Prezadas leitoras, caros leitores —

A maior crise desde a redemocratização. Os generais evitam a comparação direta. Mas é assim que o Exército interpreta o momento que vive, sob denúncias sem fim de golpismo e corrupção de suas fileiras.

A Edição de Sábado traz uma reportagem da jornalista Jussara Soares, especialista na cobertura de direita, Bolsonaro e Forças Armadas, sobre como os militares estão enxergando a pressão para se despolitizar, voltar à caserna. E analisa o comando do general Tomás Paiva, que tenta reduzir o impacto do bolsonarismo enquanto contém insatisfações dos quartéis.

Também acompanhamos a visita ao Brasil do australiano John Shipton, que veio lançar o documentário “Ithaka: A Luta de Um Pai” sobre a batalha para tirar da prisão Julian Assange, seu filho e fundador do Wikileaks. E revisitamos a inspiradora carreira do diplomata Sérgio Vieira de Mello, cuja morte completou 20 anos.

Ah, ainda vai ter um bônus track para fãs de Star Wars.

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— Os editores.

Trump é preso por golpismo, aí solto sob fiança

Fichado novamente, preso, desta vez com direito a mugshot — a tradicional foto feita na entrada da cadeia. Donald Trump se entregou ontem à polícia do condado de Fulton, na Geórgia, no processo que apura supostas fraudes eleitorais do republicano na eleição de 2020. Ele ficou na prisão por cerca de 20 minutos, sendo liberado em seguida, após pagar fiança de US$ 200 mil (cerca de R$ 1 milhão). “Não fizemos nada de errado”, afirmou antes de deixar Atlanta em seu avião. “E temos todo o direito, todo o direito, de contestar uma eleição que consideramos desonesta.” Na semana passada, a promotora Fani Willis, que está à frente do caso, apresentou 13 acusações contra ele. Outras 18 pessoas — entre elas Rudolph Giuliani, advogado de Trump e ex-prefeito de Nova York — também foram formalmente acusadas. Favorito na corrida à candidatura republicana à Casa Branca, Trump se entregou no dia seguinte ao primeiro debate entre os pré-candidatos, do qual não participou. Esse é o quarto indiciamento criminal de Trump neste ano. (Washington Post)

A foto de Trump na prisão foi divulgada logo em seguida. Ele recebeu o registro P01135809 como preso. (CNN)

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As investigações ainda estão no início e é cedo para conclusões. Mas o Departamento de Defesa dos EUA disse não ter identificado indícios de que um míssil terra-ar tenha derrubado, na quarta-feira, o avião de Yevgeny Prigozhin, fundador do Grupo Wagner. O Pentágono acredita que a queda foi proposital, para matar o líder mercenário, que desafiou o presidente russo, Vladimir Putin, no fim de junho. Quase 24 horas depois, Putin se manifestou na TV. Prestou condolências às famílias, disse que conhecia Prigozhin desde os anos 1990, que ele era um empresário talentoso e que o acidente será investigado. “Esta [Prigozhin] era uma pessoa com um destino complicado”, disse. “Ele cometeu alguns erros graves na vida, mas também alcançou os resultados necessários.” (New York Times)

A expansão do Brics vai ser maior do que o esperado. Seis países integrarão o bloco a partir de janeiro de 2024. A novidade é a Etiópia, que não estava entre os cinco Estados aventados na véspera e confirmados ontem (Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Irã). A inclusão atende a um pedido da África do Sul. Com o novo escopo, que marca uma vitória da China, a população do Brics passa de 41% para 46% do total mundial, enquanto o PIB por paridade de poder de compra será de 36,6%. A declaração final da cúpula também menciona o compromisso com a busca de formas de usar as moedas locais nas negociações entre os membros do grupo. (Poder360)

“Não era óbvio para mim, antes, o que eles estavam tentando alcançar. E agora é simplesmente ainda mais difícil.” Essa avaliação da expansão do Brics é do economista britânico Jim O’Neill, que criou o acrônimo em 2001 — ainda sem a África do Sul. “Por definição, ao mais do que dobrar o número de membros do bloco, isso claramente diminuirá o papel individual de qualquer um deles, exceto a China”, afirmou, acrescentando que não há um “critério objetivo” ou um “denominador comum” no que se refere aos novos membros. “Na verdade, existe a suspeita — que é também decepcionante — de que a prioridade principal foi achar países que se irritam com facilidade com o Ocidente.” (BBC Brasil)

O presidente Lula negou que haja um viés ideológico na escolha dos novos membros do Brics. (UOL)

Para ler com calma. Um projeto do deputado Marcello Crivella (Republicanos-RJ) está azedando a relação dos evangélicos com o governo Lula. O texto, que amplia ainda mais a isenção de impostos para templos, está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara há quase seis meses aguardando sinal verde do Planalto. Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, atribui o atraso ao ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Os evangélicos penderam majoritariamente para Bolsonaro nas duas últimas eleições. (Folha)

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) os extratos bancários de suas contas durante os quatro anos em ele que esteve à frente do Executivo, mas pediu que os documentos sejam mantidos em sigilo, revela Julia Duailibi. A decisão de entregar os extratos aconteceu após o ministro Alexandre de Moraes determinar a quebra dos sigilos de Bolsonaro sua mulher, Michelle. (g1)

Para ler com calma. As investigações envolvendo Bolsonaro devem fazer com que o STF volte a discutir se casos envolvendo políticos que perderam foro privilegiado — como o ex-presidente – devem ou não voltar à primeira instância. (Estadão)

Filho Zero Quatro do ex-presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan foi alvo de mandado de busca e apreensão em operação da Polícia Civil do Distrito Federal na manhã de ontem, juntamente com Maciel Carvalho e Eduardo Alves dos Santos. Os três são suspeitos de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O celular e um HD de Jair Renan foram apreendidos. O principal alvo da ação é o influenciador e empresário Maciel, que foi preso e chegou a ter dez registros de CPF. Segundo a Polícia Civil, eles criaram uma identidade falsa para abrir contas bancárias e atuar como laranja. O objetivo era fugir das responsabilidades e blindar patrimônio. (g1)

Flávio Bolsonaro criticou a operação e disse que o irmão mais novo não tem onde cair morto. “Ao que parece é mais uma vez uma perseguição desenfreada em cima de Bolsonaro e seu entorno.” (Globo)

Meio em vídeo. Mais um capítulo do inferno astral que vivem os Bolsonaro, chamados carinhosamente nas redes sociais de “familícia”. Para quem pode achar exagero o apelido, com exceção da filha mais nova do presidente, que é menor de idade, todos os filhos e a mulher Michelle estão metidos em alguma encrenca. A estratégia agora é apelar para a narrativa da “perseguição”, explica Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

Fardado e silencioso. Em quase duas horas na CPI dos Atos Antidemocráticos do DF, o tenente-coronel Mauro Cid respondeu a uma única pergunta: “Tenho 44 anos”. Antes, fez um discurso inicial, explicando que uma de suas funções era receber e entregar presentes para Bolsonaro. Também disse que fazia um “serviço de secretariado executivo” e destacou o cunho militar da função de ajudante de ordens.(g1)

Outro ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o sargento Luis Marcos dos Reis disse na CPMI do 8 de janeiro que acompanhou atos golpistas, mas que não depredou nada, que foi “um ato impensado”. Preso desde 3 de maio por suspeita de falsificação de cartões de vacinação, assim como Cid, ele negou qualquer tentativa de fraude, mas se recusou a responder a perguntas sobre o tema. Quanto às movimentações atípicas identificadas pelo Coaf, afirmou que recebeu recursos quando foi para a reserva e citou “consórcios” com amigos e empréstimos. Disse ainda que chegou a pagar a mensalidade da conta de Laura, filha mais nova do ex-presidente, mas não explicou se com dinheiro vivo. (Folha)

Ainda na CPMI, os parlamentares aprovaram a quebra dos sigilos da deputada Carla Zambelli (PL-SP), do irmão dela, Bruno Zambelli, e do hacker Walter Delgatti Neto. (Correio Braziliense)

Pousos

Tony de Marco

Pousos

Viver

A Fifa abriu um processo disciplinar contra o presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, pelo beijo forçado na meio-campista da seleção da Espanha Jenni Hermoso durante a premiação na Copa do Mundo. Segundo o Comitê Disciplinar da entidade, o ato do dirigente viola um código que trata de condutas ofensivas e princípios de fair play. (CNN Brasil)

O ministro do STF André Mendonça pediu vista no julgamento sobre porte de drogas. Ele tem 90 dias para devolver o processo ao plenário. Prestes a se aposentar, a presidente da Corte, Rosa Weber, antecipou seu voto, seguindo o relator do caso, Gilmar Mendes, que revisou seu parecer para restringir a descriminalização apenas à maconha e não todas as drogas, como sinalizou em 2015. Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Lula, foi o único até o momento a optar por manter a criminalização, mas concordou em definir um critério para separar usuário de traficante. Os magistrados divergem em quantidade a ser enquadrada, com teses que vão de 25 a 100 gramas. Por enquanto, o placar segue em 5 a 1 para liberar o porte da cannabis para uso pessoal. (UOL)

Uma tempestade de raios no Cristo Redentor. A foto que capturou esse momento é finalista em um concurso internacional de imagens sobre fenômenos meteorológicos. (g1)

Cultura

A banda americana Queens of Stone Age (Spotify) cancelou a apresentação que faria no próximo dia 9 no festival The Town, sendo substituída pelo trio Yeah Yeah Yeahs (Spotify), também dos EUA. Em comunicado na noite de ontem, a produção do festival informou apenas que a troca acontece por “questões médicas” e que não haverá reembolso dos ingressos. No ano passado, o vocalista do QoSA, Josh Homme, revelou ter passado por um tratamento de câncer. O The Town, dos mesmos produtores do Rock In Rio, acontece nos dias 2, 3, 7, 9 e 10 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. (g1)

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Depois de Money, com os solos substituídos por um monólogo, Roger Waters lançou ontem sua versão reformulada para Time (YouTube e Spotify), possivelmente a mais famosa canção do lendário The Dark Side of the Moon (Spotify). Como gosta de ouvir a própria voz, ele incluiu mais um monólogo, agora no lugar dos relógios que marcavam a introdução. Mas as passagens instrumentais foram mais respeitadas, com um órgão no lugar da guitarra de David Gilmour. Resta ver como Waters, que escreveu originalmente todas as letras e cantou as duas últimas canções, vai tratar as músicas menos célebres do álbum. (Rolling Stone)

Já é fato reconhecido que 1973 foi um dos anos mais prolíficos da música em todo o mundo, resultando hoje em uma sequência de cinquentenários de alguns dos melhores discos já gravados. No próximo dia 1º será a vez de Let’s Get It On (Spotify da versão original), do grande Marvin Gaye (1939-1984), ganhar uma edição comemorativa de 50 anos. O relançamento contará com faixas inéditas e versões alternativas das canções, oriundas das sessões de gravação do disco, feitas em 1972. Uma bela forma de homenagear um artista genial, assassinado pelo próprio pai durante uma briga de família. (Globo)

Cotidiano Digital

A aguardada versão web do Threads foi finalmente lançada ontem aos usuários. Agora, é possível acessar o microblog do Instagram diretamente no navegador, e não apenas na versão de aplicativo para smartphones. Segundo a Meta, novas funcionalidades serão adicionadas nas próximas semanas para deixar a experiência no computador mais parecida com o a do celular. Passado um quê além de um mês após o lançamento, o Threads enfrenta desafios. Além da queda no engajamento, a rede social não está disponível na União Europeia devido às leis regulatórias para grandes empresas de tecnologia. A versão web é mais um passo para que a companhia de Mark Zuckerberg crie uma plataforma forte o suficiente para competir com o X e novas concorrentes, como Bluesky, Mastodon, Spoutible e Post. (Wired e Olhar Digital)

A SpaceX adiou para este sábado a missão que vai enviar quatro astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS) em nome da Nasa. Segundo um porta-voz da agência americana, o atraso foi necessário para que “resolvessem apenas um pequeno problema técnico com uma única documentação aberta”. A espaçonave Crew Dragon decolaria hoje do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, a bordo de um foguete Falcon 9. A tentativa de lançamento agora está marcada para amanhã às 4h27 (horário de Brasília). A cápsula Dragon em que viajam os quatro passageiros deve atracar na ISS após uma viagem de aproximadamente um dia. (CBS)

Meio em vídeo. Falar de tecnologia é falar de inteligência artificial. E como toda tecnologia nova, não existe ainda leis e regulamentações prontas. A discussão que está começando é sobre os direitos que incidem sobre criações feitas por uma IA. Complicado? Pedro Doria e Cora Rónai vão te explicar tudo. (YouTube)

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