Prezadas leitoras, caros leitores —

Um ministro da Fazenda que não se encaixa em uma única corrente econômica. É percebido como petista demais para ser liberal por uns e tucano demais para ser petista, por outros. Agrada o mercado enquanto tenta taxar super-ricos. Entende que é necessário fazer caixa com responsabilidade, mas defende que esse dinheiro seja gasto — e bem gasto — no bem-estar social.

A Edição de Sábado mergulha no pensamento econômico de Fernando Haddad e em suas estratégias políticas para avançar sua agenda. Ouvindo interlocutores de Brasília e colegas de academia, vamos explorar como ele tem se tornado o articulador de um governo que depende, como poucos dependeram, do sucesso na economia.

Olhamos também o exemplo de desenvolvimento da Índia, na esteira de suas mais recentes conquistas tecno-espaciais. E espiamos o Campeonato Brasileiro de League of Legends e as perspectivas do mercado de jogos eletrônicos no país.

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Os editores.

Orçamento tem mais verba para emendas e menos para fundo eleitoral

A proposta para o Orçamento de 2024 já está com o Congresso e projeta equilíbrio nas contas públicas, apesar da necessidade de R$ 168 bilhões em receitas extras. O governo prevê sair de um rombo de R$ 145,3 bilhões neste ano para um superávit de R$ 2,841 bilhões — que representa 0% do PIB. As projeções consideram um crescimento do PIB de 2,5% neste ano e de 2,3% no ano que vem, com inflação de 3,3%, acima da meta de 3%. As despesas foram estimadas em 19,2% do PIB (R$ 2,18 trilhões) e as receitas, em 23,7% do PIB (R$ 2,7 trilhões). O PAC vai ficar com R$ 61,7 bilhões. O Bolsa Família receberá aporte de R$ 169,4 bilhões. Já o Minha Casa Minha Vida terá R$ 10,8 bilhões. O salário mínimo terá alta de R$ 101, passando para R$ 1.421 – correção de 7,7%, acima da inflação, obedecendo à regra de reajuste automático sancionada por Lula no início da semana. Sob as regras do arcabouço fiscal, o Congresso tem até o fim do ano para fazer modificações e aprovar a proposta de Orçamento. (Estadão)

Apesar de 2024 não ter orçamento secreto, R$ 37,648 bilhões foram reservados para emendas parlamentares. O montante é 3,71% maior, sem correção pela inflação, do que o previsto para este ano. Por outro lado, o governo reservou R$ 939 milhões para o fundo eleitoral, bem menos que os R$ 4,9 bilhões do ano passado e do que queriam os parlamentares. Tanto que já há no Congresso um movimento para aumentar esse valor. Entre os ministérios, o maior orçamento é da Previdência (R$ 935,203 bilhões). (Globo)

Ao apresentar o projeto de Orçamento de 2024, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o desafio de zerar o déficit é grande, mas o resultado vai chegar. “Se vai demorar três ou seis meses, o fato é que o resultado vai chegar, mas não podemos desistir dele”, disse. As medidas de aumento de arrecadação não são fáceis de serem aprovados, mas Haddad aposta no diálogo com o Congresso. Já o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que a meta de déficit zero é um compromisso do governo para reequilibrar as contas. “Não estamos falando de cumprir uma meta de zerar o déficit primário no ano que vem por capricho.” (Folha)

Analistas não compartilham do otimismo de Haddad e consideram que conseguir R$ 168,5 bilhões em receitas extras é praticamente inviável. (Poder360)

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O dia era de depoimento à Polícia Federal, mas ficou marcado pelo silêncio. Jair Bolsonaro e sua mulher Michelle ficaram calados na oitiva sobre venda e recompra de joias presenteadas oficialmente ao então presidente brasileiro. A estratégia do casal Bolsonaro foi seguida também pelo advogado Fabio Wajngarten e pelos ex-assessores Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti. A defesa se baseou na decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) que indica que o Supremo Tribunal Federal não tem competência para investigar a questão das joias, afirmando que só haverá depoimento ou declarações adicionais quando o caso for remetido à primeira instância. Os cinco ficaram por cerca de uma hora na PF. Mais tarde, Michelle divulgou nota de esclarecimento nas redes sociais, afirmando que “não se trata de ficar em silêncio”, mas que não poderia prestar depoimento em “local impróprio” e afirmando que está “à disposição para falar na esfera competente”. O ministro Alexandre de Moraes mantém o caso no STF, apesar de não haver foro privilegiado de Bolsonaro, porque os envolvidos são citados em outros inquéritos, como o dos atos golpistas, que estão na Corte. Mas essa decisão é questionada. (Globo)

Já o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, decidiram depor. Em salas separadas, eles responderam aos questionamentos da PF por mais de nove horas. Segundo o g1, a colaboração do tenente-coronel avançou. Ele e o pai foram confrontados e questionados sobre informações extraídas dos celulares do general e do advogado Frederick Wassef, que também prestou depoimento ontem, por quatro horas, mas em São Paulo. A estratégia da PF era colher todos os depoimentos simultaneamente, mas de forma separada, para evitar combinação de versões e detectar incongruências. (g1)

Wajngarten entregará à PF a íntegra das mensagens trocadas com Mauro Cid sobre as joias sauditas assim que o caso veio a público, conta Malu Gaspar. Ele afirma que o histórico vai mostrar que só soube “pela imprensa” que as joias tinham sido compradas por Wassef. Seu objetivo é convencer que não tem nada a ver com a operação de Wassef para trazer o Rolex ao Brasil e devolvê-lo ao Tribunal de Contas da União. (Globo)

Meio em vídeo. A oposição e os apoiadores de Bolsonaro têm batido na tecla de que Lula teria ficado com presentes recebidos durante seus primeiros mandatos, o que justificaria que Bolsonaro embolsasse o que quisesse. Não é bem assim, mas essa é uma das estratégias para livrar o ex-presidente da acusação de peculato. Confira o que pensa Mariliz Pereira Jorge em De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

Em depoimento à CPMI do 8 de janeiro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias responsabilizou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) pela invasão das sedes dos Três Poderes. “Assisti ao último bloqueio da PMDF ser facilmente rompido antes que vândalos chegassem ao Planalto. Aquilo não poderia ter acontecido, só aconteceu porque o bloqueio da PMDF foi extremamente permeável”, afirmou. Ele disse que teria sido mais duro e agido de outra forma, se tivesse as informações que tem hoje. Também declarou que foi “conduzido a uma má avaliação dos fatos por ter recebido informações divergentes”. Suspeito de ter adulterado relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) registrando que ele teria recebido alertas sobre os riscos de invasão aos prédios, ele negou ter fraudado os documentos. (Estadão)

Após alerta do Ministério da Justiça sobre possíveis problemas no 7 de Setembro, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), determinou a criação de um gabinete de mobilização, com representantes de ministérios, Congresso e Supremo Tribunal Federal para evitar episódios como os de 8 de janeiro. A primeira reunião será na segunda-feira e a ideia é compartilhar informações. (Folha)

O silêncio do inocente

Tony de Marco

Bolsonaro-calado

Viver

No primeiro semestre do ano, o Brasil bateu recorde de doações de órgãos, com uma média de 19,2 doadores por milhão de habitantes, informou ontem a Associação Brasileira de Doação de Órgãos. A expectativa da ABTO é que a média chegue a 20 até o fim do ano. Por outro lado, cresceu a rejeição de doações em 2023, quando o país deixou de realizar 1.608 transplantes no período por recusa dos parentes dos possíveis doadores. Pela lei, só é possível fazer o procedimento quando é constatada a morte cerebral e a família autoriza a retirada dos órgãos. (Folha)

Um levantamento do MapBiomas divulgado ontem mostra que o Brasil perdeu 96 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2022. O país tinha 64% dessa vegetação no ano passado ante 75% em 1985. A queda equivale a 2,5 vezes o tamanho da Alemanha. A Amazônia foi o bioma mais afetado, reduzindo 13% de sua cobertura, ou 52 milhões de hectares, quase o território da França, para efeito de comparação. No mesmo período, o Cerrado também destruiu 25% de suas áreas verdes. As terras indígenas estão entre as mais conservadas, com menos de 1% de devastação nesse período. (g1)

Os ministros do STF Cristiano Zanin e Luís Roberto Barroso votaram contra o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Eles se juntaram a Edson Fachin, relator do caso, e Alexandre de Moraes, contra a tese de que os povos originários só podem reivindicar o território em que estavam no momento em que foi promulgada a Constituição, em outubro de 1988. Por enquanto, o placar está 4 a 2 contra o marco. Apenas André Mendonça e Nunes Marques, indicados por Bolsonaro, divergiram desse entendimento. O julgamento foi suspenso e deve voltar à pauta na próxima quarta-feira. Luiz Fux será o próximo a votar. (UOL)

Cultura

O Brasil tem um novo produto de exportação. A série Cangaço Novo, que estreou na Amazon Prime em 18 de agosto, entrou para o Top 10 das mais assistidas em 48 países, além do Brasil. O maior sucesso é na África, onde ela está no ranking de 24 nações, seguida de 13 na América Latina e nove na Ásia. Canadá, Portugal e Papua Nova Guiné completam a lista. Dirigida por Fábio Mendonça e Aly Muritiba, a série acompanha um grupo de ladrões de banco que aterroriza o interior do Ceará. (Estadão)

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Já em São Paulo o fim de semana será mais ruidoso, com o início no sábado do festival The Town, dos mesmos produtores do Rock In Rio. Serão cinco dias de shows, nos dois fins de semana e no feriado de 7 de setembro. O primeiro dia terá como atração principal o rapper americano Post Malone (Spotify). Todas as linhas paulistanas de metrô e trens vão funcionar 24 horas, e haverá um esquema de transporte para pessoas com deficiência. É bom ficar atento ao que pode ou não ser levado, inclusive alimentos, já que a comida dentro do autódromo estará salgada (e não estamos falando dos temperos): R$ 55 por dois pastéis e R$ 30 por um saco de pipocas, por exemplo. De resto, é só ter disposição para encarar a maratona. (g1)

O Rio amanhece leitor. Começa hoje a 21ª Bienal do Livro, que vai até o dia 10 no RioCentro com mais de 300 atrações. Entre os autores presentes estarão tradicionais frequentadores do evento, como Maurício de Souza, Thalita Rebouças e Conceição Evaristo, e novidades, como as americanas Julia Quinn e Cassandra Clare. Para as mesas e painéis será distribuídas pulseiras uma hora antes de cada evento, mas cada editora tem seu próprio planejamentos para sessões de autógrafos, um dos grandes atrativos da Bienal. Uma das principais atrações para as crianças – e as não tão crianças assim – é a festa de 60 anos da Mônica, personagem de Maurício. (Globo)

No site oficial da Bienal, a lista completa de atrações e a programação de todos os dias. Os ingressos custam a partir de R$ 19,50 e podem ser comprados online.

Cotidiano Digital

A gigante de tecnologia chinesa Baidu lançou ontem o seu chatbot baseado em inteligência artificial (IA) generativa Ernie Bot, semelhante ao ChatGPT. A empresa recebeu aprovação do governo para ampliar o uso do produto, sendo uma das primeiras a conseguir disponibilizar o programa no mercado da China. Recentemente, Pequim publicou novas regras para regulamentar produtos generativos de IA para o público. O novo sistema, que gera texto e imagens em resposta a perguntas e solicitações dos usuários, está disponível no site oficial da empresa e em aplicativo para celulares exclusivo para o mercado chinês. (Olhar Digital)

A Activision Blizzard anunciou uma nova forma de moderação nos chats de voz das partidas de Call of Duty. O jogo terá uma ferramenta que utilizará inteligência artificial para identificar e punir usuários por discurso de ódio. O recurso conta com a tecnologia ToxMod, da empresa Modulate, e já está em fase de testes beta na América do Norte em outros títulos da franquia, mas vai chegar globalmente no novo game do Call of Duty, o Modern Warfare 3. De acordo com a Activision, a tecnologia vai trabalhar para identificar palavras-chave em tempo real durante as partidas, que também serão gravadas para que o contexto das falas seja analisado. Inicialmente, a ferramenta só vai detectar falas em inglês, mas a empresa pretende expandir para outros idiomas em breve. (Jovem Nerd e TechTudo)

Meio em vídeo. Tudo nesta vida tem um ciclo, um começo e um fim. E não seria diferente na internet, não é mesmo? As redes sociais, ou melhor, as mídias sociais estão acabando. Mas de que forma? Pedro Doria e Cora Rónai mostram que essas plataformas não são mais como as conhecemos. (YouTube)

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