Governo fatura na economia enquanto patina na articulação

Dólar abaixo de R$ 5, gasolina mais barata, inflação em baixa, PIB acima das expectativas. Se a articulação política não está fácil, a economia tem dado bons resultados. A comunicação do governo e os discursos de ministros destacam cada vez mais a área econômica, seja para celebrar índices ou lançar políticas. O cientista político Rui Tavares Maluf, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, explica que a economia é o tema que mais afeta a percepção sobre o governo. “A economia se entrelaça com todo o resto e afeta de maneira determinante a opinião dos eleitores. Então, é natural que o governo Lula esteja tentando faturar politicamente com esses números”, diz. Esses resultados fortalecem os nomes dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que também acumula a vice-presidência. “A equipe econômica tem demonstrado muito juízo, muita organização e muita capacidade de diálogo entre eles e com setores de fora do governo. Eles inclusive seguram certas atitudes voluntaristas do Lula que poderiam atrapalhar mais do que ajudar”, afirma o pesquisador. (Metrópoles)

Indicadores globais também têm registrado resultados melhores do que as expectativas. E isso acaba ajudando o governo. Confira como. (Estadão)

Já na articulação política, há tensão até internamente. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), têm se desentendido. Considerado excessivamente alinhado a Lira, Guimarães gostaria de ter ficado com a pasta de Padilha. Esse seria um dos pontos de enfrentamento. Ele, no entanto, nega que haja rusgas. (Globo)

O economista e ex-ministro da Fazenda Pedro Malan afirma que Lula e seu entorno deveriam estar avaliando a situação atual e olhando à frente, com foco na governabilidade. Entre outras referências, ele cita as três lições a “aspirantes a líder” elencadas pelo ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger. (Estadão)

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Cinco meses após assumir o governo, a gestão Lula é considerada boa ou ótima por 37% dos eleitores, segundo pesquisa Ipec/O Globo. Em municípios com até 50 mil habitantes, o resultado é melhor: 41%. Em cidades com mais de 500 mil habitantes, cai para 33%. A mesma lógica vale entre aqueles que consideram o governo péssimo ou ruim: nas cidades pequenas, 27%; nas grandes, 31%. Já a aprovação do presidente é de 57% nos municípios menores. Nas que têm mais de meio milhão de habitantes, fica em 50%. (Globo)

Eliane Catanhêde: “A terceira pesquisa Ipec do ano confirma o que todos nós já vínhamos vendo e discutindo: o governo não vai bem, ou, pelo menos, não ia bem. Lula perdeu quatro pontos de aprovação e ganhou quatro de desaprovação desde o início, com uma tendência de baixa que serve de sinal amarelo para o presidente, muito cheio de si, de recuo em recuo”. (Estadão)

A provável troca de Daniela Carneiro (UB-RJ), à frente do Ministério do Turismo, pelo deputado federal Celso Sabino (UB-PA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não conta com apoio do PT do Rio. De olho nas eleições municipais, o diretório do partido no Rio divulgou nota defendendo a permanência dela. “A Ministra Daniela é uma parceira da construção política em nosso Estado, possui competência e capacidade de construção coletiva, uma parceria importante para a política Fluminense, sua permanência é a consolidação de um Estado do Rio de Janeiro forte e representado na equipe de Ministros do Presidente Lula”, diz o texto. O vice-presidente da legenda, deputado federal Washington Quaquá – que discutiu a situação com o marido de Daniela, o prefeito de Belford Roxo Waguinho (Republicanos-RJ) –, avalia a possível troca como um erro: “Ela é a deputada federal mais votada do Rio de Janeiro, não é uma pessoa qualquer. É evangélica da Baixada, dialoga com um público importante para o nosso projeto popular e tem que ser melhor tratada por nosso governo”. Malu Gaspar conta que, antes de oficializar a demissão, Lula vai se reunir com Waguinho. (Globo)

As eleições municipais do ano que vem podem dar mais uma dor de cabeça ao governo. Rival de Lira e importante aliado de Lula, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) vem agindo para ampliar seu poder em Alagoas, freando o crescimento do deputado. Dos 102 municípios alagoanos, 66 são do MDB. A meta é chegar a 80. Já Lira tem influência em Maceió, governada por seu aliado João Henrique Caldas (PL), o JHC. (Globo)

Enquanto isso... Parte do PTB, de Roberto Jefferson, quer deixar para trás o rótulo de extrema-direita. O caminho seria a fusão com o Patriota, que poderia atrair 20 membros insatisfeitos do PL, de Bolsonaro, conta Igor Gadelha. A nova legenda, o Mais Brasil, se apresentaria como um novo Republicanos, de centro-direita e disposto a dialogar com o governo. (Metrópoles)

Em campanha para ter a indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) confirmada pelo Senado, o advogado Cristiano Zanin, que defendeu o presidente Lula nos processos da Lava-Jato, vem se aproximando de grupos conservadores, se descolando das pautas progressistas do PT. A parlamentares evangélicos, por exemplo, ele se apresentou como um católico, pai de uma família tradicional. Os petistas, porém, procuraram minimizar esses movimentos. Segundo pessoas ligadas ao partido, o fundamental é que Zanin se mostre um garantista contrário aos métodos da Lava-Jato, malvista no Congresso. (Estadão)

Nem todos os conservadores do Senado, porém, estão receptivos às credenciais do indicado. Damares Alves (Republicanos-DF) disse nas redes que votará contra a indicação de Zanin e que “nada nem ninguém” a fará mudar. O advogado precisa de 14 votos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e 42 no plenário para ter a indicação confirmada. (Poder360)

Enquanto isso... A ex-presidente Dilma Roussef trabalha para emplacar seu antigo advogado Flávio Caetano no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele está na lista de 34 profissionais inscritos na OAB para a vaga aberta pela aposentadoria do ministro Felix Fischer. A Ordem vai escolher os seis que serão apresentados ao STJ para elaboração de uma lista tríplice da qual sairá o nomeado pelo presidente Lula. (Estadão)

Morreu nesta manhã, aos 86 anos, o empresário e político Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro da Itália. Ele estava internado para tratamento de uma leucemia. Berlusconi já era um magnata do mercado financeiro e da mídia quando entrou na política em 1994, na esteira do vácuo deixado pela Operação Mãos Limpas. Esteve envolvido em 35 processos criminais e teve uma condenação, além de colecionar gafes e escândalos, mas marcou a política italiana. (g1)

O governo da Ucrânia afirmou ontem ter retomado três vilarejos na região de Donetsk que estavam em poder das forças invasoras russas. Seriam as duas primeiras vitórias ucranianas desde que o presidente Volodymyr Zelenski confirmou no sábado o início de uma contraofensiva por parte de suas tropas. Enquanto isso, Kiev acusou a Rússia de ter destruído mais uma represa na região de Zaporizhzhia. Moscou não comentou qualquer uma das alegações. (BBC)

O indiciamento do ex-presidente Donald Trump por manutenção ilegal de documentos secretos levantou uma preocupação entre as autoridades dos EUA: a retórica cada vez mais agressiva de seus apoiadores levar a atos de violência. “Chegamos à fase da guerra”, escreveu o deputado pelo Arizona Andy Biggs, enquanto outro congressista de extrema-direita, Clay Higgins, da Luisiana, afirmou que o indiciamento era “um teste de perímetro dos opressores”. Uma pesquisa da Universidade de Chicago indicou que 12 milhões de americanos apoiam o uso da violência para devolver Trump à Casa Branca. (Guardian)

Enquanto isso, em 2013...

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Viver

Com o tema “Políticas Sociais para LGBT+ — Queremos por inteiro e não pela metade”, a 27ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo levou uma multidão à avenida Paulista ontem. A Polícia Militar não divulgou o público total, mas a organização esperava 4 milhões de pessoas. As cantoras Pabllo Vittar e Daniela Mercury foram alguns dos principais nomes que agitaram os 19 trios elétricos do evento. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, esteve em um dos carros e discursou, dizendo que todos devem ser respeitados em sua diversidade. Também estiveram presentes as deputadas federais Erika Hilton e Luciene Cavalcante. (CNN Brasil)

A Anvisa aprovou o primeiro medicamento injetável contra HIV no Brasil. Para prevenir eventuais infecções pelo vírus causador da Aids, o cabotegravir, produzido pela farmacêutica britânica GSK, é aplicado na região do glúteo, via intramuscular. As duas primeiras doses devem ocorrer em um intervalo de quatro semanas, seguidas de uma injeção a cada oito semanas. A vantagem do fármaco sobre a profilaxia de pré-exposição (PrEP) de uso oral é que sua ação é prolongada, sem necessidade de doses diárias para surtir efeito. Sua eficácia também é 69% maior do que a dos comprimidos. (g1)

Nos últimos dez anos, o investimento público em mobilidade urbana caiu à metade no Brasil. É o que aponta um estudo do economista Claudio Frischtak, da Inter.B Consultoria. Foram R$ 8,6 bilhões destinados ao setor em 2013, ano em que eclodiram as manifestações contra o aumento das passagens de ônibus em todo o país, contra R$ 4,1 bilhões em 2022. Em sentido oposto, os subsídios para automóveis e combustíveis aumentaram. Somente no ano passado, o governo federal concedeu R$ 8,8 bilhões em isenções tributárias para produção de carros, além de desonerar R$ 29,8 bilhões em impostos sobre combustíveis. (Globo)

Farinha de mandioca e algum conhecimento em frutas da floresta foram fundamentais para que quatro crianças indígenas sobrevivessem por 40 dias na Amazônia colombiana após um acidente de avião. Outros três adultos que estavam na aeronave não sobreviveram. (g1)

Cultura

Morreu na sexta-feira, aos 97 anos, o francês Alain Touraine, um dos mais importantes sociólogos da segunda metade do século 20. Embora viesse de uma família rica, seu interesse, tanto acadêmico quanto político, se concentrava nas classes trabalhadoras, fazendo dele um nome de referência do pensamento de esquerda, ainda que fosse cada vez mais crítico desse campo político. Sua visão tanto das lutas sociais quanto da própria sociologia mudou com as revoltas dos estudantes franceses em maio de 1968. Passou da tradicional dicotomia burguesia/proletariado para uma visão de novos movimentos progressistas, como o ecologismo e lutas de grupos minoritários e foi um dos criadores do conceito de “sociedade pós-industrial”. Acompanhava de perto a política brasileira, e era amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem participou de um debate em seu último encontro, em 2019. (UOL)

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Antecipando-se ao Dia dos Namorados, o guitarrista Roberto de Carvalho publicou no Instagram uma declaração de amor para esposa, Rita Lee (Spotify), que morreu em maio. “Minha namorada, meu amor por você sempre será maior do que todos os universos, será infinito, será sagrado, eu prometo”, escreveu o músico. (Rolling Stone)

Cotidiano Digital

Depois da assinatura paga do Twitter, será a vez do selo de verificação da Meta chegar ao Brasil. Na semana passada, o CEO Mark Zuckerberg revelou que o programa Meta Verified estará disponível no país nas próximas semanas. A novidade vai oferecer o selo para perfis individuais comuns ou profissionais tanto no Facebook quanto no Instagram. Por aqui, o serviço vai custar R$ 70 para o Facebook e R$ 80 para o Instagram. O programa já está disponível em Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Índia. (Estadão)

Para ler com calma. A cobrança pelo selo de verificação da Meta não é a única estratégia da gigante de tecnologia para rivalizar com o Twitter. A dona do Facebook apresentou aos funcionários um plano para lançar uma rede social que deve competir com a empresa de Elon Musk. O aplicativo, com nome provisório de P92, deve permitir aos novos usuários seguir contas que já acompanham no Instagram. Descubra os planos da Meta para criar um “rival” no Twitter. (BBC)

A polêmica da taxa do ponto extra causou revolta entre os consumidores, mas parece ter valido a pena para a Netflix. A plataforma registrou aumento no número de assinantes nos Estados Unidos após anunciar o início da cobrança aos usuários que compartilharem a conta com pessoas que não moram na mesma casa. Segundo reportagem do The Wall Street Journal, com dados da Antenna, a média diária de registros no serviço de streaming cresceu 102% nos quatro dias seguintes ao anúncio, em 23 de maio. Só entre os dias 26 e 27, a empresa ganhou 100 mil novos assinantes, patamar que não era conquistado desde o início da pandemia de covid-19. (The Wall Street Journal)

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