Prezadas leitoras, caros leitores —,

A Guerra Fria acabou há mais de três décadas; a Intentona Comunista aconteceu há quase noventa anos. Mas, no ano bendito de 2023, há brasileiros que se assombram com a ideia do comunismo, como se essa ideologia ainda representasse alguma unidade política e ameaça real de tomada de poder. Existem alguns episódios que retroalimentam essa farsa. O de Elza Fernandes é certamente um dos mais importantes.

A Edição de Sábado desta semana é uma reportagem especial exclusiva, produzida pelo escritor e jornalista Sérgio Rodrigues, autor do livro “Elza, a Garota”, de 2009. Ele traz uma revelação histórica. Elza foi assassinada em 1936, por companheiros do Partido Comunista, que a acusavam de traição. Até aqui, não se sabia a idade que ela tinha quando foi morta. Sua identidade e real história foram abafadas pela esquerda, que queria apagar esse crime do currículo de Luís Carlos Prestes, e pela direita, que só se preocupou em usar sua morte para espalhar o terror, sem se dedicar a contar quem ela de fato era.

O Meio se orgulha em apresentar Garota Cancelada, um conteúdo multimídia que conta tudo que hoje, finalmente, se sabe de Elza. Rodrigues obteve o que jornalista ou historiador algum havia conseguido até aqui: a certidão de nascimento da “garota” – como a chamavam seus executores. O documento chegou a ele por meio de um leitor e o levou, ainda, aos familiares de Elza.

Além da reportagem da Edição de Sábado, os assinantes premium terão acesso a dois vídeos especiais. Num primeiro, Rodrigues e Pedro Doria revisitam essa história, a produção do livro, as conversas de Rodrigues com o leitor que achou a certidão e com a cunhada e um sobrinho de Elza. No segundo vídeo, o papo é entre Rodrigues e Christian Lynch, cientista político, historiador e colunista do Meio — eles analisam o que foi de fato o comunismo no Brasil e o que é esse anticomunismo absolutamente desproporcional que ainda hoje pauta nossa política.

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Os editores.

Choque entre Câmara e Supremo marca aniversário da Constituição

O dia era para celebração pelos 35 anos da Constituição. Mas o que marcou os discursos da sessão solene foi, novamente, o morde e assopra entre Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF). Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do STF, Luís Roberto Barroso, destacaram a divisão e o equilíbrio entre Poderes, mas acabaram ressaltando alguns pontos de desavença. Lira destacou a necessidade de trabalhar com harmonia e independência. Também citou a divisão e os limites de competências, motivo de reclamação dos parlamentares em relação ao Supremo. “Como servo fiel da Carta Magna, cada Poder, cada autoridade, cada ser servidor público deve agarrar-se com vigor às suas competências, jamais as recusando, jamais avançando sobre competências alheias”, afirmou. Barroso, que não constava na agenda oficial do evento, destacou as pautas sociais e de costumes tratadas pelo STF, como casamento homoafetivo e direitos dos povos indígenas. “Não existem Poderes hegemônicos, somos todos parceiros institucionais, pelo bem do Brasil”, disse. Pouco antes, ao abrir um seminário no STF sobre o mesmo tema, destacou que a democracia brasileira é “trabalho em progresso” e que “precisamos cuidar dela”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chefiou a sessão solene, que também contou com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, e o vice-presidente Geraldo Alckmin. (Folha)

Rodrigo Pacheco, por sua vez, afirmou que a Carta Magna impede o retorno do autoritarismo e destacou o papel das Forças Armadas, em recado aos militares pelo envolvimento de alguns de seus membros no 8 de janeiro. “A Constituição valorizou e deu contornos nítidos às instituições brasileiras, disciplinando o exercício do Poder. (…) Definiu e fortaleceu o papel das Forças Armadas, não como árbitro político, mas, sim, como braço relevante na defesa do Estado Democrático de Direito.” (Metrópoles)

E indicando que o Senado não vai tratar apenas de mudanças no Supremo, Pacheco disse a jornalistas que os senadores vão discutir em breve uma proposta para aumentar a duração dos cargos executivos e acabar com a reeleição. “Vamos discutir a instituição da reeleição no Brasil, a coincidência de eleições, eventualmente passar mandatos de quatro para cinco anos sem reeleição. São ideias postas que atingem o Poder Executivo, mas que também não são uma afronta.” (Poder360)

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A relatora da CPMI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pretende pedir o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de pelo menos dois auxiliares diretos dele, Filipe Martins, seu ex-assessor internacional, e o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ela vai apresentar seu relatório no próximo dia 17 e, mesmo sem ter ouvido Bolsonaro, acredita ter base jurídica e documental para indiciá-lo. Já a oposição, minoria na comissão, pretende apresentar um relatório paralelo, acusando o atual governo de omissão. O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (UB-BA), cancelou a sessão marcada para ontem, alegando expectativa de baixo quórum. (CNN Brasil)

Já o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai julgar na próxima terça-feira três ações de investigação contra Bolsonaro e seu candidato a vice-presidente Braga Netto, na chapa derrotada no passado. As ações apuram possíveis irregularidades no uso de sedes do governo federal para atos de campanha eleitoral. Nas ações apresentadas pelo PDT e pela coligação que apoiou a eleição de Lula, os dois são acusados de abuso de poder político, desvio de finalidade e conduta proibida a agentes públicos nas eleições e podem ser punidos com a inelegibilidade. (g1)

Um mês após a reforma ministerial que acomodou o Centrão no governo, representantes do presidente Lula tiveram uma reunião com os novos ministros – André Fufuca (PP), do Esporte, e Silvio Costa Filho (Republicanos), de Portos e Aeroportos – e outros indicados por aliados para cobrar fidelidade da base no Congresso. Além do encontro, o ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, criou um grupo de WhatsApp para integrantes do governo indicados por siglas aliadas. A exigência é que eles exerçam sua influência sobre as bancadas nas votações de interesse do Executivo. Mas não é tão simples. O Centrão ainda quer a presidência e todas as diretorias da Caixa, que Lula reluta em entregar. (Folha)

O Supremo Tribunal Federal (STF) está de posse de um documento de julho de 2005 assinado pelo então juiz e hoje senador Sergio Moro (UB-PR) determinando a escuta de autoridades com foro privilegiado, o que estaria fora de sua competência, revela Daniela Lima. No despacho, parte do acordo de delação premiada do ex-deputado estadual Tony Garcia, Moro solicita especificamente que este gravasse conversas com advogados, com o deputado federal José Janene (PP-PR) e com o então presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), Heinz Herwig. Hoje Garcia acusa o senador de tê-lo usado para cometer atos ilegais. Em nota, Moro negou ter grampeado magistrados e disse que as escutas foram pedidas “quando havia um quadro diferente da jurisprudência no entendimento jurídico”. (g1)

Meio em vídeo. Em edição especial do Conversas Com o Meio, Pedro Doria recebe a principal lideranças ambiental no Brasil, a ministra Marina Silva. Ela fala abertamente dos projetos aparentemente conflitantes do desenvolvimento econômico e da preservação ambiental. “Quando o governo não é negacionista, ele olha para o que a ciência está dizendo”, afirma. “Lula não colocou a exploração do petróleo na margem do Amazonas no PAC. Ele mandou para estudos.” (Meio)

A iraniana Narges Mohammadi, uma das mais importantes militantes pelos direitos das mulheres e os direitos humanos em seu país, ganhou o Prêmio Nobel da Paz, anunciou nesta manhã o comitê responsável pela premiação. Ela está presa no Irã, condenada a uma pena de dez anos por “ações contra a segurança nacional e propaganda” contra a ditadura islâmica que oprime o país há mais de 40 anos. (CNN)

Cabo de guerra

Tony de Marco

Vídeos exclusivos! Essa é a mais nova vantagem que este Meio oferece a seus assinantes premium. Além da reportagem especial citada no editorial lá em cima, eles já assistiram a uma entrevista com o filósofo Michael Sandel e às aulas inaugurais de Pedro Doria e Christian Lynch nos Cursos do Meio. Tem também a Sala Secreta©, um bloco do programa #MesaDoMeio onde os nossos assinantes podem interagir com os apresentadores. Mais e melhores vídeos premium estão vindo por aí. Compre pipoca e faça sua assinatura.

Viver

A polícia do Rio encontrou na madrugada de hoje quatro corpos que seriam de traficantes responsáveis pelo assassinato de três médicos em um quiosque da Barra da Tijuca, nas primeiras horas da quinta-feira. Dois deles foram identificados como Ryan Nunes de Almeida e Philip Motta Pereira, o Lesk, que chefiava a “Equipe Sombra”, grupo de matadores de uma das facções do tráfico na cidade. A principal linha de investigação indica que a morte dos médicos, que atuavam em São Paulo e estavam no Rio para um congresso, foi um engano. Segundo os policiais, os traficantes confundiram o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida com Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho do líder de uma das milícias da Zona Oeste carioca. Um telefonema interceptado pela Polícia Civil mostra que, momentos antes do crime, um traficante teria indicado o local onde estaria o alvo do grupo. Outras possibilidades ainda não foram descartadas. A pedido do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, o caso também é apurado pela Polícia Federal, já que uma das vítimas, o médico Diego Ralf Bomfim, é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP). (g1)

Setembro, fim do verão no Hemisfério Norte, registrou a temperatura mais alta para o mês na História, informou o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia. A temperatura ficou 0,93ºC acima da média registrada no mês de setembro entre 1991 e 2020, devido a uma combinação de mudanças climáticas com o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e eleva as temperaturas no planeta. Desde o início do ano, os termômetros estão marcando, em média, 0,52ºC a mais que o esperado, indicando que 2023 pode ser o ano mais quente já registrado pelos cientistas. (Folha)

Meio em vídeo. A Fifa anunciou que a Copa de 2030 será realizada em seis países, em três continentes. O que isso tem a ver com política? Tudo. Não é uma decisão que privilegia quem deveria ser privilegiado, nós, que sustentamos o esporte, mas as federações, os países que entram na disputa para sediar o mundial. Será que o esporte mais popular no mundo ficará acessível cada vez mais a apenas a elite? Confira o que pensa Mariliz Pereira Jorge em De Tédio a Gente Não Morre. (Meio)

Cultura

O escritor, filósofo e ambientalista Ailton Krenak foi eleito, ontem, o novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele é o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na instituição. Krenak teve 23 votos entre os acadêmicos, contra 12 da historiadora Mary Del Priore e quatro do também escritor indígena Daniel Munduruku. Membro da Academia Mineira de Letras desde março, Krenak passa a ocupar também a cadeira número cinco da ABL, que ficou vaga com a morte de José Murilo de Carvalho, em agosto. (g1)

Krenak disse experimentar uma “euforia boa” de ser o primeiro representante de povos originários com uma cadeira na instituição. “Sinto que faz toda a diferença. Não para o Ailton, mas para os povos indígenas, para a diversidade da cultura, para a pluralidade das narrativas que se assentam na Academia. Agora entram algumas dezenas ou centenas de línguas junto comigo”, afirmou. (Folha)

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Jon Fosse, escritor e dramaturgo norueguês, de 64 anos, venceu a edição 2023 do prêmio Nobel de Literatura, anunciou na manhã de ontem a Academia Real da Suécia. Segundo a instituição, ele foi agraciado em função de “suas peças e prosa inovadoras que dão voz ao indizível”. “Fosse combina fortes laços locais, tanto linguísticos como geográficos, com técnicas artísticas modernistas”, disse a Academia em seu comunicado. O autor, cujo livro É a Eles foi lançado no Brasil, se disse “arrebatado e um pouco assustado” com a premiação. “Vejo isto como um prêmio à literatura que, acima de tudo, pretende ser literatura, sem outras considerações.” (g1)

O Festival do Rio chega aos 25 anos com mais de 200 filmes nacionais e internacionais em dez dias de exibições. A maratona começou ontem com a animação Atiraram no Pianista, dirigida por Fernando Trueba e Javier Mariscal. O evento exibirá filmes premiados internacionalmente, como Pobres Criaturas, que venceu o Leão de Ouro do Festival de Veneza deste ano. Outro destaque é Perfect Days, drama japonês dirigido pelo alemão Wim Wenders. Entre os brasileiros, está Mussum - O filmis, grande vencedor do Festival de Gramado deste ano. A 25ª edição do Festival do Rio vai até o dia 15. (g1)

Cotidiano Digital

A Samsung anunciou ontem o lançamento da One UI 6 durante o Samsung Developer Conference 2023 (SDC23). A aplicação é baseada no Android 14, lançado na quarta-feira, e era testada desde maio pela empresa. Mais personalizável e amigável, a One UI 6 oferece um pacote de melhorias para os aplicativos e novos recursos de design. O painel rápido do sistema está com nova aparência e tem configurações agrupadas para facilitar o uso. Também conta com um novo widget do clima, melhorias na exibição de fotos na galeria e outros recursos de acessibilidade, como ampliação de janelas. (Tecmundo)

A previsão é de céu carregado para os negócios em nuvem da Microsoft e da Amazon. A Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido abriu uma nova investigação para apurar os serviços de computação em nuvem Azure, da dona do Xbox, e o Amazon Web Services (AWS), da gigante do varejo. O objetivo é investigar denúncias da agência reguladora de comunicações britânica de que as duas empresas dificultam os negócios de vários fornecedores ou a troca de clientes. Em 2022, a AWS e a Microsoft dominavam de 70% a 80% do mercado de serviços de infraestrutura e computação no Reino Unido. O Google era o concorrente mais próximo, com 5% a 10%. Segundo a CMA, a investigação deve ser concluída até 2025. (The Verge)

O Google concordou em mudar sua política de dados dos usuários para encerrar uma investigação antitruste da Alemanha, que visa reduzir seu poder de mercado nesse tipo de negócio. O órgão antitruste havia emitido uma declaração de objeções à big tech, em janeiro, dizendo que os usuários não tiveram escolhas suficientes para o processamento de seus dados. Com o acordo, a empresa vai dar mais opções ao público, mas as medidas não se aplicam aos serviços Shopping, Play, Maps, Search, YouTube, Android, Chrome e publicidade online, que estão sujeitos a uma legislação da União Europeia com obrigações semelhantes. (Olhar Digital)

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Quem tem tempo para as redes? Mais uma semana se passou e você não conseguiu dar nem uma olhadinha no que rolou no Twitter (ops, X), Facebook ou BlueSky. Não tem problema, Bruna Buffara fez sua Curadoria semanal e te conta o que aconteceu de mais importante no ciberespaço para você não ficar boiando na balada de hoje à noite. Sempre às sextas, às 11h15.

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