Google abre fogo contra PL das Fake News

As big techs vêm se posicionando abertamente contra o PL 2630, que regula as redes sociais, e, nos últimos dias, o Google intensificou a estratégia de oposição. “O PL das fake news pode piorar sua internet.” Essa frase aparecia logo abaixo do espaço de digitação para quem abria o buscador ontem. E essa é apenas uma das várias frentes adotadas pela gigante da internet para atrapalhar a votação prevista para hoje. O NetLab, da UFRJ, afirmou com base em um levantamento que o Google privilegia links de oposição à nova legislação e anúncios da própria empresa contra o PL para quem faz buscas sobre o tema. “O que nos parece é que o Google ponderou os resultados de busca de tal forma a aumentar a relevância de sua própria voz em sua plataforma”, diz Marie Santini, coordenadora do NetLab. “Isso pode configurar abuso de poder econômico às vésperas da votação.” Importante ressaltar que o Google nega esta manipulação no resultado das buscas. Na última semana, youtubers receberam e-mails da plataforma de vídeo, que pertence ao Google, afirmando que o projeto afeta o “modelo de compartilhamento de receita” e que perderão dinheiro se o PL for aprovado. Além disso, quem abriu a interface de gerenciamento de canal deu de cara com um destaque – “Impacto negativo para criadores — Lei das Fake News” —, direcionando para texto em que o YouTube afirma que, se a lei for aprovada, a gigante será incentivada “a remover conteúdo de forma agressiva por medo de serem responsabilizados”. As táticas são semelhantes às utilizadas no ano passado, quando o requerimento de urgência para votação do PL 2630 foi votado e derrotado. (Folha)

O Google e a Meta — dona de Facebook, Instagram e WhatsApp — foram notificados ontem pelo Ministério Público Federal de São Paulo. O despacho, que cita o estudo do NetLab, diz que a atuação das big techs “parece estar fora do âmbito de condutas que sujeitos alvo de propostas de regulação podem adotar em um debate democrático”. “Podem estar violando direitos fundamentais à informação, à transparência nas relações de consumo e ao exercício da cidadania de seus usuários, ao, em tese, atuarem de forma opaca para impulsionarem, na esfera pública digital, conteúdos de seus interesses.” (CNN Brasil)

O secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, afirmou ontem ao Painel, da Folha, que a pasta emitirá hoje uma medida cautelar para proibir o Google de fazer propaganda contra o PL das Fake News. Para ele, a prática burla os termos de uso da própria empresa. No Twitter, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que a pasta vai apurar a possível ocorrência de práticas abusivas. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que pedirá a abertura de inquérito no Conselho Administrativo de Defesa Econômica, “por possível infração contra a ordem econômica por abuso de posição dominante”. Já o relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), acusou as big techs de “ação suja” contra o projeto. (Folha e Agência Brasil)

Enquanto isso... O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cogita adiar a votação em plenário, marcada para hoje, do PL das Fake News. Os parlamentares do Republicanos, vistos como fiel da balança, não se comoveram com as concessões no texto, o que fez crescer o temor de uma derrota de Lira e do governo. Entre outras mudanças, o relator Orlando Silva desistiu de criar um órgão fiscalizador das redes sociais e acrescentou um excludente de liberdade religiosa que permite a igrejas publicar conteúdo considerado ofensivo. (Folha)

Meio em vídeo. A polêmica em torno do PL das Fake News também será um dos principais assuntos do #MesaDoMeio, debate semanal e ao vivo com Mariliz Pereira Jorge, Christian Lynch e Pedro Doria. O programa será transmitido nesta terça, a partir das 19h, no canal do Meio no YouTube. Em seguida, o trio responde a perguntas do público no espaço exclusivo para assinantes premium. Assine.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a festa do Dia do Trabalho, em São Paulo, para descartar uma anistia aos envolvidos na tentativa de golpe em 8 de janeiro deste ano. “Eles tentaram dar um golpe. Todas as pessoas que tentaram dar golpe serão presas”, prometeu em evento organizado por centrais sindicais. O presidente também procurou mobilizar a militância no combate às fake news, defendendo que todos atuem como “soldados”. “A gente não pode permitir que a mentira continue prevalecendo nesse país. Quem tem celular tem de ficar atento, esperto", afirmou. (UOL)

Boa parte do discurso de Lula, porém, foi dedicada à economia. Ele voltou a criticar a taxa de juros, mantida pelo Banco Central em 13,75%, alegando que ela não exerce de fato controle sobre a inflação. “Ela controla, na verdade, o desemprego nesse país porque ela é responsável por uma parte da situação que nós vivemos hoje”, disse. Lula chegou a São Paulo trazendo na mala duas notícias para aquele público. Primeiro, o reajuste do salário-mínimo para R$ 1.320, o que, segundo o Dieese, impacta 54 milhões de pessoas. Segundo, a elevação para R$ 2.640 da faixa de isenção do Imposto de Renda, com planos de elevá-la a R$ 5 mil até o fim do mandato. Para recompor a arrecadação, o país vai taxar aplicações financeiras no exterior. (g1)

Ontem ainda, o governo instituiu um grupo de trabalho para elaborar o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, com prazo de seis meses para apresentação das propostas. Em março, Lula assinou um projeto de lei para igualar, na iniciativa privada, os salários de homens e mulheres que exerçam a mesma função, prática já adotada por várias empresas como este Meio. (Metrópoles)

Apesar do cancelamento da cerimônia de abertura da Agrishow, a maior feira de agronegócio da América Latina, Jair Bolsonaro (PL) deu um jeito de discursar. Por sete minutos, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez críticas ao governo e disse que se Lula atender a “10% do que reivindicam” as comunidades indígenas e quilombolas, o agronegócio será prejudicado. Juntamente com Tarcísio, aproveitou a ocasião para cantar que “um capitão incomoda muita gente, dois capitães incomodam muito mais”. A presença de Bolsonaro na feira levou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a cancelar sua participação dois dias antes, assim como à retirada do patrocínio do Banco do Brasil. (Poder360)

Viver

Agentes da Polícia Rodoviária Federal, acompanhados por agentes do Ibama, mataram quatro garimpeiros durante uma incursão na Terra Indígena Ianomâmi, no Amapá, no domingo. Responderam ao quarto ataque contra equipes do Ibama desde o início da retomada do território ianomâmi, em 6 de fevereiro. A incursão ocorreu após três ianomâmis serem baleados no sábado. Um deles, que era agente de saúde, morreu no local. Os outros dois foram hospitalizados. Há indícios de que uma facção criminosa controla o garimpo onde houve o confronto. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, visitou o hospital onde as vítimas estão se recuperando. Já as ministras Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas, sobrevoaram áreas de garimpo ilegal. (Agência Brasil)

Quando a Terra atravessa áreas com maior concentração de poeira cósmica, acontecem as chamadas chuvas de meteoros. Essa poeira, normalmente, é deixada por cometas em suas longas órbitas ao redor do Sol. O cometa Halley será o responsável por duas das principais chuvas de meteoros que ocorrerão neste ano: a de Eta Aquarídeos, neste mês, e a de Orionídeos, em outubro. (Galileu)

Para ler com calma. Já deixou algo cair no ralo? Pois é, os romanos também. Arqueólogos britânicos descobriram, durante escavação no clube de críquete de Carlisle, na Inglaterra, 36 pequenas pedras semipreciosas com imagens em relevo, que, provavelmente, caíram de anéis de gente rica que, no século terceiro, frequentavam a casa de banhos que havia no local, nos arredores da Muralha de Adriano, que separava a Britânia Romana (Inglaterra) da Caledônia (Escócia). (New York Times)

Panelinha no Meio. Todo mundo gosta de um escondidinho? Menos a PF caçando golpista foragido, claro. Mas hoje vamos fazer uma variante ousada desse prato, sem o tradicional purê. É o escondidinho de mignon com quinoa, no qual essa semente andina espetacular tem a função de esconder os cubos de carne previamente refogados.

Cultura

Um dos poucos latino-americanos a vencer o Nobel de Literatura, o colombiano Gabriel García Marquez (1927-2014) segue uma fonte inesgotável de encanto. Em celebração aos dez anos de sua morte, chega ao prelo no ano que vem o romance inédito En Agosto Nos Vemos, inicialmente nos países de língua espanhola, à exceção do México. Segundo Rodrigo e Gonzalo García Barcha, filhos do escritor, o livro foi o último esforço criativo de Gabo. (Folha)

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Elis, Erasmo, Roberto, Edu Lobo e Nana Caymmi são gênios da MPB. Mas sua genialidade, como a de muitos outros, teve o auxílio luxuoso do arranjador Chiquinho de Moraes, que morreu no domingo de covid-19, aos 86 anos. Pianista de formação clássica, debutou nos arranjos com o “proto-rock” de Celly Campello, em 1959. Entre 1970 e 1977, arranjou os melhores discos de Roberto Carlos e, em 1983, criou as orquestrações para um dos momentos máximos da MPB, O Grande Circo Místico (Spotify), de Edu Lobo e Chico Buarque. (g1)

“A cara do Brasil.” Essa foi a avaliação do escritor Marçal Aquino à decisão da Universidade de Rio Verde (UniRV), de Goiás, de retirar seu livro Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios de seu vestibular. A censura aconteceu por pressão do deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), para quem o livro de Aquino, um dos mais premiados autores brasileiros, é “pornográfico”. (Globo)

Tudo que é bom chega ao fim. Após 50 anos de excelentes serviços prestados ao rock’n’roll, o quinteto americano Aerosmith (Spotify) anunciou ontem sua turnê de despedida dos palcos. Chamada “Peace Out”, a excursão já tem datas confirmadas nos EUA, com abertura do Black Crowes. Mas nem tudo é má notícia. Em nota, o Aerosmith explicou que seguirá compondo e gravando. (Rolling Stone)

E já que estamos aqui mesmo... Dream On, ao vivo. (YouTube)

Cotidiano Digital

Após mais de uma década no Google, Geoffrey Hinton, pioneiro da inteligência artificial (IA), deixou a companhia. Ao New York Times, Hinton, que venceu o Prêmio Turing de 2018 por seu trabalho, que levou ao atual boom da tecnologia, disse que se arrepende do seu papel na criação da IA, citando como preocupações a possibilidade de ocupar empregos, proliferar fotos, vídeos e informações falsas, além dos riscos da IA generativa, a mesma usada no ChatGPT. “Eu me consolo com a desculpa normal: se eu não tivesse feito isso, outra pessoa teria feito”, disse. O acadêmico ingressou no Google depois que a big tech adquiriu uma empresa iniciada por ele e dois alunos, um dos quais se tornou cientista-chefe da OpenAI. (Época Negócios e New York Times)

E o CEO do Twitter, Elon Musk, anunciou que a rede social vai permitir que editores de mídia cobrem usuários pelo acesso a artigos individuais. O serviço será lançado em maio como uma nova opção para criadores ganharem dinheiro na plataforma. A ferramenta, conhecida como Subscription, é o antigo Super Follows e funciona como uma forma de usuários da plataforma cobrarem pela exclusividade do seu conteúdo. (Olhar Digital)

Começou ontem a 13ª edição do Web Summit, maior evento de tecnologia e inovação do mundo, que acontece no Rio de Janeiro até quinta-feira. Com mais de 100 horas de programação, a conferência reúne gigantes de tecnologia, empreendedores, influenciadores e profissionais de diferentes áreas em dezenas de palestras, masterclasses e sessões de networking. A cerimônia de abertura contou com o cofundador do Black Lives Matter, Ayo Tometi; o fundador e CEO do Nubank, David Vélez; e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. É a primeira vez que uma cidade da América Latina recebe o evento, que acontece desde 2009 na Europa. Confira os destaques e a programação completa. (g1)

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