Advogado de Bolsonaro admite recompra de Rolex

Um dia depois de afirmar que nunca tinha visto o Rolex presenteado pelo governo saudita a Jair Bolsonaro (PL) ou qualquer joia, o advogado Frederick Wassef admitiu ter comprado o item nos EUA, mas disse ter usado recursos próprios. “Usei do meu dinheiro para pagar o relógio. O meu objetivo era cumprir decisão do Tribunal de Contas da União (TCU)”, afirmou sem dar detalhes. A compra foi feita em 14 de março, véspera de o TCU dar cinco dias úteis para a entrega das joias recebidas em viagem oficial à Arábia Saudita em 2019. “O governo do Brasil me deve R$ 300 mil”, disse, mostrando um recibo de compra no valor de US$ 49 mil. “Eu fiz o relógio chegar ao governo”, acrescentou, sem explicar quem o avisou sobre o Rolex, mas alegando que não foi um pedido de Bolsonaro nem de seu ajudante de ordens Mauro Cid, com que disse ter “uma relação muito formal”. O advogado afirmou que já tinha viagem pessoal marcada para os EUA, que pagou em dinheiro para obter um desconto de US$ 11 mil e que a aquisição foi declarada à Receita. (g1)

Apesar de indícios expressivos contra Bolsonaro no caso das joias, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que não há razões para uma eventual prisão preventiva do ex-presidente. “Nesse momento, veja, neste dia em que estamos conversando, não vejo ainda razões para essa medida extrema [a prisão preventiva]”, disse. “Há uma evolução de apurações e, em algum momento, o Judiciário pode decidir por essa medida. Mas as apurações ainda estão evoluindo. O que é importante para a sociedade é a garantia de que a verdade está sendo progressivamente trazida aos autos, ao processo, ao inquérito e demonstrada à sociedade.” (UOL)

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Pelo menos 13 militares da ativa — dois generais, nove coronéis, um major e um sargento — estão na mira da Polícia Federal por causa dos ataques de 8 de janeiro, segundo levantamento da Folha. As suspeitas incluem inércia em relação ao acampamento golpista instalado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, inação da guarda do Palácio do Planalto e participação direta nos atos. Entre os alvos estão os generais Gustavo Dutra e Carlos Feitosa Rodrigues. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, aparece com ponto em comum entre os demais militares. (Folha)

Cid já tem novo advogado, o terceiro desde que foi preso, em maio. O criminalista Cezar Bitencourt, crítico a delações premiadas, assumirá a defesa do tenente-coronel. Pessoas próximas à família de Cid afirmam que o advogado foi escolhido para atuar na defesa técnica, descartando a possibilidade de uma colaboração, conta Aguirre Talento. (UOL)

Bela Megale: “A série de evidências e provas obtidas no caso das joias faz com que a PF descarte qualquer interesse em um acordo de delação premiada com Mauro Cid”. (Globo)

Meio em vídeo. É engraçado testemunhar a patacoada corrupta de bolsonaristas e militares? Se é, garante Flávia Tavares na coluna Cá Entre Nós. Só que por trás da comédia pastelão tem o fato de que instituições brasileiras, inclusive as Forças Armadas, estiveram dispostas a endossar o bolsonarismo sabendo exatamente do que se tratava. É hora de diminuir de vez o poder dos militares na política. (YouTube)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, afirmou ontem que a Corte e o Supremo Tribunal Federal tiveram de “inovar” para preservar a Constituição e a democracia frente a “um ataque maciço de notícias fraudulentas” nas últimas eleições. “Isso fez com que o TSE, o Ministério Público Eleitoral e o STF tivessem que inovar no sentido de preservar a nossa Constituição, a nossa democracia, a lisura das eleições, mediante uma agressão inédita que não é uma peculiaridade brasileira, mas uma agressão inédita pelas mídias sociais, pelas redes sociais, à própria democracia.” (Carta Capital)

A aprovação do governo Lula subiu em agosto para 42%, contra 37% registrada em junho segundo pesquisa divulgada esta manhã pela Quaest. A reprovação recuou de 27% para 24%, enquanto 29% hoje consideram o governo regular – eram 32% em junho. Já a aprovação do trabalho do presidente subiu de 56% para 60%, enquanto a reprovação caiu de 40% para 35%. Todas as variações foram acima da margem de erro de 2,2 pontos. (Folha)

O arcabouço fiscal vai à votação na semana que vem, afirmou ontem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A decisão foi tomada após almoço na residência de Lira com lideranças partidárias. O governo espera aprovar a medida ainda este mês, quando termina o prazo para apresentar a proposta de Orçamento para 2024. A reunião sobre o tema que ocorreria na segunda-feira foi cancelada a pedido dos parlamentares, após declarações de Haddad sobre a Câmara. O relator do projeto, Cláudio Cajado (PP-BA), afirmou que o encontro com técnicos e líderes que foi desmarcado ocorrerá na próxima segunda-feira. Mas disse que não há compromisso de calendário. “Feita a reunião na segunda-feira, vamos consensualizar o texto e, a partir daí, a pauta de quando entrará em votação no plenário será definida pelo colégio de líderes e o presidente.” (g1)

Lira afirmou que tem uma “excelente relação” com o governo, mas destacou que é preciso mudar a composição dos ministérios para aumentar a base na Câmara. “Somos facilitadores para que as matérias caminhem, quanto mais base o governo tiver, mais fácil o meu trabalho, mais fácil o do governo”, disse. Lira também comentou a fala de Haddad: “Ficamos surpresos. Acho que foi inapropriado, talvez um relaxamento excessivo do ministro em uma entrevista. Na Câmara, como instituição, assim como o Senado, trabalham sempre com harmonia nesses temas (de economia). Não há nenhum desencontro em relação a isso”. (Globo)

Roseann Kennedy: “Num momento em que o presidente Lula mede forças com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em meio às tratativas para a reforma ministerial, a crítica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à força dos congressistas empoderou, ainda mais, a ala do Centrão que quer espaço no governo. Resultado: é Lula quem vai pagar a conta pela gafe do ministro”. (Estadão)

Em um longo depoimento na CPI do MST, João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), admitiu que o grupo errou ao invadir, em julho, uma fazenda da Embrapa em Petrolina (PE). “Cada acampamento tem autonomia do que faz. Concordo, às vezes eles exageram e erram, mas eles têm o direito de decidir”, afirmou. Também disse que o agronegócio está dividido no Brasil: “Uma parcela do agronegócio ainda vai para o céu, porque eles estão se dando conta que eles podem ganhar dinheiro, podem aumentar produtividade com outras práticas. Agora, aquele agronegócio burro, que só pensa em lucro fácil, esse está com os dias contados”. O depoimento ocorreu em um momento de enfraquecimento da CPI com a troca de integrantes do Centrão, blindando o governo. (Folha)

Yevgeny Prigozhin, o líder mercenário do Grupo Wagner, estava de volta à Rússia não faz três semanas, posando para fotos nas redes sociais com líderes africanos. E há uma semana explodiu um golpe de Estado no Benin. Um golpe celebrado com bandeiras russas na capital. Enquanto isso, na vizinha Argentina, Javier Milei, um candidato libertário econômico que celebra Bolsonaro deixou a condição de azarão para disputar a liderança da corrida presidencial. O mundo está chacoalhando, as forças geopolíticas se reorganizando. O Brasil como fica? Pedro Doria analisa, hoje, no Meio Político. Circula a partir das 11h para assinantes premium. Assine.

Viver

Um software de proteção chamado Erac (Esquema Regional de Alívio de Carga) teria sido o motivo para o apagão que atingiu 25 estados e o Distrito Federal na manhã de ontem, ouviu Malu Gaspar de técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por não estar ligado ao sistema nacional, Roraima foi o único estado a não ser afetado pela falta de energia, que durou seis horas. O programa desligou o sistema elétrico após uma brusca alteração de carga durante uma tentativa de transferir energia do Nordeste para o Norte do Brasil, provocando uma sobrecarga. Nesse momento, o Erac entrou em ação e desativou parte do sistema nacional. (Globo)

Para apurar se houve ação humana no apagão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a dizer ontem que pediria uma investigação à Polícia Federal e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele afirmou que o apagão foi causado por um “evento” no Ceará, podendo ter mais um outro ainda não identificado pelo ONS. (g1)

Como todo acontecimento de grande repercussão, o apagão gerou uma sequência de memes nas redes sociais. (g1)

Um levantamento da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica mostra que o ambiente escolar é o local onde os brasileiros afirmam ter sofrido mais violência racial. Das duas mil pessoas ouvidas, 38% disseram ter sofrido racismo na escola ou na faculdade; 29%, no trabalho; e 28%, em espaços públicos, como ruas e parques. A violência verbal é a forma de racismo mais aparente, sendo citada por 66% dos entrevistados, seguida pelo tratamento desigual (42%) e violência física (39%). (g1)

Cultura

O Festival de Gramado deste ano está marcado pelo luto devido à morte ontem da atriz Lea Garcia, de 90 anos, que seria homenageada hoje com o Troféu Oscarito. Segundo seu filho Marcelo, ela sofreu um infarto durante a madrugada. Léa Garcia foi uma desbravadora, uma atriz preta que conquistou seu espaço no cinema, no teatro e na TV muito antes de se falar em representatividade. Em 1957, foi indicada ao prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes por Orfeu Negro (trailer), de Marcel Camus, baseado na obra de Vinícius de Moraes. Papéis marcantes em novelas, como a vilã Rosa, de Escrava Isaura (1976), a transformaram num rosto familiar para o público. Nunca deixou de atuar, participando só no ano passado de quatro longas. Seu talento foi reconhecido em Gramado, ali mesmo onde viveu seus últimos momentos, com quatro Kikitos. (g1)

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Para ler com calma. Millôr Fernandes, que morreu em 2012, completaria cem anos hoje. Embora seu trabalho como jornalista, cronista, chargista e teatrólogo continue atual – o Brasil, infelizmente, não mudou muito –, há pouco de sua obra disponível hoje. Uma rara exceção, Millôr Definitivo: a Bíblia do Caos, nos brinda com frases como “O Brasil tem um enorme passado pela frente” ou “Vamos lá, decide qual você prefere: o capitalismo selvagem ou o socialismo hipócrita?”, mostrando a falta que faz sua pena. (Estadão)

E Paul McCartney (Spotify) anunciou um terceiro show em São Paulo. Ele vai se apresentar no dia 10 de dezembro, e os ingressos começam a ser vendidos amanhã para o público em geral. Os outros dois shows na capital paulista, nos dias 7 e 9 de dezembro, já estão esgotados. (Rolling Stone)

Cotidiano Digital

O Brasil poderá ter um papel importante nas novas tecnologias da era da inteligência artificial (IA), afirmou Royal Hansen, vice-presidente global de engenharia em privacidade, proteção e segurança do Google, em entrevista ao Estadão. O executivo vê o país não apenas como um laboratório na busca por respostas, mas também como um motor capaz de gerar ferramentas globais de privacidade, proteção de dados e cibersegurança. Ele reconheceu os riscos da IA e exemplificou que os chatbots têm sido usados para melhorar e-mails de phishing e criar códigos de malwares. Para Hansen, que estará em evento de segurança do Google no Brasil amanhã, a solução estaria em uma “espécie de corrida entre ataque e defesa”, na qual os bandidos aproveitam as possibilidades da IA enquanto as desenvolvedoras tentam combatê-los. (Estadão)

As discussões sobre possíveis violações de direitos autorais pelo ChatGPT também ocorrem no Brasil. O chamado PL dos Direitos Autorais, da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), prevê a remuneração de veículos jornalísticos e artistas pelas big techs. Um dos pontos do projeto também prevê que os chatbots de IA sejam obrigados a remunerar os autores de conteúdo. O PL seria votado nesta semana, mas no fim da tarde de ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que não haverá votação nesta semana. Isso porque não houve acordo acerca de um ponto específico relacionado a conteúdos que foram produzidos antes da lei. (Núcleo Jornalismo e Olhar Digital)

Meio em vídeo. Pedro Doria e Cora Rónai discutem a decisão do Zoom de exigir que seus funcionários voltem ao trabalho presencial. Também comentam o estado da WeWork, que corre sério risco de falir. (YouTube)

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