Lula: ‘Eles querem golpe, mas golpe não vai ter’
“Eles querem golpe, mas golpe não vai ter.” A frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem durante reunião com os 27 governadores, ministros do STF e parlamentares deu o tom da reação do governo federal aos atos terroristas promovidos por bolsonaristas na tarde de domingo em Brasília. Ele afirmou que o Executivo foi pego de surpresa pela violência dos ataques às sedes dos Três Poderes, mas admitiu que tinha informação das intenções golpistas dos acampados em frente a quartéis em várias partes do país. O presidente disse que já pretendia marcar uma reunião com os governadores para tratar de recursos para os estados, mas que os atos de terrorismo exigiram um encontro para “prestar solidariedade ao país e à democracia”. Entre os governadores, a tônica, expressa pelo gaúcho Eduardo Leite (PSDB), foi de que a defesa da democracia se sobrepõe às diferenças políticas e partidárias. Após a reunião, Lula e os demais participantes foram a pé do Palácio do Planalto ao STF examinar a destruição deixada pelos bolsonaristas. (UOL)
Lula também se reuniu com o ministro da Defesa, José Múcio, e com os comandantes das Forças Armadas. Segundo interlocutores, ele reiterou a confiança nos chefes militares, mas cobrou ação contra os terroristas. A pressão é grande sobre Múcio, que havia classificado os acampamentos golpistas nas portas de quartéis como “atos democráticos”. (UOL)
A presidente do STF, Rosa Weber, convocou ontem uma sessão virtual permanente durante o recesso judiciário, que começou ontem e vai até o dia 31 deste mês. Como não há processos na pauta, a expectativa é de que a convocação extraordinária sirva para julgar ações relativas aos atos terroristas do último domingo. (CNN Brasil)
O procurador-geral da República, Augusto Aras, participou da reunião convocada por Lula, mas sua atuação em relação aos movimentos golpistas é cada vez mais alvo de críticas. Mesmo diante dos atos antidemocráticos, ele dissolveu grupos de investigação sobre as manifestações, recusou-se a encaminhar pedidos de informações ao Exército e à Polícia do DF e usou a Corregedoria da PGR contra procuradores que buscavam esses dados via STF. (Estadão)
Meio em vídeo. O movimento terrorista que atacou Brasília no dia 8 de janeiro tem pai, mãe e irmãos no clã Bolsonaro. Tem uma larga família de gente conivente com discurso golpista e violento. Tem uma madrinha generosa nas forças de segurança que atuaram para proteger os bolsonaristas em vez de impedi-los. E tem no procurador-geral da República, Augusto Aras, cúmplice dos abusos de Bolsonaro e seus aliados, seu padrinho. Confira na coluna Cá Entre Nós. (YouTube)
Cumprindo uma ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, uma operação conjunta da PF do DF e do Exército desmontou o acampamento de golpistas montado havia mais dois meses em frente ao QG da Arma. Ações semelhantes aconteceram em pelo menos 23 estados. As cerca de 1.200 pessoas que estavam acampadas foram levadas para a Academia da PF, tiveram as impressões digitais colhidas e devem ser indiciadas por crimes como terrorismo e atentado contra a democracia. O governo de Goiás ofereceu 270 vagas em suas prisões para receber parte dos detidos em Brasília. (Metrópoles)
Aflição de alguns, lucro de outros. Advogados correram para a Academia da PF para oferecer seus serviços aos presos por honorários que começam em R$ 1 mil para acompanhamento da audiência de custódia. (Estadão)
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse ontem que já haviam sido identificados em dez estados financiadores dos atos terroristas, e a Advocacia-Geral da União anunciou que vai pedir o bloqueio dos bens de pelo menos 100 empresas suspeitas de terem alugado ônibus e fornecido infraestrutura para os golpistas atacarem Brasília. O primeiro lote de ações contra esses patrocinadores deve ser apresentado hoje à Justiça. (g1)
Meio em vídeo. A mais clara tentativa de golpe de Estado dos últimos tempos deixou o Brasil e o mundo estarrecidos no último domingo. O terrorismo provocado por golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, vandalizando e saqueando o patrimônio do país, pode se tornar o sepultamento do que restou do bolsonarismo após a eleição de Lula. Uma semana após a posse do presidente petista, há muito o que consertar e normalizar nas instituições democráticas, e o #MesaDoMeio não vai deixar nenhum detalhe de fora. Pedro Doria, Mariliz Pereira Jorge e Christian Lynch analisam como se deu o golpe com escolta, e como o bolsonarismo, enfim, mostrou sua cara. Ao vivo hoje, às 19h. E, logo depois, os três respondem às perguntar do público no segmento exclusivo para assinantes premium. Assine. (YouTube)
A Câmara aprovou ontem, em votação simbólica, a intervenção pela União na área de segurança do Distrito Federal. Os deputados interromperam o recesso para uma sessão semipresencial, mas a aprovação foi acertada numa reunião de líderes na casa do presidente Arthur Lira (PP-AL). O Senado deve se reunir hoje, às 11h, para analisar o decreto presidencial, e a expectativa é também de uma aprovação tranquila. Apesar da votação simbólica, a deputada bolsonarista Bia Kicis (PL-DF) discursou defendendo os terroristas. (Poder360)
Embora defenda publicamente o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB), a governadora interina, Celina Leão (PP), articula com seu grupo político o impeachment dele. Rocha foi afastado do cargo por 90 dias pelo ministro do STF Alexandre de Moraes por omissão durante o ataque às sedes dos Três Poderes. Segundo a Coluna do Estadão, o governador perdeu apoio até mesmo dentro de seu partido, o que facilitaria sua destituição pela Câmara Distrital. (Estadão)
Apontado pelo governo como responsável pelos atos de terrorismo em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro internou-se ontem em um hospital em Orlando, na Flórida, conta Lauro Jardim. De acordo com os médicos locais, ele está com obstrução intestinal e não tem previsão de alta. Bolsonaro viajou para os EUA um dia antes de deixar o poder. (Globo)
Segundo Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado americano, o visto de chefe de Estado usado por Bolsonaro para entrar nos EUA perdeu a validade com a posse do novo governo, em 1º de janeiro. O ex-presidente tem 30 dias para pedir a modificação do visto ou deixar o país, sob o risco de ser deportado após esse prazo. (Veja)
Bem... Ao menos à CNN Brasil, Bolsonaro afirmou que pretende adiantar seu retorno para antes do fim do mês. (CNN Brasil)
Energia além do fóssil
A criação do Ministério dos Povos Originários, comandado por Sonia Guajajara, liderança indígena e deputada federal eleita (PSOL), marca um momento histórico na agenda indígena no Brasil. O conhecimento ancestral dos povos indígenas e das comunidades tradicionais são fundamentais para a preservação dos ecossistemas locais e para conter o avanço das mudanças climáticas. Diante disso, entre os desafios do novo ministério estão a demarcação dos territórios e a manutenção dos modos de vida destes povos, constantemente ameaçados pelos interesses de determinados setores econômicos. Um exemplo é o projeto de exploração de petróleo na Foz do Amazonas, que põe em risco as áreas dos povos indígenas e tradicionais de Oiapoque (AP) e ressalta a necessidade urgente de reconhecimento e proteção de seus direitos.
Um dos grandes temas da nova década é a transição energética, inclusive no mundo dos investimentos. O Brasil está entre os países capazes de liderar uma transição na direção de energia renovável, a partir do mercado de carbono, da energia eólica, da energia solar, entre outros. Por conta disso, os investidores têm diversas oportunidades em meio a grandes tendências verdes globais. Confira três mercados alternativos para aproveitar a transição energética em 2023. (Seu Dinheiro)
O avanço da crise climática e o aquecimento das águas do planeta podem desacelerar os padrões de circulação profunda nos oceanos Atlântico e Antártico. Com isso, a capacidade das massas de água removerem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera poderá ser gravemente afetada — piorando ainda mais a situação global. A conclusão é de um estudo da Universidade da Califórnia, em Irvine, nos EUA. Segundo pesquisadores, o desligamento da circulação profunda do oceano poderia levar a um “desastre climático semelhante em magnitude ao derretimento completo das camadas de gelo em terra”. Entenda. (Um Só Planeta)
Viver
Um relatório elaborado por cientistas da ONU e divulgado nesta segunda-feira demonstra uma redução no buraco da camada de ozônio, que tem sofrido por décadas com a emissão de produtos químicos na atmosfera. Segundo os pesquisadores, a reversão de danos na camada de proteção do planeta está progredindo graças aos acordos globais firmados entre os países para eliminar os gases que têm papel importante nas mudanças climáticas. Espera-se que a camada de ozônio recupere os níveis de 1980 na Antártida até 2066, no Ártico até 2045 e no resto do mundo até 2040. (Estadão)
O Brasil apresentou queda no desejo de se vacinar contra a covid-19 em 2022, ao contrário dos outros países. Enquanto a média global subiu 5,2%, o interesse brasileiro caiu 3,3% em relação a 2021. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Global de Saúde de Barcelona (ISGlobal) com 23 países. Apesar do resultado, o país mantém uma alta cobertura vacinal primária, com 81% da população tendo recebido pelo menos duas doses até o último dia 6. (Folha)
Panelinha no Meio. A pressa pode ser inimiga da perfeição, mas não necessariamente do sabor. Com apenas ovos, manteiga, pimenta e sal, sai em segundos uma omelete rústica dourada por fora e fofinha por dentro.
Cultura
Prestes a completar dez anos, o incêndio da Boate Kiss, que deixou 242 mortos em Santa Maria (RS), é o tema da minissérie Todo o Dia a Mesma Noite, que estreia no dia 25 na Netflix e ganhou ontem seu trailer oficial. Com cinco capítulos e baseada no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex, a série mostra de forma ficcional, mas fiel aos fatos, a tragédia e a luta das famílias por justiça. (Estadão)
E por falar... Em série, a HBO decidiu abrir seu sinal no próximo domingo, estreia da aguardada The Last of Us (trailer), adaptação de um do mais bem-sucedidos jogos para PlayStation. Estrelada pelos ex-Game of Thrones Pedro Pascal e por Bella Ramsey, conta a história de Joel, um homem marcado por uma tragédia que recebe a missão de levar a adolescente Ellie através dos EUA, agora uma terra sem lei, anos após um fungo enlouquecer as pessoas. Nas veias da menina pode estar a última esperança da Humanidade. O primeiro episódio será exibido às 22h. (Omelete)
Ao longo das últimas décadas, o britânico Alan Moore, de 69 anos, passou de um dos mais ousados e respeitados roteiristas de quadrinhos a um dos mais mordazes críticos à cultura que envolve o gênero. É o que se vê nas 250 páginas de O que se Pode Saber a Respeito do Homem-Trovão, maior e principal conto da coletânea Iluminações, seu mais novo livro, que acaba ser lançado no Brasil. Nas demais histórias, Moore é menos ácido, mas não menos provocador. (Folha)
Cotidiano Digital
A Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou ontem que vai remover e bloquear de suas redes sociais conteúdo em defesa das invasões golpistas às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Um porta-voz afirmou que excluiria imediatamente postagens “pedindo que as pessoas peguem em armas ou invadam à força o Congresso, o Palácio do Planalto e outros prédios federais”. E segue: “também estamos classificando isso como um ato de violação, o que significa que removeremos conteúdo que apoie ou enalteça essas ações”, acrescentou. Medida semelhante aconteceu antes das eleições presidenciais de 2022, quando a Meta havia colocado o Brasil no alvo de monitoramento intensivo para evitar a disseminação de fake news, conteúdo de ódio e incentivo à violência. (BBC News)
E o Procon de São Paulo notificou o Twitter após dados de 200 milhões de usuários vazarem na internet. Segundo o órgão, o objetivo da medida é fazer a companhia confirmar o incidente de segurança e resolver a questão. Além disso, pede que a rede social divulgue os motivos que desencadearam o vazamento. (Tecmundo)
