Prezadas leitoras, caros leitores —

Foram dois longos anos nos guardando para quando um Carnaval sem restrições chegasse. Na ânsia pela esbórnia, festas que até pouco tempo se continham nos cinco dias tradicionais agora transbordam para todo o mês. A Edição de Sábado vai carnavalizar e se dedicar a compreender o que a folia deste ano tem de diferente — e o que é imutável nessa grande catarse brasileira.

O Carnaval 2023 vai ser imenso, com um ímpeto de reocupação das ruas pós-picos pandêmicos, pós-eleições, pós-8 de janeiro. Vai estar, como de costume, no centro de guerras culturais que estão cada dia mais encorpadas, com apaixonados defensores e ferozes detratores. O jornalista e produtor David Butter, autor de “De sonho e desgraça: o carnaval carioca de 1919”, traça esses dois cenários tendo o Rio de Janeiro como epicentro. Pedro Doria, também numa perspectiva rio-centrista, conta do primeiro desfile de carros alegóricos nacional, ainda no Brasil colonial.

O Meio ainda fará uma escala em Salvador, para recontar a história dos afoxés muito além dos Filhos de Gandhy; e em São Paulo, onde duas mulheres vanguardistas fizeram nascer um potente carnaval de resistência. Tudo com uma trilha selecionada de Beth Carvalho.

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— Os editores.

Garimpeiros tentam voltar para terra ianomâmi

Agentes da Força Nacional surpreenderam um grupo de garimpeiros que tentavam entrar nas terras ianomâmi com combustíveis, maquinário e alimentos. Na ação realizada na noite de quarta-feira, a força-tarefa destruiu barcos e dragas que seriam utilizadas no garimpo ilegal. Ontem, a ação continuou abordando novos invasores e apreendendo uma arma e o que encontraram em um barco. Na quarta, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, disse que a operação de desintrusão do território ianomâmi poderá se estender por um ano. (Globo)

Em visita ao território indígena em Roraima, o ministro da Defesa, José Múcio, disse que o governo se preocupa em “não prejudicar inocentes”, se referindo aos garimpeiros que agem ilegalmente nas terras ianomâmi. “No garimpo, tem pessoas que trabalham lá para se sustentar. Tem mulheres, crianças e homens que estão trabalhando lá pelo seu sustento”, disse. Questionado se ele acredita na inocência dos invasores, Múcio respondeu dizendo que “não posso julgar”. (Metrópoles)

Enquanto um grupo de garimpeiros tentam o retorno às terras ianomâmi, especialistas mostram preocupação com os que fogem da região. Eles analisam que os invasores podem seguir para outras áreas indígenas no Pará, onde há forte domínio do garimpo ilegal como os territórios Munduruku e Kayapó, o que poderá agravar conflitos pelas terras. (g1)

A taxa de mortalidade entre bebês ianomâmi no primeiro ano de vida é dez vezes maior que a registrada no Brasil, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Foram 114,3 mortes a cada mil nascimentos em 2020, número superior ao de países entre os mais pobres do mundo, como Serra Leoa e República Centro-Africana, que tinham 80,5 e 77, respectivamente. (Agência Brasil)

Um relatório do Ministério da Saúde mostra que ao menos sete dos 31 polos de atendimento a indígenas foram fechados devido à insegurança gerada pela ação de garimpeiros que atuam ilegalmente no território ianomâmi. Com o fechamento das unidades, outros polos ficam sobrecarregados, como o de Surucucu, uma das regiões mais afetadas pela crise humanitária em Roraima. (Estadão)

A lei sobre o comércio de ouro apontada como a facilitadora para o avanço do garimpo ilegal foi criada por um deputado do PT e sancionada pela então presidente Dilma Rousseff. Trata-se de uma emenda a uma Medida Provisória que tratava de seguro agrícola, sem relação com a proposta do petista. A presunção da “boa-fé” estabelecida pelo texto permite que a palavra do vendedor seja suficiente para atestar a legalidade da origem do minério, sem que o comprador seja punido, caso seja posteriormente comprovado que o ouro veio de garimpo irregular. (Folha)

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O número de mortos pelo terremoto que atingiu a Turquia e a Síria na madrugada desta segunda-feira já passa dos 21 mil, segundo informaram as autoridades dos países nesta quinta-feira. São 17.674 óbitos, com 72.879 feridos segundo o governo turco, além dos 3.377 mortos e 5.245 feridos no lado sírio. Ontem, um menino de dois anos foi resgatado dos escombros de um prédio 72 horas após o terremoto de magnitude 7,8 atingir a Turquia. (CNN Brasil)

No mesmo dia, o primeiro comboio de ajuda humanitária chegou em áreas controladas por rebeldes no território sírio. Foram seis caminhões carregados com material para barracas e produtos de higiene, de acordo com um correspondente da AFP. Segundo a ONU, uma estrada turca que dá acesso ao local teria sido danificada, o que dificultou o envio de auxílio. (Exame)

O ator Keanu Reeves foi homenageado por pesquisadores alemães que batizaram uma molécula com seu nome. Agora chamados de keanumicinas, os lipopeptídeos são produzidos por bactérias do gênero pseudomonas, mostrando ser letal contra fungos que causam doenças em humanos e plantas. "Os lipopeptídeos matam com tanta eficiência que os batizamos em homenagem a Keanu Reeves, porque ele também é extremamente mortal em seus papéis", explicou um dos autores do estudo que descobriu a molécula. (O Globo)

Duas das emas da presidência da República morreram por excesso de gordura em consequência de alimentação inadequada. Segundo laudo do veterinário, os animais, que estavam na Granja do Torto, foram alimentados com restos de comida humana. Informações confirmadas pelo Executivo dão conta que, durante o governo Bolsonaro, elas não tiveram acompanhamento veterinários nem instalações adequadas. Além disso, foram destinadas à alimentação delas 7 mil grãos anualmente, menos de um terço dos 20 mil necessários, o que deve ter motivado o fornecimento de restos. Há outras 17 dessas aves na granja e 38 no Palácio da Alvorada. (UOL)

Dieta gordurosa

Tony de Marco

Alvorada-das-emas

Política

O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), minimizou o risco de um ataque golpista ao Congresso um dia antes de 8 de janeiro em troca de mensagens com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo perícia feita pela Polícia Federal no celular do governador, o senador entrou em contato com ele no dia 7 porque a Polícia Parlamentar estava apreensiva com a convocação de manifestações golpistas. “Já estamos mobilizados. Não teremos problemas”, escreveu Ibaneis. Em outra mensagem, com os atos terroristas já em andamento, a presidente do STF, Rosa Weber, alertou o governador que o Congresso já havia sido invadido. “Coloquei todas as forças de segurança nas ruas”, ele respondeu. Pouco depois, os golpistas invadiram e depredaram o prédio do Supremo. (UOL)

A PF, entretanto, disse, em relatório ao STF, não ter encontrado indícios de que Ibaneis Rocha tivesse se omitido ou sido conivente com as invasões da sedes dos Três Poderes. Segundo o documento, ele não tentou omitir informações a autoridades federais nem impedir a repressão aos golpistas. Após a entrega do relatório, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a devolução do celular do governador afastado. (Metrópoles)

Enquanto isso... O ex-chefe do setor de operações da PM do DF Jorge Naime disse à PF que o Comando do Exército impediu que fosse removido o acampamento de golpistas da porta do QG da Arma antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a PM disponibilizou 500 homens para a remoção, mas depois “chegou a informação de que o general [Gustavo Henrique] Dutra [chefe do Comando Militar do Planalto], por ordem do comandante do Exército, havia suspendido a operação”. (Folha)

O presidente Lula chegou na noite de ontem a Washington para seu primeiro encontro com Joe Biden. A reunião dos chefes de Estado está prevista para hoje. A interlocutores, Lula disse que pretende estabelecer com o americano a mesma relação pessoal que teve com George W. Bush e Barack Obama, que ocuparam a Casa Branca durante seu dois mandatos no Brasil. Ele também vai se encontrar com o senador independente Bernie Sanders para agradecer a iniciativa de reconhecimento imediato do resultado das eleições brasileiras. (CNN Brasil)

Meio em vídeo. Parece óbvio que Lula, com esse discurso “de nós contra eles” está optando por formar o seu próprio cercadinho e todos os dias marcar o seu territórios com declarações que repercutem nas redes sociais, alimentam a militância, mas mantem o país partido. Pior do que isso, dificultam a vida dos integrante do seu governo, avalia Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

A Justiça Federal no Estado do Rio concedeu ontem liberdade ao ex-governador Sérgio Cabral, que estava desde dezembro em prisão domiciliar. Os desembargadores anularam a ordem de prisão da Operação Calicute, na qual ele fora condenado a 45 anos por cobrança de propina em obras de grande porte no estado. Cabral, porém, terá de usar tornozeleira eletrônica, terá o passaporte apreendido e terá de se apresentar periodicamente à Justiça. (g1)

Malandragem demais às vezes atrapalha. O vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) usou as redes sociais para criticar o governo Lula compartilhando uma notícia de que o litro da gasolina havia chegado a R$ 10 em dois estados. O problema é que a reportagem era de março de 2022, durante o governo do pai dele. Nos comentários, os internautas denunciaram a manipulação. “Fake news é crime. Essa notícia é do governo do seu pai”, comentou um deles. (Estadão)

Cultura

A Disney anunciou nesta quinta-feira, as sequências de três animações de sucesso: Frozen, Toy Story e Zootopia. A notícia veio um dia após a empresa comunicar a demissão de 7 mil funcionários em todo o mundo, a fim de economizar US$ 5,5 bilhões. De acordo com o CEO, Bob Iger, desse montante, US$ 3 bilhões serão em cortes de conteúdos não relacionados a esporte, área ainda lucrativa. A aposta em fórmulas de sucesso e o cortes são formas de Disney enfrentar a crise. Além disso, o streaming do Mickey Mouse perdeu, nos últimos três meses de 2022, 2,4 milhões de assinantes líquidos, marcando o primeiro declínio do serviço de streaming desde seu lançamento, no fim de 2019. (Omelete e Variety)

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Morreu ontem, aos 94 anos e de causas naturais, o americano Burt Bacharach, um dos mais importantes compositores populares do século 20, também arranjador e cantor eventual. Não é exagero. Além de seis Grammys, um Emmy para um programa especial sobre sua obra e diversos outros prêmios, ele abiscoitou três Oscars. Dois, em 1970, pela trilha sonora de Butch Cassidy (trailer) e pela canção-tema do mesmo filme, Raindrops Keep Fallin' On My Head (Spotify), cantada por B.J. Thomas, e um em 1981 por melhor canção, Arthur's Theme (Best That You Can Do) (Spotify), interpretada pelo coautor Christopher Cross. Era uma máquina de fazer sucessos, especialmente com o letrista Hal David (1921-2012), como Close To You (Spotify), imortalizada pelos Carpenters; I Say A Little Player (Spotify), cantada por Dione Warwick, uma de suas principais intérpretes; e, em parceria com Carole Bayer Sager, That’s What Friends Are For (Spotify), que levou o Grammy de canção do ano em 1986 nas vozes do quarteto Dionne Warwick, Stevie Wonder, Elton John e Gladys Knight. Bacharach dizia buscar o “pop perfeito”, que unisse a classe da música erudita com a orquestração popular. Claro, ele se referia aos anos 1960 e 70. Comparado ao pop de hoje, ele próprio era um compositor erudito. (g1)

Ante a hipótese de o leitor desconhecer completamente o trabalho de Burt Bacharach, estas são nove canções que não pode deixar de ouvir. (Globo)

Cotidiano Digital

A Agência Nacional de Telecomunicações anunciou medidas para combater os aparelhos não-homologados conhecidos como “TV Box”, que transmitem de forma clandestina o sinal da TV por assinatura. Por lei, esses decodificadores estão vedados a se conectarem em rede de equipamentos. A Anatel pretende montar grupo de trabalho que funcionará a partir de denúncia e determinar o bloqueio nacional dos endereços de IP que estão sendo utilizados para a distribuição das chaves que permitem o funcionamento das caixas e acesso aos conteúdos. Ou seja, a agência não vai determinar o bloqueio de sites, redes sociais e aplicativos, mas, terá o foco nos próprios equipamentos não homologados. (Globo e Teletime)

Meio em vídeo. Em um mundo em que a inteligência artificial está se tornando comum, o questionamento do uso dela e onde nós nos encaixamos é cada vez maior. Cora Rónai e Pedro Doria dividem um pouco de suas experiências sobre escrever para as redes sociais, seja para o Twitter, Facebook e até para vídeos. De preferência, sem parecer uma I.A. como o ChatGPT. (YouTube)

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