Meio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realiza amanhã sua primeira reunião ministerial, mas, longe de ser um evento protocolar de início de governo, o encontro deve ser usado para enquadrar auxiliares que se animaram demais com os novos cargos e deram declarações que não coincidem com os planos do presidente ou se envolveram em polêmicas uns com os outros. O recado de Lula será direto: todos os anúncios e sugestões de políticas precisarão do aval do Planalto. Além de mostrar unidade, o governo quer evitar desgastes. Em entrevista, a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, disse, por exemplo, que qualquer legislação sobre o aborto votada pela atual composição do Congresso teria mais retrocessos que avanços, provocando uma reação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). (Folha)

O último exemplo de linha cruzada na Esplanada dos Ministérios foi provocado pelo titular da Previdência, Carlos Lupi. Na terça-feira, ao assumir a pasta, ele afirmou que pretende discutir a “antirreforma da previdência”, apenas para ser desautorizado ontem pelo colega da Casa Civil, Rui Costa, segundo o qual “não há nenhuma proposta sendo analisada ou pensada”. (g1)

O principal foco de preocupação é justamente com Haddad — ele já vem sendo cobrado por interlocutores pelas diversas vezes que parece ser contradito ou derrotado internamente no governo. Comentários do ministro do Trabalho Luiz Marinho, da presidente do PT Gleisi Hoffmann também já puseram o ministro em saias justas. (Valor)

Meio em vídeo. O primeiro Conversas com o Meio de 2023 recebe o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira, que revela suas impressões sobre o terceiro mandato do presidente Lula. Gabeira, que foi o nome mais pedido para uma entrevista em nossa pesquisa com leitores, aponta como o passado recente pauta as decisões do petista desde a posse. Com toda sua experiência na política, ele explica como chegamos no fundo desse buraco que vivemos e se, neste pós-eleições, a democracia brasileira ainda está ameaçada. (YouTube)

A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, não corre o risco de voltar para a Câmara tão cedo, mesmo depois de revelado que ela recebeu apoio de milicianos em suas campanhas de 2018 e 2022. O presidente Lula disse a pessoas próximas não ver elementos que “a desabonem pessoalmente” e acreditar que ela está sendo vítima de “fogo amigo”. Carneiro é indicação do presidente do União Brasil, Luciano Bivar (PE), e não da bancada do partido, que estaria interessada em substitui-la. Deputada mais votada no estado do Rio, Daniela é casada com Waguinho, prefeito de Belford Roxo e um dos poucos políticos da região a apoiar Lula no segundo turno. Seu grupo político é acusado de fraudes em licitações e participação em organizações criminosas. (Estadão)

Com visões opostas sobre como lidar com o movimento golpista nas portas dos quartéis, os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio, chegaram a um acordo, conta Luciana Lima. Os bolsonaristas terão até amanhã para se desmobilizarem pacificamente, como quer Múcio. Caso isso não ocorra, não está descartado o uso da força. O caso já é visto como um problema para o governo. (Meio)

Em Vila Velha (ES), o acampamento de bolsonaristas em frente ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército começou a ser desmontado no dia seguinte à posse de Lula. Segundo as autoridades, os golpistas deixaram muito lixo e degradação na área, que faz parte do Sítio Histórico da Prainha e é protegida por lei. Praticamente todo o gramado da praça em frente ao quartel foi destruído, e foram abertas valas no terreno. O MP pediu à prefeitura que produza em sete dias um relatório dos estragos para encaminhamento aos órgãos de controle. (g1)

Meio em vídeo. Numa edição especial do Ponto de Partida, apresentando o espaço que será ocupado pelo novo estúdio do Meio, Pedro Doria responde aos comentários de leitores sobre a o papel da imprensa perante o novo governo, o destino dos generais com a Justiça e muitos outros debates — nenhum simples. (YouTube)

Após o sexto fracasso em obter a maioria dos votos dos deputados republicanos, Kevin McCarthy, candidato oficial do partido ao cargo de speaker (equivalente a presidente) da Câmara, pediu o segundo adiamento consecutivo no processo de escolha. Ele enfrenta oposição de um grupo ultraconservador dentro do partido, que tem impedido a obtenção do número mínimo de votos para sua confirmação no cargo. (CNN)

Oficialmente, McCarthy é o nome, mas, nos bastidores, os republicanos já analisam alternativas caso o deputado da Califórnia desista da liderança ou sua eleição para speaker se mostre inviável. (Politico)

Enquanto isso... Os democratas se divertem. A republicana Kat Cammack acusou os adversários de estarem bebendo durante a votação, ao que a jovem e irreverente deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez respondeu: “Quem dera. Se os democratas tomassem uma dose cada vez que McCarthy perde um voto, já estaríamos inconscientes.” (Twitter)