Obrigado, Rita
O Brasil amanheceu mais careta, mais ranzinza, mais triste. Amanheceu sem Rita Lee. A rainha do rock morreu na noite de segunda-feira, aos 75 anos, os dois últimos numa luta inglória contra um câncer de pulmão. A notícia foi divulgada na manhã de ontem pela família da cantora e compositora nas redes sociais. Rita será cremada em São Paulo, após um velório aberto ao público hoje, no Parque do Ibirapuera. Roberto de Carvalho, seu companheiro e parceiro por 46 anos, publicou nas redes uma homenagem a ela. “É tarde, já vou indo. Preciso ir embora, até amanhã…”, escreveu. Antônio, Beto e João, os três filhos do casal, também usaram as redes para se despedir da mãe. O luto da família se estendeu a todo o país. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, estava no Senado quando soube da morte e não segurou as lágrimas. O presidente Lula decretou luto oficial de três dias e publicou uma mensagem no Twitter. As redes também foram o veículo para outros artistas manifestarem a saudade. “Rita, meu grande amor, que pena”, desabafou Sérgio Dias, parceiro dela nos Mutantes. O irmão dele, Arnaldo Baptista, com quem Rita foi brevemente casada, lembrou que ela deu ao trio um lado circense. “Descansa, minha irmã”, escreveu Gilberto Gil. Já Ney Matogrosso lembrou ter apresentado Rita e Roberto. “Foi instantâneo o encontro deles, instantaneamente se sentaram no piano e começaram a compor.” (g1)
“Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa.” Esse foi o justo epitáfio que a própria cantora escolheu em seu primeiro livro de memórias Rita Lee, Uma Autobiografia, de 2016. Rita Lee Jones nasceu em 1947, em São Paulo e despertou para a música desde a infância. Em 1964, conheceu o baixista Arnaldo Baptista, com quem começou um namoro, e entrou para seu grupo, os Wooden Faces. Dali, com a chegada de Sérgio Dias na guitarra, nasceriam, dois anos depois, Os Mutantes (Spotify), até hoje uma das mais respeitadas bandas da história do rock brasileiro. A explosão veio um ano depois, quando acompanharam Gilberto Gil em Domingo no Parque (YouTube), no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record. Misturando rock psicodélico com Tropicália, o trio gravou discos fundamentais, mas Rita acabou expulsa do grupo em 1972, após o fim do casamento com Arnaldo. Com dois discos solo na bagagem, ela fundou o Tutti-Frutti, com o qual lançou quatro discos fundamentais, com destaque para Fruto Proibido (Spotify), de onde saíram os sucessos Ovelha Negra, Agora Só Falta Você e Esse Tal de Roquenrou, parceria com Paulo Coelho. Em 1976, a polícia invadiu sua casa e a prendeu por porte de drogas. O flagrante foi forjado. Rita estava grávida do primeiro filho e anormalmente sóbria. A partir de seu disco homônimo de 1979 e já em plena parceria com Roberto de Carvalho, deu uma guinada pop na carreira, tornando-se uma das artistas mais queridas do país. Em 1991, após o bem-sucedido Bossa ‘N Roll (Spotify), separou-se de Roberto, que não aguentava seu envolvimento com drogas. Os dois só voltariam cinco anos depois, após ela sofrer um acidente doméstico. Casaram-se formalmente e ficaram juntos até o fim. (Folha)
De Build Up, de 1970, a Reza, de 2012, Rita gravou discos memoráveis, mas 11 deles são fundamentais para compreender a dimensão de seu talento. Também não foram poucas as imagens marcantes da artista. (Globo)
Meio em vídeo. A artista, que foi expoente de muitas lutas das mulheres, sempre conseguiu se manter independente e rebelde. Sem jamais perder a doçura. O Brasil fica mais pobre ao perder uma mulher como Rita. Veja o comentário da editora-executiva (e fã) Flávia Tavares na coluna Cá Entre Nós. (YouTube)
Política
“A democracia está sob ataque no Brasil.” Essa é a primeira frase de uma mensagem enviada ontem pelo Telegram a seus usuários no país, distorcendo o PL das Fake News. O texto contrário ao projeto de lei foi enviado pelo canal “Telegram Brasil”, de comunicações oficiais do aplicativo de mensagens. Nele, a empresa afirma que o projeto, chamado de “desnecessário”, “concede poderes de censura ao governo” porque poderia limitar “o que pode ser dito online” sem ordem judicial, “matará a internet moderna”, podendo levar à saída da plataforma do Brasil. A mensagem encoraja os usuários a procurar os deputados e convencê-los a rejeitar o projeto, fornecendo inclusive um link para o site da Câmara. O Telegram citou Google e Meta — dona de Facebook, Instagram e WhatsApp — como “exemplo”. As gigantes da tecnologia, no entanto, negaram relação com o Telegram e não endossaram as ameaças. (Estadão)
A mensagem gerou resposta imediata. “As medidas legais serão tomadas. Empresa estrangeira nenhuma é maior que a soberania do nosso país”, afirmou o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social. Como parte de um inquérito civil sobre a atuação das plataformas, o MPF de São Paulo cobrou explicações sobre a mensagem. A empresa tem dez dias para responder. “É inaceitável a tentativa de pôr de joelhos o Parlamento brasileiro”, afirmou o relator do PL das Fake News, Orlando Silva (PC do B-SP). Pouco antes, ele destacou no plenário que o Telegram nunca participou de nenhum debate. (Folha)
Enquanto isso... A presidente do STF, Rosa Weber, marcou, para o próximo dia 17, o julgamento de três ações sobre o Marco Civil da Internet. Uma delas discute a constitucionalidade do dispositivo que exige ordem judicial prévia e específica de exclusão de conteúdo para a responsabilização civil das plataformas por danos devido a atos ilícitos praticados por terceiros. A outra é um recurso que discute se, sem a necessidade de uma ação judicial, a empresa que hospeda um site tem o dever de fiscalizar conteúdo e retirá-lo do ar se o material for considerado ofensivo. A terceira discute a possibilidade de bloqueio judicial de serviços como WhatsApp e Telegram. O julgamento pode ser uma alternativa ao PL das Fake News para regulamentar a atuação das plataformas no controle de discursos de ódio e desinformação. (g1)
Mais uma audiência pública no Senado foi palco de bate-boca. Dessa vez, na Comissão de Segurança Pública. “Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece? Capitão América, Homem-Aranha?”, ironizou o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, ao responder ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), que o acusou de omissão nos atos golpistas em 8 de janeiro e pediu seu afastamento. Ex-militar, Do Val afirma ter treinado agentes da Swat, Nasa, FBI e Navy Seals. Dino também teve um embate com o senador Sergio Moro (União-PR), que reclamou de o ministro debochar dos colegas. “Eu fui juiz e nunca fiz conluio com o Ministério Público, eu nunca tive sentença anulada. Por ter sido um juiz honesto, por ter sido um governador honesto é que eu não admito que ninguém diga, que ninguém venha dizer, que tenho de ser preso. Isso é desrespeito. Quem tem honra age assim”, afirmou. (Estadão)
O ex-deputado federal David Miranda (PDT-RJ) morreu ontem, após nove meses de internação devido a um quadro que começou com uma infecção gastrointestinal, gerou complicações e culminou em uma septicemia. “Ele morreu em paz, cercado de nossos filhos, família e amigos”, afirmou o jornalista Glenn Greenwald, lembrando que o político, com quem era casado há 17 anos e tinha três filhos, faria 38 anos hoje. Órfão de mãe e com pai desconhecido, foi criado pela tia na favela do Jacarezinho, no Rio. Já casado com Greenwald, envolveu-se na campanha pelo asilo de Edward Snowden no Brasil e nas revelações sobre o sistema de vigilância global da Agência de Segurança Nacional. Em 2016, tornou-se, pelo PSOL, o primeiro vereador assumidamente gay do Rio. Em 2019, com a desistência de Jean Wyllys, assumiu como deputado federal. No mesmo ano, foi eleito pela revista Time um dos dez líderes da próxima geração. O corpo de Miranda será velado hoje, das 14h às 17h, na Câmara Municipal do Rio. (Globo e UOL)
José Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio, está prestes a completar 88 anos e, ao se sentar com a jornalista Mônica Manir, quis falar sobre o tempo. E sobre a transferência de poder dos velhos líderes da esquerda latino-americana, como o presidente Lula e, por que não, o papa Francisco. Só que não está muito otimista com os jovens, que “parecem despojados, mas querem morar na casa dos pais e deixam a roupa para a mãe lavar”. Esse papo com El Viejo está no Meio Político que chega a partir das 11h de hoje para assinantes premium. Assine!
Um tribunal cível de Nova York concluiu ontem que o ex-presidente Donald Trump abusou sexualmente da jornalista E. Jean Carroll em 1996 e depois a difamou quando a acusação veio a público. Ele foi condenado a pagar uma multa de US$ 5 milhões (R$ 25 milhões), mas não corre o risco de ser preso, já que não se trata de uma ação criminal. Carroll acusou Trump de estuprá-la em um provador da loja de departamentos Bergdorf Goodman. Para o júri, porém, ela conseguiu provar um contato indevido, mas não a violação. O ex-presidente classificou a sentença como “uma vergonha total” e disse que vai recorrer. (CNN)
Viver
Para evitar a evasão escolar causada pelo bullying, o governo do Mato Grosso do Sul anunciou uma medida polêmica: cirurgias plásticas para estudantes de escolas públicas ou privadas que sofram algum tipo de constrangimento. Entre os possíveis procedimentos estão rinoplastia, redução de mamas, otoplastia, estrabismo e correção de cicatrizes. Em 2022, o estado registrou 142 casos de afastamento de alunos das salas de aula. Pesquisa do IBGE divulgada no ano passado indicou que 40% dos estudantes brasileiros admitiram ter sofrido provocação ou intimidação na escola (Globo)
O cronograma e regras do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 já estão disponíveis. De acordo com o edital, as inscrições podem ser feitas de 5 a 16 de junho e a taxa de inscrição, de R$ 85, deve ser paga até o dia 21 do mês que vem. Já as provas serão aplicadas nos dias 5 e 12 de novembro. (Agência Brasil)
Cotidiano Digital
O WhatsApp pode se tornar ilegal no Reino Unido por causa de um projeto de lei de segurança online. Caso seja aprovada, a medida exigirá que o aplicativo de mensagens e outras plataformas apliquem políticas de moderação de conteúdo. A proposta também prevê multas de até £ 18 milhões (cerca de R$ 113 milhões) ou 10% do faturamento. No caso do WhatsApp, o sistema de mensageria não conseguirá cumprir as regras da lei por conta do uso de criptografia de ponta a ponta. Em março, o diretor do app, Will Cathcart, afirmou que não removerá o sistema de segurança só para se adequar à lei britânica. (Poder360)
A Meta apresentou ontem sua nova inteligência artificial (IA). Chamado de ImageBind, o sistema analisa dados multissensoriais, como visão e sensação de profundidade, de modo similar ao cérebro humano, transformando isso em informação para gerar uma ação. Na plataforma, o usuário pode fazer o upload de um som de floresta, por exemplo, e receber imagens geradas a partir do som. Outra possibilidade é dar um comando em texto e receber um vídeo com o pedido. O ImageBind está em fase otimização e não há previsão para chegada no mercado. A Meta espera contar com o apoio da comunidade de especialistas para melhorar o modelo e pode começar a testá-lo nos seus principais produtos. (Estadão e Canaltech)
