Crítica à desigualdade pauta fala de Lula na ONU

Com um discurso de 21 minutos, o presidente Lula abriu ontem a Assembleia Geral da ONU. Após quatro anos de isolamento, a participação do presidente brasileiro recuperou a orientação internacionalista da diplomacia. “Nosso país está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais. Resgatamos o universalismo da nossa política externa, marcada por diálogo respeitoso com todos”, afirmou. Sua fala foi focada em desigualdade, retomou a defesa de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU e criticou a atual dinâmica do sistema internacional. Também tratou de mudança climática e da necessidade de combater a desinformação e as fake news. Lula repetiu temas que estiveram em suas primeiras participações na ONU: combate à desigualdade e à fome, defesa do diálogo para alcançar a paz e apelo por maior representatividade do Sul Global. Criticou o Fundo Monetário Internacional, por conceder mais dinheiro aos países ricos, e a Organização Mundial do Comércio, paralisada pelo protecionismo. E não esqueceu do neoliberalismo: “Em meio aos seus escombros surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas”, afirmou, sob aplausos. (Folha)

Leia a íntegra do discurso de Lula, no g1, ou assista, na CNN.

Se nos primeiros meses do governo as relações com os EUA tiveram momentos de estremecimento, as falas de Lula e Joe Biden indicaram alinhamento. Os dois expressaram opiniões similares sobre mudanças climáticas, trataram de desigualdade social e da reforma de organismos internacionais. “Precisamos de mais vozes e mais perspectivas na mesa”, disse Biden sobre o Conselho de Segurança. Mas divergiram na forma como abordaram a Guerra da Ucrânia. Aliado de Volodymyr Zelenski, o presidente americano disse que a Rússia aposta no cansaço mundial. “Se abandonarmos os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas para apelar a um agressor, poderá algum Estado-membro sentir-se confiante de que está protegido? Se permitirmos que a Ucrânia seja dividida, estará garantida a independência de qualquer nação?”, indagou. (Globo)

Analistas avaliaram positivamente a fala de Lula na ONU. A exceção citada é em relação à Guerra da Ucrânia, cuja menção foi considerada vaga. “Sóbrio, equilibrado, consistente e conjugado com os princípios da Constituição e valores universais da política externa brasileira”, avaliou Hussein Kalout, cientista político e pesquisador da Universidade de Harvard. (Estadão)

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Ficou para a próxima terça-feira a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a criação de uma política de alternância de gênero no preenchimento de vagas na segunda instância do Judiciário. Após a leitura do voto da relatora do processo, Salise Sanchotene, que defende a aplicação da norma, o conselheiro Richard Pae Kim pediu vista, levando ao adiamento. Apesar disso, os conselheiros Mario Goulart Maia e o ministro Vieira de Mello Filho adiantaram seus votos e seguiram a relatora. Com isso, a medida já tem três votos a favor da implementação da medida, pautada pela ministra Rosa Weber, presidente do CNJ e do STF. (Folha)

Para ler com calma. Com a aposentadoria de Rosa Weber, Lula é pressionado a escolher uma mulher. Há também pedidos para que seja negra. Nos EUA, Joe Biden prometeu em campanha que nomearia a primeira mulher negra para a Suprema Corte. Pouco mais de um ano após assumir o posto, a juíza Ketanji Brown Jackson já deixou sua marca. (BBC Brasil)

Meio em vídeo. Vários pontos da Carta Magna estão em debate no Congresso e no Supremo Tribunal Federal. Muitos deles passam por questões que dividem a sociedade, como a descriminalização das drogas e o aborto, além do marco temporal das terras indígenas e o casamento homoafetivo. Mas, afinal, para que lado deve pender a interpretação do texto constitucional? E quem deve dar a palavra final? É a própria Constituição que nos dá as respostas. Confira na coluna Cá Entre Nós, com Flávia Tavares. (YouTube)

A PEC da Anistia tem um novo relatório. O relator Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) manteve os trechos polêmicos, que devem perdoar mais de R$ 23 bilhões em dívidas com a Justiça Eleitoral. A mudança prevê uma reserva para mulheres de 20% das vagas na Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras de vereadores a partir de 2026. Pela regra proposta, o partido deve reservar as vagas das candidatas, mas não há obrigatoriedade de preencher. Fernanda Melchionna (PSOL-RS) considera o dispositivo um “retrocesso” à regra atual, que exige os 30% em cima das candidaturas postas. (g1)

Já a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou proposta que amplia a imunidade tributária de igrejas e partidos políticos. A proposta veda a criação ou a incidência de impostos sobre a aquisição de bens e serviços necessários à formação de patrimônio, à geração de renda e à prestação de serviços por organizações religiosas e partidos, incluindo suas fundações. Também valerá para entidades sindicais dos trabalhadores e instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos. O texto de Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) será analisado por uma comissão especial. (Poder360)

E a Câmara Municipal de São Paulo cassou ontem o vereador Camilo Cristófaro (Avante) por quebra de decoro parlamentar devido a uma declaração racista. Durante sessão virtual em maio do ano passado, ele disse que não lavar a calçada era “coisa de preto”. (Metrópoles)

O julgamento do marco temporal de demarcação de terras indígenas, a ser retomado hoje pelo Supremo Tribunal Federal, e a discussão das cotas para mulheres no Congresso e no Judiciário, além da pressão por uma ministra negra na Corte, recolocam no centro do debate político o tema da reparação histórica. Esse conceito é antigo, está presente desde as formulações de John Locke sobre direitos, e revela parte do que está em jogo nessas disputas. É disso que trata o Meio Político desta quarta, que chega aos assinantes premium a partir das 11h. Assine!

Inv(f)erno

Orlando Pedroso

Muito quente lá fora 560

Viver

Um segurança da loja Riachuelo do Shopping RioMar, no Recife (PE), foi preso em flagrante, após acusar um cliente negro de furto. O funcionário passou por audiência de custódia e vai responder em liberdade. A vítima, de 48 anos, havia acabado de comprar meias no estabelecimento, quando foi abordada pelo fiscal, que é branco, exigindo que levantasse a camisa, esvaziasse os bolsos e devolvesse as meias supostamente furtadas. Em resposta, o cliente apresentou a nota fiscal do produto e chamou a polícia. (UOL)

A onda de calor que afeta a Austrália fez com que 26 corredores da Maratona de Sydney fossem levados ao hospital e outros 40 fossem tratados pelos serviços de emergência por exaustão. Apesar de ainda ser inverno por lá, o departamento meteorológico espera temperaturas de até 16°C acima da média para setembro, com vários recordes batidos nos próximos dias. O calorão também aumentou os riscos de incêndio em algumas regiões. Por aqui, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de perigo para uma onda de calor que deve chegar até o dia 22. As temperaturas podem passar dos 40°C em áreas das regiões Centro-Oeste e Norte, e no interior de São Paulo. (CNN Brasil)

O ministro da Educação, Camilo Santana, disse ontem que não haverá mudanças no Enem até 2024. A expectativa era de que a prova do ano que vem sofresse alterações para se adaptar ao Novo Ensino Médio, mas a discussão sobre seu formato acontecerá com o debate do próximo Plano Nacional de Educação (PNE), que já deveria ter sido enviado ao Legislativo, mas está atrasado. Ele também afirmou que o Projeto de Lei que será enviado ao Congresso para alterar o Novo Ensino Médio terá itinerários formativos mais restritos, para reduzir a desigualdade na oferta de disciplinas; uma carga horária reduzida das optativas, para que português e matemática voltem a ter 2.400 horas; além de um ensino técnico integral com 2.100 horas na formação geral. (g1)

Cultura

Trazendo na bagagem o cobiçado Leão de Ouro do Festival de Veneza, o longa Pobres Criaturas (trailer), de Yorgos Lanthimos, será um dos destaques internacionais do Festival do Rio, que acontece entre 5 e 15 de outubro. Estrelado por Emma Stone, Mark Ruffalo e Willem Dafoe, o filme conta a história de uma mulher criada à moda do doutor Frankenstein por um cientista. Na lista do festival estão também produções estrangeiras com um toque nacional. Os diretores brasileiros Karim Aïnouz e Heitor Dhalia vão mostrar seus filmes Firebrand (teaser) e Invisíveis, produzidos nos EUA. (Globo)

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O Brasil ficou de fora das principais categorias do Grammy Latino 2023, a versão para nosotros do mais importante prêmio da indústria fonográfica. Todos os indicados em gravação, álbum e canção do ano são originalmente de países de língua espanhola, incluindo as estrelas Shakira (Spotify) e Rosalia (Spotify) e o veterano Fito Páez (Spotify). À exceção de Cristovão Bastos e Mauro Senise (Spotify) em melhor álbum instrumental e Natascha Falcão (Spotify) em artista revelação, todos os brasileiros estão em categorias exclusivas para a língua portuguesa, onde encontramos, entre outros, Djavan (Spotify), Marília Mendonça (Spotify), Iza (Spotify) e Martinho da Vila (Spotify). Os vencedores serão anunciados no dia 16 de novembro. (CNN Brasil)

Os fãs de pop brasileiro ficaram indignados e foram para as redes reclamar da ausência na lista do Grammy Latino de nomes como Luísa Sonza (Spotify), Jão (Spotify) e, principalmente, Anitta (Spotify), que vem de dois VMAs seguidos. (gshow)

Confira a relação completa de indicados.

Nove álbuns brasileiros entraram na lista elaborada pela revista americana Rolling Stone com os 50 melhores discos de rock latino-americanos de todos os tempos. A relação não liga para rock simplesmente cantado em português ou espanhol, mas sim para o que aconteceu quando “a influência externa se misturou com formatos locais”. Daí o álbum brasileiro mais bem colocado (em quarto) Clube da Esquina (Spotify), de Milton Nascimento e Lô Borges. Raul Seixas, Mutantes, Rita Lee solo, Paralamas, Roberto Carlos, Tribalistas, Karnak e Los Hermanos completam a participação nacional. (Rolling Stone)

Cotidiano Digital

Um vazamento de grandes proporções de documentos jurídicos envolvendo a Comissão Federal de Comércio (FTC) dos Estados Unidos revelou planos secretos da Microsoft. A gigante de tecnologia publicou por engano informações confidenciais sobre suas operações de jogos no site de um tribunal federal, parte do processo antitruste da FTC para impedir a Microsoft de concluir a aquisição da Activision Blizzard. Os documentos incluem e-mails e imagens sobre negociações para a compra da Nintendo e o lançamento de um novo Xbox Series X em 2024. Listas de jogos com futuros lançamento para Xbox também foram vazados. Entre os títulos, há remasterizações de clássicos da Bethesda, como Fallout 3 e Elder Scrolls IV — além de novas iterações, como Doom Year Zero. (The Verge)

A Apple lançou ontem no Brasil o Tap to Pay, novo recurso que permite a transferência de dinheiro sem a necessidade de maquininhas. Com a novidade, comerciantes de pequenas empresas e varejistas podem aceitar o Apple Pay, cartões de crédito e débito por aproximação e outras carteiras digitais usando apenas o iPhone e um app do parceiro para iOS. O Tap to Pay está disponível para iPhone XS ou modelos posteriores com a versão mais recente do sistema operacional da companhia. (TechTudo)

Meio em vídeo. Parece que as coisas não estão fáceis para o Google. Começou um processo de antitruste em cima da empresa movido pelo governo americano, dando aquele déjà vu para quem lembra do que aconteceu com a Microsoft. Pedro Doria e Cora Rónai explicam o imbróglio. (YouTube)

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