Prezadas leitoras, caros leitores —

Em que pese a expressiva votação para que o arcabouço fiscal tramitasse em regime de urgência na Câmara, a relação entre Executivo e Legislativo não está pacificada. De um lado, o deputado Arthur Lira (PP-AL) quer manter algum naco do imenso poder que amealhou no governo passado ao controlar o orçamento secreto. De outro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está decidido a não permitir que isso aconteça.

Para tanto, manda acertar o fluxo de liberação de emendas, em negociações a cada projeto de interesse do governo na Câmara. São vendas no varejo que podem sair mais caras que o extinto orçamento secreto e comprometer programas de investimento. A sonhada base de governo ainda está distante no Congresso, e esse é o quadro que vamos detalhar na Edição de Sábado do Meio.

Além disso, vamos discutir a dificuldade de se debater regulamentação de jogos de azar no Brasil, o que deixa brechas, verdadeiros vãos, por onde entram pessoas mal-intencionadas. Foi assim com os bingos e é assim, mais recentemente, com as apostas esportivas. Por que este tema é tão difícil no país e quais caminhos seguir agora? E ainda convidamos os leitores para uma viagem no tempo até ‘Pet Sounds’, o disco dos Beach Boys que revolucionou a música em 1966.

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— Os Editores

Supremo forma maioria para condenar Collor

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou ontem maioria para condenar o ex-senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação Lava-Jato. O relator, Edson Fachin, sugeriu pena de 33 anos e dez meses de prisão, mas o apenamento só deve ser decidido após o julgamento de eventuais recursos. Collor é acusado de receber propina para facilitar negociações da BR Distribuidora (atual Vibra Energia) entre 2010 e 2014. Votaram integralmente com Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia. André Mendonça votou pela condenação, divergindo em dois pontos, e Kássio Nunes Marques absolveu Collor. O julgamento será retomado na semana que vem com os votos de Gilmar Mendes, Dias Toffoli (que foi internado com covid-19) e da presidente Rosa Weber. (UOL)

E por falar... Em Lava-Jato e STF, Mônica Bergamo conta serem nulas as chances de o Supremo reverter a cassação pelo TSE do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que coordenou a força-tarefa da operação em Curitiba. Segundo diferentes ministros, o fato de a Justiça Eleitoral ter condenado Dallagnol por unanimidade não deixou brechas para outras interpretações. Soma-se o fato de que três ministros do TSE integram o STF e devem manter suas posições. (Folha)

Além disso... O deputado não contará com a ajuda da Câmara para reverter a cassação. Segundo Andréia Sadi, o presidente Arthur Lira (PP-AL) rejeitou qualquer articulação e vai dar prosseguimento ao trâmite burocrático da condenação. Dallagnol foi notificado ontem e terá cinco dias para se defender junto à mesa diretora da Casa, que deve homologar a cassação. (g1)

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Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid ficou em silêncio ontem durante depoimento à PF na investigação sobre fraude no cartão de vacina do ex-presidente. Oficialmente, a defesa o orientou a se calar por ainda não ter acesso à perícia no celular do militar, que está preso. Entre os bolsonaristas, porém, conta Andréia Sadi, há o temor de que Cid esteja planejando uma delação premiada. Na terça-feira, Bolsonaro negou ter ordenado a fraude e disse que, se Cid o fez, agiu a sua revelia. (g1)

Enquanto Cid se calava à PF, seu antigo chefe esteve no Senado e, mais uma vez, procurou se distanciar do escândalo das carteiras de vacinação. “Ele [Cid] fez o melhor de si. Peço a Deus que não tenha errado. Que cada um siga a sua vida. Nós procuramos fazer tudo certo”, disse Bolsonaro, ao visitar o gabinete do filho Flávio. (Metrópoles)

O texto do arcabouço fiscal está “blindado” para a votação em plenário, prevista para quarta-feira. Segundo o relator do marco fiscal na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA), três CPIs, a cassação de Deltan Dallagnol e outras forças externas, não afetarão os ânimos dos parlamentares. “Existe uma consciência, uma maturidade, protagonizada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, de que existem matérias que perpassam o interesse puramente do governo e vêm para o interesse do país. Essa é uma delas. Então, por mais que o ambiente político esteja contaminado, matérias como essa não serão contaminadas”, disse. Ele explicou que a autorização para subir despesas em 2024, independentemente da receita em 2023, criticada pelo mercado, é uma compensação pela desoneração dos combustíveis. Ele calculou o valor em R$ 12 bilhões, bem abaixo dos R$ 80 bilhões estimados por especialistas. (Globo e Valor)

Os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Mara Gabrilli (PSDB-SP) e a deputada Carla Zambelli (PL-SP) foram multados ontem pelo TSE por fake news divulgadas no ano passado, associando Lula ao assassinato do então prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel. Cada um terá de pagar R$ 10 mil. Em entrevista à Jovem Pan, em outubro, durante o segundo turno, Gabrilli falou do suposto envolvimento de Lula e do PT com o crime, ocorrido em 2002. As declarações foram compartilhadas por Flávio e Zambelli. A campanha de Lula recorreu imediatamente ao TSE, que determinou a exclusão de “conteúdo expressa e judicialmente já reconhecido como desinformativo e ofensivo”. (Globo)

Após 14 anos, o Brasil volta a uma cúpula do G7. O presidente Lula desembarcou ontem em Hiroshima, no Japão, para participar, como país convidado, do segmento de engajamento externo. Ele também terá encontros com empresários japoneses e com ao menos sete chefes de Estado e governo, entre eles o presidente francês, Emmanuel Macron. A guerra da Ucrânia será prioridade do G7, e Lula busca apoio internacional para negociação de um acordo de paz. Além do conflito, a pauta do encontro também inclui segurança alimentar, problemas causados pela inflação, endividamento dos países em desenvolvimento, ações de combate às mudanças climáticas e fortalecimento do sistema mundial de saúde. (g1)

No dia seguinte à decisão do Ibama de barrar a perfuração da Foz do rio Amazonas para a exploração de petróleo, o senador Randolfe Rodrigues (AP), líder do governo no Congresso, anunciou sua desfiliação, em “caráter irrevogável”, da Rede Sustentabilidade, à qual estava filiado desde 2015. A decisão evidencia o embate entre o senador e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede-AC), contrária à exploração petrolífera na região. Ele afirmou em suas redes sociais que a orientação do Ibama – ligado à pasta de Marina – “não ouviu o governo local e nenhum cidadão” do Amapá. A desfiliação deixa a Rede sem assento no Senado. E o PT pode ser de novo o partido de Randolfe, que, durante a crise do mensalão, em 2005, trocou a legenda pelo PSOL. Dirigentes petistas dizem que o partido está de “portas abertas”. (Estadão)

Um comentário do ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro e deputado Ricardo Salles (PL-SP) no post de Randolfe sobre a decisão do Ibama despertou a ira do líder do governo. “Bem-vindo ao time”, comentou Salles, sugerindo que os dois estariam defendendo os mesmos interesses. Randolfe não gostou: “Me respeite que não sou da sua laia e muito menos da sua turma de bandidos. Eu quero o desenvolvimento para o povo do meu estado e sempre lutei pelo meio ambiente.” (Estadão)

Em comunicado divulgado ontem, a Petrobras informou que não foi oficialmente notificada da decisão e que pedirá ao Ibama que reconsidere. “A Petrobras entende que atendeu rigorosamente todos os requisitos do processo de licenciamento.” (Poder360)

Ibama de volta aos trilhos

Tony de Marco

Petrobras-na-amazonia

Viver

Paleontólogos argentinos apresentaram ontem os restos de uma nova espécie de dinossauro herbívoro de pescoço longo descoberto na região da Patagônia em 2018. Segundo eles, o animal é um dos maiores já encontrados. Os ossos são tão grandes que acabaram levando ao tombamento da van em que eram transportados rumo a Buenos Aires. O osso do fêmur, que mede 1,90 metro, foi dividido em três partes, cada uma com mais de 100 quilos. Com 50 toneladas e 30 metros de comprimento, o Chucarosaurus Diripienda é o maior dinossauro já descoberto na província do Rio Negro. Ele teria vivido no período Cretáceo Superior. (Época Negócios)

Um planeta do tamanho da Terra e fora do Sistema Solar tem oferecido aos cientistas evidências sobre um mundo atormentado por erupções vulcânicas. O vulcanismo não foi observado de forma direta nesse exoplaneta, o terceiro a ser detectado na órbita de uma estrela fraca, mas inferido devido à interação gravitacional com o maior dos outros dois planetas. Segundo os pesquisadores, a atração gravitacional do planeta maior pode comprimir e flexionar o planeta recém-identificado, aquecendo seu interior e causando atividade vulcânica na superfície. No Sistema Solar, Terra e Vênus são vulcanicamente ativos, assim como algumas das luas de Júpiter, sendo a de Io a mais ativa. (CNN Brasil)

Um homem, de 61 anos, de Vitória, apresenta sintomas gripais leves e está em isolamento por suspeita de gripe aviária (H5N1). O Ministério da Saúde acompanha o caso que, se confirmado, será o primeiro de influenza A em humanos. O homem trabalha no parque onde uma ave contaminada foi encontrada. Amostras de 32 pessoas, que trabalham no mesmo local, foram colhidas e enviadas para análise. A gripe aviária é transmitida por contato com aves doentes, vivas ou mortas. Apesar de ser altamente contagiosa, a infecção entre aves e humanos não ocorre facilmente. E não há contaminação entre pessoas, segundo o Ministério da Saúde. (Estadão)

Cultura

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Eventos como o Festival de Cannes podem ser um bom espaço para divulgar filmes experimentais, mas o diretor americano Steve McQueen exagerou. Ele exibiu ontem seu documentário Occupied City, quatro horas de imagens da Amsterdã atual com uma narração monocórdica relatando atrocidades lá cometidas pelos nazistas durante a Segunda Guerra. Além disso o longa (bota longa nisso) foi filmado nos primeiros meses da pandemia de covid-19, associando o confinamento da quarentena aos toques de recolher impostos pelos alemães, uma analogia de gosto duvidoso. (Folha)

Meio em vídeo. O que me interessa neste episódio Leo Lins é a reação de uma parte da sociedade ao tuíte de Fabio Porchat defendendo a liberdade de expressão no humor. Veja, Porchat pode estar errado na defesa que fez, mas a violência contra a sua opinião me parece muito, mas muito mais errada. A última frase dele foi a seguinte: Não entrem nessa conversa com a emoção, entrem com a razão. Você é capaz de fazer isso por alguns minutos? É o que indaga Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

Cotidiano Digital

Em visita ao Brasil para um evento da Fundação Lemann, no Rio de Janeiro, Sam Altman, CEO da OpenAI, disse ontem que a inteligência artificial (IA) deve trazer riscos e acabar com algumas profissões. O criador do ChatGPT ressaltou que a IA continuará crescendo em ritmo acelerado e que pretende chegar a ferramentas de vídeo em breve. Para o CEO, é possível que a tecnologia seja um divisor de águas na classificação de novas profissões e extinção de alguns postos, mas que os humanos não serão substituídos em trabalhos criativos e de comando tão cedo. O executivo também falou sobre regulamentação, padrões de licenciamento e segurança para os sistemas avançados de IA generativa. (Estadão e Época Negócios).

E o ChatGPT ganhou uma versão em aplicativo para iPhone (iOS). Até então, a ferramenta estava disponível somente em uma versão para navegador. OpenAI também lançará em breve uma versão para Android. (g1)

O estado americano de Montana se tornou o primeiro a banir o TikTok. A lei, aprovada no mês passado por parlamentares estaduais, foi sancionada na quarta-feira pelo governador Greg Gianforte. A medida proíbe lojas de aplicativos como Play Store, do Google, e App Store, da Apple, de disponibilizarem para download o TikTok em Montana. A regra entra em vigor em 1º de janeiro de 2024 e prevê multa de US$ 10 mil por violação para o TikTok e as lojas de aplicativo caso eles tentem descumprir o bloqueio. O aplicativo de vídeos curtos, controlado pela chinesa ByteDance, é acusado de estar ligado ao governo da China e ser uma ameaça para a segurança dos Estados Unidos. (g1)

Meio em vídeo. Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, está desenvolvendo uma nova rede social. Barcelona, que tem a proposta de substituir o Twitter, é uma plataforma descentralizada. Cora Rónai e Pedro Doria discorrem sobre as dificuldades de implementação da ideia do CEO Mark Zuckerberg, as vantagens e desvantagens da existência de diversos servidores, criados e geridos por usuários voluntários. Confira! (YouTube)

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