Prezadas leitoras, caros leitores —

Hoje, faz um ano que a Rússia invadiu a Ucrânia e deu início a uma guerra que, pelas estimativas mais conservadoras, já deixou pelo menos 200 mil mortos de lado a lado e está remodelando a correlação de forças entre as potências globais.

O fotógrafo e documentarista brasileiro Gabriel Chaim dormia no banheiro de um quarto de hotel em Kiev quando foi acordado, na madrugada, pelo som forte de uma explosão. Cobriu o conflito por meses e, entre idas e vindas, esteve novamente na Ucrânia no fim do ano passado. A Edição de Sábado traz o testemunho de Chaim dessa guerra onipresente, de artilharia incessante, e da resiliência dos ucranianos, entremeando o relato com análises sobre o que se perdeu com o conflito.

Vamos falar ainda das discussões que estão rolando na conferência Internet for Trust, da Unesco, e das posições brasileiras sobre o combate à desinformação nas redes. E celebrar os 45 anos do álbum “The Kick Inside”, de Kate Bush.

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Décadas de descaso, 50 mortos e 4 mil pessoas sem lar

As chuvas que atingiram o litoral paulista já deixaram 50 mortes confirmadas (49 em São Sebastião e uma em Ubatuba), 2.251 pessoas desabrigadas e outras 1.815 desalojadas. Entre as vítimas, há famílias, turistas, e uma criança que foi ver o mar pela primeira vez. Um levantamento realizado pela GloboNews aponta que 38% do orçamento aprovado para prevenção de desastres naturais no estado de São Paulo deixou de ser executado pelos governadores entre 2011 e 2022. Dos R$ 10,4 bilhões disponíveis, somente R$ 6,4 bilhões foram investidos em obras e outras medidas para impedir que tragédias como a do Litoral Norte acontecessem. Nos últimos 13, apenas em 2010 o valor utilizado foi maior que o aprovado pela Assembleia Legislativa do estado, quando ocorreram eleições para governador e deputados. Também a prefeitura de São Sebastião admite que problema de ocupação irregular existe há pelo menos 15 anos. (g1)

Esse histórico pode ser uma das razões da demora de Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ex-governador de São Paulo, em visitar a região, informa Malu Gaspar. (Globo)

Os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e dos Portos e Aeroportos, Márcio França, anunciaram mais de R$ 120 milhões em recursos para os municípios do Litoral Norte. São R$ 60 milhões para a Defesa Civil utilizar em planos de ajuda humanitária e reconstrução, e outros R$ 60 milhões destinados aos municípios. (Metrópoles)

Com poucas chances de encontrar sobreviventes, o Exército e os bombeiros começaram a isolar as áreas na Vila Sahy, em São Sebastião, e permitir a entrada de máquinas e escavadeiras para retirar os corpos e limpar as ruas que dão acesso ao local da encosta. Diferentemente do que aconteceu no terremoto que atingiu a Turquia e a Síria, os deslizamentos de terra não permitem a formação de bolsões de ar. A estimativa é de que haja 16 vítimas soterradas. (Folha)

Enquanto isso… a Polícia Militar e o ministro Márcio França pediram que os turistas não vão para o litoral paulista neste final de semana, depois de a Polícia Rodoviária Federal identificar um forte aumento de carros seguindo para a região. A prefeitura de São Sebastião pediu, em vídeo, mais empatia dos visitantes. (Folha e Estadão)

O maior navio da Marinha chegou a São Sebastião para auxiliar no atendimento dos sobreviventes da tragédia. Conheça a embarcação. (g1)

Saiba como ajudar as vítimas das chuvas no litoral paulista. (UOL)

Em 35 anos, deslizamentos de terra mataram mais de 4 mil pessoas em todo o Brasil, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). (Estadão)

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Garimpeiros armados furaram o bloqueio de fiscalização na terra ianomâmi, em Roraima, e atiraram contra agentes do Ibama. Ao revidar, os ficais atingiram um dos invasores, que está internado. Os criminosos desciam o rio Uraricoera em sete embarcações de 12 metros, conhecidas como “voadeiras”, carregadas de cassiterita, e conseguiram fugir. Este é o mesmo local em que garimpeiros atacaram a Polícia Federal em maio de 2021, e onde foi instalado um cabo de aço no rio para impedir a passagem dos invasores. (g1)

O espaço aéreo no território ianomâmi para a retirada de garimpeiros ilegais será novamente fechado em 6 de abril, e não mais em 6 de maio, como a FAB havia anunciado. A decisão foi tomada pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio, após avaliação de que o prazo estendido tem deixado o ritmo de saída dos invasores mais lento. (Folha)

Uma casa no Aglomerado da Serra, maior favela de Belo Horizonte, venceu o concurso de arquitetura promovido pelo Archdaily, principal portal sobre o assunto do mundo, na categoria Casa do Ano. O imóvel tem 66m². Veja as fotos da casa vencedora e das finalistas. (g1)

A volta da vaca louca

Tony de Marco

Vaca-louca

Política

A Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução pela retirada de tropas russas da Ucrânia, incluindo um trecho proposto pelo Brasil para que cessem as hostilidades entre os dois países. O texto obteve 141 votos a favor, 7 contra e 33 abstenções. Votaram contra os países que apoiam a Rússia, como Belarus, Síria e Coreia do Norte. O grupo que se absteve inclui China, Índia, Irã e África do Sul — o Brasil foi o único dos BRICs a votar a favor da resolução. A proposta do Brasil tinha um tom menos acusatório em relação à Rússia, estratégia adotada pela diplomacia brasileira para conseguir mais apoio. O presidente Lula tem defendido a criação de um grupo de países para negociar o fim da guerra. No final de janeiro, o Brasil negou um pedido do governo da Alemanha para fornecer munição, alegando que isso abalaria sua posição de neutralidade. (Folha)

A aprovação foi comemorada pelo Itamaraty, mas a pasta avalia que é apenas o primeiro passo e que a guerra ainda pode escalar por algum tempo. Lula deve conversar com o ucraniano Volodimir Zelenski na próxima semana. (Folha)

A Rússia, por sua vez, elogiou a posição do Brasil ainda antes da votação da ONU e prometeu analisar uma proposta de paz sugerida pelo presidente Lula. "Levando em conta a situação no terreno”, ressalvou o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, em entrevista à Agência Tass. (Estadão)

O chanceler Mauro Vieira diz, em artigo, que a posição do presidente Lula é de “condenação da invasão russa e da violação territorial de um Estado soberano, a Ucrânia”, mas de que “chegou a hora de também dar voz aos que querem falar em caminhos para a construção da paz”. (Estadão)

O núcleo duro do bolsonarismo cindiu depois que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) criticou, em entrevista à Folha, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a coluna de Mônica Bergamo, o ex-presidente disse a interlocutores que foi traído pela parlamentar. Bolsonaro disse acreditar que Zambelli fez um acordo com o ministro Alexandre de Moraes para retornar às redes sociais e se ver livre da ameaça de ser presa. Na entrevista, a deputada disse que Bolsonaro deveria ter sido claro ao pedir o fim de atos nos quartéis, criticou o fato de ele estar na Flórida e admitiu ter procurado Moraes para conversar. (Folha)

Os quatro meses de Bolsonaro nos EUA já custaram ao governo federal R$ 432 mil só com diárias para a equipe de assessores — mais do que seus antecessores gastam por ano com esse tipo de despesa. (Globo)

Meio em vídeo. Zambelli traiu Bolsonaro? O bolsonarismo vai se deteriorando, perdendo a força. Essa é a boa notícia. A má notícia é que a extrema-direita não está morta e vai acabar se reorganizando de outra forma. Talvez muito mais inteligente. É a análise de Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o bloqueio de contas bancárias e ativos financeiros de Esdras Jonatas dos Santos, investigado por liderar atos antidemocráticos em Minas Gerais. Ele ficou conhecido por chorar durante desmobilização do bloqueio golpista em frente ao Exército, em Belo Horizonte. Moraes deu prazo de 48 horas para que as instituições financeiras informem sobre os bloqueios. Em janeiro deste ano, Moraes determinou o cancelamento do passaporte de Esdras, que está nos Estados Unidos e é considerado foragido da Justiça. (UOL)

O Exército prorrogou por 20 dias o prazo para a conclusão do Inquérito Militar Policial (IPM) que apura a atuação de integrantes do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) nos ataques golpistas de 8 de Janeiro. Um dos principais alvos do inquérito é o ex-comandante do BGP, tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora. Ele é suspeito de adotar uma postura leniente durante os atos. (Globo)

Dois nomes despontam como principais cotados para substituir o procurador Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República (PGR), daqui a seis meses: Paulo Gonet e Antônio Carlos Bigonha. A informação é de Bela Megale. Gonet atua como vice-procurador-geral eleitoral desde 2021 e chegou a pedir ao TSE a exclusão das redes de vídeos com falas de Bolsonaro que questionavam as urnas eletrônicas. Bigonha tem posicionamento crítico à Lava Jato e apoio de advogados ligados a Lula. (Globo)

Cotidiano Digital

A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), decidiu proibir o uso do TikTok nos celulares de seus funcionários. O objetivo, segundo o e-mail, é evitar o vazamento de dados confidenciais e aumentar a segurança cibernética dentro das estruturas do bloco. Essa proibição vem depois de o TikTok admitir que dados de usuários de todo o mundo podem ser acessados na sede do aplicativo, na China. Além da UE, o app também já foi banido em celulares oficiais de órgãos federais e de governos regionais dos EUA. (g1)

Um executivo do TikTok criticou a decisão da Comissão Europeia. Giacomo Lev Mannheimer, gerente de relações institucionais do aplicativo no sul da Europa, disse que o TikTok é uma plataforma global e não está presente apenas na China. “Nossos dados não estão na China, a gestão não está na China. Os investidores não são chineses e sempre declaramos publicamente que o governo chinês nunca nos pediu acesso aos dados e, se pedisse, não daríamos a eles", declarou o executivo. (Época Negócios)

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Enquanto isso, o governo chinês restringiu o acesso ao popular chatbot ChatGPT, da empresa americana OpenAI. Segundo jornais locais, as empresas de tecnologia Tencent e o Alibaba receberam a recomendação de reguladores que restrinjam o acesso aos serviços do ChatGPT em suas plataformas, seja diretamente ou por terceiros. (Estadão)

A Netflix reduziu em até 50% os preços das assinaturas em cerca de 30 países — o Brasil não faz parte do plano. A decisão afeta mais de 10 milhões de assinantes, ou 4% dos 230 milhões de assinantes da gigante do streaming. Os países que tiveram queda do valor da assinatura incluem Iêmen, Líbia e Irã, e outros da África subsaariana e do Leste Europeu. Um dos motivos por trás da redução dos preços seria a inflação. À medida que o fortalecimento do dólar nesses países aumenta o custo de vida de acordo com as moedas locais, a Netflix quer evitar o cancelamento de assinaturas. (UOL)

Cultura

Morreu, aos 85 anos, Leiji Matsumoto, o criador de mangás e animes de sagas espaciais épicas, como Galaxy Express 999 (YouTube) e Pirata Espacial Capitão Harlock (YouTube). Matsumoto faleceu na segunda-feira, de insuficiência cardíaca. Ele era conhecido por seu trabalho com Yoshinobu Nishizaki na série televisiva dos anos 1970 Space Battleship Yamato, intitulada Patrulha Estelar no Brasil. Também supervisionou vídeos animados para o Daft Punk, incluindo One More Time, a mais famosa da dupla francesa. (g1)

Desde a sua primeira cerimônia, em 2000, o Grammy Latino acontece nos EUA. Mas neste ano, pela primeira vez, a cerimônia será realizada na Espanha. Juanma Moreno, presidente regional de Andaluzia, afirmou que a comunidade e a Academia Latina de Artes e Ciências da Gravação têm um “acordo de patrocínio de três anos”, que inclui a cerimônia deste ano, shows e atividades de ensino de música em escolas. Andaluzia investirá cerca de 18 milhões de euros (US$ 19,1 milhões) para organizar os eventos, mas Moreno acredita que o retorno pode chegar a 500 milhões de euros (US$ 531 milhões). (UOL)

Uma das pautas do chá da tarde da Academia Brasileira de Letras (ABL), na retomada de suas atividades na próxima semana, deve ser o mau estado do mausoléu onde são sepultados os “imortais”, que está com infiltrações e ameaça desabar. Ali, estão enterrados Machado de Assis, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Darcy Ribeiro, entre outros. Localizado no cemitério São João Batista, no Rio, o mausoléu está com fios expostos, poeira, mofo, túmulos sem lápides ou com os nomes errados e madeiras carcomidas. Procurada pela Folha, a ABL diz que o jazigo teve sua manutenção prejudicada pela pandemia e que ele já está sendo restaurado. (Folha)

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