Prezadas leitoras, caros leitores —

Que longo século foi essa semana, não? Fomos da análise dos resultados das urnas às alianças, passando pelo satanismo e o canibalismo, sem muitas escalas. Navegar nas águas turbulentas do segundo turno vai exigir alguma frieza. E uma boa dose de reconciliação.

A começar pelos dois mais tradicionais partidos do Brasil. PT e MDB estão em processo de recasamento. São, afinal, os dois últimos sobreviventes da luta contra a ditadura e precisam conversar de novo — tanto para superar o bolsonarismo quanto para Lula eventualmente governar. Convidamos o jornalista João Villaverde, que é também professor, mestre e doutorando em Administração Pública e Governo pela FGV-SP, para esmiuçar essa delicada relação.

E muita gente se pergunta como e por que os evangélicos, em sua maioria, seguem apoiando Jair Bolsonaro, a despeito de comportamentos não exatamente cristãos por parte do presidente. A resposta está em dois governantes, um recente e um muito antigo.

Para dar um breve respiro fora das águas políticas, vamos recapitular a história de Hans Niemann, o enxadrista americano de 19 anos acusado de todo tipo de trapaça. A Edição de Sábado é exclusiva para assinante premium.

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Lula prepara ‘Carta aos Evangélicos’

Da mesma forma que divulgou uma “Carta ao Povo Brasileiro” em 2002 para acalmar o mercado financeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende divulgar uma carta especificamente para o eleitorado evangélico, fechado em sua maioria com o presidente Jair Bolsonaro. O documento, que deve ser divulgado na segunda-feira, está sendo alinhavado por Lula com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), evangélica e filha de pastor. Entre outros pontos, o candidato deve prometer que, se eleito, não interferirá na pauta de costumes e abrirá espaço para os religiosos na elaboração de políticas públicas. Outra carta, esta dirigida ao agronegócio e proposta pelo comando da campanha petista, não é bem-vista por Lula. Ele argumenta que isso o obrigaria a fazer o mesmo para cada setor do empresariado. (g1)

Lula reagiu ontem à declaração preconceituosa de Bolsonaro associando sua vitória no Nordeste ao índice de analfabetismo na região. “Quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista, nesse monstro que governa esse país. Ele que vá pegar voto de miliciano”, disse, durante evento em São Bernardo do Campo (SP). (UOL)

Quatro dos mais importantes integrantes da área econômica do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) divulgaram ontem uma nota em apoio à candidatura de Lula. Além dos ex-presidentes do BNDES Pérsio Arida e do BC Armínio Fraga, o documento é assinado pelo ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e pelo economista Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real. Eles avaliam que a eventual reeleição de Bolsonaro é um risco ao regime democrático e, como disse Bacha, “não há (política) fiscal sem democracia”. (Terra)

Também em nota, Lula agradeceu o apoio dos economistas de FHC, dizendo haver “momentos na história em que os valores civilizatórios e democráticos devem estar acima de qualquer divergência”. Entretanto, conta Luciana Lima, cá neste Meio, Lula resiste à pressão para que detalhe a regra fiscal que adotará, já que critica o atual regime de teto de gastos. Segundo o comando da campanha petista, isso depende do cenário fiscal que um futuro governo vai encontrar em função das “recorrentes e irresponsáveis medidas eleitoreiras do governo Bolsonaro”. (Meio)

Para ler com calma. Não ter detalhado ainda no primeiro turno seu plano de governo foi o “erro fatal” que impediu Lula de se eleger já no último dia 2. A avaliação é da terceira colocada no pleito, a senadora Simone Tebet (MDB-MS). “O eleitor sabe o que foi o governo do PT, com os seus avanços e com os seus defeitos. Mas estava esperando uma fala, não do programa de televisão, mas nos debates, nos palanques, uma fala do Brasil do futuro”, disse ela, que já manifestou seu apoio ao petista no segundo turno. (Folha)

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Atrás nas pesquisas de intenção de votos, em particular junto à população mais pobre, o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou ontem um programa da Caixa Econômica Federal para perdoar até 90% das dívidas de cerca de quatro milhões de pessoas. Segundo ele, os detalhes serão informados hoje pela presidente do banco, Daniella Marques. O anúncio aconteceu em um evento no Palácio do Planalto com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Bolsonaro disse ainda ter combinado com o deputado um projeto para taxar lucros e dividendos acima de R$ 400 mil para financiar a manutenção em 2023 do Auxílio Brasil de R$ 600, o que não está previsto no Orçamento. (UOL)

Horas depois, em sua primeira viagem a Minas Gerais no segundo turno, Bolsonaro criticou as “propostas mirabolantes” da esquerda durante evento com empresários. Ele e seu candidato a vice, o general Braga Netto, pediram aos industriais “um esforço” para virar os votos dos “mais humildes”. Minas foi o único estado do Sudeste em que Bolsonaro chegou em segundo no primeiro turno. Além de Braga Netto, participaram os governadores de Minas, Romeu Zema (Novo), do Rio, Cláudio Castro (PL), do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e de Roraima, Antônio Denarium (PP). (Metrópoles)

Estende-se há dias uma polêmica sobre o apoio ou não do ex-presidente Michel Temer (MDB) à reeleição de Bolsonaro. Segundo Julia Duailibi, Temer desistiu do apoio explícito por pressões da família. Em vez disso, o ex-presidente soltou uma nota aplaudindo a candidatura que “defender a democracia” e mantiver as reformas feitas em seu governo — o ex-presidente Lula já anunciou mais de uma vez que pretende rever pelo menos alguns pontos da reforma trabalhista feita por Temer. (g1)

Meio em vídeo. Você provavelmente ouviu que, se Lula vencer, o Brasil vai virar a Venezuela. Só que sabe quem está com a faca e o queijo na mão para fazer exatamente o que Hugo Chávez fez na Venezuela? É Jair Bolsonaro. Quer entender? Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

A primeira pesquisa Genial/Quaest do segundo turno trouxe excelentes notícias para o presidente Jair Bolsonaro (PL). Não, ele não está liderando na intenção de votos; o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda o derrotaria por 48% a 41%. Mas a avaliação de seu governo melhorou acentuadamente. A parcela de eleitores que avalia positivamente seu trabalho foi de 31% para 35%, o dobro da margem de erro de dois pontos. Mesmo na Região Nordeste, onde ficou em segundo lugar no dia 2, a aprovação do governo saltou oito pontos, de 19% para 27%, embora 50% ainda o reprovem. (Meio)

Também divulgado ontem, o primeiro levantamento do Poder Data confirma a liderança de Lula sobre Bolsonaro (48% a 44%), mas traz um dado positivo para o petista. De acordo com a pesquisa, 92% dos eleitores da senadora Simone Tebet (MDB-MS) pretendem votar em Lula. Já Ciro Gomes (PDT), que manifestou um apoio relutante ao ex-presidente, transfere para ele menos da metade de seus votos, 46%, com a maioria de 54% preferindo Bolsonaro. (Poder360)

Enquanto isso... O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), apresentou ontem um projeto para punir criminalmente institutos de pesquisas e seus contratantes quando os números dos levantamentos forem discrepantes dos resultados das urnas. Sem critérios para avaliar se os erros foram intencionais ou não, o projeto prevê pena de até dez anos de prisão para os responsáveis. (UOL)

Meio em vídeo. Bolsonaro e Lula não deveriam ignorar a ojeriza que despertam num punhado importante de cidadãos. Esses eleitores podem decidir a eleição, explica Mariliz Pereira Jorge nesta edição da coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, disse ontem que as urnas eletrônicas tiveram “100% de aprovação” nos testes de integridade com leitura de biometria, uma sugestão dos militares. “Como só poderia acontecer, todas as urnas conferiram os votos dados na urna com os votos dados em papel”, disse Moraes, que visitou alguns locais de testes no dia da votação. (Poder360)

O Prêmio Nobel da Paz deste ano foi para o ativista dos direitos humanos em Belarus Ales Bialiatski e duas organizações civis dessa causa, o Memorial, da Ucrânia, e o Centro pelas Liberdades Civis, da Rússia. Segundo o Comitê do Nobel, eles se destacaram por “um notável esforço para documentar crimes de guerra, violações de direitos humanos e abuso de poder” em seus respectivos países. (CNN)

Onde fica a saída?

Tony de Marco

Lula

Cultura

A escritora francesa Annie Ernaux, de 82 anos, ganhou ontem o Nobel de Literatura 2022. Segundo a Academia Sueca, o prêmio foi concedido “pela coragem e acuidade clínica com que desvenda as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal”. Em seus quase 20 livros, Ernaux usa as próprias experiências para falar da vida cotidiana francesa. Uma de suas obras mais famosas é O Acontecimento, de 2000, no qual conta ter feito um aborto clandestino em 1966, quando a prática ainda crime em seu país. Ela é a principal convidada para a Festa Internacional de Literatura de Paraty (FLIP) deste ano, participando de um painel no dia 26 de novembro. (g1)

Diferentemente de outros ganhadores do Nobel, Annie Ernaux tem boa parte de sua obra publicada no Brasil. Cinco livros são fundamentais para compreender a dimensão de seu trabalho e o quanto o Nobel é merecido. (Folha)

O jornalista e escritor Ruy Castro foi eleito ontem para a cadeira número 13 da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga com a morte em julho do ex-ministro Sergio Paulo Rouanet. Mineiro de Caratinga, o novo imortal nasceu em 1948 e começou no jornalismo na década de 1960. Autor de romances e curadores de antologias, Castro é mais famoso pelas biografias, como as do dramaturgo Nelson Rodrigues (O Anjo Pornográfico, de 1992), do jogador Mané Garrincha (A Estrela Solitária, de 1995) e da cantora Carmen Miranda (Carmen, de 2005).  (Globo)

Após uma edição reduzida no ano passado devido à pandemia de Covid-19, o Festival do Rio, um dos mais importantes do cinema no país, voltou ontem com força total, com a exibição de Império da Luz (trailer), do britânico Sam Mendes. Serão mais 200 filmes exibidos em diversas salas da cidade até o dia 16 (veja a programação completa), incluindo 70 produções nacionais, com destaque para documentários sobre grandes nomes da música brasileira, como Belchior, Elis Regina, Tom Jobim e Beth Carvalho. (g1)

Viver

A Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou nesta quarta-feira que investiga um caso suspeito de poliomielite em uma criança de três anos, que testou positivo para poliovírus (SABIN LIKE 3) em um exame de fezes. Segundo a secretaria, a criança não tinha completado o esquema vacinal contra a poliomielite, indo de encontro ao que estabelece o Programa Nacional de Imunizações. Em comunicado enviado ao Globo, nesta quinta-feira, a Sespa explicou que “o tipo de vírus detectado no exame é um dos componentes da vacina, não se tratando do pólio vírus selvagem, já erradicado no país desde 1994”, mas que não descarta o diagnóstico de outras doenças, como a Síndrome de Guillain Barré. O Ministério da Saúde nega que haja a circulação do poliovírus no país e que uma equipe foi enviada ao estado para averiguar o caso. (O Globo)

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quinta-feira que perdoará todos os condenados em âmbito federal por posse de maconha, e pediu que os governadores estaduais façam o mesmo, onde se encontra a maioria da população carcerária americana por esse tipo de infração. Mais de 6,5 mil presos devem ser beneficiados por essa medida. Segundo Biden, as condenações pelo porte da erva podem ter prejudicado pessoas a buscarem emprego e casa para morar. (g1)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso suspendeu, nesta quinta-feira, uma lei estadual aprovada em julho, no estado de Roraima, que proíbe a destruição de equipamentos apreendidos durante operações e fiscalizações ambientais. A decisão foi tomada após ação judicial movida pela Procuradoria-Geral da República e pelo partido Rede Sustentabilidade, que alegaram ser inconstitucional a lei aprovada pela Assembleia Legislativa de Roraima, ao retirar competências da União para elaborar leis sobre direito penal e processual penal, e normas gerais para mobilização de forças de segurança para defesa do meio ambiente no estado. (g1)

Cotidiano Digital

Um juiz do Tribunal de Chancelaria de Delaware, nos Estados Unidos, decidiu ontem que Elon Musk tem até o dia 28 de outubro para fechar a aquisição do Twitter e evitar o julgamento da ação movida contra ele pela rede social. Nesta semana, o bilionário voltou atrás na disputa para encerrar o acordo com a companhia e decidiu comprar a plataforma. Para isso, ele pediu à empresa que findasse todos os litígios para a conclusão do negócio. Com a decisão da Justiça de suspender o processo, a disputa judicial será interrompida até o fim do mês e, neste período, o fundador da Tesla deverá encontrar meios de financiar a transação, avaliada em US$ 44 bilhões. (CNBC)

Meio em vídeo. Nesta edição do Pedro+Cora, conheceremos a mais nova artista brasileira: Cora Rónai! Em uma conversa papo superleve (porque andamos precisando), ela fala sobre o Dall-e, a inteligência artificial que cria pinturas a partir de descrições com palavras. Ficou curioso para saber como funciona? Vem! (YouTube)

Durante evento realizado nesta quinta-feira em Nova York, o Google apresentou os novos smartphones da linha Pixel: Pixel 7 e o 7 Pro. Os aparelhos completam a família de dispositivos da gigante de tecnologia, que também lançou um novo tablet, relógio e o processador desenvolvido pela própria companhia. O smartphone mantém um design parecido com os modelos anteriores, com câmeras destacadas na parte de trás e a possibilidade de personalização de partes do corpo do telefone. Sem disponibilidade no Brasil, o Pixel 7 vai para o mercado por US$ 600 e o Pixel 7 Pro chega por US$ 900. Confira os principais lançamentos da empresa. (Estadão)

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