos matriculados em instituições de ensino superior no país estão na modalidade à distância, com 52% do total. Mas a avaliação indicou que esses universitários não tiveram notas melhores que estudantes do modo presencial, tanto em conhecimentos gerais quanto em áreas específicas. Nesta edição, o Enade avaliou os cursos de licenciatura, que formarão os próximos professores do país. (g1)

Cotidiano Digital

Não é novidade que a Meta vem tentando transformar o Instagram no aplicativo rival TikTok. Mas isso não tem sido fácil para a empresa de Mark Zuckerberg. Segundo documento interno obtido pelo Wall Street Journal, o engajamento do Reels, recurso de vídeos curtos lançado em 2020, caiu e usuários estão insatisfeitos com a reciclagem de conteúdo. Os usuários do Instagram acumulam 17,6 milhões de horas diárias assistindo Reels. No entanto, o número é bem abaixo do registrado pelo TikTok, com 197,8 milhões de horas diárias. Outros problemas incluem a baixa constância de publicações e republicação de vídeos produzidos para outras plataformas — em geral, o TikTok. (Wall Street Journal)

O Twitter disse nesta segunda-feira que as alegações feitas por advogados de Elon Musk são “inválidas e injustas” e vai continuar o processo contra o empresário. A companhia rebateu as declarações de uma nova carta enviada pelo bilionário para tentar desfazer o acordo de compra da rede social, por US$ 44 bilhões. No documento, o representante de Musk disse que o valor de quase US$ 7 milhões pagos pelo Twitter ao ex-funcionário que denunciou a empresa deu ao bilionário mais munição para encerrar o acordo. O Twitter, por sua vez, respondeu dizendo que não violou nenhuma representação ou obrigação sob o acordo de aquisição. Entenda. (Estadão)

E o iOS 16, nova atualização do sistema operacional da Apple, chegou aos celulares iPhone nesta segunda-feira. A novidade foi anunciada no lançamento do iPhone 14, no último dia 7, e põe o foco na tela inicial, antes de destravar o celular. A Apple acredita que com mais informação colocada ali, menos as pessoas terão de acessar os aparelhos, o que diminuirá a atenção de checar um aplicativo ou outro. O objetivo é tornar os smartphones menos ‘viciantes’. A nova atualização do iOS apresenta um design renovado para os iPhones, além de um sistema mais fácil de transformar fotos em stickers. Confira outras mudanças. (TechTudo)

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