Prezadas leitoras, caros leitores —
Ao contrário de muitos de nós, Atila Iamarino não se emocionou com a declaração do fim da emergência global da Covid feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Não que ele seja blasé. É que seu trabalho segue sendo o de acompanhar de perto a ciência e, assim, antever, com base em dados, o que virá. Ele já sabia.
Quem o acompanhou no auge da pandemia tem um senso de intimidade com o doutor em microbiologia que combateu a ignorância. Atila esteve no epicentro da batalha nas redes sociais e sobreviveu para alertar, em entrevista na Edição de Sábado: o mundo ainda não tem vacina para a desinformação. Estará ainda mais vulnerável numa próxima pandemia. E a responsabilização pelo que se diz publicamente é o único antídoto possível.
Responsabilidade é o que estão começando a encarar alguns dos jogadores de futebol metidos nos mais variados escândalos. Enfrentar a torcida após erros técnicos, táticos e morais pode ser o maior castigo, diverte-se nosso chargista Marcelo Martinez numa deliciosa crônica. E um estudo acadêmico mostra que, se você quer ser ouvido, é melhor não ser cantor de rock.
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— Os editores.
Moraes solta Torres e acalma bolsonaristas
Após quase quatro meses, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou ontem a soltura do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso por suspeita de conivência com a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Moraes, entretanto, determinou uma série de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, suspensão do porte de arma e do cargo de delegado federal temporariamente e proibição de deixar o Distrito Federal, usar as redes sociais e ter contato com outros investigados. Ao autorizar a soltura, o ministro do STF disse que a prisão “alcançou sua finalidade” com novas diligências da PF que estavam pendentes. A decisão foi recebida com alívio entre os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conta Gerson Camarotti. Para eles, a libertação diminui a possibilidade de o ex-ministro assinar um acordo de delação premiada. (g1)
Moraes pegou de surpresa os outros integrantes do Supremo, conta Igor Gadelha. A interlocutores, eles diziam não verem perspectiva de o colaborador de Bolsonaro ser libertado no curto prazo. (Metrópoles)
Ainda assim... O STF já tem informações de que Torres chegou a participar do planejamento da prisão ilegal de ministros do Supremo, que seriam levados para lugar desconhecido. Há conversas registradas. (CNN Brasil)
No Congresso, começa a tomar corpo a CPMI que vai investigar os atos golpistas de 8 de janeiro. Até ontem, 22 nomes já haviam sido indicados para compô-la, sendo 14 da oposição. A comissão terá 32 titulares, e a perspectiva é que os governistas sejam maioria. Dos partidos que ainda não indicaram componentes, o PSD do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), deve pender para o lado do governo, embora não integre formalmente a base. Já o União Brasil, que detém três ministérios, ainda é uma incógnita. (Poder360)
E os dois acusados de armar uma bomba na entrada do Aeroporto de Brasília em 24 de dezembro do ano passado foram condenados ontem pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. George Washington de Oliveira Sousa terá de cumprir 9 anos e 4 meses prisão e Alan Diego dos Santos Rodrigues, 5 anos e 4 meses, ambos em regime fechado. (g1)
Em busca de apoio para consolidação de sua base no Congresso, o governo liberou em um só dia mais dinheiro para emendas parlamentares do que fez nos quatro primeiros meses de gestão. Foram R$ 712 milhões só na terça-feira. No dia seguinte, nova liberação de verbas: R$ 434 milhões. Ao todo, R$ 1,6 bilhão já foi separado para que as indicações de despesas feitas pelos congressistas sejam contempladas. (Poder360)
Por cinco votos a dois, o TSE multou individualmente em R$ 30 mil os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por divulgação de vídeo com fake news sobre Lula nas eleições de 2022. Produzido por Nikolas, o vídeo afirmava que o então candidato à presidência estaria associado à criminalidade, incentivaria o uso de drogas por crianças e adolescentes e seria favorável ao aborto, entre outras mentiras. Os demais parlamentares compartilharam a gravação. (Globo)
Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, as big techs intimidam o Congresso com mentiras e, se o PL das Fake News não for votado no Legislativo, o STF deve agir. Em entrevista, ele disse que algumas dessas empresas não têm sede ou representação no Brasil e desprezam a soberania nacional. (UOL)
Apesar de falar em condutas ilícitas, o ministro Alexandre de Moraes não aponta quais artigos da lei o Telegram teria violado ao determinar que a empresa apagasse mensagem contra o PL das Fake News. Especialistas consideram que a conexão com o inquérito das fake news deveria estar melhor fundamentada, sob risco de qualquer tema relacionado à desinformação poder ser incluído na investigação. (Folha)
Carolina Brígido: “Parte dos ministros do STF e uma ala do MPF estão incomodadas com as últimas decisões tomadas por Moraes. A avaliação é que ele extrapolou seus poderes no caso da atuação das plataformas contra o PL das Fake News e na investigação contra Bolsonaro por eventual falsificação do registro de vacinação”. (UOL)
Como parte da investigação sobre um suposto esquema de “rachadinhas”, o Ministério Público do Rio identificou depósitos de origem desconhecida no valor de R$ 476,8 mil nas contas do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e de Ana Cristina Valle, segunda mulher de Jair Bolsonaro e chefe de gabinete do enteado entre 2001 e 2008, conta Juliana Dal Piva. Os depósitos foram feitos fracionadamente em dinheiro vivo, o que, segundo os promotores, indica lavagem de dinheiro. (UOL)
Enquanto isso... Há cerca de um mês, Jair Bolsonaro não publica nada nas redes sociais. O motivo, segundo pessoas próximas do ex-presidente, é que Carlos trocou as senhas quando anunciou que estava deixando o gerenciamento da vida digital do pai. Offline, Bolsonaro não conseguiu, por exemplo, mobilizar seguidores para sua ida ao Agrishow. (Globo)
Um depósito de R$ 400 mil na conta do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, está sendo investigado pela PF. A transação foi localizada na quebra de sigilo bancário durante a operação que levou à prisão do militar, na semana passada, por suspeita de adulteração de documentos de vacinação. O depósito foi feito em 25 de março de 2022 por João Norberto Ribeiro, tio da mulher do tenente-coronel, Gabriela Cid. A PF identificou que a prática é recorrente e suspeita que Cid transferia recursos de sua conta para outros servidores ligados à Ajudância de Ordem ou à Presidência, que sacariam o dinheiro em espécie, repassando-o a amigas da então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a pedido dela. (Veja)
Viver
Em resposta ao escândalo de manipulação de resultados no futebol, o Ministério da Fazenda divulgou ontem uma proposta de medida provisória para regulamentar o mercado de apostas esportivas. O texto será assinado também pelos ministérios do Planejamento e Orçamento, Gestão e Inovação, Saúde, Turismo e Esportes. Quem puder ter qualquer influência sobre os eventos esportivos ficará proibido de apostar, como dirigentes, treinadores e atletas. Administradores e funcionários das bets, menores de 18 anos e agentes públicos também não poderão fazer uma fezinha. As empresas serão taxadas em 16% sobre o lucro da operação, e, sobre o prêmio recebido pelo apostador, serão tributados 30% de Imposto de Renda, com isenção de R$ 2.112. Apenas empresas habilitadas poderão receber apostas de eventos oficiais, e uma nova secretaria no Ministério da Fazenda será responsável por esse credenciamento. A taxação desse setor já estava prevista e, em abril, o Ministério da Fazenda calculou que as apostas online poderiam gerar até R$ 15 bilhões. A arrecadação será destinada a áreas como segurança pública, educação básica, clubes esportivos e ações sociais. (g1 e ge)
A CPI da Manipulação de Resultados, aprovada há duas semanas, deve ser instalada na Câmara na quarta-feira. “A credibilidade do futebol brasileiro está em xeque”, diz o deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que requereu a CPI e deve ser seu relator. (Estadão)
Policiais federais cumpriram ontem mandado de busca e apreensão na usina nuclear Angra 1. A ação está relacionada a dois inquéritos que investigam vazamento de água com resíduos radioativos na Baía de Ilha Grande. A PF apura possíveis crimes ambientais e se houve omissão na comunicação às autoridades. O vazamento ocorreu em setembro de 2022, mas, segundo o Ibama, a Eletronuclear só reconheceu o incidente quatro meses depois. (Agência Brasil)
Para ler com calma. Os ministros Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Marina Silva, do Meio Ambiente, batem de frente quanto à exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. A Petrobras defende o projeto, mas o Ibama não deve liberar a licença ambiental. (Estadão)
Trabalhar menos e manter o salário. Esse é o sonho de boa parte dos profissionais. Entre junho e dezembro, o Brasil vai testar a jornada reduzida de quatro dias de trabalho, seguindo o modelo de 100% do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade. A iniciativa, já testada por 61 empresas no Reino Unido, desembarca aqui graças à parceria entre a organização sem fins lucrativos 4 Day Week e a brasileira Reconnect Happiness at Work. A expectativa é que cerca de 40 empresas participem. (Valor)
Cultura
Para ler com calma. Paulinho da Viola (Spotify) vai tocar neste domingo em São Paulo enlutado pela morte de Rita Lee, da qual era fã. “E eu adoro aquele disco do Tutti Frutti”, diz ele, referindo-se a Fruto Proibido, um dos mais roqueiros dela. Mas, na visão dele, o título de transgressor não é exclusivo do rock. “O samba também foi e pode ser transgressor. João da Baiana, Donga, Garoto, Radamés, Laércio de Freitas, Esmeraldino Salles, Valdir Azevedo, Canhoto da Paraíba, Pixinguinha, Lupércio Miranda, todas essas pessoas foram transgressoras dentro da linguagem do choro”, avalia. (Estadão)
Meio em vídeo. A sordidez do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas ao não declarar luto oficial no Estado pela morte de Rita Lee. E o feminismo na prática de um ícone do movimento, que não se declarava feminista. Veja o que diz Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)
Vai longe o tempo em que Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) se beijaram no horário nobre. A TV Globo confirmou ontem ter cortado um beijo entre as personagens Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman), previsto no resumo do capítulo de quarta-feira da novela Vai na Fé. Em nota, e emissora disse que toda novela está “sujeita a edição” “por estratégias de programação ou artísticas”. O corte, facilmente notado na cena que foi ar, revoltou espectadoras, que cobraram uma posição da autora, Rosane Svartman. Esta, porém, não se manifestou. (Folha)
Roberto e Erasmo Carlos cometeram plágio na canção Traumas (Spotify), lançada pelo primeiro em seu antológico disco de 1971. A conclusão consta do laudo judicial elaborado pelo perito Cesar Peduti Filho no processo movido pela professora Erli Cabral Ribeiro Antunes, autora de Aquele Amor Tão Grande, registrada meses antes e, segundo ela, entregue a um músico da banda de Roberto em show no interior do Rio para ser apresentada ao cantor. De acordo com o perito, a ideia central da composição de Erli é usada como refrão em Traumas, com “pequenas alterações” rítmicas e de tonalidade. Roberto, que pode contestar o laudo, classificou a acusação como fantasiosa. (UOL)
Cotidiano Digital
O Twitter terá um novo comando em breve. Em seu perfil na rede social, Elon Musk confirmou a contratação de uma nova CEO. A executiva, cujo nome não foi revelado, deve começar a trabalhar em aproximadamente seis semanas. O bilionário acrescentou que que vai passar a ocupar o cargo de chefe de tecnologia, supervisão de produtos, softwares e operação de sistemas. O empresário citou a plataforma como “X/Twitter” por conta da nova empresa aberta a partir da fusão da rede social, a X Corp. A decisão de deixar o cargo de CEO respeita o resultado de uma enquete que o próprio Musk criou no fim do ano passado, diante da onda de críticas que recebeu por causa das políticas impopulares de moderação de conteúdo. Na época, ele afirmou que deixaria a presidência da empresa quando encontrasse alguém “tolo o suficiente” para encarar o trabalho. (Estadão e g1)
O Parlamento Europeu aprovou ontem novas regras para transparência e gerenciamento de riscos de sistemas de inteligência artificial (IA) na União Europeia. O texto inclui regras mais rígidas sobre o uso de reconhecimento facial, vigilância biométrica e outras aplicações dessa tecnologia. O projeto de lei AI Act propõe que as IAs sejam seguras, transparentes, rastreáveis, não discriminatórias, supervisionadas por pessoas e não produzam danos ao meio ambiente. Após dois anos de negociações, a expectativa é que o projeto passe para a próxima fase do processo, na qual os parlamentares finalizarão os detalhes com a Comissão Europeia e os países do bloco. (Época Negócios e Núcleo jornalismo)
Meio em vídeo. Aconteceu nesta quarta-feira o Google I/O 2023, evento de lançamentos e novidades do Google. Teve anúncio de celular novo, melhora na IA da busca e Android atualizado. Pedro Doria e Cora Rónai ficaram mordidos de não estarem no evento, mas vão comentar tudo neste vídeo. (YouTube)
